Cirrus Quell - A Origem Do Massacre escrita por Norrie


Capítulo 1
Capítulo 1 - The Proposal


Notas iniciais do capítulo

Primeiro cap *----------*
Espero que gostem!



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A luminosidade do local irritava Cirrus.

Claro, ele estava exausto pelo turno extra que recebeu de última hora na noite passada e teve que passar a noite inteira naquela maldita floresta. As cenas da madrugada perambulavam pelo seu sono. O machado pegando impulso por cima do ombro. As farpas da madeira flutuando ao seu lado cada vez que a lâmina encontrava-se com o tronco. O grito rouco que já virara bordão á todos do distrito “Madeira!”. Seus braços estavam tão doloridos e dormentes que ele poderia passa-los por debaixo de um rolo compressor que não sentiria nada.Desejou no mínimo folgar algumas horas de descanso. Mas não, ele continuava naquele orfanato desgraçado, onde os pirralhos abriam suas persianas antes mesmo de amanhecer só por ter conhecimento que aquilo o provocava. Um bando de pestes!

Levantou-se ainda cambaleante e chegou á janela, agarrando o cordão que fechava as persianas para poder voltar a dormir. Mas algo o chamou atenção por através do vidro imundo. Cirrus teve até que passar a manga da camisa de flanela para poder enxergar direito. Seus olhos ofuscados pelo sol quase pularam para fora das órbitas ao conseguir focar o homem de terno que entrava no prédio.

Oh, não” Pensou “Ele não!”.

Afastou-se assim que viu que Pandom havia notado sua presença por trás da janela. Fechou as persianas e trancou a porta do quarto. “Não pode ser! Aquele maldito não pode ter voltado!”. Sua cabeça estava prestes a entrar em combustão. Andava nervoso pelo piso rangente de madeira tentando raciocinar. Mas fora em vão. Sua porta começou a ser esmurrada em poucos minutos.

– Cirrus! Tem um cara aqui que quer falar com você – Escutou a voz de Iskandar, o dono do orfanato que cresceu desde que nasceu. Isso mesmo, Cirrus não tinha pai. Nem mãe. Nem irmãos. Nem ninguém. Apenas ele mesmo e seu machado. Era estranho como absolutamente ninguém sabia nada sobre seu passado. Sua família. Nada. Apenas um menino em um cesto toscamente tesado choramingando por leite nas portas de Iskandar. Depois que completou os 9 anos, passou a trabalhar como lenhador para poder pagar sua “dívida de hospedagem”. Então Pandom começou a aparecer... – Cirrus! – Iskandar gritou, o arrastando para fora de seus devaneios.

– Estou indo! – Conseguiu cuspir as palavras enquanto trocava a camisa. Estranho, ela estava suada, como sempre ficava quando tinha pesadelos. Mas ele não se lembrava de ter tido um na noite passada. Na verdade, nem se lembrava de como havia dormido.

Tentou regular a respiração e abriu hesitantemente a porta. Nunca tinha ficado tão nervoso desde a sua última visita. “Pense na glória, Cirrus”. A voz rouca de Pandom era o principal locutor de seus piores pesadelos. Andou ereto pelo corredor escuro, temendo escuta-la daqui a poucos segundos. Algumas crianças esbarraram com ele enquanto corriam uma atrás da outra com um pedaço de uma cadeira rústica. Bufou. Quem dera ele estivesse ali, correndo com uma estaca atrás de outras crianças. Qualquer coisa seria melhor do que encarar os olhos negros do homem que o amedrontava desde os 9 anos.

Chegou ao salão e seu coração deu um salto olímpico que deveria ter rasgado sua pele. Pandom estava sentado em uma das cadeiras dispostas, com um leve estofado vazando pela lateral. Tinha o calcanhar encostado no joelho e o cabelo escuro estava cortado em estilo militar. As rugas fazendo fracas linhas de pele ao redor dos olhos. A barba moldada por uma espécie de ondas pontudas.

Imutável.

Seus olhos escuros notaram sua presença. Pandom encharcou os finos lábios com um sorriso vitorioso. Cirrus, se pequeno já teria molhado as calças, mas ele não era mais um filhote. Ele ficou imóvel, os braços cruzados sobre o torso. O olhar letal que indicava o pescoço de Pandom sendo torcido pelas suas próprias mãos em seus pensamentos. Iskandar já havia presenciado várias de suas visitas, mas agora temia que as coisas passassem dos limites. Se retirou e ficou de guarda, atrás da porta da cozinha. Pandom analisou Cirrus como se ele fosse uma estaca a ser moldada. Fez um sinal para eles conversarem no jardim. Talvez tivesse percebido que havia muito objetos que poderiam ser perigosos na presença de sua cobaia predileta.

Cirrus descruzou os braços e se aproximou de maneira atlética, mas ameaçadora.

– Não irei – Disse curto e grosso, antes de pular para o jardim. Era sempre assim. Pandom daria um jeito de convencer aquele garoto de uma vez por todas. Era sua única chance. Cirrus já tinha 17, mais um ano e suas tentativas escorreriam até o ralo.

O seguiu pela trilha de madressilvas.

– E por que não?

– Por que não? – Cirrus estava praticamente berrando. Sentia sua pele formigar de fúria – Vou te dizer porque não: Porque não sou suicida! Porque eu não vou abandonar...

– Sua vida? – Pandom completou, enquanto Cirrus se virava para dar o bote. Desgraçado! Mentiroso! Traidor! Manipulador! Ah, aquele jovem do 7 tinha mais adjetivos para aquele maldito do que ele mesmo imaginara. Mas, pela primeira vez na vida, sentiu algo positivo em seus olhos e seu punho foi sendo rebaixado lentamente, ao lado do corpo. Ele viu sinceridade – Caro Cirrus, que vida? – Ele se voltou ao prédio velho e sem vida á sua frente – Viver preso á Iskandar? Nesse prédio podre á mofo? Tendo que virar a noite trabalhando para sustentar essa vida pacata? Não chamaria isso de vida!

Cirrus tinha que argumentar rapidamente um rebate. Mas era inútil. Pandom o pegou de surpresa.

– Estou te oferecendo uma vida nova! – Ele agarrou seus ombros, olhando-o em seus olhos – Não precisará mais dessas tésseras para se sustentar, nem de ter que aguentar esses pestinhas pertubando sua paciência. Terá uma casa só para você! Uma vida inteira, dedicada a você!

Sentiu seus nervos se acalmarem. Seus músculos relaxarem. Mas ele ainda estava indeciso. Por que Pandom insistia tanto á isso? Não confiara nele desde moleque. Por que confiaria agora? Estreitou os olhos. Os lábios estavam pinicando para perguntar. Não aguentou tanta pressão e soltou, sem alterar a voz:

– E o que você ganharia com isso?

Pandom, com suas mãos ossudas ainda presas á seus ombros soltou um sorriso debochado.

– Ah, meu caro Cirrus – Começou, largando seus ombros e abrindo os braços – Eu ganharia um vitorioso!



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Notas finais do capítulo

Ps:. O cap, referente á Pandom, é diferente do filme, onde Cirrus o conhece já aos 17 e aceita sem afinco á se voluntariar. Só queria dar mais ênfase á história, entende? Bom, é isso!
Ah, e acho que o prox cap sai ainda hoje, mas bem que reviews para dar um impulso seriam ótimos agora.
Xoxos ♥



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