In My Veins escrita por Ness Malfoy


Capítulo 2
Capítulo 1




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Acordei cedo naquela manhã pouco agradável de Londres. O clima não era favorável, o sol esquecera-se de aparecer e uma chuva fraca e insistente caia, me dando mais motivos para sair da cama. Naquela desafortunada manhã eu teria que voltar ao internato, lugar em que meus pais me colocaram aos 11 anos, para não terem que se preocupar comigo. Comigo naquele lugar eles me viam somente umas duas ou três vezes por ano e dessas vezes quase sempre eu ficava trancada no meu quarto.

Pensei em tudo que teria que aturar pelo restante do ano, havia muitas coisas que iriam mudar. Coisas grandes seriam mudadas, coisas que desde que eu me entendo por gente foram da mesma maneira. Fechei os olhos com força e pensei que tudo iria mudar para a melhor, de uma forma ou de outra tudo daria certo. Eu tinha que acreditar naquilo. Levantei determinada e fui até o meu guarda-roupa.

Abri-o e tirei várias mudas de roupa de dentro. Embora eu não achasse que coisas boas fossem acontecer, eu tinha que impressionar aqueles que me humilharam durante toda a metade desse ano escolar. E não há melhor maneira de impressionar uma pessoa do que pela roupa, então procurei a roupa perfeita. Perfeita para mim, não era a roupa que dizia: Olha eu esbanjo dinheiro, por favor, saia da minha frente. Nem uma que dizia: sou galinha e fácil, me coma. A roupa perfeita para mim era: Foda-se a sua opinião, eu visto o que quero e como quero.

Decidi-me em uma saia preta meio rodada que ficava cerca de dois palmos acima do joelho, uma blusa preta básica e uma blusa vermelha de tricô por cima para não ficar tão paty. Prendi meu cabelo em um coque mal feito que realçava o meu rosto e nesse eu passei uma maquiagem leve, embora tenha passado uma boa quantidade de rímel. Olhei-me no espelho e o que vi era uma menina normal, por um momento desejei ser aquela menina. Ela parecia não ter problemas, ela parecia ser feliz, parecia ter tudo o que ansiava, completamente diferente de mim.

Estava quase terminando de me arrumar quando uma rajada de vento entrou pela janela e me arrepiou inteira, lembre-me do clima e lamentei. Abri uma das minhas gavetas e vi uma meia que eu não usava a eras. Uma meia 7/8 vermelha escura, que era quase do mesmo tom da minha blusa, coloquei-a apressadamente, coloquei os meus sapatos baixos, amarrei-os e chequei novamente a minha imagem diante do espelho, agora sim o reflexo parecia mais comigo. Ri diante do espelho e peguei minhas coisas.

Desci as escadas com minha mala e minha bolsa em um braço e meu pesado casaco preto, era ele que me protegeria do frio até que chegar ao internato. Encontrei meus pais na cozinha, onde fingiam se importar com a minha presença.

- Bom dia – disse fria

- Bom dia – ambos murmuraram sem nem ao menos olhar em minha direção.

Sentei ante a mesa e me servi com suco de laranja, algumas torradas, geléia e um pouco de salada de fruta. Comi vagarosamente aproveitando todo o sabor da comida, eu tinha cerca de uma hora e meia para chegar à estação de onde o trem para o internato partiria. Terminei de comer e fui ao banheiro fazer o termino da minha higiene.

- Está pronta? – meu pai perguntou enquanto olhava o relógio. Peguei minha mala que estava ao pé da escada, minha bolsa e meu casaco que estavam em cima da mala. Abri a bolsa me certificando de que havia pegado tudo. Livro, fones, celular, batom, creme, carteira, caixa pret... cadê a minha caixa?

- Esqueci de pegar uma coisa – disse, já subindo a escada. Cheguei a meu quarto e fui diretamente para a cômoda onde eu guardava a caixa com as giletes, abri a gaveta, e de baixo dos papeis a tirei e coloquei na bolsa. Desci as escadas um pouco mais apressada, já que quando passei pelo relógio de parede do meu quarto vi que faltavam exatamente uma hora para a hora em que o trem deveria partir e eu não podia me atrasar – Vamos! – falei pegando minhas coisas

- Não vai se despedir da sua mãe? – meu pai perguntou levantando uma das sobrancelhas. Odiava quando falavam comigo daquele jeito, mas como não estava a fim de discutir, larguei a minha mala, ficando com o casaco e a bolsa em mãos para não perder mais tempo e fui até a cozinha.

- Nós já estamos indo – disse entrando na cozinha e chamando a atenção para mim.

- ah, pois bem – ela disse se aproximando de mim – boa ida, minha filha – ela disse me abraçando

- obrigada – disse retribuindo o abraço

- sentiremos sua falta – ela passou a mão pelo meu rosto, fora um gesto terno, como se a minha antiga mãe tivesse voltado, a mãe que se importava comigo, a mãe que era minha amiga – se comporte e não faça nenhuma besteira, nem tente imitar aquela sua amiga – ela sempre tinha que tocar nesse assunto. Como se a dor que eu sentia não fosse suficiente.

- tudo bem, eu vou me comportar, tentarei escrever – mentira, não tentarei – até – disse abraçando-a mais uma vez, foi um abraço frio, abracei só para não sair de má na história.

Voltei para a sala onde meu pai já estava com a minha mala na mão e em frente à porta, fui até ele e logo estávamos a caminho da estação. Não falamos nada durante o trajeto, somente o rádio quebrava o silêncio, as músicas calmas não combinavam com a agitação da paisagem, no caso, o centro de Londres. Tudo parecia rápido demais, inapropriado demais, sem importância demais, tudo demais. As pessoas iam e vinham e nem ao menos olhavam umas para as outras, ela andavam com os narizes empinados e nem ao menos se permitiam ver o que estava um pouco abaixo disso. Às vezes eu entendia Ginny, viver em mundo assim, onde ninguém se importa, ninguém se preocupa, ninguém apóia, ninguém ama, é quase a mesma coisas que estar morto, esses são lembrados algumas raras vezes no ano pelo menos.

Balancei a cabeça em forma de negação e olhei para as minhas mãos. Eu queria poder tê-la impedido, se eu tivesse conseguido, se eu tivesse chegado um pouco mais cedo, se eu tivesse falado com ela, talvez ela não tivesse feito aquilo. Eu sinto que as minhas mãos estão sujas com o sangue dela, eu sinto que sou culpada, apesar de não ter feito nada. É esse o problema! Você não fez nada! Pensei comigo mesma, mas eu tinha ajudado ela, muitas vezes, eu a apoiava, eu me importava, eu estava com ela. Não foi suficiente! Quando você mais precisou você não estava lá. Olhei para a janela novamente. Não, eu não estava lá, se estivesse eu teria a impedido, teria a segurado, mas eu não estava. Eu estava vivendo os meus dramas particulares, dramas sem nenhuma importância. Fechei os olhos lentamente e fiquei com eles assim por um tempo.

- Ainda está se culpando? Você sabe que ela fez aquilo porque quis, você não tem culpa nenhuma – meu pai disse ríspido, eles tentaram me convencer disso por pelo menos um mês, e até agora eu ainda cria fielmente que fora minha culpa.

- Então por que eu me sinto tão culpada? – disse ainda de olhos fechados

- Porque é burra! – ele disse alto

- É devo ser mesmo – abri a porta do carro depois de dizer isso. Havíamos chegado à estação. Olhei no relógio e me restavam apenas quinze minutos, peguei minhas coisas rapidamente, me despedi do meu pai e fui até a plataforma onde eu deveria embarcar.

Aproximando-me da plataforma pude ver muitas pessoas conhecidas, alunos do internato, parentes, amigos, vi de um pouco tudo. Inevitavelmente procurei por uma cabeleira ruiva no meio da multidão, fora inútil eu sabia que as que eu veria não seriam a dela, eu nunca mais veria aqueles cabelos. Dei uma ultima olhada nas pessoas que estavam ali e entrei no trem, procurei por uma cabine vazia e por sorte achei uma no último vagão. Adentrei e me sentei pesadamente no estofado. Em poucos minutos o trem começou a se movimentar e eu me deixei lembrar dos outros anos.

Antigamente eu não era triste, antigamente eu não sentava sozinha, antigamente eu não me escondia, antigamente eu era feliz. Na verdade esse antigamente nem era tão distante, se eu voltasse para o começo do ano eu encontraria uma Hermione feliz. Esse ano que me desmoronara por completo, tudo deu errado, tudo!

Já no começo do ano meu amigo Ronald, arranjara uma namorada, uma menina fútil, galinha e retardada, mas parecia que ele não via isso, e por mais que eu dissesse ele não ouvia, fingia não ouvir pelo menos, e ela foi o motivo de todas as nossas brigas, ela foi o motivo de termos nos distanciado. Ela adorou isso, ela me odiava e ainda odeia, eu acho. Ela não conseguiu somente afastar o meu amigo, ela conseguira acabar com as minhas esperanças de um dia ser feliz ao lado dele, sim eu o amava, mas desde que eles começaram a namorar eu havia desistido, eu não queria sofrer pelo idiota que ele se transformara.

Desde o começo do ano letivo eu estava sofrendo e ninguém podia me ajudar, Harry e Ginny tentaram me ajudar, mas não conseguiram e eles tinham uma ao outro para se preocupar, já que eles eram namorados, então eu havia restado, sozinha e acabada.

No mês passado minha melhor amiga, minha quase irmã, havia se jogado da torre mais alta do internato. Ginny se matou por não aguentar mais a pressão que sofria dos pais, pais que eram como as pessoas que eu tinha visto antes de chegar à estação, de narizes empinados que não se permitiam nem ao menos se preocupar com a própria filha. Fora um choque para mim e Harry quando soubemos da notícia, não entendíamos os motivos, mas depois de um tempo analisando-os, eu a entendo, um pouco.

Depois da morte de Ginny, Harry virara um galinha, cada dia ele estava com uma menina diferente, cada dia a cama dele tinha uma diferente. Ele dizia que não tinha porque ficar se lamentando, ela se fora, ele tinha que continuar com a vida dele. Eu fiquei com raiva dele quando me disse isso e deixei de falar com ele depois disso, então por isso eu estava sozinha, triste e sem esperanças.

Um barulho vindo da porta me tirou de meus pensamentos. Olhei para a porta e não acreditei no que vi.

- Posso me sentar aqui?


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Notas finais do capítulo

Olá! Bom aqui está o primeiro capítulo da fic, espero que gostem! E por favor, COMENTEM! Preciso saber o que está achando!! Bom eu vou viajar e só volto dia 20, então me surpreendam, postarei logo que chegar de viagem! Boa leitura!