November Rain escrita por Smile


Capítulo 2
Previsões para hoje: Chuva, muita chuva.




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O céu estava ficando escuro, iria chover, e o idiota aqui nem trouxe um guarda-chuva, mas o tempo estava aberto quando eu saí de casa, não tinha como saber que iria chover mais tarde, e ainda por cima, ter que aturar esse garoto e suas “namoradinhas” não era nada agradável.
Havia passado as aulas antes do recreio e o recreio também, como sempre eu ficava com Yokozawa, na biblioteca, me admirou o fato de que o aluno novo também estivesse ali, ele parecia gostar muito de livros, pois já pretendia levar alguns para casa. Ele me notou no canto da biblioteca e me olhou rapidamente, logo abaixou a cabeça rapidamente e voltou ao seu livro, sua reação me deixou um pouco intrigado, parecia que ele havia ficado vermelho ou algo do tipo.
Logo o sinal tocou, era hora de voltar para a sala, agora era biologia, duas aulas seguidas e essa matéria era em dupla, como sempre eu era o único a ficar sozinho e ninguém se importava, muito menos o professor, mas eu também não me importava, talvez um pouco, era chato fazer o trabalho sozinho mesmo que fosse mais fácil e rápido.

- Muito bem classe, podem juntar suas duplas de sempre – Depois que o professor disse isso apenas o som de carteiras e cadeiras sendo arrastadas pode ser ouvido na sala, quando logo tudo se silenciou sobrara apenas eu e o aluno novo, não pensava na hipótese de fazer o trabalho com ele, mas então o professor acabou nos juntando por sermos os únicos sozinhos.
Não demorou muito e o garoto começou a puxar assunto.

- Oi, meu nome é... Bem, você sabe meu nome, mas em todo caso me chamo Onodera Ritsu, posso saber seu nome? – Sua voz parecia de criança, quase me fez rir ali mesmo.

- Masamune, Takano Masamune – Disse rispidamente tentando encerrar o pequeno diálogo entre nós.

- É um prazer conhecê-lo – Disse-me sorrindo, que sorriso mais idiota e bobo, aquilo me fez pensar no porque de uma pessoa sorrir tanto, estaria sendo gentil? Não sei. Mas qualquer que fosse sua intenção, irritava um pouco confesso, mas nunca vi uma pessoa assim, então era meio diferente pra mim – Você mora aqui há quanto tempo Takano? – Quando ele disse meu nome me senti um pouco desconfortável.

- Desde que nasci – Disse meio que friamente – Mas meus pais me mudaram há algum tempo, portanto moro sozinho.

- Entendo – Ele anotava algumas coisas que o professor passava na lousa enquanto falava comigo – Mudei para cá há alguns dias atrás, também moro sozinho, meus pais ficaram em Tokyo por... – Ele hesitou – Bem, razões pessoais, se é que me entende – Tentou disfarçar um sorriso, o que definitivamente não deu certo.

O assunto se encerrou ali, o que foi agradável pra mim e não ouve mais tentativas dele voltar por parte dos dois, prestamos atenção no professor e dialogamos o necessário para a montagem do trabalho, não era difícil fazer algo com ele, ele era inteligente e dedicado também, só um pouco atrasado nas matérias talvez, mas nada que me prejudicasse, nem a ele. Concentrados no trabalho não percebemos o tempo passar e logo tocou o primeiro sinal.

- Nossa, o tempo passou rápido – Disse ele sorrindo, tentando puxar assunto.
- O que foi aquilo na biblioteca hoje? – Disse-lhe com uma voz baixa, ele por um momento parou o que estava fazendo e ficou quieto por alguns segundos, logo então abaixando o rosto, disse:

- O que quer dizer?

- Você parecia estar vermelho, estava com raiva de alguém?

- Não, não era isso, bem, não sei explicar... É só que... – Ele havia ficado vermelho novamente, mas tentou esconder – Bem, não era nada, creio que estou pegando um resfriado por causa do tempo, nada demais.

- Esse tempo anda meio doido – Disse-lhe olhando para a janela, nela seu reflexo, ele estava vermelho e seus olhos marejados e eu tinha certeza que não era por um resfriado.

Por algum motivo, senti uma súbita vontade de abraçá-lo ali mesmo, mas eu não podia. Eu não podia ou eu não queria? Não sabia a resposta. Além disso, porque eu sentiria vontade de abraçá-lo? Eu não devia sentir isso, nunca senti vontade de abraçar outra pessoa, porque justo ele? Ele cujo seu jeito me irritava, com aqueles sorrisos e aquela voz de criança, tudo me irritava, mas por quê? Por que me irritava? E antes que eu pudesse pensar em uma resposta o diretor passou na sala avisando que liberariam os alunos mais cedo por causa da chuva que tinha tendência de piorar e fazer muito frio. Fiquei feliz com a notícia. Pelo menos poderia pensar mais um pouco em casa, onde era mais silencioso.

 


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