Nunca conheci meus pais. Sempre vivi em um orfanato, esperando que alguém finalmente me adotasse. Naquele lugar, me sentia presa como um animal em uma jaula. Quando finalmente completei oito anos, fui adotada por uma mulher doce e gentil, cujo nome era Roseli, que viu um encanto em mim que até hoje não consigo entender. Rô, como eu a chamava, era uma mulher solteira e muito amada pelos amigos sua família.

Rô me entedia como ninguém, eu realmente a considerava minha mãe, mas toda aquela felicidade durou muito pouco. Mamãe morreu em um acidente de carro. Desespero e lágrimas me consumiram aquele dia. A pessoa mais importante para mim havia partido. Era terrível demais para acreditar.

Atualmente, estou vivendo com minha tia, Eli. Ela muda constantemente de emprego, não é por falta por experiência, mas sim porque está sempre em busca de novas e melhores oportunidades. Ela é alta e tem um cabelo estranhamente rosado, além de usar roupas muito chamativas e coloridas.

Desta vez, estamos nos mudando para uma cidade pequena chamada Ville Kiss. Espero finalmente poder ficar lá por um bom tempo, ficar se mudando é realmente cansativo para uma garota que agora tem quinze anos.

A propósito, meu nome é Amiris. Sou uma garota baixinha com cabelos loiros compridos e olhos cor de avelã. Não  sou muito alta, tenho 1,60m apenas. Rô sempre dizia que eu era uma garota extremamente bonita, no entanto, eu pensava justamente o contrário.

Eli e eu viajamos de avião para aquela cidade pequena dos Estados Unidos. Conversamos muito durante a viagem, ela era divertida e amorosa.  Eli não tinha a obrigação de cuidar de mim, ela poderia simplesmente ter me deixado novamente naquele orfanato, mas não fez isso.  Rô era muito amada pela família, porém, eles não gostavam muito da ideia dela adotar uma criança e Eli foi a única que a apoiou nesta decisão.

Chegando à Ville Kiss, eu tive uma boa sensação. Mesmo sendo um lugar pequeno para se viver, eu me sentia feliz por estar lá. Era difícil de explicar, mas apenas posso dizer que aquilo era um sentimento reconfortante. Queria poder conhecer tudo naquela cidade, no entanto, tinha que arrumar minhas coisas em nossa nova casa e tenho certeza que Eli iria dormir antes de qualquer outra coisa.

Eli e eu pegamos um táxi, estávamos bem ansiosas para ver o que nos aguardava. O taxista barbudo ria de nossa empolgação e, não era para menos, afinal parecíamos duas doidas.

A casa era bem maior do que eu imaginei. Era bem espaçosa e tinha dois andares e um corredor extenso. Virei-me para dizer qualquer coisa, mas vi Eli deitada no sofá. Ela havia dormido. O cabelo rosado cobria seu rosto bonito e jovem. Passei a mão na cabeça de Eli e disse sussurrando:

- Durma bem, tia.  Amanhã será um longo dia.