_E então?

A pergunta de Luka fez Lass virar-se para ele com um tanto de raiva. Aquele italiano com carinha de bebê, ele era inofensivo, mas ainda assim era um possível rival.

_O quê? –resmugou o albino.

Luka suspirou um pouco, depois tirou algo de dentro de um bolso. Era um relógio, um pouco diferente do de Mari.

_Eu também sou da Agência especial que Mari trabalha. E nós nos conhecemos desde pequenos... –Luka falava com suavidade e certa timidez.

Lass se perguntava o que isso tinha a ver. Aquela roupa o irritava e estava muito tarde, Luka teria que se apressar e ele iria dizer o que estava o perturbando.

_Hm...

_O que quero dizer é que eu a conheço melhor do que qualquer um. E por algum motivo, ela não está normal.

Lass parou para pensar um pouco. Aquele fenômeno estranho que aconteceu, será que Luka o tinha percebido?

_Sim. E daí?

_Daí que ela não pode trabalhar nesse estado. Ela vai voltar pra Itália em dois dias comigo se ela não voltar ao normal. –Luka cruzando os braços.

Lass sentiu seus pelos eriçarem. O que era isso? Uma afronta?

_Ela não vai. Eu preciso dela. –Lass.

_Você que fez aquilo com ela, não foi? Eu observei o tempo todo. Não sei como, mas ela perdeu a seriedade em um piscar de olhos.

Lass respirou fundo. Era a primeira vez que isso tinha acontecido, mas ao tirar os olhos de Mari, ele sentiu-se extremamente melancólico.

_Ela estava triste. –Lass comentou consigo mesmo.

Luka levantou os olhos passando os dedos pela gravata que também o incomodava. Apesar de sempre estar indo em eventos como aquele, não conseguia se acostumar àquela peça horrível.

A lua iluminava os dois, Lass sentia-se como um vampiro, se pensar pelo lado literal da coisa, “sugando” emoções.  Se alguém tinha a resposta para aquele poder estranho, seria Lupus, porém ele não ia estragar o resto da sua noite falando com a pessoa que mais odiava.

_Triste. Bem, ela estava triste quando começou o treinamento. Não me lembro o que aconteceu, mas ela ganhou o relógio dos Onette e entrou para a Agência, se tornando a mais competente.

Lass não entendia nada, tanto porque não sabia que tal agência sequer existia.

_Você gosta dela não é? –Lass (na lata).

_EHH?!

No mesmo momento Luka ficou vermelho da cabeça aos pés. Parecia que uma fumaça saía de sua cabeça.

_Como eu suspeitava. –Lass coçando o queixo com uma cara safada.

O albino já tinha toda a certeza, mas ele mesmo não sabia como seria possível conquistar uma nerd como ela.

Luka ainda estava se recuperando do susto quando Lass tocou seu ombro.

_Eu não vou mentir. Ela me assusta. Ela me irrita. Ela é insuportavelmente entediante. Mas no fim, perto dela, eu me sinto bem e seguro. Ela me atrai fisicamente e eu gosto dela assim... Por isso, eu não vou deixa-la sobrando por aí. Se você é amigo de infância dela, teve a vida inteira para se declarar, agora perdeu a vez, amigo.

Luka pareceu ficar irritado, mas apenas sorriu sarcástico e afastou as mãos de Lass.

_Ha, então será assim, Isolet: não a levarei. Vamos ver quem a conquista. –Luka o olhando firmemente.

Lass mordeu o lábio. Não seria um garotinho italiano que ia simplesmente ditar as regras.

_Vamos concordar uma coisa: sem ressentimentos e sem envolvimentos pessoais. –Lass.

Luka sorriu, era justo.

_Claro. Mas eu tenho vantagem de qualquer jeito. Nos vemos então...

Lass se sentiu um idiota por estar brincando com uma pessoa. Não que estivesse brincando, ele nem tinha certeza se realmente valia a pena namorar Mari, não sabia de seus sentimentos, ao contrário de Luka.

_Nos vemos no colégio. –Luka acenando e descendo as escadas direto para a limusine.

Lass viu o automóvel desaparecer e se contentou com um suspiro e um champanhe que lhe foi oferecido por um garçom que saiu do salão.

_Obrigado. –Lass bebendo um pouco e olhando a lua.

_Está bonita não?

Lass se virou um pouco, encontrando o anfitrião sentado numa mureta fazendo divisa com um jardim enorme. O albino não conteve um leve sorriso.

Ele não deixava de se sentir relaxado na presença de Dio.

_Está sim.

Dio se levantou como um garoto sapeca, rindo e parou ao lado de Lass. Ele pegou a taça e bebeu o resto.

_Quero te desejar sorte. O Musical Awards Simbol Idol está se aproximando, nós vamos nos ver lá, e a Amy está toda empolgada. –Dio balançando a taça entre os dedos.

Lass passou os dedos nos fios de seu cabelo despenteando-o. Ele temia que Dio dissesse isso.

_Eu já esperava. –Lass.

Dio riu novamente, mostrando seus dentes naturalmente pontiagudos. Seus cabelos vinho balançavam com o vento fraco.

_Muito bem. Mande um beijo para a Von Crimson por mim, ok? Espero que tenha gostado da festa. –Dio.

Lass abaixou o rosto, Dio segurou sua mão e a abriu, colocando a taça entre seus dedos e os fechando em volta do cristal.

_Pode deixar.

Lass não precisou levantar o olhar pra saber que Dio já tinha sumido dentro do salão. Ele suspirou.

Quem dera ter todo o poder e autoconfiança que aquele homem tinha.

O rapaz ajeitou sua gravata, buscando respirar melhor. De certa forma, quando dançou com Mari, se sentiu exausto e até tal hora, ele já estaria desmaiado em sua cama.

Lass seguiu com passos rápidos para dentro do local, recebendo o calor gentil daquele lugar lotado de pessoas. Basicamente, ele já estava livre pra ir embora.

Passando os olhos pelas mesas, percebeu que Jin e Arme já tinham ido embora. Azin andava distraidamente dançando com várias moças.

Lass estranhou não ter visto uma cabeleira rosa durante a noite toda, mas a dúvida se dissipou ao ver três cabecinhas desfilando junto com uma garota vestida de lolita e totalmente rosa perto da mesa de Lupus e Aoki.

Amy Star tinha finalmente dado o ar da graça. Junto com os trigêmeos Reindarth. Os olhos rosas viraram na direção de Lass e praticamente zombaram dele no olhar.

Lupus o fitou também, todos pareciam estar esperando ele dar sua palavra final antes da noite terminar.

_Vamos encarar o monstro de quatro-cabeças então. –resmungou Lass para si mesmo indo em direção aos quatro seres do outro lado.

Assim que parou em frente à mesa, Lass saudou a garota e os três que a acompanhavam.

_Lass Isolet! Você estava dando uma voltinha e nem me viu chegar. –sorriu Amy com toda sua doçura pop.

Lass sentiu-se enojado. Todo aquele rosa o arrepiava.

Desde os pés até a cabeça: saltos rosa, meias rosa, vestido rosa, laços, presilhas, enfeites de cabelo, colar, anéis rosa. Lass acreditava que até as peças íntimas deviam ser rosa.

_E aí. –respondeu.

Todos viram uma aura negra em volta da Idol. Ela odiava Lass com todas as forças, e seu sentimento era mútuo.

_Então, Lass. Já conhece esses três jovens?- Aoki cortando uma possível situação de discussão e apontando os acompanhantes.

Eram todos do mesmo tamanho. A primeira tinha o cabelo trançado verde, olhos azuis gordos e roupas lolitas em verde escuro e branco.

_Prazer em conhecê-lo, meu nome é Holy Serenity Reindarth. –cumprimentava a mocinha que aparentava seus 14 anos.

_Ahn... prazer.

A segunda era uma garota também de cabelos verdes mais escuros e bem longos, olhos verdes de pupilas finas como a de um jacaré, usando um vestido preto e liso.

_Me chamo Granny Darkhide. –falou em um tom rude a garota que aparentava os 17 anos.

_Não fale desse jeito, G.D. Desculpe ela, Lass... lembra de mim não? –se pronunciou o garoto grisalho de óculos escuros de aro verde com um detalhe em amarelo.

Lass lembrava-se do rapaz por causa da cantina da escola, não se lembrava porque.

_Zero. Tudo bem... Mas o que estão fazendo aqui? –Lass sorrindo para o grisalho.

Por trás daqueles óculos ninguém sabia o que havia, Lass se perguntava de que cor seriam os olhos dele. O albino sabia que Zero adorava música pop e rock, mas até então não fazia idéia de que possuía irmãs.

_Fomos convidados. Os filhos de Oz Reindarth não podem ficar de fora das festas. –resmungou Granny em um tom assustador.

Lass sentiu o sangue gelar olhando para os olhos intensos da garota. Ela tinha nascido de algum réptil?!

_T-Tudo bem. Eu na verdade estava indo embora.

Aoki repreendeu Lass com os olhos e Amy pareceu incrédula com ele. Do lado de fora os paparazzis devia estar loucos pela saída dos cantores, escondidos e prontos para atacar. Talvez não fosse uma boa escolha sair agora.

_Ain... Tá. Eu fico mais um pouco, só não esqueça que eu preciso de um bom sono hoje antes de qualquer compromisso.

_He? –Aoki estreitando os olhos e sorrindo largamente.

A morena tinha algo em mente e uma parte dele era infernizar a vida do albino para aprender a ter modos.

_Você é um idiota. –reclamou o moreno ao lado da garota de óculos.

Lass se virou com um calo.

_Não quero ouvir isso de você! Morra, Lupus!

Amy soltou uma risadinha e logo foi balançando a mão pra chamar a atenção do rapaz.

_Ok, ok. Eu não preciso que você fique aqui muito tempo, basta uma fotinho. –Amy segurando o braço de Lass e o arrastando um pouco.

Antes que pudesse chegar mais perto de algum fotógrafo, Amy sentiu Lass escapando de seu agarro. Mas na verdade, fora a azulada que apareceu e o arrancou do monstro rosa.

_Ei, onde você estava? O Luka já foi? –perguntava a azulada arrumando o óculos.

Lass arqueou a sobrancelha. “Você”? Ela não estava vermelha, muito menos expressando alguma emoção, mas falava diferente.

_Já foi. Mandou um abraço. E logo vai ser um adeus. Vamos pra casa, Mari. –Lass segurando na mão da azulada e a puxando cada vez mais longe dos perigosos fotógrafos.

Mari estava mais liberal com as palavras, foi notando isso de acordo com o que andava e perguntava algo.

Na mesa de seus amigos restavam Ryan, Sieghart e Elesis. Eles pareciam ter bebido muito.

_Ei, Sieg. –Lass apertando a bochecha do moreno que quase caía da cadeira.

_Hm... Lass? Que foi? Já tá na hora de ir pra escola? –Sieghart olhando sonolento para os lados.

Assim que se tocou, o guitarrista se pôs sentado do jeito certo e olhou para seus companheiros de mesa. Quase teve uma hemorragia nasal ao olhar para sua lady.

Elesis tinha desmaiado em cima da mesa e a abertura do vestido deixava a mostra seu par de seios para o moreno que tanto odiava, seu priminho querido.

Sieghart olhou pra outro lado tapando o nariz enquanto pedia abafadamente para Lass acordar a garota antes que realmente ele desmaiasse.

Enquanto Lass suspirava, Aoki apareceu por detrás dele tocando-lhe o ombro.

_Cão, porque abandonou a Amy ali na pista?! Um monte de gente ficou olhando! –Aoki apertando a orelha do albino com raiva.

_Ahn?

Lass olhou em direção da pista. Amy estava cercada de outros rapazes daquela área, dançando com cada um. Era o centro de atenções.

_Isso podia ter nos rendido mais grana, seu inútil! –Aoki esfregando o punho nos cabelos arrumadinhos de Lass e os bagunçando.

_Droga... deu tanto trabalho pra arrumar. –choramingava tentando escapar das garras do monstro de óculos.

Aoki só parou quando Lupus se aproximou dizendo que queria ir embora o mais rápido possível.

_E porque, Lupus? –Aoki.

_Tá tarde. Essas crianças precisam ir dormir. –apontava para os três na mesa.

Aoki resmungou e chutou a cadeira de Elesis e Ryan. Os dois acordaram de má vontade e se arrastaram para a saída enquanto Lass ia atrás acompanhando Mari.

Aoki ainda verificou melhor o salão e pensou um pouco.

_Hum. Qual o problema? –Lupus se inclinando para ficar da altura da cabeça dela.

_Aquele Luka. Foi muita bondade dele... Até demais, nos doar os convites. Bem, isso não importa. Cadê a Rey? Saiu de novo? –Aoki.

_Você sabe pra onde ela foi... O Dio também já se despediu da festa. –Lupus segurando o pulso da morena e a arrastando.

_Eu sei! Mas a Amy ainda vai aprontar alguma, você vai ver. –Aoki.

Os trigêmeos sentados em uma mesa observavam todo o movimento atenciosamente. No dia seguinte no colégio teriam muito trabalho a fazer.

Zero, Granny e Holy, os olheiros de Oz Von Max.

Continua