(POV Ficwriter)

E no quarto de certa Puckett tocava Joan Jett Bad no celular, enquanto a mesma murmurava palavras indecifráveis, mas qualquer um entenderia que eram xingamentos, palavrões, ou qualquer coisa desse meio.

Levantou capengando até a sua cômoda enquanto bocejava e coçava a barriga.

– Alô? Quem é? – Atendeu com a voz mais rouca possível.

– Sam? – Perguntou alguém do outro lado da linha. Provavelmente pensava que havia ligado errado já que a voz da moça parecia mais o som de uma porta velha. Bem velha.

– “Hum?” – Isso era pra soar como “Sim, o que você quer?”.

– É o Brad falando.

– Brad? Oi, aconteceu alguma coisa? – Ela arregalou um pouco os olhos já que não esperava àquela ligação.

– Não, nada demais. Quer dizer... Só assisti ontem o webcast que fizeram... Imaginei que fosse acontecer do iCarly acabar um dia, mas–

– Não acabou. – Sam interrompeu. Aquilo tinha cara de discurso de pena, ela não precisava daquilo. Cara não, voz.

– Oh... Entendo. Então, vai ser temporário? – Ele perguntou mais animado.

– Eu não sei... – Falou Sam e respirou fundo logo em seguida. Ela tinha quase certeza que nada voltaria a ser como antes, mas não queria acreditar, simplesmente não queria.

– Então, Sam, eu posso te encontrar hoje depois da escola no Groovy Smoothie?

– Huh, sim. – Ok, não deveria ser um encontro mas se fosse o caso, não cairia tão mal.

– Tudo bem, vou desligar, tchau.

– Tchau, Brad, e vê se leva chocolates!

Ouviu-se uma risada do outro lado da linha. Sam sorriu de volta e desligou.

“Outro nerd... Talvez meus gostos não sejam dos melhores.” Pensava Sam.

E na mesma hora se lembrou da cena da noite anterior. E lembrou também da pergunta que o Freddie a havia feito ao telefone umas horas antes da Carly o beijar.

“Mentiroso, você nem se interessa no que eu penso sobre ‘voltar’”.

Fez sua higiene matinal, se vestiu, pegou sua mochila e em menos de 40 minutos já estava andando em direção a Ridgeway.

Quando chegou no colégio, foi direto levar os livros para o armário. Olhou para o armário da Carly e sentiu como se a qualquer momento a Carly fosse usá-lo e tudo estaria como antes.

– Não, mãe, eu tô cansado disso. – Gritava um garoto ao telefone.
Sam olhou pra trás e lá estava ele. Freddie Benson.

Ele desligou e revirou os olhos.

– De novo insistindo naquela do curso de lavar “adequadamente” suas cuecas? – Zoava Sam.

– Sim... Ela não cansa de ser irritante?!

– Quer mesmo que eu responda?

– Não. – Freddie fez cara de tédio.

– Eu tava pensando... Quem vai ficar com o armário da Carly? – Não que ela estivesse realmente preocupada mas surgiu um interesse repentino.

– Adivinha.

– Ah, não, não me diga que...

– Não, não foi o Gibby – Freddie disse e Sam assoprou aliviada – Fui eu – O nerd sorriu de lado.

– Você?

– Sim... Eu pedi. Eu não queria que outro mané ficasse com o armário dela.

Sam revirou os olhos. "Ciúmes? Inacreditável, Benson!".

Ela não respondeu. Apenas pegou seu material de química e começou a caminhar até a sala.

– Não vai ter aula de química hoje. – Ele disse a acompanhando.

– Vai me seguir agora? Vê se para de encher.

– Sam, o que foi?

– “O que foi?” – Fez as aspas com os dedos – pergunto eu. Desde quando somos amigos? – E aquilo definitivamente parecia 2007.

– Mas Sam...

– Tchau! – Sam gritou.

– E pra onde você pretende ir com isso? – Apontava ele para o material.

– Quer saber? Toma. – Ela jogou tudo nele e saiu andando até a cantina.

“Não queria que outro mané ficasse com o armário dela”

Blah. Ela se torcia de nojo da idiotice só de lembrar... “Ele é tão... argh. Argh.”.

– Sam?!

– Já disse pra parar de me perseguir não foi? – Gritou.

– Ahn? – Brad fez cara de desentendido. E Sam se virou pra trás, dessa vez vendo quem realmente era.

– Ah... Foi mal. Pensei que fosse o... – Ela pensou um pouco e se auto-interrompeu – Bom, não importa. Tudo bem?

– Tudo! Você vai hoje mesmo?

– Vou, por que não iria? Vai ser ótimo. E os chocolates?

– Eu trouxe. – Ele disse sorrindo, com ar de ansiedade. – Te vejo mais tarde então.

Ela sorriu e se virou para a direção de volta a seu armário.

Freddie a encarava com os braços cruzados. Ela caminhou até ele.

– Fredduíche?

– Por que você é tão legal com o Brad?

– Huh?

– É... Quando o Brad aparece você fica toda fofa. “Awh, o Brad é isso, é aquilo, ele sabe fazer chocolates”... – Ele tentava fazer voz de mulher, debochando ao máximo.

– Ótima imitação, Benson. Não precisava nem ter forçado a voz, você não precisa disso.

– Você é muito chata.

– E você é muito pateta. Vai procurar o que fazer e para de se preocupar com a minha vida, ou fingir que se preocupa. Não. Somos. Amigos. – Ela disse pausadamente – Quer que eu deixe isso mais claro?
Freddie engoliu seco e assentiu. Saiu com a cara mais de decepcionada que podia.

“Mas o que ele quer?” Sam se perguntava revirando os olhos.

A loira precisava ouvir gritos de misericórdia. Foi até o Jimmy, chamou-o até perto de seu armário. Era a Sam Puckett, ele correu até ela rápido. Ela pegou sua meia de manteiga e ameaçou o garoto até ficar bem satisfeita. Afinal, ainda precisava manter sua reputação... Ela já foi desgastada o suficiente desde que começou a namorar o Freddie. E depois que acabaram surgiram boatos insanos de que o Freddie que tinha acabado, ela sentia que a achavam inferior a nerds. Só de pensar que alguém achava isso era abominável.

Assistiu as aulas mais... Ou melhor, dormiu nas aulas mais chatas do universo, as três primeiras com a Mrs. Briggs e as últimas com o Mr. Howard. Parecia mais o inferno. Só podia ser segunda-feira.

Sentou num banco no parque que ficava em frente ao colégio, e ficou olhando fixamente uma árvore enquanto comia um sanduíche de atum.

Sentiu alguém sentar ao seu lado. – Ehh... O que você tá fazendo? – Perguntou Freddie.

Ela virou-se pra ele com cara de tédio.

– Freddie, sabe o que significa “encher o saco”? Então, você tá enchendo o meu.

– Mas eu queria falar sobre o trabalho...

Sam bufou. – Que trabalho?

– O que você vai ter que fazer comigo.

– Por que com você? – Sam perguntou desentendida.

– Porque enquanto a Mr. Briggs passava o trabalho, você dormia, e ela que escolheu as duplas.

– Não, eu não quero fazer com você. – Falou se levantando e jogando o resto do sanduíche no lixo.

– Bom, a escolha não é sua. – O Freddie disse calmo, o que fez Sam ficar bem irritada.

“Você tá brincando com fogo, Benson” Ela pensou.

O encarou com o olhar mais 43 que podia. – É... Mas... Eu faço a maior parte. – Ele disse tentando amenizar, dando passos pra trás. – Eu te compro bacon? – Sorriu amarelo.

– Tudo bem. Hoje à noite na sua casa. – Ela saiu andando.

– Ei!

Sam se virou.

– Aonde você vai?

– Não que te interesse mas, um encontro. – E voltou a andar. Ainda não tinha se acostumado com isso de encontro, mas, o Brad era legal, e mesmo que não fosse exatamente isso, queria deixar claro para o Freddie que a fila andou.

"Um encontro?" Freddie se perguntava. "Com quem?" Mas foi interrompido de seus pensamentos.

– Freddie... O Clube AV vai fazer uma reunião daqui a 30 minutos. – Gibby falou enquanto devorava uma fatia de pizza.

– Não vai dar, tenho umas coisas pra resolver... Depois eu falo com você.

***

Groovy Smoothie

– Então, eu quero que você vá a festa que o Scott e a Andy vão fazer... É aniversário de 2 anos de namoro deles e eles estão convidando casais, e apenas casais, para comemoração.

– Tipo um Baile? – Sam pegava um chocolate para comer.

– Sim, tipo isso. – Ele balançou a cabeça – Você vai comigo? – Brad colocava a mão por cima da mão de Sam.

– Vou. – Ela disse um pouco corada.

Brad deu um sorriso olhando nos seus olhos, a deixando ainda mais confusa. Então aquilo era um encontro. E tinham outro logo logo!

– Sam? Brad? Que coincidência! – Freddie esboçou um sorriso de orelha-a-orelha e se juntando à mesa.

O sorriso do quase-casal se desfez.

“Porra.” Sam pensava e pedia ao máximo que não existisse pessoas que lêssem mentes porque sentiria eterna pena delas, principalmente se lêssem a sua naquele momento.

– O que você tá fazendo aqui? – Sam perguntou transpassando com clareza sua indignação.

– Oras, eu tava passando por aí, senti vontade de tomar vitamina e encontrei os meus amigos, então decidi me juntar a eles, ou seja, vocês. Então, o que estão fazendo?

Sam se calou com raiva. Jogou uns três chocolates na boca pra ver se a mesma se controlava. Encarava Freddie com vontade de esganá-lo.

“Mas é muita cara de pau, né?”.

– Estávamos só conversando. É que o Scott e a Andy vão fazer uma festa para casais e a Sam aceitou ir comigo.

Freddie olhou pra Sam que já estava o encarando. Os dois estavam vermelhos, quase roxos.

– Huh... Tá rolando alguma coisa entre vocês? – Brad perguntou meio assustado ao ver a expressão de ambos.

– Não! – Sam alterou a voz. – Nada...

Freddie se levantou.

– Você não vai tomar vitamina?

– Não, perdi a vontade. – Ele respondeu ao Brad. – E Sam, nos vemos a noite. – Ele deu um sorrisinho mais debochado e uma piscadela.

A loira cerrava os punhos, mas se controlava.

“Mantenha o controle, Sam, mantenha o controle” dizia a si mesma.

– Vocês se vêem a noite? Ainda estão saindo? – Brad perguntou meio desesperado.

– Não, não estamos. É que a Mr. Briggs passou um trabalho e a gente vai ter que fazer... Sabe, juntos, infelizmente...

– Oh, entendo...

– Quando vai ser a festa? – Sam tentava voltar ao assunto.

– Sexta-feira à noite. Tá confirmado?

– Sim, está. Me pega às 19hrs, na frente do Bushwell...

– Ahn, vai ser ótimo.

– Ehh, eu acho que vou indo – Ela colocou a mochila nas costas –, preciso comprar umas coisas, mas pode me ligar quando quiser. – Ela se levantou sorrindo. Brad continuou sentado e acenou.

***

À noite, quarto da Puckett

– Sam?! – Pam bateu a porta.

– Pode entrar, o quarto tá bagunçado mas não tem nenhum monstro. – Sam disse divertida.

– Sammy, eu vou ter que sair e só volto amanhã à noite, eu liguei para o seu ex e você vai dormir na casa dele no quarto da irmã dele e...

– O Freddie tem irmã? – Ela perguntou completamente confusa.

– Que Freddie?

– De que ex você ta falando?

– Spender. – A Pam disse com uma cara de “quem mais seria?”.

– Mãe, “Spender” não é meu ex... E o nome dele é SpenCER. – Deu ênfase no “cer” pelo erro estúpido da sua mãe.

– Você não tinha uma quedinha por ele?

– Ehhh... Então, e-eu vou dormir no quarto da Carly? Você vai pra onde?

– Para casa de praia da minha cunhada, e como eu sei que você odeia praia... Enfim, eu perdi minhas chaves, então tô levando as suas.

– Nossa, que novidade, você perdeu suas chaves. – Sam disse com cara de surpresa e revirou os olhos.

Pam deu um abraço rápido e saiu com sua mala e um óculos de sol extremamente escandaloso. Ridículo na visão de Sam. Na verdade, em qualquer visão.

Sam pegou sua mochila, colocou seu caderno, estojo, e o pijama. Sabia que na casa do Spencer ainda tinha umas roupas suas e algumas que a Carly não tinha levado.