Rachel estava suando frio, por deus parecia que suas pernas tinham virado gelatina, e ela ate as olhou para conferir se não tinham mesmo. E seu cérebro estava totalmente rejeitando a informação de que elas não estavam em um encontro, que de acordo com a condição de Quinn não haveria flores nem nada do tipo, nada de cinema nem jantares e que ela poderia muito bem sair a qualquer momento dali sem que nenhuma das três a perturbassem, seu cérebro simplesmente estava deixando seu coração dar pulos de alegria e ir ate a floricultura mais cara da cidade e comprar o buque de orquídeas brancas e azuis, as cores favoritas de Quinn, mesmo que uma das regras dela envolvessem nada de flores. Mas na cabeça insana de Rachel não era possível que ela fosse levar Quinn a qualquer lugar que seja sem lhe dar nada, ela só esperava que o gesto não fosse totalmente odiado pela líder de torcida. Ela e Santana estavam preparando os últimos arranjos na casa de Quinn, elas acharam que seria melhor que elas se “encontrassem” la já que se a loira desse a louca pelo menos estaria em casa, sã e salva. Os pais de Quinn estavam em um cruzeiro missionário, ou pelo menos era assim que a igreja chamava o modo como os contribuintes e o padre iam esbanjar o dinheiro que deveria ser dado aos pobres, mas Rachel não poderia estar mais do que pulando de alegria a saber que Russell Fabray não estava na cidade, aquele homem apavorava Rachel desde que ela era pequena, algo nele não descia por sua garganta.

Enquanto isso na casa de Brittany, que ficava a algumas quadras da de Quinn, Quinn debatia sua vida amorosa com a menina, a capitã sabia que a Britt poderia ser super inocente mas que ela não sairia escarando a sua vida para Rachel ou Santana, ok talvez para Santana, mas não para todo o corpo estudantil, e alem do que a menina sempre parecia ter os conselhos mais loucos, estranhos e certos que Quinn já tinha ouvido, por isso ela se sentiu segura para conversar sobre o que estava sentindo com Brittany.

– Eu não sei mais o que esperar disto B, ao mesmo tempo em que eu quero muito dar uma chance ao que eu estou sentindo, não que eu e Rachel vamos namorar e nos casar e bla bla bla, não, eu quero perdoá-la e eu quero mesmo, mas cada vez que eu penso em fazer isso algo me impede, eu não sei bem o que– fala Quinn com os olhos marejados.

– Q eu não posso te falar o que fazer, mas o Lord T passou por uma situação parecida no passado, e eu vou falar pra você o mesmo que eu falei para ele, a sua gatinha pode não ser a mais certa do mundo e ela pode não fazer caquinha de chocolate como você gostaria mas ela é sua, e se o destino esta colocando vocês juntos de novo só abra o seu coração, e que seja o que tiver que ser.

Quinn olha para Brittany meio confusa com toda a parte da caquinha de chocolate, mas prefere não perguntar e se prender a ultima parte do que ela falou, essa seria a noite em que sua relação com Rachel Berry seria testada, se elas poderiam retomar a amizade ou não, bom tudo agora estava nas mãos daquela noite.

–X-

Quando Quinn chegou à sua casa ela pensou que a mesma estivesse vazia, ate que quando entrou em casa não agüentou se segurar e gargalhou, por Deus Rachel era a garota mais fofa que ela conhecia, ela havia arrumado a sala de Quinn como elas costumavam fazer para uma típica festa do pijama, as almofadas formando um circulo e no centro o jogo da vida das duas: Monopólio, quando as duas eram menores elas simplesmente eram viciadas neste jogo, muito mais pela competição do que pelo jogo em si, mas haviam algumas diferenças do que quando elas tinham seus dez, onze anos, por exemplo, aquela garrafa de ice na bancada com certeza não teria a alguns anos, e Quinn tinha quase absoluta certeza que ela pertencia a Santana.

Quando Santana ouve as meninas chegando ela solta um sorriso em direção a porta e sai em disparada para encontrar sua Brittany, Rachel segue com seu buque escondido atrás das costas, e olha uma Quinn sorrindo ao observar o jogo em cima da mesinha de centro, tudo bem que não era a idéia mais original do mundo, mas era algo dela e de Quinn e Rachel sentia falta disso, e monopólio se encaixava perfeitamente nas regras de Quinn. Elas haviam feito alguns ursinhos de goma alcoólicos e Santana havia insistido que a noite necessitava de álcool, e havia comprado ice, que não era assim tão pesado, afinal o objetivo era fazer Quinn e Rachel voltarem a se falar, não que elas ficassem bêbadas. Rachel vai em direção a Quinn e a observa, a loira estava vestida com um vestido verde preso na parte dos seios e mais soltinho para baixo, uma sapatilha preta discreta e um arco preto na cabeça, simples, mas a garota mais bonita que Rachel já havia visto, em compensação Rachel pensa ao olhar para suas roupas, ela deveria estar ridícula, uma de suas mini saias de cintura alta preta simples, e uma camiseta branca super fofa e folgadinha do PAC Man, sapatilhas coloridas e seus cabelos presos num coque mal arrumado. A morena anda em direção a loira e quando para em sua frente estende as flores para a mesma, ela vê uma sombra de um sorriso passando pelos lábios de Quinn quando a menina pega o buque, mas isso logo desaparece.

– Eu achei que nos havíamos combinado de nada de flores – Diz Quinn aparentemente irritada com aquilo, o que faz com que Rachel já espere ser expulsa – Mas eu tenho que admitir que estas são lindas, obrigada Rach.

Quando Quinn diz o apelido de infância de Rachel, bom a menina só pode agradecer aos céus porque ela sabe que Quinn a aceitou de volta, e ela sorri, seu sorriso de 220 watts enquanto abraça apertado a loira e sussurra em meio as madeixas da menina, um sincero obrigada, e senti sua falta Quinnie.

–x-

Algumas horas e bebidas depois Brittany se encontrava sendo consolada pela namorada após ter sido a primeira a pedir falência no jogo, e olha que as outras três garotas estavam impressionadas como a loira conseguiu durar tanto tempo, e sim elas ainda estavam na primeira partida, Santana roubava na cara dura e ameaçava quem tentava acusá-la do que estava fazendo, Rachel era a que mais prosperava sem trapacear no jogo e Quinn perecia ser a próxima a pedir falência, após parar mais uma vez em um terreno da latina, ela ate tentou fazer uma chantagem emocional mas não rolou, e ela teve que vender grande parte das suas propriedades para conseguir pagar a divida. Papo vai papo vem, Quinn pedindo falência e Rachel algum tempo depois, mesmo jogando bem é difícil ganhar quando seu adversário roubava todo o dinheiro do banco e você nada podia fazer a respeito, as meninas decidiram que estava na hora de jogar o jogo favorito da trindade profana: Quem nunca.

É poderia ate ser um jogo idiota, mas quando ele estava misturado com ursinhos de goma cheios de vodka e varias ices, o jogo ficava realmente interessante.

– Eu nunca paguei um boquete.

E assim foi como começou o jogo, com a pergunta de Brittany que fez com que Santana enfiasse um bando de ursinhos na boca, enquanto Quinn e Rachel faziam caretas com a revelação

– Eu nunca dei um beijo triplo.

Diz Quinn, e Santana, Brittany e Rachel pegam alguns ursinhos, o que faz com que Quinn olhe meio que mortalmente para Rachel, que simplesmente da de ombros.

– Eu nunca peguei um bofinho.

Diz Santana, o que não é La grande surpresa, já que as meninas viviam em Lima a cidade mais homofobica da terra. Então quando Rachel novamente come alguns ursinhos Santana da um sorriso malicioso em direção a garota, pois a vida de Rachel Berry em NY parecia ser um assunto interessante de se tocar.

– Eu nunca me apaixonei por mais ninguém depois do meu primeiro beijo.

E é com essa pergunta que Rachel consegue realmente surpreender Quinn, que finge que não foi ela o primeiro beijo de Rachel, enquanto Santana e Brittany comem alguns ursinhos e soltam sorrisos cúmplices uma para a outra. Mas alguns ursinhos engolidos, e algumas ices bebidas, Santana e Brittany decidem que é hora de continuarem a festa do pijama na casa da loira, e deixam uma Rachel nervosa e uma Quinn a flor da pele para traz. As duas meninas se olham, Rachel desvia o olhar e se sente ficar ainda mais morena, Quinn da um passo em direção a garota e levanta o queixo da mesma, seus olhos conectados, marrom e verde numa mistura estranha, mas que para as duas funcionava perfeitamente, e seus lábios se aproximam, e se aproximam, Rachel já pode sentir a respiração de Quinn misturada com a sua e fecha seus olhos, Quinn repete o gesto e acaricia o bochecha de Rachel, que passa o braço em volta da cintura de Quinn trazendo seu corpo para mais perto, e quando finalmente seus lábios se encostam, três anos depois da primeira vez, eles ouvem a porta se abrindo, e se soltam como se seus lábios pegassem fogo, e eles realmente pegam.

–Lucy Quinn Fabray, o que significa isso?

Não foi um grito, mas aquele sussurro de Russell Fabray lhe fez temer muito mais do que qualquer grito. As meninas já devidamente distantes uma da outra e rezando para que Russell não tivesse visto nada de mais o olham com a cara mais lavada do mundo e é Quinn que se pronuncia:

-Uma festa do pijama pelos velhos tempos?

Russell olha para a mesma serio e com um olhar de reprovação para a morena, ao contrario de Judy que ao vê-la abre um sorriso escondido do marido.

-Você não é bem vinda em minha casa Berry, eu vou manter a calma porque eu te vi crescer e não é sua culpa se o demônio se apossou de você, mas peço que se retire e se afaste da minha filha.

Rachel sente seu rosto esquentar com as palavras de Russell, mas olha para Quinn buscando um sinal do que ela deveria fazer, e quando encontra a garota tentando esconder as garrafas de bebidas percebe que ela já terá muito o que explicar para contar com uma briga entre Rachel e Russell, e é por isso que ela vai em direção as suas coisas jogadas em um dos sofás e da um sorriso para Quinn. Rachel anda em direção à porta e é surpreendida por Judy que a contragosto do seu marido da um abraço na morena e sussurra contra os seus ouvidos “como você cresceu pequena, mande um beijo para sua mãe”. E Rachel vai embora, parando somente para olhar um ultima vez para Quinn, mas logo Russell bate a porta em sua cara e ela pode ouvi-lo praguejar contra Quinn e aparentemente coloca-la de castigo.

Mas mesmo com a desastrosa chegada de Russell, para as duas meninas a noite não poderia ser menos perfeita, se fechassem os olhos poderiam sentir o toque dos lábios uma da outra, e mal podiam esperar pela segunda feira.