Faz quase três meses que me mudei para esse apartamento, que é grande demais para uma pessoa morar sozinha, além disso, com o salário que ganho, mal da para pagar o aluguel e sustentar minhas necessidades, mas não posso mudar, é o apartamento mais perto da escola e do centro da cidade, não existem muitos por aqui e os que são mais para o meio da cidade são definitivamente muito mais caros, então minha única opção é ficar aqui e segurar a barra o máximo que eu puder. Estou no 3º ano do colegial e moro sozinho, meus pais se mudaram e eu não queria ir junto, pretendia ficar aqui e arranjar um emprego, assim começando a minha independência completamente. Já trabalhava antes dos meus pais se mudarem, em uma livraria, ficava a poucos quarteirões do apartamento, era um lugar agradável e por ser a única do bairro ali, era grandinha e recebia muitos clientes.
Hoje a semana começa novamente, segunda, péssimo dia para se acordar cedo, ainda mais quebrando um despertador, já era o terceiro só esse mês, acabava batendo a mão sem querer e o objeto caia no chão, por fim quebrando e me dando mais dor de cabeça, preciso urgente de outro celular, pelo menos ele eu não derrubo no chão. Me levanto, tomo meu banho rápido e como qualquer coisa que estiver na geladeira, desde comida da loja de conveniência à pão dormido de provavelmente sábado, não tenho muito tempo para fazer compras, mas quando posso sempre faço, é sempre bom cozinhar e comer comida normal e não da loja de conveniência. Minha casa é uma típica casa de solteiro, só que talvez mais organizada.
Pensei várias vezes na possibilidade de dividir o apartamento com alguém, principalmente se fosse um homem, pois não se importaria muito com algumas roupas jogadas às vezes, pois não tenho todo o tempo do mundo pra organizar tudo toda hora, mas nunca achei uma pessoa que quisesse dividir, todos ainda moram com os seus pais e eu também não converso com muitas pessoas, sou mais fechado e tímido, digamos assim.

– Oi, Masamune – Esse era meu amigo, Yokozawa, éramos amigos desde o começo do ensino fundamental, ele é bem rígido, gosta de tudo organizado, mas mesmo assim é uma pessoa boa, tanto é que se eu não achasse ninguém para dividir o apartamento, ele iria se oferecer para tal, mesmo eu não aceitando, pois ele teria que começar a trabalhar e o mesmo já estava ocupado com vários cursos profissionalizantes, alguns pagos por seus pais e outros que ele mesmo conseguiu fazendo uma prova, seria muito corrido pra ele, por isso queria achar outra pessoa o mais rápido possível. – Vamos, logo o sinal toca.

– Olá, Yokozawa – E foi dito e feito, o sinal tocou três segundos depois – Como vão indo os cursos? – Disse-lhe sem olhar em seu rosto, apenas continuei andando.

– Vão bem, creio eu. Não está sendo difícil.

– Também, não poderia estar indo mal se você é praticamente um “gênio organizado” – Digo rindo, ele também deu um leve sorriso do meu comentário idiota.

– E você, como vai a procura para achar alguém pra dividir o apartamento?

– Não muito bem, não achei ninguém ainda – Digo entrando na sala – Bem, te vejo mais tarde.

– Até, e boa sorte, a época de prova está pra começar, se precisar de ajuda é só me falar, eu acho um tempinho – Disse ele sorrindo.

– Obrigado, boa sorte também, apesar de não precisar – Digo rindo um pouco.

Ele saiu sorrindo, indo para a sala vizinha. Nesse ano havíamos caído em salas diferentes, não era tão ruim, claro tirando a parte que eu ficava sozinho na sala e quando tinha trabalho em grupo, eu acabava fazendo sozinho ou com algum delinqüente. Todos já haviam entrado na sala de aula e logo o professor entrou.

– Classe, nós temos um aluno novo transferido de Tokyo, seu nome é Onodera Ritsu, gostaria que fossem gentis com ele e que o ajudem a se adaptar a escola – Todos se viraram para a porta, onde um garoto de cabelo marrom, um pouco bagunçado, mas que ficou muito bom nele e olhos verdes entrou, então logo se pôs na frente da sala e se curvou.

– Meu nome é Onodera Ritsu, é um prazer conhecê-los – Incrível que, apenas com a voz dele, todas as meninas da sala ficaram completamente apaixonadas, dava um certo desconforto, só faltava sair coraçõezinhos de todas elas. E o que o garoto fez? Apenas deu um sorriso bobo que fez com que todas as garotas ficassem mais caidinhas por ele.

– Sente-se onde quiser Onodera – O garoto olhou bem a sala, tinha vários lugares vagos e ele escolheu justamente o que estava na minha frente, provavelmente pela vista da janela, claro que eu particularmente não gostei nem um pouco, as garotas iam ali toda hora, aquilo irritava.
Seria um ano sem paz e sossego, estava até prevendo isso.