Somebody That I Used To Know escrita por Luke Lupin


Capítulo 9
"Art is never finished is only abandoned"


Notas iniciais do capítulo

Leonardo Da Vinci



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Assim que Henry fechou a porta e Murilo ouviu a chave trancá-la, além do desespero, já evidenciado pelo seu coração disparado, um medo gritante passou pelo seu corpo: estava trancado, ali, apenas com Bruno, umas roupas junto com algumas comidas na mochila e, o qual mais dependia no momento, sua coragem, trancafiada no fundo de seu cérebro, crente que não teria que se por a prova naquele sábado de manhã.

Principalmente depois da sexta-feira que tivera.

Não que ele se lembrasse de muita coisa (na verdade, esse era o problema), ele só tinha certeza do que viveu até certo ponto, depois disso, tudo era um borrão preto e gerava dor de cabeça.

Dentre as certezas que tinha: saíra da escola; fora direto para a casa de Felipe; de lá saiu para um bar, encontrar com outros amigos; beberam (não muito); foram a uma balada (onde beberam muito). E então começavam os borrões e as pontadas em certos lugares da cabeça. Só sabia que tinha acordado na cama de Felipe, enquanto este estava no chão, com a mensagem de Henry. Depois de lê-la, saiu praticamente correndo e lá estava, divagando pelo tempo-espaço enquanto encarava indiretamente Bruno.

— É... – Tentou começar, mas não tinha ideia do que falar. Não podia perguntar se estava tudo bem, porque obviamente não estava; não podia perguntar se estava chorando, porque não sabia até que ponto era íntimo de Bruno e, pelo mesmo motivo, não sabia se podia perguntar o que tinha acontecido. – Quer mais gelo?

No momento que Henry deixou Murilo entrar, e Bruno pôde ver quem era, seu coração começou a bater desesperadamente e uma tremedeira incontrolável tomou seu corpo, a qual ele conseguia esconder com o chacoalhar de sua perna. Não estava com medo, porque conhecia Murilo, mas estava com vergonha, certas visões ele só queria proporcionar para algumas pessoas.

Sem saber direito o que estava fazendo, fez que sim com a cabeça para a pergunta do outro e, mecanicamente, estendeu a toalha que antes estava em seu rosto, não conseguiu sequer olhar para o amigo, mesmo que quisesse.

Murilo deixou a mochila encostada no sofá e foi para a cozinha. Como conhecia Henry e já tinha ido àquela casa mais de uma vez, sabia onde encontrar a maioria das coisas que precisava e sabia que o amigo não se importaria com ele abrindo os armários e pegando o necessário. Pegou mais gelo e enrolou no pano, ao mesmo tempo em que colocou água para ferver e montou a aparelhagem para extração de café, afinal, nada melhor para acordá-lo de vez. Voltou à sala com o pano na mão, pensando no que falaria para o outro.

— Hm... Toma aqui... – Disse, estendendo o pano e torcendo para que Bruno o olhasse dessa vez. – Depois dessa compressa de gelo, acho bom fazer uma quente, porque pode ajudar a diminuir o tamanho das marcas... e tal... – Foi até sua mochila e tirou duas barras de chocolate dela, uma branca e a outra normal. – Toma aí, eu sei que você curte bastante chocolate branco... – Bruno não respondeu completamente aberto a nenhuma das perguntas anteriores, por isso acabou apelando para oferecer chocolate, o doce preferido do menino.

— Como você sabe? – Dessa vez olhou olho no olho e o outro se surpreendeu. Bruno sempre fora um menino positivo, mesmo que não abrisse muito a boca para expressar tal qualidade, vê-lo para baixo era uma coisa que raramente passaria pela cabeça de quem convivia com ele todo dia, por esse motivo que Murilo queria muito tentar ajudá-lo, mas simplesmente não sabia como se aproximar do muro emocional que o amigo fez questão de se fechar, o qual era grande o suficiente apesar dos dois estarem no mesmo sofá.

— Você já disse algumas vezes... – Respondeu simplesmente, desistindo de quebrar a barra em pedaços menores e entregando-a inteira. Depois se levantou e foi para a cozinha, com a desculpa do café, mas querendo na verdade se refugiar, para evitar entrar em desespero por não saber o que fazer.

Pelo menos, realmente fez o café, mas estendeu o tempo dessa atividade o máximo possível (dos 7 minutos usuais, passou a ser 15, oito minutos nunca fizeram tanta diferença na vida do garoto). Colocou o líquido numa caneca, adicionou açúcar e mexeu vagarosamente.

Foi então que uma ideia surgiu em sua cabeça.

Voltou normalmente para a sala, tentando não elevar sua empolgação a níveis muito alarmantes, porque se não desse certo não teria que esconder sua própria decepção. Sentou-se ao sofá e abriu a mochila de novo, puxou seu estojo e, quando o abriu, só não gritou de alegria para não assustar (mais) o outro.

— Você já assistiu ao season finale da nona temporada de Supernatural? – Perguntou Murilo, virando-se com esperança para Bruno, sem saber se o que estava fazendo era certo (ou aprovado pelas boas maneiras para quando alguém estava machucado daquele jeito).

— Não. – Respondeu o garoto, também se virando para o amigo, incapaz de conter o sorriso que se formou em sua boca. – Ainda não vi. – Murilo sorriu de felicidade e se levantou para conectar o pen-drive na TV de Henry. Bruno acompanhou-o com os olhos, abrindo o sorriso completamente quando o outro não podia vê-lo, realmente ficando feliz com aquele momento e, ainda, conseguindo relaxar.

— Ai, eu acho que não baixei a legenda... pode ser assim? Ou prefere que eu baixe agora?

— Ah, de boa, pode ser assim, sim.

Murilo encostou-se a um lado do sofá e se aconchegou nas almofadas de lá. Bruno fez o mesmo, porém do lado oposto. Respiraram fundo, ambos ao mesmo tempo, e encararam, temerosos, a tela, com o que viria a ser o “THE ROAD SO FAR”, ao som de Kansas, mais marcante da vida deles.

Os quarenta minutos voaram e, depois daquele último close no rosto de um dos principais, o episódio acabou.

Ambos chocados, ambos boquiabertos.

Entreolharam-se.

Bruno e Murilo estavam compartilhando daquele sentimento que se tem quando se vê um final de temporada sensacional. Aquele sentimento que só quem é sherlockian e viu Reichenbach Falls, quem é whovian e viu Journey’s End, quem é fã e sofreu um dos melhores plot twist escritos até então, sabe como é.

— O que foi...? – Murilo não terminou a pergunta e a resposta de seu colega foi apenas arregalar os olhos, porque falar com clareza e certeza nesses momentos é algo quase impossível de se fazer. Continuaram naquele silêncio natural e nada constrangedor que estavam.

Demoraram muito tempo para absorver tudo e fazer com que a vida voltasse ao normal. Quer dizer, Bruno demorou muito para absorver tudo. Murilo já tinha ido para a cozinha, arrumado tudo por lá (lavado a louça, colocado as coisas nos devidos lugares e arrumado bonitinho), voltado e encarado seu amigo ainda não ter saído do estado de choque.

Chegou mais perto dele e estendeu uma compressa de água quente que tinha achado, por acaso, num dos armários de Henry. Ficou exatamente em frente ao garoto, e teve medo do que aquilo podia acabar causando, mas não recuou até o outro demonstrar que tinha entendido o recado.

— Coloca no mesmo lugar que estava com gelo... Vai ajudar a tirar essas marcas um pouco mais rápido... – Bruno acabou olhando para a bolsa bem em sua frente. A mudança do olhar estático de prazer, causado por Supernatural, para o olhar estático de medo foi tão brusca, mas ainda tão singela, que fez Murilo pensar se deveria ter feito aquilo.

— Obrigado. – Ouviu como resposta. Embora Bruno não tivesse ficado completamente quieto desde que chegara lá, Murilo ainda não tinha ouvido aquele tom em sua voz: uma gratidão realmente muito grande, que beirava a emoção por ter alguém ali, ao seu lado, naquele momento complicado.

Murilo se envergonhou do que causou e, como resposta, fez apenas que sim com a cabeça, depois se virou e foi ao banheiro, mais para passar o tempo do que para realmente fazer alguma coisa. Sabia que não podia ficar lá pra sempre (e, mesmo que quisesse, não tinha o que fazer ali), então esperou algo muito próximo de dez minutos e depois saiu. Quando voltou para sala, Bruno dormia, com a bolsa de água quente na mão, as pernas dobradas, se aconchegando no canto do sofá, suas feições pouco relaxadas, dizendo que o garoto só dormia porque precisava, pois se dependesse do seu extinto, passaria mais uma noite em claro.

O garoto que o observava foi ao quarto de Henry e voltou de lá com um edredom. Estendeu sobre o outro e deixou a bolsa de água quente no chão. Tomou todo o cuidado do mundo para nem se quer tocar em Bruno, queria evitar que ele acordasse, porque podia demorar a ele cair no sono de novo, mesmo que aquele não fosse o ideal e perfeito sono de descanso que alguém com aquela quantidade de hematomas devesse ter.

Depois de arrumar tudo para que seu amigo conseguisse dormir, Murilo olhou aquela situação toda e riu. Obviamente, não por graça, porque dela não havia resquício algum, mas riu do fato de ter pegado o edredom no quarto, ter feito café, utilizado a bolsa de água quente e fazer compressas de gelo, tudo sem a presença do dono da casa. Sorriu para si mesmo. Não era em qualquer esquina que se encontrava um Henry Fritz.

Preferiu não fazer nada que trouxesse muito barulho.

Abriu sua mochila e, do emaranhado de roupas, misturadas a um pote de Nutella e alguns biscoitos, conseguiu sentir seu estojo e seu moleskini preto, puxou-os. Abriu o primeiro e tirou dois lápis grafite, um 2B e um 6B, verificou as pontas e, contente com elas, começou a folhear calmamente seu tesouro mais secreto. Lembrava-se de cada desenho nele e, principalmente, do motivo que os fez desenhá-los, quase como seu diário, aqueles desenhos eram sentimentos em sua forma mais pura. Há de se lembrar que a primeira forma de expressão foi a pintura, meio antiquada e sem sentido, rupestre claro, mas ainda pinturas.

E, para Murilo, aquelas folhas creme eram sua caverna.

Ao chegar numa folha vazia, respirou fundo e olhou para frente. Mais uma vez aquele modelo pousaria para sua imaginação, tornando-se parte do eterno graças a rabiscos.

O sol assumia, no céu, uma cor alaranjada diferente da usual, ela tomava conta da maior parte da janela, esta que permitia a passagem de alguns raios e fizesse com que estes tocassem Bruno, criando um contraste poderoso entre as faces, com tal iluminação que nenhum chiaroscuro seria capaz de representar, independe se quem pintasse fosse seu criador ou o melhor dos barrocos. Associando as marcas ao efeito luminoso, Murilo ficou apreensivo, nunca em sua vida teria presenciado tal dramaticidade.

Sendo aquela a deixa do destino para sua criação, começou.

A maioria das vezes que desenhara estava sozinho, simplesmente porque preferia estar. Nesta mesma maioria, o modelo nunca estava presente, tudo que fazia vinham de suas lembranças. Ele acreditava que assim seu desenho ficava mais expressivo. Enquanto observar e desenhar, ao mesmo tempo, traria realidade à obra, apenas a lembrança traria a expressão, pois ela guardava tudo que seu inconsciente guardasse como necessário, ou seja, tudo que sentisse que era necessário; deixava de lado aquele ângulo de 56 graus e 15 segundos entre a mesa e a fruta, para fazer aquele detalhe que chamou sua atenção.

A arte de criar era complicada. Por instinto, tudo que desenhava tinha um significado, mas na maioria das vezes não queria que tivesse. De fato, invejava aqueles que faziam jus aos ensinamentos do Parnasianismo ou à filosofia niilista. Murilo remoia internamente cada sentimento e sofria porque a única forma que os expressava de forma pura era pelo desenho. Sua arte, ainda que a considerasse bonita esteticamente, não conseguia ser olhada com bons olhos, porque só ele sabia que, por trás daquele monte de grafite, havia um momento único, um sentimento único, eternizado.

O sol sumiu e a escuridão reinou janela a fora, o menino não quis saber muito bem o motivo. Do lado de dentro, a única coisa que fazia com que Murilo enxergasse era a luz branca e fria da cozinha, que fora esquecida acesa. O artista forçava os olhos para conseguir enxergar o papel em sua frente, a sombra de seu corpo era projetada bem em cima do que trabalhava, mas o garoto não ousava se mexer, estava compenetrado demais em sua atividade. Em verdade, praticamente não movia um músculo. Cabeça curva, pernas dobradas e movimentos frenéticos com a mão, era assim que ficava depois que começava. Gravada a imagem, não mais ousava tirar do papel seus olhos, tudo que precisava sentir já fora sentido, agora precisava de sua completa atenção para tentar expressá-los.

Respirando freneticamente, pegou o segundo lápis com a mão livre e, com ambas, continuou seu desenho. Qualquer pessoa que assistisse àquela cena se maravilharia, aquele tipo de técnica, com tamanha precisão e concentração, num menino de 15 anos, era, sem sombra de dúvida, uma raridade. Em um movimento ágil, trocou os lápis de mão, aquele que ficara na mão esquerda foi para o estojo, que voltou deste com um lápis preto.

Raramente utilizava cor em seus desenhos.

Murilo não sabia até que ponto conseguia manipular as cores para representar exatamente o que queria, mesmo que possuísse alguma técnica, não era lá a das mais avançadas e, para não se frustrar, preferia usar apenas o que sabia. Planejava, um dia, desenvolvê-la, mas até lá, arriscava-se nesta área desconhecida de vez em quando. Vezes estas em que um grafite não era capaz de expressar tudo que sentia.

A cor preta tomou conta de parte da folha, mas logo foi abandonado, voltando para o estojo e cedendo o lugar de volta para o antigo lápis. O ritmo já havia diminuído, o artista passou a usar apenas uma das mãos, porém com os dois lápis de uma vez. Estava próximo do fim, sentia aquilo. Enquanto dava os últimos toques, a mão livre voltou ao estojo e de lá saiu com uma caneta tinteiro, ainda restava um pouco de tinta dentro dela e, assim, assinou seu nome, no canto inferior esquerdo, uma marca vermelha perto de tanta emoção acinzentada.

Suspirou de alívio.

Atônito, achou que poderia ter acordado Bruno. Saiu de sua posição de estátua viva e conferiu o amigo: imóvel, com feição ainda dura, dormia, longe de estar relaxado e muito perto do desespero. Deixou o caderno de lado e estralou seu corpo por inteiro, completando seu ritual de desenho, limpou um pouco do suor que acabou surgindo em sua testa pela empolgação.

Pegou sua obra acabada e deu uma boa olhada. Entristeceu-se por um momento com o valor daquela arte ingrata. Gostava muito de desenhar, mas tal experiência era sempre muito intensa, sempre e tanto que ele não conseguia esconder durante seu trabalho. E, na maioria das vezes, tudo que queria era ser discreto naquilo que mais lhe tinha valor, porém, observando os traços pesados de cabelos pretos, marcas de expressão realistas e uma assinatura vermelha, via que sua tentativa tinha sido, mais uma vez, em vão.

Gastara uma hora e meia naquele trabalho, sem dúvida um recorde. Depois que sua assinatura secou, fechou seu moleskini e guardou-o cuidadosamente na mochila, levantou-se e foi para a cozinha. Seus olhos doeram ao se encontrarem diretamente com a luz branca, incisiva. Procurou por algo para beber e acabou encontrando para comer também. Ingeriu tudo que tinha que ingerir na mesa daquele cômodo, depois voltou para a sala e se aconchegou ao sofá. Sem muito mais o que fazer, decidiu brincar com o celular.

Murilo se perdeu em seu jogo de poker online e simplesmente não viu o tempo passando. Já era quatro da tarde quando um grito de desespero tomou conta de seus ouvidos e, provavelmente, da casa inteira. Assustado, olhou para frente e viu Bruno, ofegante, com olhos arregalados, tremendo e suando frio. Por qualquer coisa que o menino tivesse passado, com certeza fora mais traumático do que podia mensurar. Nenhum de seus desenhos passava aquele tipo de emoção, o que era, ao mesmo tempo, reconfortante e desesperador.

Confortável porque se sentir daquele jeito não devia ser bom, ainda que isso soasse meio egoísta.

Desesperador porque seu coração o obrigava a encarar terrenos desconhecidos, e nem todas as pessoas estão preparadas para esse tipo de descobrimento, Murilo, por exemplo, não se colocava nessa lista, e provavelmente Bruno também não.

Sem saber exatamente o que fazer, bloqueou o celular, tirando a iluminação de seu rosto. O céu lá fora ainda estava sem o sol, agora cinza e escurecendo com o tempo, se armava para uma tremenda chuva. Evasivamente olhava para o outro, tentando não demonstrar grande preocupação (o que era complicado, porque estava muito preocupado), curiosidade ou interesse, num julgamento interno decidiu que nenhuma dessas coisas, naquele momento, eram propícias.

Bruno se contraiu, fechando os olhos. Não sabia onde enfiar a cara. Estava destruído e não tinha como relaxar para dormir, porque até em seus sonhos era perseguido. Entendera a boa intenção de Henry em não querer deixá-lo sozinho, mas será mesmo que Murilo era a melhor escolha? Ah, ao menos se o amigo soubesse... Virou-se para o lado oposto do qual estava, escondendo seu rosto marcado e sua expressão de dor do outro, recolheu-se ao cobertor, que não se lembrava de ter pedido, e ficou daquele jeito, envergonhado demais para falar qualquer coisa.

Murilo enrubesceu, envergonhado por não saber o que fazer e se sentindo um inútil por não conseguir nem que o outro olhasse para ele. Frustrado, queria apenas confortar o outro, mas simplesmente não sabia como e, há de se dizer, ele não fazia por onde. Na verdade, parecia mesmo que Bruno não o queria ali, sentado, ou melhor, ali, naquela casa.

Uma vontade louca de chorar tomou conta de ambos e esta foi maior, acabou vencendo, lágrimas caíram pelos 4 olhos da casa. Na hora, Murilo foi para a cozinha e Bruno se encolheu ainda mais, afogando os suspiros que chorar lhe trazia no forro do sofá, nunca se sentiu tão mal em sua vida.

Deixou as lágrimas correrem livremente depois que se viu sozinho, cercado por eletrodomésticos, embaixo de uma luz branca. Dentre suas políticas, estava aquela que não reprimia choro depois da primeira lágrima caída (mas o tanto que reprimia antes de cair, praticamente não deixava essa regra valer a pena). Elas saiam uma de cada vez, não eram desesperadas ou barulhentas. Na verdade, eram bem calmas para uma mente bem agitada. Limpava-as de vez em quando. Procurou um banco para sentar para tentar organizar tudo que estava acontecendo.

Simplesmente não sabia por que estava chorando.

Quer dizer, sabia, mas não sabia até que ponto queria aceitá-la.

Alguns minutos se passaram, ele foi até a porta da cozinha para ter certeza de que Bruno ainda estava na mesma posição. Assumiu certa culpa por aquilo e se lembrou de quando ouviu a gratidão na voz do amigo. Porra, eles eram amigos, talvez Bruno não quisesse que Murilo estivesse ali, mas estava, e simplesmente não ia aceitar vê-lo daquela forma. Os sentimentos podiam não ser completamente mútuos, Murilo não iria se importar, mas queria ver o outro melhor e tentaria o necessário para tal.

Respirou fundo e saiu da cozinha, foi para sua mochila e pegou seu moleskini, aproximou-se do outro e estendeu a mão, oferecendo-o a Bruno.

— Bruno, – começou dizendo, a voz meio frágil e com vergonha de sair – eu sei que talvez você não quisesse que eu estivesse aqui, e eu não tenho ideia da razão disso, mas eu quero que você saiba que eu já estou aqui e que isso não vai mudar. Não vou falar para você melhorar e ficar feliz, porque não sei o que aconteceu, nem estou cobrando você de me falar, só quero que saiba que eu estarei aqui para ouvir tudo o que você quiser falar.

Para quem conhece Murilo, aqueles dois atos (entregar o caderno e falar de sentimentos como falou) revelavam uma característica muito ocultada por ele. Primeiramente, o caderno era ele nu e cru, sem a vida e sem a pele que esconde emoções; quem abrisse aquilo conseguiria entendê-lo quase que completamente no que diz respeito a qualquer tipo de sentimento, não suficiente, ninguém além dele já tinha folheado aquelas folhas, se Bruno o fizesse, acabaria por entender que havia algo muito além de amizade no coração do amigo.

Em segundo lugar, Murilo não gostava de sentimentos, nunca tinha sofrido por amor ou coisas que justificassem tal ato, só simplesmente não gostava deles, cria que era por causa de como fora criado: filho único de pais divorciados, morava com a mãe e quase nunca via o pai (por opção). Crescera num ambiente perfeito, mas não recebera estímulos para evoluir seus sentimentos em relações interpessoais, logo, precisou da arte para expressá-los e entendê-los, da arte e da vida, porque os dois cobravam isso dele. Um porque só assim conseguia desenhar e o outro porque a sociedade era ingrata, não suficiente com seus sentimentos, queria o dos outros, para sugá-los e acabar com eles.

Bruno se virou lentamente, ainda acanhado, não olhava para Murilo. Olhava para o caderno e fungava lágrimas, passando a mão de vez em quando nas bochechas, para limpar o líquido salgado que pingava, e sentir as marcas que tinham feito nele. Dor.

— O que é isso? – Ele perguntou inseguro, triste e sombrio. Características que não faziam parte dele, não completamente, pelo menos não as duas últimas, não naquele nível e quantidade.

— Sou eu. – Respondeu simplesmente, porque era aquilo e apenas.

A mão trêmula de Bruno foi até o caderno e o pegou. Sentou-se no sofá e deixou claramente um espaço para que Murilo sentasse ao lado dele (ao lado, mas não perto). Quando o garoto o fez, Bruno achou que já podia abrir o caderno.

Provavelmente nunca ficou tão surpreso em sua vida.

Arregalou os olhos e analisou atentamente cada detalhe daquela obra. Uma riqueza de detalhes impressionante, quase uma fotografia feita em grafite, uma quantidade de sentimento incalculável, tudo misturado, cada risco parecia trazer consigo uma sensação, tornando aquele desenho uma mistura homogênea que seria confusa, se não surpreendentemente linda. O garoto realmente se perguntou se podia olhar para aquilo. Fez menção de fechar, mas foi impedido pela mão do amigo, que tocou na sua, fazendo-o desviar o olhar para encontrar o do outro, ele fez que sim com a cabeça, afirmando que tinha dado permissão.

Bruno, apreensivo, virou a página do caderno e, instintivamente, se aproximou do outro, ficando perto o suficiente para que fosse abraçado de lado, e assim foi feito por ele mesmo, que pegou a mão do outro e passou em volta de seu ombro, acolhendo-o, diminuindo a tremedeira e o medo do mundo. Murilo se surpreendeu com o ato, mas não reclamou, apenas deixou sua mão ali e ousou fazer carinho no ombro do outro. Ao que parece, Bruno realmente tinha entendido o recado e aquilo era mútuo.

Murilo conhecia aquelas páginas de olhos fechados, então estava com medo do que o outro faria quando virasse para a próxima, daquele desenho único, que ocupava as duas folhas, que viria logo depois. Simplesmente olhou para seu precioso e esperou a ação prevista, que veio poucos segundos depois.

Lembrava-se daquele desenho, de quando tinha feito, assim como se lembrava de todos os outros. Aquele moleskini era antigo, provavelmente tinha dois ou três anos de vida, porém ele era quase único. Montado pelo próprio Murilo, as folhas, apesar de presas a um espiral, podiam ser facilmente remanejadas. Assim, o primeiro desenho feito podia estar em último, assim como o vigésimo em décimo primeiro e o último em segundo. E um desses casos era o desenho daquela página. Aquele ali devia estar muito mais próximo do final do que o imaginado, mas estava bem no começo porque era o que ele pedia.

Bruno se espantou com o que viu, sua respiração acelerou e a única coisa que conseguiu fazer foi olhar para o outro, que se recusava a olhar para ele. Bruno encarou Murilo de lado um bom tempo, apenas aguardando a resposta do outro. Esta que veio tímida, lenta e alguns minutos depois.

Os olhos negros de Bruno, com o céu cinza atrás, nunca foram tão expressivos. E os olhos quase verdes de Murilo nunca estiveram tão assustados. Bruno sorriu de lado, singelamente, um sorriso de alegria sincera. Murilo continuou sério, porque não sabia o que aquilo significava.

Só entendeu quando os lábios de Bruno encontraram os seus.

Murilo se rendeu aos lábios do outro enquanto acariciava seu cabelo. Nenhum dos dois estava desesperado, apesar de ambos quererem muito aquilo. Se beijaram lenta e deliciosamente por algo próximo a um minuto. O caderno, aberto, estava ao lado dos dois, as mãos de Bruno na nuca de Murilo e, deste, uma na nuca e outra nas costas do outro. Quando se separaram, se abraçaram, ali ficaram pelo menos dez minutos antes que alguém ousasse falar alguma coisa.

— Obrigado. – Foi Bruno quem falou. A voz mais firme e animada, agora certa de que podia contar com a presença do outro. – Entendi uma coisa no primeiro desenho, fiquei feliz que era outra num estágio melhor quando cheguei neste. – E apontou para o caderno. Agora, estavam separados. Encaravam-se, rostos sóbrios e nada tensos, Murilo calmo, Bruno contente.

Bruno era uma pessoa genial. Sensível, entendia as pessoas quase que como ninguém. Tinha dificuldades apenas com o único que realmente queria entender. Passara boa parte daquele ano tentando se aproximar mais do garoto, já tinha aceitado sua paixão por ele e, mesmo achando que não fosse nada recíproco, queria pelo menos tê-lo perto o suficiente para quando o outro precisasse. No final, isso acabou acontecendo, mas não exatamente do jeito que tinha imaginado.

Murilo se deitou no sofá e puxou Bruno consigo que se aconchegou ao outro e sentiu um ótimo cafuné, envolveram-se com o edredom, já estavam à vontade e nenhum tipo de tensão separava os dois.

— Por que você me mostrou o caderno?

— Ah, – de tantas coisas para perguntar, tinha que ser logo aquela? – eu estava preocupado com você, pelo motivo que você já sabe, mas eu não sabia como chegar e falar, porque nunca servi muito bem para essas coisas. Pra mim, sempre fora mais fácil quando não tinha nada disso acontecendo, tipo, quando era pura e simplesmente físico. Eu nunca lidei muito bem com sentimentos na vida, por isso eu mantenho esse caderno...

“Você é a única outra pessoa além de mim que já o folheou.”

Deitado, Bruno olhou pra cima e viu, de ponta cabeça, o rosto do outro. Ele sabia que podia falar aquilo, não estava se gabando ou falando “olha o que eu fiz por você”, ele queria apenas mostrar o que sentia de sua forma mais pura, não queria intimidá-lo ou coisas do tipo. Não era um jogo emocional para conseguir um beijo, era uma revelação íntima que podia ter sido devolvida apenas com um sorriso.

— Eu não vou negar que estava com medo do que você ia fazer, felizmente, acabei me surpreendo. – Murilo falou, depois de um tempo de silêncio entre os dois, enquanto Bruno refletia o acontecido e o que o outro falara. – Eu tinha medo de você achar que eu to cobrando alguma coisa.

— Por mais que você evite aproximação, eu consegui entender algumas coisas que passam na sua cabeça. Você é sincero no que sente e não cobra nada de ninguém. Quando me mostrou o caderno, eu sabia que era porque se importava comigo e queria demonstrar isso de alguma forma. Confesso que, também, não esperava acontecer o que aconteceu, achei que íamos apenas ficar mais amigos do que já somos, mas não nego que queria isso também. Acho que só esperava uma confirmação sua, assim como você esperava uma minha, no final, obtivemos ambas ao mesmo tempo, embora você não tenha entendido o que meu sorriso quis dizer. – E riu, que foi seguido por um riso também.

Bruno se sentou e olhou para Murilo, passou a mão em seus cabelos e o encarou.

— Eu posso te contar o que aconteceu comigo?

— É... pode, mas... eu não quero que se sinta obrigado nem nada, de verdade.

— Eu preciso contar para alguém e acho que, depois disso, – apontou para o caderno, ainda aberto, no mesmo desenho de antes – você é a única pessoa que eu conseguiria contar sem... sem me sentir mal. – Aí Bruno levantou e moveu as pernas de Murilo, de modo que, ao se sentar, conseguiu ficar cara a cara com o outro mas ainda estar abraçando-o. Murilo mexeu no cabelo do amante, dando permissão para começar a história e dando segurança de que podia contar com ele.

“Bom, eu gosto de você, visto que acabei de te beijar, assim como já gostei de outros, onde nem todos eu tive a chance de o fazer, mas nunca gostei de meninas, o que significa que eu não fiz questão nenhuma de tentar aparecer com alguma em casa para fazer com que meus pais ficassem felizes com minha orientação, sempre me esquivei das perguntas e vivi a vida pegando caras aqui e ali, tudo escondido, nem meus amigos sabem de mim. Todos os meninos com que fiquei foram apenas algumas vezes, porque não queria levar nada para frente.

“Só que aí comecei esse ano numa escola nova e, com ela, me veio você. No começo eu tentava me forçar a não me apegar a você, porque eu mantinha uma política de “só desconhecidos” por puro medo. Entretanto, o tempo passou, vivemos cada dia mais juntos, fazendo trabalho, relatório, aulas práticas e, no final, não consegui negar o que sentia, aceitei pra mim, mas disse que não ia deixar florescer mais do que já tinha, porque isso implicaria eu ter que falar com você e, nesse caso, ou ficar ou perder, se eu ficasse, não teria como querer que fosse apenas algumas vezes, particularmente porque a gente tá sempre junto, o que diria que outras pessoas teriam que saber, e eu não estava preparado para isso.

“Lidei com isso um tempinho, até o começo dessa semana, na segunda, quando vi você e Pietro juntos, se beijando, simplesmente não soube o que fazer. Fiquei triste desde o momento que os vi até quinta feira, quando chorei nos braços de Henry e ele me consolou do jeito dele. Quando saí da escola, na sexta, estava mais calmo, e feliz por não ter visto você com Pietro de novo. Relaxe que você não tem culpa do que aconteceu comigo, eu só preciso justificar o motivo de eu estar fazendo o que fiz quando aconteceu.

“Fui para casa, de boa, jantei, tomei banho e fui para o meu computador. Nele, comecei a entrar em vários tumblrs gays para ver fotos de caras se abraçando, se beijando de formas fofas porque... porque eu estava meio carente, porque eu queria estar com você, essas coisas de apaixonadinhos. Comecei a ler várias histórias de pessoas que se assumiram, como começaram a namorar e coisas desse tipo. Aí eu resolvi ir ao banheiro, porque precisava, e simplesmente esqueci de fechar as páginas com esse conteúdo. Quando saí do banheiro, fui surpreendido por um soco na cara...

“Dado por meu pai.”

Até ali, a coisa toda tinha fluído normalmente, sem qualquer pausa ou momentos para reflexão. Porém, no momento que chegou esta parte, Bruno simplesmente parou. Seus olhos se perderam no nada e toda leveza de antes se esvaiu. Seus ombros contraíram, seus punhos cerraram, uma leve tremedeira começou em seu corpo e uma vontade imensa de chorar surgiu. Murilo ficou chocado e demonstrou isso por arregalar um pouco os olhos. Simplesmente não sabia o que fazer. A imagem que veio em sua cabeça, quando ouviu, foi assustadora, mesmo que não soubesse como era o pai de Bruno.

— Aí... – a voz, agora fraca, vacilante e temerosa, sumiu mais uma vez, abriu-se espaço para um choro ininterrupto, com lágrimas caindo aos montes, soluços de vez em quando. Os olhos de Murilo ficaram marejados, este se aproximou do outro e o abraçou, tentando controlar as emoções que partiam dos dois. – aí começou de vez, me bateu gratuitamente, sem nem medir as consequências, chegou uma hora que eu simplesmente caí no chão porque não conseguia mais ficar de pé, aí começaram os chutes. Estavam todos em casa.

“Ninguém fez nada.”

E o choro continuava, agora dos dois lados, Murilo simplesmente não conseguiu se conter com o que acabara de ouvir. Infelizmente, começou até a nutrir uma raiva por aquela história e pelas outras pessoas envolvidas nela. Abraçou ainda mais o outro e esperou que aquilo o reconfortasse, estava sem chão e sem perspectivas quanto ao que fazer.

— Uma hora ele parou, gosto de pensar que foi por consciência, mas nem isso engulo. Nessa hora eu simplesmente me levantei, da melhor forma que consegui, peguei minha mochila e saí de casa, sem nem pensar duas vezes. Agradeci muito por ninguém ter me seguido. Eu corri, com o corpo dolorido, sangrando pela boca e nariz, o máximo que pude, não olhei para trás, com medo de ficar mais chocado ainda, quiçá mais agredido. Já era de noite, mas os ônibus ainda passavam, a primeira pessoa que pensei foi Henry, peguei um ônibus para o metrô e, quando cheguei nele, corri para um banheiro, para saber o quão ruim tinha sido o estrago.

“Sei que não tive nada quebrado, parei de sangrar pela boca e estanquei o nariz, sentei numa privada e chorei, chorei por umas horas sem parar, quando me controlei, o metrô já tinha fechado, então eu tive que esperar. Por isso só cheguei aqui de manhã...”

Nenhum dos dois choravam mais, apenas algumas lágrimas escorriam, tímidas. Apesar de ter sido doloroso, Bruno precisava daquilo, sentia-se mais leve por ter contado a alguém, ou melhor, por poder contar com alguém.

— Eu... eu não sei o que dizer. – Murilo falou.

— Não precisa falar nada... só... só fique aqui... só hoje... – Bruno não sabia se podia pedir aquilo. Realmente estava apaixonado por Murilo, mas não queria que o outro ficasse com ele por dó, não seria justo. – Não precisa os outros dias se... – Mas foi calado por um beijo, rápido e apenas com essa finalidade.

— Eu te amo, Bruno Velázquez, e já fazia isso antes de me contar qualquer coisa. Agora, claro que estarei aqui, se você quiser que eu esteja, até quando tiver que ser. – Aproximou-se do outro, envolveu-o com os braços e chegou mais perto da boca, com a sua. – Carpe amore (1). – Sussurrou e o beijou Bruno, lenta, calma e apaixonadamente.

— Eu também te amo, Murilo Eyck. – Disse Bruno depois que se separaram, sorrindo para o outro, e se aconchegando ainda mais.

Ficaram daquele jeito um bom tempo, começaram a conversar sobre amenidades em geral, cada um conhecendo mais o outro, exatamente como ambos queriam todo dia na escola, mas se mantinham afastados por puro medo. Este superado, agora tudo fluía bem, Bruno quase se esqueceu do tinha passado e estava contente, a felicidade natural de seu dia a dia voltava a tomar conta dele.

Tinham completamente esquecido da passagem do tempo e de que não estavam em suas casas, estavam na de Henry, presos pelo dono dela. Só se lembraram quando ouviram o barulho das chaves abrindo a porta. Instantaneamente, Bruno quis se desvencilhar dos braços do outro, foi impedido.

— Ele já sabe. Ou você acha que ele me chamou por puro acaso? – Ponderou a ideia e concluiu que era realidade, se encostou de volta e apenas esperou para ver a reação daquele que passaria pela porta.

— Pelo jeito vocês se acertaram. – Falou Henry, sorrindo, depois que entrou, seguido por Billie. – Convenhamos que já estava na hora.

— Bruno, meu deus! – Era a voz da garota, surpresa, junto com olhos arregalados. Ela correu até o outro e o pegou pelos ombros, chocada. – Você quebrou alguma coisa? Tomou alguma coisa pra dor? – Sem esperar resposta, puxou-o pelo braço e o levou para o banheiro, iria fazer tudo que achava que não tinham feito. Murilo sorriu para Henry e este sorriu de volta.

Billie tratou de seu “paciente” sem muitas perguntas do que tinha acontecido, apenas procurava por fraturas enquanto olhava na caixa de remédios de Henry para ver o que ali serviria de alguma coisa. Bruno pensou que Billie e Henry eram um casal curioso, fantásticos e geniais completavam um ao outro quase que perfeitamente. Sorriu para a preocupação da garota e para a sorte que tinha de tê-los naquele momento.

— Você pode ficar aqui o tempo que precisar, cara. – Falou Henry, sério, chegando perto do banheiro e vendo o quanto Billie estava realmente preocupada com o outro. – Murilo me contou rapidamente o que aconteceu, não acho que você deva decidir alguma coisa agora, pode ficar aqui essa semana e, depois, você decide o que fazer, minha mãe não vai se importar e, obviamente, um pouco de companhia durante a noite vai ser legal... – Emocionado, houve apenas um sim com a cabeça de gratidão por parte do outro.

Billie ficou examinando-o até que se deu por satisfeita de que nada tinha sido quebrado. Achou um remédio e deu para o outro tomar, voltaram para a sala e encontraram os outros dois conversando animadamente, sobre o último episódio de Supernatural.

— Pensamos em pedir pizza. – Disse Henry para os dois que chegaram e se acomodaram no sofá, cada um com seu par. – Vocês não comem alguma coisa? – Todos fizeram que não e Henry levantou para pegar o telefone, Billie ligou a TV e Murilo levantou um tópico qualquer. Henry fazia o pedido e os outros três tentavam entrar em consenso no que assistiriam.

O caderno ainda estava no mesmo lugar, aberto na mesma página, abandonado.


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Notas finais do capítulo

(1) Aproveite o amor (em latim)
Demorado (e muito) mas postado.

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