Analisei pela bilionésima vez a parede clara do quarto.A moldura bege e cheia de rococós dava a impressão de ser muito antiga.A figura refletida no espelho me espantava.Magra,com a pele meio arroxeada,as olheiras roxas mostravam claramente que ela não dormia por dias.Os olhos fundos e sem brilho pareciam a de um zumbi.E de fato,eram.Não,não é o que você está pensando!Desculpem-me se fiz vocês interpretarem errado.De zumbi pois havia noites que eu zanzava pela casa sem dormir,com as olheiras roxas e olhos fundos e então parecia um zumbi.

Não sou uma pessoa displicente,mas não tenho vaidade alguma.Não tenho vontade de nada.Nada me agrada,nada me parece legal ou interessate.E você deve estar pensando que estou assim pois um parente ou amigo próximo morreu,ou algo do tipo.Mas não.Estoh desse modo por causa de um idiota,imbecil e filho de uma vaca leiteira de um garoto.O garoto que me obrigou a crescer mais rápido que um bolinho cheio de fermento.Me obrigou a amadurecer e a não ser tão boba quando eu deveria ser uma menina gentil e fofa.Se hoje sou assim,fechada no meu mundo,quieta e sem paciência para as futilidades da maioria das pessoas,é por causa dele.Até que,olhando por um lado,deveria agradecê-lo.No entanto,ele partiu meu coração.O quebrou em mil pedaçinhos e me fez ser dura,amarga.

Abri o armário sem a mínima vontade,coloquei uma calça preta,uma blusa qualquer de uma banda que eu gosto,não me dei ao trabalho de ler o nome estampado na malha.Meu tênis cano alto e meus óculos enormes.Peguei a jaqueta pendurada na maçaneta da porta,puxei a bolsa do cabideiro e fui até o banheiro escovar os dentes.

Desci as escadas devagar,sem vontade alguma de fazer algo a não se sentar e...encarar a parede?
Andei até a escola,e quando cheguei,estremeci ao ver a pessoa que eu amava/odiava ao mesmo tempo.O garoto idiota de cabelos cacheados e olhos verde-esmeralda.Ele hoje usava uma camisa cinza,calças pretas e aqueles sapatos meio que botas,de amarrar e carrgava um mochila no ombro esquerdo,um copo de café na mão direita enquanto a outra maldita mão segurava a de uma loira do grupo das "gostosonas" estúpidas do colégio.

Se eu pudesse,arrancava o olho,os dentes,ou melhor,enfiava aquela cabeça loira e sem cérebro de tro de uma guilhotina.Sim,às veze tenho pensamentos de pessoas doentes,mas acho que virei uma depois da sequência de fatos torturantes da semana passada.