Marina escrita por Thainá Stephane


Capítulo 2
Capítulo 2




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Eu o olho boquiaberta, sem acreditar na proposta descarada. Finalmente ele percebe o que se passa pela minha cabeça e corrige o que disse.

- Eu não quis... é só que você sabe, um pouco d’água não cairia mau agora.

Considero a oferta por um tempo, e por fim falo:

- Tudo bem, mas nada de gracinhas.

Ele levanta as mãos, imitando um gesto de quem foi pego.

-Sem gracinhas, a menos é claro que você queira – e da uma risadinha.

Eu também rio, mas um riso forçado, de ironia.

-Não conte com isso. – e começo a andar em direção as piscinas.

No fundo sei que se ele tentasse alguma coisa eu não seria capaz de resistir. E nem gostaria se fosse.

...

Quando chegamos, ele já começa a tirar a blusa e eu desvio o olhar, não quero que ele pense que sou mais uma dessas garotas que provavelmente se jogam para cima dele.

Ouço o barulho da água se agitando na piscina.

-Você não vai entrar? – ele pergunta com um misto de diversão e desafio na voz.

Começo a tirar os sapatos e depois a roupa, até que estou só com meu maiô. Saio correndo em direção a piscina e dou um mergulho, um jeito fácil e divertido de entrar na água sem precisar ficar perto demais dele.

-Parabéns, isso que é estilo – comemora ele batendo palmas.

-Não foi nada demais – digo com um sorriso no rosto.

Já me sinto melhor e mais confortável com a presença dele, mesmo que ele esteja só de bermuda e nadando na minha direção.

A água sempre me deixa mais confortável, mas eu realmente não esperava me sentir confortável perto dele e seus olhos, que estão mais brilhantes agora se é que isso é possível.

-Você disse que não estuda aqui? – suas palavras me trazem de volta do rumo nada agradável onde meus pensamentos estavam me levando.

Merda, eu sabia que ia dar nisso.

-Não, eu venho aqui as vezes pra assistir aos jogos. – é a única desculpa que parace aceitável.

-Mas você sabia onde ficam as piscinas e sinceramente, a maioria dos alunos que estudam aqui não sabem.

Por que a insistência?

O tom da sua voz me diz que posso confiar nele, mas mesmo se não pudesse, agora já não tenho mais escolha se não contar tudo.

-O negocio é o seguinte: eu venho aqui para nadar por que meu colégio não tem piscina e eu amo nadar, então, por favor, não conte para ninguém que eu não estudo . Até por que isso poderia causar problemas para o André... – minha voz vai sumindo conforme vou contando a verdade.

Ele me encara, como se o que eu tivesse acabado de dizer fosse algo extremamente interessante. Isso me faz corar.

-Você gosta tanto assim  de nadar?

É só isso que ele quer saber?

-Gosto...você não vai contar que eu, você sabe, invadi a escola? – pergunto confusa.

Ele ri.

-Invadiu? Eu devia te agradecer por mais alguém fazer uso dessas piscinas, é um verdadeiro desperdício.

-Eu também acho – e não consigo evitar de sorrir.

-Que tal aproveitarmos a piscina então? – e quando acaba de falar começa a nadar de um lado ao outro da piscina.

Dou de ombros e começo a fazer o mesmo.

É revigorante. Ficar em baixo d’água, onde não preciso me preocupar com nada e só preciso me concentrar em bater as pernas e os braços cada vez mais rápido.

Perco a conta de quantas vezes nós dois atravessamos a piscina, e fico impressionada ao perceber que ele parece conseguir ficar o mesmo tempo que eu sem precisar tomar folego.

Depois de um tempo percebo que ele não está mais nadando, mas sim me observando com um sorriso no rosto. Paro ao seu lado.

- O que foi? – pergunto sem jeito.

-Você. – o sorriso ainda estampado no rosto.

-Eu?

-Você, fica linda nadando.

Ele chega mais perto e eu me pergunto se ele pode ouvir o batimento acelerado do meu coração.

Ele se inclina na minha direção,  penso que vai me beijar, mas então fala:

-Tudo bem pra você? – ansiedade e insegurança na sua voz.

Então, ao invés de responder, eu encosto meus lábios nos dele. No começo ficamos só com os lábios encostados um no outro, até que começamos a nos beijar de verdade.

Sinto seu hálito doce e o sal nos seus lábios e o gosto é tão bom que eu não teria parado de beija-lo se não precisasse tomar folego.

Quando ergo o olhar ele está me observando boquiaberto, como se não acreditasse no que aconteceu. Será que ele não gostou?

Ele fica assim pelo que parece ser uma eternidade e quando abro a boca para perguntar se ele está bem, ele começa a falar:

-Eu não sei o que você sentiu, mas eu... Estou sem palavras – e balança a cabeça.

-Eu sei...também estou me sentindo assim.

Abro um sorriso, devo estar parecendo uma idiota. Por que ele me faz sentir desse jeito, como se eu fosse uma garotinha tímida? Eu só o conheço a cinco minutos mas parece bem mais tempo.

...

Quatro meses se passaram desde a primeira vez que Brendan e eu nos beijamos e desde aquele dia nunca mais nos separamos. É estranho, como se nos conhecêssemos a bem mais tempo e uma força invisível sempre me puxasse para ele.

O mesmo parece acontecer com Brendan. O nosso relacionamento não é perfeito e perdi a conta de quantas discussões tivemos nesses quatro meses – a maioria por motivos idiotas – mas sempre que a possibilidade de um rompimento surge, ele entra em pânico e começa a se desculpar, mesmo se a culpa não é dele.

Eu entendo que essa ideia de namoro perfeito não existe, mas tantas brigas e essa necessidade constante de ficar perto dele, isso tudo estão me deixando acabada e nem mesmo meus mergulhos diários estão conseguindo me acalmar.

O André tem sido mais companheiro do que nunca, ele sempre me ouve e dá os conselhos que só ele sabe “Foda-se ele, vá nadar” ou “Chocolate, esquece ele e vai comer chocolate” e isso sempre me faz rir. E eu não entendo como ele ainda fica do meu lado, por que nos dois primeiros meses do namoro eu fui muito idiota e quase não falei com ele; mas quando as coisas pioraram no começo do terceiro mês foi só eu ligar e ele veio correndo até a minha casa e me ouviu chorar e repetir durante uma hora “A gente não dá certo...mas eu amo ele” e até hoje não tenho palavras pra agradecer a ele.

Começo a me arrumar para a escola, e repassando os últimos quatro meses na minha cabeça, decido que tá na hora de terminar essa bagunça que virou o meu namoro com o Brendan. Eu só espero que ele não surte.


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