November Rain escrita por Smile


Capítulo 13
Finalmente o amor.




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Eu o vi saindo pela porta correndo e tudo o que eu pude fazer era ficar parado lá olhando. Não tinha como ir atrás dele, ele estava certo de ficar dessa maneira, eu não tinha desculpas dessa vez, pela primeira vez desde que o conheci, essa foi a única vez que não fui atrás dele, pois ele tinha toda razão para ficar chateado e irritado.

- Porque você veio? – Disse me virando para a garota que estava no sofá.

- É assim que você me recebe Takano? – Disse ela choramingando.

- Te falei para não vir mais atrás de mim, já disse que não tem nada entre nós.

- Mas eu sinto ainda algo Takano, e eu precisava te ver – Disse ela triste.

- Nós não temos nada, não dá pra entender isso Meiko?

Ela se sentou no sofá choramingando. Tinha certeza que meu pai havia dado falsas esperanças a ela. Meiko gostava de mim desde a 7ª série e meus pais gostavam dela, por isso insistiam a ela para se aproximar de mim porque no fundo eu também gostava dela, o que não era verdade. Tentei de tudo para não a magoar, mas nada deu certo, então antes que eu pudesse fazer alguma coisa, quando começamos o colegial, ela se mudou com seus pais para outra cidade um pouco antes dos meus pais se mudarem também, então pensei que nunca mais a veria. Estava errado.

- Meus pais te deram falsas esperanças de novo, não é?

- Eles disseram que se eu continuasse insistindo, eu conseguiria o seu amor – Disse ela entre lágrimas e soluços.

- Porque você acredita neles? Lembra-se da conversa que nós tivemos no parque quando estávamos na sétima série?

- Lembro...

~flashback~

- Meiko... Não precisa chorar.

- Mas você não gosta de mim Takano.

- Coisas assim acontecem, Meiko. Você não pode querer uma pessoa pra você só porque gosta dela.

- Mas seus pais disseram que se eu insistisse eu conseguiria você pra mim.

- Meiko, não acredite nos meus pais, eu... – Tentei falar da forma mais carinhosa possível para não magoá-la – Eu não gosto de você igual você gosta de mim, são amores diferentes.

- Como você gosta de mim? – Disse ela levantando o rosto.

- Como uma amiga... Ou melhor, uma irmã. Esse é o único amor que eu posso te dar.

- Takano... – Ela então começou a chorar novamente.

- Não acredite em meus pais, entendeu? Se continuar acreditando neles, você vai acabar se iludindo mais e consequentemente sofrendo mais também.

 - Entendi, desculpe-me.

- Tudo bem. Agora pare de chorar, uma garota tão bonita como você não pode chorar – Eu disse enxugando as lágrimas dele – Uma garota bonita como você deve sorrir.

Ela então levantou o rosto e sorriu para mim.

~fim do flashback~

- Naquele dia eu disse para não acreditar nos meus pais.

- Eu sei...

- Tente o máximo possível mudar de assunto quando eles começarem a falar sobre, e tente, por favor, arrumar alguém que realmente goste de você. Não tente alimentar um amor que não dará certo.

- Tem razão – Disse ela enxugando as lágrimas – Mas, quem era aquele garoto que saiu da sua casa correndo? Seu amigo?

- É... Algo a mais que isso.

*

- Como Takano pode fazer isso comigo? – Disse choramingando.

Caminhava pela rua sozinho, já estava escurecendo e as pessoas na rua iam desaparecendo aos poucos e eu era deixado lá, mas era bom, afinal não teria ninguém perguntando do porque de eu estar chorando. Fui até um café que tinha ali perto de onde eu andava, sorte que havia dinheiro no meu bolso, enxuguei as lágrimas, respirei fundo e entrei. Lá, não havia muita gente, apenas umas pessoas  que estavam em uma mesa separada, me acomodei em uma mesinha e logo vieram me atender.

- O que deseja senhor?

- Um cappuccino, por favor.

- Um cappuccino, certo – Disse ela anotando – Daqui a alguns minutos estará pronto, aguarde um pouco.

- Tudo bem.

Não havia saído com nada de casa, nessas horas o que eu não daria por um livro... Eu queria me distrair e um livro era a melhor forma para se fazer isso. Eu necessitava me distrair o mais rápido possível. Olhei em meu bolso e vi quanto de dinheiro eu tinha. Ótimo, tinha o suficiente para pagar o cappuccino e comprar um livro novo. E foi o que fiz, esperei ele chegar e já o paguei, assim saindo do café e indo em direção à livraria que havia ali por perto... Foi então que lembrei que era a livraria onde Takano trabalhava, mas ele não estaria ali agora.
Parei na frente da porta e fiquei observando-a por algum tempo quando decidi por fim entrar. Fui para a sessão onde mais me agradava e peguei um livro de acordo com o conteúdo que me agradasse, paguei por ele e sai da livraria indo em direção a um velho parquinho de criança, onde me sentei em um dos balanços e me pus a ler o livro. Era bom me distrair um pouco, contudo, ele não prendia minha total atenção apesar de ter um conteúdo que eu gostasse muito, minha mente estava em outro lugar, vagando por aí, pensando em várias coisas ao mesmo tempo que chegava até a doer um pouco. As mesmas perguntas não paravam de ecoar na minha cabeça, quem é ela? O que ela foi fazer na casa do Takano? Será a noiva dele? O que Takano sente realmente por mim? Eu não sabia. Não sabia mais de nada, o que eu achava que compreendia ontem, hoje não faz o menor sentido pra mim. Me sinto tão cansado mentalmente.

- Onodera?

O que ele estava fazendo aqui?

- Yokozawa, o que está fazendo aqui?

- Takano me pediu pra te procurar – Ele se sentou no balanço ao lado do meu – Não vou com a sua cara, mas foi um pedido de Takano então não pude recusar.

Eu já devia imaginar.

- Avise a ele que não vou voltar.

- Ótimo – Ele se levantou e disse – Sabe, nunca vi o Takano do jeito que está desde que você veio para cá, ele parece gostar muito de você e eu só acho que você devia pra ir para casa se não quiser perde-lo – Depois que disse isso, foi embora.

 O que Yokozawa estava pretendendo? Bancar o bom samaritano? Se for isso, não deu certo, isso eu posso garantir, mas... O que ele quis dizer com aquilo? “Você deveria ir para a casa se não quiser perde-lo”, isso quer dizer que eu posso perder o Takano? Mas ele me escondeu sobre a existência daquela mulher, seja ela quem for, não posso perdoar isso.

- Argh, o que eu faço? – Eu disse olhando para o céu, onde um floco de neve começou a cair até pousar no meu nariz – É, preciso fazer a coisa certa, mas o que é a coisa certa?

Porque eu estava me perguntando? Eu tinha certeza de qual era a coisa certa. Levantei-me do balanço e comecei a correr em direção à casa de Takano, minha casa também agora, eu não podia me separar dele por uma causa tão boba, não é? Sinto que não conseguiria viver sem ele, acho que seria impossível, não me imagino mais longe daquele ser irritante. Eu tinha certeza agora, tinha certeza que eu o amava.

E precisava dizer isso a ele.

Com um sorriso no rosto, corri mais rápido em direção ao que eu agora chamo de meu primeiro amor.


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