Colhendo Almas escrita por Ellie_Buzin


Capítulo 1
Sexagésimo oitavo


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Esse é o primeiro capítulo que posto da minha fanfic de The Hunger Games. Peço a compreensão de vocês caso algum termo utilizado na história esteja errado. Por exemplo: Peacekeeper = Pacificadores. Eu li a trilogia em inglês e estou pesquisando para saber os nomes em português... Então, se houver algum erro, por favor me avisem para que eu possa corrigir! A princípio não deve ter! Hahaha
Espero que vocês gostem!



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– Você está linda, querida... Olhe!

Harmony Kalith abriu os olhos finalmente e encarou sua imagem no espelho. O vestido tomara-que-caia cor de creme até o joelho lhe vestira perfeitamente. Seu cabelo comprido loiro estava arrumado em um rabo-de-cavalo sofisticado no alto da cabeça que descia até o descanso em seu ombro esquerdo. Seus olhos azuis brilhavam e um sorriso apareceu em seus lábios ao ver como sua mãe tinha razão. Estava perfeita para a Colheita.

Afinal, chegara o grande dia! O dia que ela iria se voluntariar para os Jogos Vorazes e ir finalmente para a Capital. “Eu nasci e cresci para isso”, pensou ela. E era verdade.

Após a cruel morte de seu tio na 49ª edição dos Jogos, seu pai decidira restaurar a honra da família. Romeo Kalith estava entre os três últimos sobreviventes do jogo. Ele era o preferido para a vitória, um carreirista. Depois de matar um dos finalistas, foi atraído até a Cornucópia para o grand finale. Foi contra uma menina do Distrito 9. Ela era bem mais nova do que Romeo e ele a subestimava. Talvez ela tivesse chegado até lá por sorte. Talvez tenha guardado o melhor para o final. Harmony não sabe. Tudo que lhe disseram foi que seu tio havia sido pego de surpresa pela garotinha e ela enfiou uma faca em seu coração. A perda e o nome da família caindo em desgraça foram os motivos de Leo Kalith para querer um herdeiro que vingasse a morte do irmão.

Desde que se lembra, Harmony escuta que seu objetivo de vida era ganhar os Jogos Vorazes e, para isso, foi treinada desde muito nova. Com seis anos estava aprendendo a caçar pequenos animais e colher frutos comestíveis; aos dez anos, já sabia montar abrigos simples para as mais diversas situações; aos doze anos, já sabia rasgar a garganta de um homem adulto.

Apesar ter sido treinada desde cedo, Leo não achou que Harmony estava realmente pronta para participar até completar 17 anos. “Quanto mais velha, mais experiente, melhor e com maiores chances de vencer.”, costumava dizer, seguido por: “É uma pena que a vida não nos tenha dado um menino. Pelo menos minha Harmony foi treinada como um”.

Tais palavras jamais machucaram a garota. Ela sabia que a maioria dos vencedores foram homens, mas as mulheres não estavam muito atrás. Sabia que esse ano, mais uma menina estaria na lista de vencedores e, por fim, orgulharia sua família e todo o Distrito 2.

Acho que está na hora de irmos. - Sra. Kalith disse olhando o reflexo da filha no espelho com um olhar aflito. Com as mãos no ombros da filha, esfregou-os e em seguida se afastou, indo em direção à porta que se abriu antes que pudesse tocar a maçaneta.

Vamos, Harmony. - disse uma voz severa.

Sim, papai.

Não demore. - falou, por fim, fechando a porta do quarto depois que Sra. Kalith saiu.

A garota suspirou. Estava sozinha, pela última vez antes do Jogos, em seu quarto. Começou a caminhar por ali, olhando em volta, tentando fotografar mentalmente cada canto, cada detalhe do local. Passou os dedos pelo tecido macio edredom de sua cama e sorriu. “Eu sei que vou voltar.”, pensou ela.

Harmony! - ouviu o pai gritar.

Estou indo! - respondeu.

Deu uma última olhada em volta e saiu rapidamente, batendo a porta.



****



Sejam todos bem-vindos! - disse alegremente Gaia Cohen.

Era uma mulher alta e magra. Seus cabelos vermelhos caiam ondulados até a cintura. Vestia um vestido azul escuro que contrastava com sua pele pálida e a deixava com um ar desconfortavelmente elegante.

Feliz Jogos Vorazes, e que a sorte esteja sempre ao seu favor! Como todos já sabem, hoje vamos sortear dois jovens corajosos para participar da 68ª edição do Jogos Vorazes!

Já era a quinta vez que Harmony ouvia aquele discurso. Um garoto e uma garota – entre 12 e 18 anos de cada distrito de Panem – seriam sorteados ao acaso para participar dos Jogos, onde lutariam em uma arena da qual nenhum mero cidadão ou participante saberá o que é até o primeiro dia da competição. O último sobrevivente na arena será o vencedor. O prêmio? Riqueza, uma casa na Aldeia dos Vitoriosos, honra e, o mais importante, sua vida. Mesmo que para isso fosse necessário matar outra pessoa. Ou várias. Talvez até um conhecido.

Bom, vamos lá! Como sempre, começaremos pelas damas... - anunciou Gaia sorrindo enquanto colocava a mão dentro de um globo de vidro - Kay Dallas.

As pessoas começaram a aplaudir. Harmony olhou em volta para achar a garota sorteada. Não demorou muito para localizar a menininha de cabelos negros que estava a alguns metros de distância à sua frente. Aparentava ter no máximo 13 anos, caminhava em passos trêmulos e lentos enquanto abraçava o próprio corpo tentando passar pela multidão.“Certo. Este é o momento.”, pensou Harmony.

Kay Dallas já conseguira se livrar das outras crianças que estavam a sua volta. Era nítido o nervosismo da garotinha. O medo a dominava claramente. Ela não tinha nenhuma chance. Nenhuma. Envergonharia o Distrito 2 e desonraria sua família. Exatamente o que Harmony não faria. Então porque não conseguia levantar a mão ou emitir qualquer som para se voluntariar no lugar da menina?

Encontrou o olhar de seu pai do outro lado da multidão. Estava furioso. Ela precisava reagir. Voltou a olhar Kay, que já estava quase chegando a Gaia, e voltou a olhar o pai. Estava completamente paralisada. Parecia que nenhum músculo de seu corpo respondia ao que seu cérebro mandava. A garotinha já havia chegado ao palco.

Algum voluntário?

Harmony não conseguia se mexer. Ainda encarava seu pai. “Vergonha.” viu os lábios dele se moverem e, em seguida, o homem se virou e saiu andando. A menina respirou fundo, levantou o braço direito e gritou.

Eu me ofereço como tributo!

A multidão fez silêncio por alguns segundos enquanto a garota ia em direção ao corredor formado entre os meninos e as meninas, caminhando por ele e em seguida parando em frente ao palco e a Kay. A garotinha olhou para Harmony com os olhos marejados.

Obrigada. - murmurou, e depois desceu as escadas do palco correndo em direção a algumas outras meninas bem jovens que a abraçaram.

Harmony subiu no palco tentando esconder as mãos trêmulas. Todos aplaudiram, alguns assobiaram e deram gritinhos de felicidade. Seu pai voltara a olhá-la, mas não parecia totalmente satisfeito. A garota avistou mãe a poucos metros de seu pai. Escondia o rosto entre as mãos. Harmony teve certeza que ela estava chorando.

–  Qual o seu nome, querida?

– Harmony Kalith.

– Muito bem... Mais aplausos para nossa voluntária! – todos aplaudiram – Agora, – começou Gaia animada – Vamos sortear o bravo garoto que competirá com essa corajosa jovem! - e enfiou a mão no globo que continha o nome dos meninos – Keith Hale!

Algumas pessoas aplaudiram, mas Harmony ouviu algumas gargalhadas sairem do meio de uma aglomeração de garotos. Dali saiu um rapaz não muito alto e cabelos escuros, assim como os olhos. Por um segundo, Harmony achou que o rapaz estava apavorado como Kay. A diferença era que ele não aparentava ter apenas 13 anos. Ele parecia bem mais velho. Quanto mais Keith se aproximava, a menina percebeu que ele não estava com medo, e sim perplexo. Como se não acreditasse que “a sorte não estava ao seu favor”.

A cada passo que ele dava, Harmony se perguntava porque ninguém se oferecia como tributo no lugar dele. Era muito comum no Distrito 2 haver voluntários, principalmente homens. Mas ninguém se manifestava, muito pelo contrário. Os meninos que estavam em volta de Keith estavam rindo dele.

Keith subiu no palco e Gaia o puxou pelo pulso, fazendo-o parar ao lado de sua adversária.

Algum voluntário?

O silêncio reinou o local, apesar de ser perceptível o sorriso de deboche de alguns garotos e garotas na multidão.

Muito bem, então... Uma salva de palmas para Harmony e Keith! Os tributos do Distrito 2!

A multidão começou a aplaudir e assobiar.

Apertem as mãos. - murmurou Gaia para os dois.

Harmony estendeu a mão confiante para o garoto e sorriu.

Boa sorte.

Keith a encarou por um breve momento e depois olhou para a mão estendida. Por fim, aceitou o cumprimento. Um canto de seus lábio subiu em um sorriso torto.

Isso eu com certeza não tenho. - respondeu.




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Notas finais do capítulo

Bom, por enquanto é isso! Espero que tenham gostado!
Comentem!



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