Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 26
Neflins


Notas iniciais do capítulo

Olá, margaridas! Prontos para mais um capítulo de Schyler? Tomara que vocês gostem ;)
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Boa leitura!



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Gabriel estava encostado no parapeito da grande sacada da casa que Gail e Alek nos levaram. Por trás, eu conseguia ver seus ombros se movimentando rapidamente enquanto tentava controlar a raiva através da respiração. Em parte, me senti culpada. Parecia que tudo começara a girar ao meu redor, mesmo que eu impedisse, isso acontecia bem a minha frente sem que eu pudesse fazer nada. Por que Gabriel fora se apaixonar por mim? Assim os demônios teriam como se vingar dele me matando.

Droga, nós dois éramos culpados.

Me aproximei dele lentamente, vendo agora seus dedos presos com força no parapeito. Os nós dos dedos estavam brancos, indicando a força que ele colocava nas mãos. Com medo, fiquei bem atrás dele, ouvindo apenas nossas respirações fora de ritmo.

– Gail me tira do sério. – murmurou ele quebrando o silêncio. – Ela acha que você é a culpada de tudo. E não é. Eu sempre fui, mas não queria admitir.

– Não tem que se culpar, sabe disso. – toquei levemente em seu ombro sentindo-o se movimentar com sua respiração agitada. Com meu toque, ele virou a cabeça em minha direção. – Gabriel, não é sua culpa.

– É sim. – ele fechou os olhos e se virou em minha direção, ficando bem a minha frente ainda com os olhos cerrados. Observei seu rosto tenso, os músculos do abdômen contraídos e seus braços segurando-o contra o parapeito. Eu queria fazer alguma coisa que pudesse ajuda-lo, eu queria acalmá-lo e acabar com aquele sentimento de culpa que começava a tomar Gabriel por completo. A guerra estava acabando com ele, a pressão... eu.

Apesar do que aconteceu comigo e minha família, minha mãe fora ótima para impedir que alguém morresse por causa de qualquer sentimento devastador. Quando repeti de ano, meu pai (ou pelo menos o humano) quase me matou, mas ela me ajudara, me consolou, me impedir de morrer de medo.

Como ela fazia isso?

Coloquei minhas duas mãos de cada lado dos ombros de Gabriel, desci elas por seus braços até parar muito próximo as mãos. Ele não se mexeu. Depois, subi-as novamente até atingir o pescoço, então, subi até seu rosto quente e parar nas bochechas. Ele finalmente abriu os olhos.

– O que está tentando fazer? – sussurrou.

– A única coisa que sei fazer que irá deixa-lo melhor.

E o beijei.

Foi um toque mínimo, apenas para testá-lo e saber sua reação apesar de tudo. Ele correspondeu, abrindo meus lábios e me tomando nos braços, como eu não esperava. Suas mãos deslizaram por minha cintura prendendo-me contra ele quando nos virou e colocou-me de encontro ao parapeito. Eu senti sua tensão diminuir até que ele estivesse completamente relaxado e sua mente focada no beijo, esquecendo sobre qualquer outra coisa que o preocupasse. Sorri por cima do beijo quando meus dedos tocaram seu cabelo tão escuro quanto a noite puxando seu rosto mais para mim.

Eu estava queimando. Céu e inferno presentes ali, queimando minha pele pelo fato de que eu querer Gabriel tanto, mais do que deveria. Eu amava o anjo caído Gabriel mais do que minha própria vida e isso seria perigoso.

Aquele amor, seria mortal.

Para ambos.

Mas quem se importava? Eu apenas queria tê-lo ao meu lado.

[...]

Os planos de guerra dariam certo, Alek e Dorian viajariam para quatro lugares no mundo nos próximos dias e disseram que conseguiriam recrutar, no mínimo, vinte anjos caídos que se juntariam na guerra. Gail ajudaria a treinar, por mais que me odiasse, disse que poderia me ensinar a dispersar meus poderes e aprender a usá-los.

Gabriel pensou em ir com Alek e Dorian para ajudar a convencer os anjos caídos, mas se deteve por muito tempo. Eu sabia muito bem o porquê, entretanto, ele tinha que ir, os anjos caídos precisavam de uma prova de que o arcanjo Gabriel havia sido expulso do céu.

– É apenas uma semana. Vou voltar logo, eu prometo. – sussurrou no meu ouvido. – Pela primeira vez, vou usar minhas asas de anjo caído, acho que iremos mais rápido assim.

– Achei que você não tivesse asas.

– Tenho. – Gabriel fez uma careta. – São cinzas, não mais brancas.

– Tenho certeza que são bonitas também. – murmurei e puxei-o para um beijo demorado, sentindo ele sorrir. – Volta logo, ok?

– Para você, eu vou voltar sempre.

E assim, Gabriel, Alek e Dorian saíram da casa em que estávamos com um carro de Gail e desapareceram pela paisagem saindo de meu campo de visão. Não sabia bem o que pensar, droga, eu ficaria uma semana com a anjo caído que mais me odeia no mundo. O que eu deveria pensar com isso?

Voltei para dentro da casa me sentindo sem rumo, Gail havia desaparecido e nem avisara. Eu já conhecia a casa, então fui até o quarto onde eu e Gabriel havíamos dormido e peguei meu celular. Havia centenas de mensagens de Carrie, perguntando o que aconteceu comigo e se eu estava viva.

“Oi, Carrie. Eu estou bem, acredite, queria ter ligado, mas estou passando por tempos um pouco complicados. Por favor, não diga nada para nossos pais, eu sei que eles não se importariam se eu morresse. Fique tranquila e não venha para Nova York. Entendeu? Não venha para cá! A cidade vai... passar por alguns problemas, então eu não estarei aqui. Vou para outro lugar com um amigo, qualquer coisa eu ligo para você.

Amo você, Carrie. Por favor, se cuida.” – Schy

Ela ia surtar quando visse a mensagem, isso era algo que eu tinha completa certeza, mas era para o bem de Carrie. Se minha irmã não entendesse o motivo de minha falta de ligações, ela viria para Nova York e isso poderia ser mortal. E se algum demônio ou anjo negro viesse atrás dela? Usariam minha própria irmã contra mim e eu não controlaria meus atos, iria atrás dela e a salvaria.

Coloquei meu celular de volta na cômoda e sai da casa novamente procurando por Gail ou qualquer sinal de vida. Droga, o que eu estava fazendo na China? De acordo com Gabriel era um ótimo local para se esconder, já que Nova York estava lotado de demônios. Mas ainda assim... eu não queria estar lá, com uma das pessoas que mais me odiavam no momento comigo.

Injustiça.

– Gail? – chamei olhando em torno da casa e por dentro do local. – Gail?!! – insisti.

Depois de alguns segundos, ouvi passos vindos do último andar da casa e logo a anjo surgiu na escada da casa com o rosto sério. Ela estava com os cabelos negros presos por um coque e seus olhos violeta me fuzilaram esperando que eu dissesse o motivo para tê-la chamado.

– Eles já foram. – murmurei me sentindo constrangida com aquela situação. – Devem estar em Pequim.

Ela não se mexeu, continuou parada ao pé da escada com os braços cruzados respirando fundo.

– Alek vai avisar quando estiverem na próxima cidade. – ela desviou o olhar. – Vamos começar o treino amanhã, depois das notícias deles. Você é filha de um anjo caído, então deve ter alguma coisa em comum conosco, podem ser destrutíveis quando querem. – Gail torceu os lábios. – Acorde cedo, vamos começar amanhã pelo menos o dia todo.

E com isso, desapareceu novamente para o andar de cima me deixando ávida por mais informações. Não posso negar minha curiosidade, eu já sabia pelo menos um pouco sobre o que neflins ou mestiços podem fazer, mas sobre serem destrutíveis... bom, essa é nova.

Lembrei de Gabriel havia deixado um laptop na casa, assim eu poderia fazer algumas pesquisas sobre o que exatamente eu poderia ser. Não havia como ter certeza de os escritos estarem certos, mas pelo menos eu teria uma noção das coisas que podia fazer e como nascera.

“Neflins vem do hebraico e tem o sentido de ‘desertores, caídos e derrubados’, referência a algo que sofreu uma queda ou está perdido. Possuem uma mistura de genes humanos e angélicos, usavam sua força além do comum para causar o mal e a desordem, porém não considerados anjos”.

O primeiro texto causou alguns arrepios em mim. Eu... era como se estivessem se referindo a mim em milhares de textos por todo o mundo, coisa que jamais acreditei, na verdade pertenço a esse mundo. Eu sou uma mestiça, sou uma nefilin.

“Seres como Nefilins ou muitas vezes chamados de mestiços são conhecidos por pertencer grande poder, tanto de persuasão como de destruição, seres causadores de discórdia.”

Mesmo estando completamente assustada com todas as coisas ruins escritas ali, pude achar algo que pudesse ser usado até mesmo durante a guerra. E se fosse isso que Lieene quisera dizer sobre eu ser a chave para vencermos a guerra?

Eu teria que me agarrar à aquela hipótese e mostrar minha descoberta à Gail no outro dia, assim, talvez eu mudaria a guerra.

Mudaria o futuro.


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Notas finais do capítulo

Vish, parece que a Schyler é mesmo a "chave" para que eles ganhem a guerra, não? '---' o que vocês acham que vai acontecer??



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