Kuwabara E A Garota Fantasma escrita por Malk


Capítulo 11
O treinamento de mil dias


Notas iniciais do capítulo

Leigun ou Reigun,eis a questão.
Quando eu assistia Yu YUu Hakusho na Manchete, há uns 800 anos atrás,eu e todos os meus amigos entendíamos "leigun", mas sabemos que o termo original é "reigun" (com i ou com y?). Mas pesquisando, parece que a dublagem, pelo menos a antiga, realmente o nome do golpe era leigun, e é esse o termo que usei nesse capítulo.
Boa leitura.



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Mayumi não sabia o que esperar desse treinamento, então ficou apenas em pé esperando as ordens de sua mestra.
    _Você tem a mente fraca e está em um corpo fraco, antes de qualquer coisa você precisa ficar forte. Tire seus sapatos e fique de pé em cima daquele monte de pedras._ordenou Genkai.

    A garota fez o que a mestra mandou. Foi mais doloroso do que ela achou que seria, a mulher que lhe "cedeu" o corpo tinha pés muito finos, bem característicos de alguém que nunca andou descalça e sempre usou cremes caros. Mas Mayumi não dava o braço a torcer e ficou sem esboçar qualquer reação negativa. Genkai chegou perto dela e apenas ordenou em um tom baixo porém firme.

    _Agora pule!

    _Tá doida? Vai rasgar meus pés.

    _Eu sei. E quando estiver lutando o inimigo acha que ele vai ter pena da sua pele delicada? Obedeça ou vá embora.

    Mayumi não sabia o que era maior, sua vontade de ajudar o Kuwabara ou seu orgulho. Estava com ódio da Genkai naquele momento, mas não ia desistir, estava disposta a treinar até ter seu corpo todo quebrado se fosse preciso.

    _Eu nunca fui mulher de desistir!

     Mayumi disse isso com uma risada sarcástica e fez o que Genkai mandou. Pulou e caiu com seus pés nas pedras, que eram pequenas porém pontudas. Ao cair, a mestra apenas acenou, mandando a garota fazer novamente. Ela ficou repetindo aquele movimento por horas, com seus pés ficando em carne viva e o sangue manchando o chão. Genkai a deixou repetindo os movimentos e foi até a plantação, pegando alguns frutos. Jogou um para a garota.

    _Pausa para o almoço. Você está autorizada a parar e comer, mas deve ficar em pé e no mesmo lugar.

    A garota comeu a fruta, se sentindo muito saciada. Fazia muitos anos que não comia, na verdade havia até esquecido como era sentir fome e gostou bastante daquela pequena refeição. Naquele momento em que a pausa fez sua adrenalina abaixar que ela sentiu a dor que os ferimentos causavam. Ela passou muito tempo amaldiçoando sua vida como espírito, mas sentir fome e dor não também não era nada agradável. Terminado o almoço, a mestra a mandou continuar o exercício, por muitas horas seguidas.

    Ao fim do dia Genkai permitiu que Mayumi descansasse. A garota apenas deitou em cima de um monte de poeira e dormiu. Conforto era uma palavra que não fazia sentido naquele lugar, mas até que era melhor do que dormir nas ruas como ela já fez muitas vezes, e com certeza mais seguro.

    No dia seguinte Genkai acordou Mayumi bem cedo. Dessa vez, o treinamento foi fazer flexões de punhos fechados e, apesar das finas mãos, foi uma tarefa bem mais fácil do que a do dia anterior.Após algumas horas, seus braços e punhos ardiam, quando a mestra se dirigiu à discípula com uma nova ordem:

    _Agora que você acostumou, fará essas mesmas flexões em cima das pedras!

    “Estava bom demais pra ser verdade”, Mayumi pensou. Apesar do desânimo, a garota fez o que Genkai mandou. Ao fim do dia, suas mãos estavam como seus pés no dia anterior. E assim foi durante dez dias, alternando entre os pés e as mãos, até esses ficarem duros de tantos calos e cicatrizes.

    No início do décimo primeiro dia, Genkai chamou Mayumi com um porrete na mão. Logo que a garota levantou, a mestra bateu com o porrete no rosto dela.

    _Ei, mas porque você fez isso?

    _Hora de testar seus reflexos. Defenda-se! _ respondeu a mestra.

    Genkai golpeou novamente a garota, que tentou esquivar-se do ataque, sem sucesso. Durante o dia inteiro ela tentava evitar os golpes de sua mestra, mas ela era muito rápida, fazendo com que Mayumi estivesse toda roxa no fim do dia. Passaram-se mais quinze dias, ao fim dos quais ela estava com hematomas no rosto, braços e pernas. Um dia, já no fim da tarde, a mestra dirigiu um golpe de porrete na cabeça de Mayumi, porém dessa vez ela conseguiu desviar.

    _CONSEGUI CONSEGUI UUUHUUUU! _ a garota comemorou.

    Logo após, Genkai acertou a boca do estômago de Mayumi, que caiu no chão com falta de ar.

    _Nunca se esqueça, em uma luta, só comemore quando o inimigo estiver . Você teve totalmente derrotado.um pequeno progresso, mas se fosse um combate real já estaria morta.

    Alguns instantes depois ela levantou e continuaram o treinamento, onde a garota já conseguia desviar alguns golpes, embora ainda recebesse a maioria. E o treinamento continuou por muitos dias, onde ela realizava exercícios para aumentar a força e resistência física e também para melhorar seus reflexos. A garota evoluiu bastante física e mentalmente, tendo desenvolvido sua musculatura, enrigessido seu corpo como um todo e seus reflexos estavam próximos a de um grande felino. E o principal, ela se tornara altamente resistente à dor e estava mais disciplinada.

    No octagésimo primeiro dia, Mayumi acordou e não viu Genkai de pé como de costume. Olhando ao redor, viu sua mestra em posição de lótus, flutuando sobre as águas com os olhos fechados. A garota ficou maravilhada com aquela visão e não disse nada para não atrapalhar sua meditação. Logo em seguida Genkai saiu da posição, ficando submersa até a cintura, e aos poucos foi saindo do lago até ficar de frente para Mayumi.

    _Nossa mestra, como conseguiu fazer isso? _ perguntou a garota.

    _Nada de mais, apenas usando um pouco da minha energia espiritual contra a gravidade. E está chegando a hora de você desenvolver a sua!

    _Caramba que maneiro, vou aprender a fazer uma espada igual à do Kuwabara? _ disse empolgada.

    _Não. Usar a energia espiritual em combate exige um longo treinamento físico e mental, mas se quer saber, se você for uma boa aluna vai aprender a soltar “raiozinhos” pelas mãos, e é com eles que enfrentará o inimigo _ respondeu Genkai.

    _Certo. Estou pronta para esse novo treinamento.

    _Está bem. O corpo humano é envolto por energia espiritual, ou áurea se preferir. Você deve concentrar essa energia toda em seu dedo indicador direito e, em seguida, aperte um “gatilho” mentalmente. Esse é o leigun, um tiro de energia que sairá de seu dedo.

    _Ah tá bom, assim? _ Mayumi aponta o dedo para a parede.

    _Exato. Agora tente!

    Mayumi ficou sacudindo o dedo tentado atirar, sem sucesso. A mestra duramente falou à sua discípula.

    _Não mecha o dedo, o leigan não é uma sujeira que sai se você sacode! Você será bem sucedida quando sua mente assimilar como deixar que a energia espiritual escape pelo seu dedo. E você não tem desculpa, o corpo que pegou emprestado tem uma energia muito superior à da maioria dos seres humanos, basta você aprender a manipulá-la.

    A garota fechou a cara e continuou tentando, determinada a fazê-lo. Tentou pelo resto do dia, e também por vários dias subsequentes. Mesmo quando Genkai permitia que ela fosse dormir, Mayumi continuava tentando de noite. Cinquenta dias depois a garota estava em pé, apontando o dedo para a parede da caverna quando a mestra Genkai falou com ela com um tom baixo porém firme:

    _Você é a pior aluna que eu já tive, ainda não conseguiu usar o leigun, que vergonha.

    Ao ouvir essas palavras, o sangue de Mayumi ferveu e, sem saber exatamente como, seu dedo começou e brilhar.

    _LEEEI GUN!

    Mayumi atirou na direção da mestra, que evitou o ataque dando um pequeno salto mortal para trás. O tiro atingiu a parede da caverna, fazendo um buraco na pedra. A própria autora do tiro ficou olhando boquiaberta o resultado, enquanto Genkai esboçou um pequeno sorriso.

    _Muito bem, vejo que conseguiu. Mas você tentou atacar sua mestra e por isso, não comerá hoje.

    A garota não se importou muito com a punição imposta pela mestra. Estava muito feliz com o que acabara de fazer, e aquelas frutinhas esquisitas que cresciam na caverna matavam a fome, mas depois de mais de cem dias comendo apenas isso, um dia sem não era tão ruim assim. Depois de todo esse tempo treinando Mayumi, a mestra Genkai já havia percebido que ela conseguia os melhores resultados quando era provocada, e estava usando isso para que sua aluna evoluísse o suficiente para enfrentar o que a esperava quando ela saísse da caverna.

    Nos dias que se seguiram Mayumi continuou aprimorando seu lei gun. Até então, ela só conseguia usá-lo uma vez por dia, e mesmo assim nem todo dia conseguia fazê-lo, porém após algum tempo, descobriu que toda vez que falhava, era só pensar no objetivo do treinamento _ resgatar o Kuwabara _ ou então nas vezes em que Genkai dizia que ela não ia conseguir, que o tiro era bem sucedido.

    Quando as duas já estavam há seiscentos dias na caverna, Mayumi já conseguia usar o leigun várias vezes em um mesmo dia, ficando restrita apenas ao limite de sua energia espiritual. Nesse momento também havia aprendido o shotgun, e, dessa forma, o básico que um guerreiro espiritual precisa saber. Nesse dia, a mestra Genkai chamou sua aluna para conversar, logo depois de acordar.

    _Sente-se, vamos conversar _ a mestra chamou a garota.

    _Tá bom, mas falar o que? _ ela se sentou junto a mestra, um tanto desconfiada.

    Em todos esses dias, totalizando quase dois anos, as duas só falavam o mínimo necessário ao treinamento, então Mayumi tinha certeza que ela tinha algo muito importante a dizer.

    _Você já recebeu um bom treinamento e evolui bem, apesar de mais lentamente do que eu esperava. E pelo ataque que sofri e pelo que você me falou, você irá enfrentar um mestre Ching Ling estou certa?

    _Sim, quem sequestrou o Kuwabara e está com a caveira é um mestre Ching Ling, e tem um discípulo também.

    _Então vamos começar hoje a treinar especificamente para esse combate. A arte Ching Ling é muito poderosa, pois enquanto a maioria dos guerreiros espirituais dominam duas ou três técnicas de combate, um mestre dessa arte consegue dominar até sete. Elas são o tigre, a garça, o macaco, a serpente, o louva deus, as palmas de Buda e o punho de ferro. Mas o estilo deles possui uma falha: todos os golpes são de curto alcance, então se quiser vencer, não deixe o inimigo chegar perto de você. Consegue fazer?

    _Claro mestra _ a garota respondeu com um sorriso.

    _Ótimo. Então todos os dias a partir de hoje nós duas vamos combater, e eu só te atacarei de perto. Se até o último dia nessa caverna você não conseguir acertar sequer um golpe em mim, eu te matarei.

    _Que? Como assim? _ perguntou a garota assustada.

    _Isso mesmo que você ouviu, melhor morrer aqui do que lá fora. Se não for bem sucedida nessa tarefa que te dei, com certeza não sobreviverá à luta lá fora. Então você volta a ser espírito errante e a verdadeira dona desse corpo morre junto. Vai aceitar ou está com medo _ Genkai provocou a garota.

    _Vamos começar! _ Mayumi se levanta e já fica em posição de combate.

    Mayumi ataca a mestra com um soco, que desvia sem dificuldade e acerta a garota no nariz, que começa a sangrar.

    _Você não ouviu o que eu disse? Nunca deixe o inimigo chegar perto de você.

    Mayumi levantou, limpou o sangue com a mão e apontou o dedo para a sua mestra.

    _LEIGUN!

    A garota lançou um tiro poderoso, mas Genkai ao invés de fugir, correu em direção a ele. Quando a tiro energético estava prestes a acertá-la, a mestra rolou no chão, e o leigun passou por cima dela. Ao rolar, Genkai se aproximou de Mayumi e acertou um chute em seu joelho fazendo-a cair no chão por desequilíbrio e dor.

    _Você ainda não “solta” o leigun com naturalidade, fica tão feliz quando o faz que se distrai da luta. Desse jeito nunca vencerá!

    Mayumi levantou se apoiando em sua perna que não foi ferida e começou a preparar um novo tiro. Mas antes mesmo de atirar, Genkai correu até ela e acertou um poderoso soco no rosto da garota, nocauteando-a na mesma hora.

    Isso se repetiu por muito tempo. Sempre as duas lutavam, Mayumi tentava acertar a mestra mas no fim, a aluna terminava ferida ou desmaiada, mas  conforme o tempo foi passando, a garota evoluía cada vez mais.

    Faltava apenas dois dias para o fim do treinamento. Mayumi tentava aparentar calma embora estivesse muito nervosa, não por medo de morrer, afinal, ela já havia passado por isso, mas não admitia fracassar. Como de costume, logo depois de acordar, ela e a mestra começaram a batalhar. As duas estavam de frente uma para a outra, separadas por uma distância de uns cinco metros, olhando fixamente nos olhos. Passaram alguns segundos mas nenhuma delas atacava, então Mayumi resolveu tomar a iniciativa.

    _LEIGUN!

    Mayumi atirou, enquanto Genkai pulou em direção à uma parede, amorteceu o impacto flexionando as pernas e voltou quase que voando na direção da garota, com uma das suas pernas já preparada para acertá-la. A aprendiz evitou o golpe desviando-o com as mãos.

    As duas ficaram novamente se encarando. Mayumi tentava seguir a recomendação da mestra de não deixar que ela se aproximasse muito, tendo a consciência de que esse treinamento era para prepará-la para a batalha que iria travar ao sair da caverna. Atacou novamente:

    _LEIGUN!

    A mestra pulou novamente , mas dessa vez não foi em direção à parede, passou por cima do raio energético e foi com ambas pernas esticadas, como uma “voadora dupla”, porém vindo de cima para baixo, pronta para atingir sua aluna. Mas dessa vez, Mayumi não desviou, ela resolveu tentar algo mais arriscado, apontou seu dedo em direção a Genkai e atirou:

    _SHOTGUN!

    Pouco antes de ser atingida, Mayumi conseguiu acertar os tiros na sua mestra, que foi arremessada para longe. Ela ficou caída, então a garota correu para perto dela.

    _Mestra, a senhora está bem?

    Genkai levantou, um pouco ferida mas sem gravidade.

    _Não tenho mais o que te ensinar. Seu treinamento termina aqui _ disse Genkai.

    _Uuuhu! Tô feliz, mas o que faço agora? _ perguntou Mayumi.

    _Você ainda tem um dia. Durma, você passou por um treinamento muito duro e precisa recuperar o vigor físico e mental.

    Mayumi saudou a mestra e deitou para dormir, esperando o fim dos mil dias para sair da caverna e ir cumprir a sua missão.


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