Memórias escrita por Arthur C


Capítulo 24
O Conceito de Confidencialidade


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! (:



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MEMÓRIAS

CAPÍTULO VINTE-QUATRO

  O tempo logo se passara. O baile estava chegando. Barnabas mantinha-se ansioso e Julia, é... Podemos dizer, nervosa. Mesmo com a sessão “hipnótica”, podia perceber que Barnabas não tinha ido muito com a sua cara.

  Certos minutos iam passando, ao longo do tempo em que Julia pensava o que podia fazer. Nada, pensou. Mas quem sabe este “segredo” de Barnabas ser um vampiro não poderia abrir mais uma porta, uma única? Era tudo o que precisava no momento. Uma pequena chance para reconstruir laços com Barnabas. Uma pequena chance para a sua paixão momentânea chegar aos poucos, mais perto.

- Barnabas, devíamos conversar mais uma vez, não? – propusera ela, assim que pôde.

- Ahn... Claro, Dra. Hoffman. – afirmou ele.

  Eles andaram pela Collinwood até o segundo escritório de Julia, um quarto com estantes quebradas, uma velha maca e aparelhos de laboratório científico. Lá Barnabas disse algo mais comprometedor, do tipo: “Eu sou um vampiro, mas bem que gostaria de ser um humano novamente”. Foi então que a doutora soltou o seu segundo dom, ela mexia com transfusões de sangue. E certamente, Barnabas adorou ouvir isto.

- Mas você é psicóloga... Como é que... Ahn, você aprendeu a mexer com transfusões de sangue? – Perguntou Barnabas desconfiado, antes que fosse pedir todo o processo a ela.

- Bom... Meu ex-marido, na verdade era cirurgião e eu cheguei a acompanha-lo em algumas de suas cirurgias, portanto... Cá estou eu. – Respondeu alegremente, lembrando-se de seu passado.

- Ótimo... – Sussurrou Barnabas, com uma expressão indescritível no rosto.

  Julia olhou para os lados, para ser mais exato, seus instrumentos e os pegou.

- Você vai querer começar a aplicação agora? – Perguntou à Barnabas, analisando os instrumentos pouco enferrujados.

- C-claro. – Gaguejou.

- Tudo bem... É um processo de duas etapas. – Começara a explicar. – Tirarei o meu sangue primeiramente, e passarei para um tubinho o qual irá passar este para a sua veia. Depois, irei sugar, aliás, outro tubinho irá sugar os restos de sangue de outras pessoas que você ainda possui em sua veia. O.K.?

- O.K. – Confirmou-a, ainda sem compreender de fato a situação.

  Julia começou a passar com os tubinhos de cá pra lá, ingerindo-os em seus braços e nos de Barnabas. Parecia uma boneca robô programada, talvez nervosa. Pôs Barnabas sobre a maca e puxou uma cadeira de couro marrom, ligou a TV, e sentou-se a abrir uma revista de decoração.

- Esta peça é muito boba. – Disse Barnabas, assistindo à um desenho animado, talvez Scooby-Doo.

- Se dê por sortudo. Este é o único canal que pega aqui, e olhe que há vezes em que a imagem nem nítida fica. – Reclamou Julia. – Quem mandou construir uma casa no meio do nada?

- Realmente. – Barnabas abaixou a cabeça. – Diria isso para o meu querido pai... Se o próprio estivesse vivo.

  Julia voltou a ler sua revista, entediada, e consequentemente não mudou de canal. Barnabas chegara a dormir em certo ponto, porém Julia o acordou.

- Vamos. – Disse Julia. – A sessão acabou. Acho que já tomou quantidade demasiada de sangue por hoje.

- Tudo bem então. – Concordou.

  Julia ajudou Barnabas a levantar-se e guardou a revista. Pegou um aparelho para ouvir batimentos cardíacos, gostaria de ver se o experimento havia funcionado.

- Nada... – confirmou-o. – Mas Barnabas, diga-me o porquê quer tornar-se um humano novamente? Para quê abrir mão da juventude eterna? – Questionou Julia, lacrimejando. – Olhe para mim... A cada ano perco metade de minha beleza e fico bêbada em dobro.

- Então é verdade, madame? – Disse Barnabas, com um sorriso galanteador estampado no rosto. – Você deve ter sido antes a criatura mais bonita que já viveu.

  Julia suspirou.

- Barnabas... Você conhece o conceito de confidencialidade entre médico e paciente? – Questionou, ativa e alegre.

- Não. – Respondeu-a. – Talvez seja gentil o bastante para esclarecê-lo.

- Então... – Suspirou. – Está bem.

  Julia foi abaixando-se aos poucos e retirando as calças de Barnabas. Pôde até perceber que o mesmo já estava com uma expressão estranha, porém continuou. Movia a sua cabeça contra o “brinquedo” à sua frente. Um tempo passou-se e aquela “brincadeira” continuou, após alguns instantes, Julia acariciou levemente as macias pernas de Barnabas e então se levantou em seu meio.

- Que conceito... – fraquejou. – Espetacular!

  Barnabas olhou para os lados na esperança de que Julia o pudesse responder, mas ela havia saído de fininho, sem que ele percebesse, é claro. Aproveitadora.

  Julia havia saído de seu segundo escritório aos pulos. E caiu uma vez. Seu salto alto não tinha a mesma alegria que ela talvez. É... Definitivamente não. Então os retirou e seguiu ao quarto de Elizabeth... Claro, iria contar tudo.

- Sabe Elizabeth... – Suspirou Julia, com um cigarro na mão. – Há momentos tão bons na vida.

- É mesmo Julia? – Perguntou-a Elizabeth, saindo do banheiro e enxugando o seu loiro cabelo. – Quais?

- Certamente, minha cara. – Respondeu. – Aqueles em que você consegue tudo o que queria!

- Por exemplo...

- Por exemplo... Quando acho que acabo de conseguir a confiança de Barnabas. – Respondeu alegre, e dando mais pulinhos exagerados.

- Mesmo? – Disse Elizabeth interessada. – Como fez isso?

- Bom... – Botou o cigarro na boca novamente. – Eu o ajudei com uma transfusão de sangue. E depois... É, brinquei com o “brinquedinho” dele.

- Pelos deuses, Julia! – Exclamou Elizabeth, aos risos mais altos que se pode escutar. – Mas... Mas, você é podre!

  As duas riram ainda mais. Não havia como não rir. Uma pessoa consegue a confiança da outra “brincando com o seu brinquedinho”? Será? Julia encaminhou-se ao seu quarto, ainda rindo. Tinha que dormir, estava exausta... E ainda com uma triste de uma ressaca. Chegou. Deitou-se na cama lentamente e puxou o lençol – mais um daqueles egípcios do enxoval dos Collins – e tornou-se a relaxar. A brisa que vinha de uma janela aberta permitia que seus ruivos fios de cabelo (os quais a cor já estava a desbotar-se) balançassem. Chegou a sonhar, sonhar rapidamente. Dessa vez sonhou com a tia Elena... E novamente, ela dizia para Julia sair de perto de Barnabas. Mas não havia motivos. Pelo menos, não concretos.

  Elizabeth abrira a porta lentamente, porém esta fez um ruído ensurdecedor.

- Acho melhor você ir se arrumar. – Disse ela a Julia, acordando-a.

- Por quê? – Questionou.

- O baile irá começar.

ARTHUR C.


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Notas finais do capítulo

A história continua (:



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