No outro dia, eu acordei sem disposição pra ir para a escola, sei lá, algo me dizia: não vai. Mas eu fui.

As primeiras aulas foram legais, durante o intervalo eu fiquei sozinha como sempre. Depois do intervalo era aula de português, eu não gostava muito da professora, ela era estranha. Ela leu um texto sobre família, enquanto ela falava eu me lembrei da minha infância.

‘’ E quando eu precisar de alguém, terei apoio. Quando estiver sozinho, terei companhia. Quando quiser chorar, alguém irá me fazer sorrir....’’ Ela foi falando e eu fui me lembrando que tudo isso, não aconteceu comigo.

-Senhorita Thais, você deseja prestar atenção na minha aula ou se retirar?

- Vou prestar atenção na aula.

Ela continuou lendo, e minhas memórias aparecendo.

-Senhorita Thais, já que está prestando tanta atenção na aula, me diga: o que o autor quis dizer com esse texto?

-Que famílias servem para dar apoio, para proteger, para sempre estarem com você não importa o que aconteça, que famílias não abandonam nenhum membro dela,  que família significa amor, dar sem querer nada em troca. Aquelas palavras, para outras pessoas fossem soar como qualquer coisa, mas para mim não.

Eu vi cenas de quando eu era pequena, sozinha chorando no canto, e meus olhos estavam se enchendo de lagrimas. Aquilo era doloroso para mim, as palavras, as memórias, as ilusões.

-Muito bem, você conseguiu mais um ponto na minha matéria.

Ela se sentou, vi que todos estavam fazendo a lição. Me levantei e fui ate a mesa da professora.

- Professora eu posso ir embora?

-Senhorita Thais, o que houve?

-Nada, por favor me deixe ir.

-Já que você conseguiu responder a minha questão de forma certa. Você pode ir para casa.

Peguei minha bolsa, escrevi um bilhete para Sara: ‘’Vou para casa, estou com dor de cabeça não se preocupe’’ deixei a mensagem em cima da mesa dela. Quando estava na porta olhei para Sara e ela fez um gesto com a cabeça como se estivesse tudo bem. E vi o Castiel me olhando.

Quando sai da sala, as lagrimas começaram a rolar em meu rosto. Eu não queria chorar. Eu vi Alex se aproximando e engoli o choro, puis um sorriso no rosto e limpei as lagrimas.

-Oi Thais. O que aconteceu?

-Oi, nada por quê?

-Por que você não esta bem.

-Eu estou sim. Não esta vendo?

-Eu posso ver em seus olhos que você não esta bem.

Eu contei pra ele tudo o que aconteceu.

-Não fica assim, tudo vai melhorar.  Você gosta de sorvete? Eu ia na sorveteria e...

-Eu adoro sorvete!

Alex me levou em uma sorveteria, ele me falou sobre ele e eu falei um pouco sobre mim. Ele era educado e bonito. Eu fui pra casa tomei banho e fui dormir.

No outro dia, decidi que não iria para a escola.

-Thais, você vai ficar bem certo?

-Sim.

-Eu não sabia que Alex gostava tanto de sorvete como você

Eu sorri, ontem ele tomou muitos sorvetes, mas é claro que eu tomei mais sorvetes. Sara foi para a escola e eu fiquei em casa desenhando.

Fiquei em casa por dois dias, depois fui às aulas normalmente. Durante uma semana nada aconteceu, mas na minha vida, os dias não ficam calmos por muito tempo.

-Oi. –Castiel se aproximou de mim

-Oi Castiel.

-Tudo bem?

-Tudo.

-Você não sorri mais. Por quê?

-Por que eu não vejo nenhum motivo para sorrir.

-Vamos lá, tente achar algum motivo.

-Por quê?

-Por que você fica menos boboca quando sorri.

-Isso foi um elogio?

-Talvez.

Nesse momento o sinal bateu.

-Até logo ruivinho.

-Só dessa vez eu deixo você me chamar assim.

-Mesmo que você não deixasse eu ia te chamar assim.

A aula acabou, e quando eu fui sair da sala encontrei o Alex.

-Você esta melhor?

-Sim, obrigada.

-De nada.

Eu fui pra casa e fiz tudo o que fazia normalmente: jantar, conversar com Sara, tomar banho, fazer lição e ir dormir. No outro dia, Sara foi para a escola com Victor, minha tia tinha ido comprar umas coisas, eu estava saindo do banho quando ouvi alguém bater na porta. Como não tinha ninguém eu ia ter que atender. Eu estava de toalha então me inclinei para abrir a porta deixando apenas meu rosto à mostra.

-Oi

-Castiel?

-Não vai me convidar pra entrar?

-E-Entre, o que você faz aqui?

-Eu sai de casa cedo então decidi passar aqui.

-Pode se sentar.

-Bela roupa.

-Eu já desço ta?

Eu fiquei vermelha, céus eu estava só de toalha. Depois de um tempinho eu desci, e fui com Castiel até a escola. Ele não era tão chato assim, era até legal. As aulas foram normais. Quando o sinal bateu eu sai quase que correndo, quando notei que tinha esquecido um desenho meu.

-O que foi Thais?

-Nada, eu esqueci meu desenho na sala. Podem ir na frente.

-Você sempre esquece seus desenhos né? Eu te encontro em casa então.

Quando me aproximei da sala, ouvi Castel e Lysandre conversando. Me aproximei, não que eu seja curiosa, é que eu ouvi meu nome na conversa.