Owari no Unmei

Cada ser sobre a terra tem uma trajetória que se inicia no nascimento, segue pela vida, e então se finda com a morte.

Errado.

A morte não significa o final, mas um recomeço para cada um, onde existem vários caminhos para seguir. Vagar por onde se esteve quando vivo sempre perto dos que foram importantes outrora. Ou então ter sorte de ser enviado para um lugar onde a dor não existe, por um ceifeiro de almas.

Mas há ainda, um outro caminho. Um pelo qual a escuridão habita.

As almas que se corroem por algo que deixaram para trás, ou que morreram com muita dor, acabam se afogando na própria agonia... E se tornam animais.

Ele vagou pela escuridão, sozinho, por muito tempo. Viu o futuro se tornar história em um mundo em preto e branco, manchado apenas pelo sangue. Viveu solitário, andando por entre as sombras, deixando a trilha de corpos que saciavam a sua fome pelo caminho. Fome de poder. Fome de força.

Porque ele não era apenas mais uma alma corrompida. Era mais. Era a própria escuridão. Sem medo. Sem futuro. Sem passado. Apenas ele.

Um animal. O animal.

E na guerra pela sobrevivência, era o mais forte. Seus caninos sempre manchados de sangue, seus olhos sempre brilhando por mais. Seu reinado, estendido á qualquer um que pudesse alcançar.

Porque ele era o rei do seu próprio destino.

E então, o animal tomou a forma de homem. Porque agora, ele era o melhor.

Andando sozinho, mesmo cercado de outros semelhantes, mas nenhum igual. Porque ele era único. Tinha algo, que ninguém jamais entenderia.

Aquele jeito, que jamais desvendariam.

Como se algo se escondesse sempre detrás dos seus olhos azuis, ou do seu sorriso felino. Aquilo que fazia dele, o mais faminto. Aquilo que fazia dele, o mais indomável. Seu animal interior sempre acompanhando seus passos, e rugindo nos caninos salientes em seus sorrisos.

Ele não obedecia a ordens. Decidia seu próprio caminho.

Não queria luz na sua existência, nem redenção para suas escolhas. Queria apenas provar que não precisava de ninguém.

Ele era único por si mesmo. A fera oculta em azuis.

Mesmo no final, quando tudo que seus olhos refletiam era a Lua pálida manchada de rubro, seu animal ainda estava lá. Rugindo.

E na escuridão em que caiu, sua essência permaneceu única. Indomável.

Porque a pantera jamais se renderia. Era eterna.