Memórias escrita por Arthur C


Capítulo 12
Parte II: O Meio - O Suposto Fim de uma Busca




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MEMÓRIAS

CAPÍTULO DOZE:

A conversa com Elizabeth passara depressa. Logo se via saindo da fábrica. Queria descobrir mais, queria conhecer, envolver, conversar, se aproximar, fazer exatamente tudo o que pudesse para chegar em Barnabas. No fundo, devia acreditar que ele iria voltar algum dia. Era estranha sua forma de manter esperanças. E então seguiu para o hotel. Foi uma pena chegar lá e ver Edgard aos beijos e abraços com Nina. Uma manhã envolvente para uma triste tarde e uma depressiva noite.


– Mas que pouca vergonha é essa? E ainda em meu quarto?

– Julia! – exclamou Edgard – Eu não... Não é nada do que está pensando.

– Ah, não? Vocês beijam um ao outro por que motivo?


Bateu a porta do quarto e saiu correndo aos trancos e barrancos enquanto as lágrimas secas caiam de seus olhos. Era inacreditável pensar que na noite passada ele queria se aproveitar da própria Julia, e agora que não conseguiu, mal quis esquecer o que passou. Avistou o primeiro bar que havia na avenida e nele entrou.


– Eu gostaria de um vinho branco. – disse.

– Você só pode estar brincando garota. – Retrucou o homem do balcão.

– Tudo bem, pode me dar o aguardente mais pesado que tiver.


O homem então sorriu e jogou um copo para Julia que o pegou rapidamente. Drinques e mais drinques. Canecas e mais canecas. Dinheiro e menos dinheiro. Foi assim que passou-se a tarde, lembrou-se então que tinha um compromisso com os Hoffman, um jantar. Porém há essa altura do campeonato, nem se preocupava tanto. Continuou, sem parar. Logo o estoque acabou e anunciaram o fechamento do bar.


– Só iremos abrir às oito da noite de amanhã agora. – falou o dono do estabelecimento.

Julia ficou apenas olhando em quanto um moço alto e charmoso surgiu logo atrás.

– Você não é muito jovem para estar bebendo não senhorita? – Disse o desconhecido, enquanto a cutucava no ombro.

– É senhora. Pois é... Infelizmente a vida é muito dura comigo. – Respondeu.

– A vida é dura para todos nós, querida.

– Você não sabe exatamente como. Ou sabe? É o senhor sabichão por acaso? – Partiu para ignorância ao perceber que o homem queria mais intimidade com ela.

– Bem que eu queria ser. Mas... Você não quer me contar essa história em outro lugar?


Acordou-se. Olhou para os dois lados e só via apenas uma imensidão branca. Devia ser a claridade do sol que batia no espelho atrás da cama e refletia. Parou. Foi então que olhou para baixo, e percebeu. Estava coberta por um edredom, por baixo, estava completamente nua. Sua roupa encontrava-se no chão, porém o tempo que poderia gastar para pegá-las, continuou pensando. O que poderia ter acontecido? E como? As perguntas ficavam em sua mente. Fica se ilusionando. Os efeitos da bebida fizeram com que esquecesse a maioria das coisas que haviam acontecido na tarde passada. Mas lembrava de dois fatos, um é que ela flagrado Edgard com Nina e o outro é o homem loiro que tinha visto no bar, com a identidade desconhecida. De repente, é ele que surge:


– Dormiu bem docinho? – disse.

– De quê você me chamou?

– De docinho. Você esqueceu? Adorou quando te chamei deste jeito ontem.

– O quê aconteceu exatamente?

O homem sorriu ambiciosamente, e então respondeu com a maior calma.

– Você dormiu aqui... Comigo.


Sua cara surpresa foi enrijecendo ao longo do que o homem sorria. Era tarde demais para dizer se ela tinha feito aquilo ou não. Pensava e repensava. Olhava e desviava. Continuou assim. Passaram-se minutos para finalmente decidir o que fazer. Depois de ter sua decisão tomada, mal se preocupava com Edgard ou o resto dos Hoffman. Sem mais saídas, solta o edredom na cama e sai nua da cama, caçando por suas roupas. Enquanto o homem tomava mais um gole de seu chocolate quente e analisava cada curva de Julia.


– Você pode, por favor, parar com isso? A situação já não é fácil para mim, e você ainda quer me constranger mais ainda?

– Tudo bem. Desculpe-me.


Virou, perguntou pelo banheiro e nele entrou. Trocava a roupa com raiva. Não podia-se dizer do que. Mas a fúria, de todo o jeito, havia se manifestado. Não parava de gritar dentro do banheiro, mas parecia uma sequência, quanto mais alto ela gritasse, mas alto o homem ria. Parecia ironia. Foi então que não aguentou. Abriu a porta e o vento a fechou. Deu um impacto de suspense. Julia começou a imitá-lo. Imitar o seu riso. Logo o rosto de homem se fechou, como se o mundo perdesse o seu humor. E assim, continuou:


– Porquê você fez isso? Não havia a mínima necessidade.

– Eu gosto de você. É bonita e confiante. Gosto desse tipo de mulher. – Dizia o loiro.

– Mas eu não pedi a sua opinião.

– Mas...

– Qual o seu nome?

– R... Roger. Roger Collins.

– Muito bem Roger. Até nunca mais.


Pegou sua bolsa sobre a cabeceira e saiu. Novamente a porta fechou com a força do vento e chegou a amedrontar Roger. Estava a andar. Nervosa, raivosa e sentimental. Podia-se resumir em uma simples “TPM”. Ninguém chegasse perto. Principalmente a Nina e o Edgard. Foi então que ao puxar para o lado da família, lembrou-se de sua tia Elena, o que ela poderia estar fazendo exatamente agora? As perguntas ecoavam em sua mente. O que a deixava menos tranquilizada a cada instante. Era estranho. Envolvia Barnabas, Joshua e Roger, enquanto outro lado mantinha-se em Edgard e Nina... E ainda a tia Elena. Difícil. Pensava nas consequências em que ela e até sua mãe podiam sofrer. Porém, houve um momento que quis parar. Ficou um tempo no meio da rua, apenas como mais uma dos conjuntos das doidas que viviam no hospício perto do hotel. Depois de alguns minutos, voltou. Correu, e finalmente, chegou no hotel. Estava derrotada. Seus lindos cabelos morenos agora estavam iguais aos fios de uma vassoura de piaçava. Mas não se preocupara tanto quanto antigamente, já que agora, Edgard nem mais dá bola para ela. Foi então que ao lembrar-se de Edgard, observou a mãe dele, dona Clara, a pôr várias malas no pequeno jardim ao lado da entrada. Não aguentou.


– Porquê a senhora está a pôr as malas para fora?

– Eu sinto muito ter de lhe dizer isto. E ter de acabar com suas esperanças à procura de Barnabas. Ter de acabar com suas descobertas... Nós vamos voltar para Lichfield.


ARTHUR C.



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Notas finais do capítulo

A história continua...