-Ooh! – um sorriso sarcástico cobriu-lhe os lábios rosados, o rosto se encontrava totalmente rubro, mas mesmo assim a menina não perdera a pose diante da cena que presenciara- Desculpe interrompe-lo milorde. – fez uma reverência forçada, os orbes chocolates miraram a mulher que estava nos braços do youkai, nunca a tinha visto antes.. –Não sabia que estava com visita em seu aposento meu senhor, creio que cheguei a uma má hora. – riu irônica - Não é mesmo, Lorde Sesshoumaru?- aqueles grandes olhos achocolatados encaravam-no zombeteiros.

-De fato. – o youkai encarava-a intenso, vasculhando dentro dos orbes castanhos o próximo ato da morena. –Mas não que eu me incomode. - deslizou a língua pela face sensual da youkai – Na verdade acho a presença de expectadores interessante. - pronunciou malicioso, os orbes dourados desafiando os chocolates, as mãos grandes puxando o corpo esbelto mais fortemente contra o seu, queria provoca-la, não sabia o motivo, mas a expressividade da mulher o divertia intensamente.

- Pervertido. – proferiu entre dentes, os dedos delicados apertavam parte do tecido do Kimono de modo nervoso, o corpo pequeno tremia pela raiva que sentia, Como que aquele youkai a tirava tão rapidamente do sério? Bufou irritada, mas então porque seus olhos não se desviavam dos dele? Por que os observavam cheios de incomodo? Sentiu o coração apertar, Rin não sabia o motivo mais a raiva e a irritação apenas cresciam, momentos atrás aqueles lábios estavam colados aos seus e agora sem consideração alguma se encontravam com outros, ditou o mais baixo que pode alguns xingamentos para que de algum modo extravasasse um pouco de tudo o que sentia, mas perceptivelmente  estes eram audíveis ao youkai que sorriu com o canto dos lábios ao ouvi-los.

-Será que devo limpar-lhe a boca, criança?- o youkai passou tentadoramente a língua aveludada pelos lábios finos se detendo por alguns segundos às presas afiadas, como se desejasse devora-la a ação de Sesshoumaru fez com que todos os pelos do corpo da menina arrepiassem e a mesma abrisse a boca surpresa pelo fato que constatara tempos depois “Sesshoumaru ouvira?” riu desgostosa, “Claro!” girou os olhos, “Além de um safado, pervertido, este era um inuyokai, sua audição era terrivelmente boa.” Suspirou frustrada.

-ha.ha.ha. Não há necessidade jovem mestre, eu mesma o farei, já estou enojada pelo gosto que ainda circula em minha boca. – sibilou ferina se referindo ao sabor do beijo que trocara com Sesshoumaru. Apesar de o tom calmo, a raiva era destilada em cada sílaba pronunciada pela menina, somente deixando o youkai ainda mais interessado no que veria a seguir, o tom frio e a face inexpressiva utilizada por Sesshoumaru encobriam o divertimento que sentia ao provoca-la.

Kagura apenas observava a humana e o seu jeito petulante, Sesshoumaru apesar da habitual frieza parecia se divertir com o que estava ocorrendo naquele momento e isso estava começando a irritá-la, mas não ousaria interferir ou certamente custar-lhe-ia a vida.

 Rin mirou a youkai que estava enroscada em seu lorde, a feição que esta deixava transparecer através do rosto bonito de longe seria das melhores, os olhos vermelhos estavam incendiados por certo descontentamento e não faltaria muito até que esta perdesse a compostura pela interferência, “Claro que esta estaria irritada, apesar de tudo estava interrompendo o momento intimo de ambos.” Riu divertida.

-Sessh-

-Silêncio Kagura. – cortou-a, sua voz timbrou fria e baixa para que apenas esta escutasse. – Isto não lhe diz respeito. - ditou brusco como que adivinhando o que a mulher lhe perguntaria. A youkai movimentou a cabeça concordando com o pedido “Quem seria aquela humana?...”.

Sesshoumaru voltou à atenção para a humana outra vez.

-Certo, faça isso. Como ver eu já o fiz. - instigou-a - O sabor que agora inunda minha boca nem de longe se compara. “ao seu” completou em pensamento “Já que o doce que tanto anseio só virá de ti, pequena.” Rosnou pelo pensamento insano.

-Oh, e como meu lorde! - a raiva agora era evidente, o corpo feminino temblava de ira - Creio que assisti de camarote a sua limpeza bucal realizada nela. – e antes que percebesse seu dedo indicador apontava acusadoramente para a youkai e para fêmea que segurava próximo ao seu corpo. Sesshoumaru mirou surpreso o comportamento enfurecido da humana, para onde fora toda aquela calma que a acometia momentos atrás? Será que aquela criança não o deixaria de surpreender? Riu, um som leve e sensual que corara a menina e surpreendera a youkai ainda em seus braços.

-Sim e creio que tenha visto de um dos melhores lugares. - Sesshoumaru agora acariciava a nuca da fêmea que ainda se encontrava fortemente agarrada a ele, fazendo-a ronronar pelo roçar leve dos longos dedos que desciam pelos fios negros soltos até a cintura fina. - Mas se queria tanto assim assistir deveria ter-me dito, não sabia que tinha estes desejos. – provocou-a divertido, os lábios finos sendo tomados progressivamente por um delicioso sorriso repleto de malícia.

Rin fechou a mão em punhos e uma veia saltou-lhe na testa delicada ao ver os carinhos dedicados à youkai e principalmente ao ouvi-lo dizer tamanhas barbaridades a seu respeito, “Maldito! Como ele ousava! Minha paciência tem limite!” bufou raivosa, Rin apertava os dedos de encontro à palma da mão numa tentativa quase frustrada de buscar calma, não se permitiria ceder às provocações do jovem youkai,  apesar de tudo este era seu mestre e devia-lhe o mínimo de respeito, mesmo que isto lhe custasse todos os nervos do corpo, mas nem tudo tinha que sair tão respeitosamente, não era mesmo?

- Pois nem eu! - revirou os olhos sem paciência, desde a chegada daquele youkai seu humor estava péssimo, - Mas eu só continuaria se os acontecimentos estivessem como posso dizer, um pouco mais instigantes. - o tom irônico novamente sucumbiu-lhe as palavras. – E como não estão, frustrou-me. – riu sarcástica enquanto mirava debochadamente os orbes dourados - Então tenho algo bem mais interessante para observar do que este açoitamento ao pudor. – sorriu-lhe cínica. Sesshoumaru rosnou ao ouvir a resposta da mulher à sua frente e como o esperado sua paciência se esvaiu de seu corpo a uma velocidade irracional, principalmente quando se tratava daquela fêmea humana, como um ser tão desprezível como aquele não apresentava temor alguma à sua frágil vida? Como tinha o descaramento de enfrentar-lhe? Todo o divertimento que o consumia momentos atrás sucumbiu diante das palavras ferinas da humana, rosnou em ira.

- Humana...- destilou cheio de asco-  Sinto um pesar enorme por não corresponder às suas expectativas. – a ira se unia ao deboche evidente na voz masculina, os olhos friamente dourados miraram com desprezo os de cor chocolate. - Então devo continuar para saciar-lhe a vontade por doses mais fortes de emoções. - dizendo isto Sesshoumaru capturou os lábios da youkai nos seus em um beijo faminto e luxurioso, a língua canina passeava pela cavidade úmida de um modo torturante, sugando-a com força e paixão, as mãos grandes do youkai deixaram a nuca da fêmea e desceram em direção à cintura bem delineada puxando-a de encontro ao seu quadril em movimentos sensuais para logo mais subir para a região que anteriormente estava apenas para aprofundar mais o contato entre as bocas. Rin apenas assistia a tudo, sem reação alguma, atônita, tomada pelo choque, realmente não queria ver aquilo, não queria, as mãos pequenas da humana subiram até a região do tórax e apertaram o tecido fino do kimono que recobria o peito, como que para tentar parar, segurar algo que não estava bem lá dentro, por mais que quisesse seus olhos não conseguiam desviar daqueles seres que se atracavam à sua frente, por mais que tentasse suas pernas não se moviam, só ouvia as respirações ofegantes e os gemidos que emanavam de ambas as bocas que se consumiam vorazmente, observou que  as mãos grandes do youkai  não se deteram na nuca feminina logo deslizaram pelas laterais do corpo curvilíneo trazendo-o para mais próximo ao seu, e com esse movimento algo partiu naquela região onde antes apertava o tecido entre os dedos.

 “Maldição! Maldição! Para onde fora todo aquele desejo por Kagura?!” rosnou entre os lábios da mulher, Rin, aquela humana irritante sabia realmente como fazê-lo perder a cabeça e como seu orgulho não o permitia perder nem mesmo uma batalha de palavras, principalmente quando ela dissera que ele não era capaz de satisfazê-la, seu orgulho não deixaria passar e para provoca-la, neste exato momento estava se aproveitando de Kagura, tomando-a como o desejava fazer com Rin, rosnou irritado, uma reles humana, queria possuir uma reles humana Sesshoumaru? Pensou cheio de frustração. Os orbes dourados que antes se atentavam ao rosto luxurioso da youkai, voltaram-se maliciosos em busca dos da morena, mas se arrependeu ao fazê-lo, pois quando o mar âmbar se encontrou com o chocolate que inundava o rosto feminino, sentiu algo no peito agonizar-se, a face da jovem que os assistiam era tomada por algo que não conseguira desvendar, a expressão que marcava aquele rosto infantil era torturante, mas seu orgulho não o permitia parar com sua provocação, maldita hora que Rin adentrara aquele quarto, maldita hora que o lembrara do beijo que trocaram momentos atrás e maldita hora que o fez perceber que não a tinha em seus braços.

Não sabia de onde tirara força para movimentar-se, mas seu corpo não aguentava mais observar o Lorde beijando e se esfregando em outra mulher, o odiava e agora mais ainda, talvez tenha sido este sentimento ruim que a fizera tomar uma atitude e esboçar na face jovial um sorriso tão irônico e cínico para combater a tristeza que a açoitava. Ajeitou o kimono no corpo pequeno, alinhou sua postura, sabia que não prestariam atenção em si agora, então apenas seguiria o que viera fazer anteriormente.

-Com sua licença meu Lorde, irei apenas recolher as louças no chão e a esquecida anteriormente em seu aposento e me retirarei. Peço perdão pelo inconveniente. – a voz feminina saiu imperceptivelmente tremula, o corpo pequeno abaixou-se para apanhar os objetos e estilhaços que momentos atrás se espalharam pelo chão, fez uma leve reverencia antes de virar-se e rumou a passos rápidos em direção à porta e passou por esta sem em momento algum olhar para trás.

Ao ouvir o baque forte da porta Sesshoumaru empurrou Kagura para longe, afastando-a de seu corpo e limpando os lábios com a costa da mão direita, os orbes dourados estavam perigosamente estreitados, irritado com o que fizera e principalmente com o que sentia.

- Saia Kagura. - a voz fria e imponente adentrara os ouvidos da mulher como farpas de gelo em uma ordem dura.

-Como?- perguntou atônita. - Que atitude é essa Sesshoumaru?- os olhos vermelhos cintilavam de raiva, o rosto bonito estava se distorcendo em pura cólera, “Como ousava expulsa-la?!”

-Esta surda Kagura?- perguntou debochado - Eu disse saia. E não repetirei novamente. – mirou-a com os olhos semicerrados, sua paciência estava a um fio, Sesshoumaru levou os dedos longos aos cabelos e alinhou os fios de modo nervoso, precisava de um tempo só para colocar seus pensamentos no lugar.

- Como ousas Sesshoumaru?- Kagura ajeitou o kimono impaciente, já não estava entendendo mais nada, se não se enganava a pouco menos de alguns minutos estavam se entregando um ao outro e agora esta atitude de desprezo. - Não me quer mais, Sesshoumaru?- indagou esperançosa, lançando lhe um olhar insinuante.

E em segundos Kagura sentiu seu pescoço ser envolto por uma mão forte e seu corpo elevar-se do chão, o aperto sufocante proporcionado pelos dedos esbeltos do youkai estavam a lhe tirar o ar que sofregamente mal chegavam aos pulmões, as garras afiadas feriam-lhe a pele macia sem dó ou clemencia, o inuyoukai estava possesso e cheio de fúria mirou-a nos olhos, encarando cruelmente, saciando-se com a dor que  aquela ventania vermelha que se depositava naqueles grandes rubis que o observavam assustados lhe passava.

-Maldita! Não me ouviu?! Saia. - rosnou raivoso, apertando cada vez mais o pescoço da youkai, já não bastava àquela serva humana, ainda tinha que aturar outra fêmea a desacatar lhe.

-Cer-to ape-nas solte-me. – murmurou dificilmente as palavras ao youkai, o ar sumiu-lhe das narinas e não mais chegavam aos seus pulmões, Sesshoumaru estava realmente estranho, seria aquela fedelha humana que o deixara tão irritado? –Va-mos, sol-te-me ou não quer – que- eu vá- embo-ra?!- a voz falha deixou a boca vermelha de modo irônico, Kagura mirou o youkai nos olhos e sentiu o homem afrouxar os dedos entorno do seu pescoço. Sesshoumaru libertou a carne macia de suas garras e viu quando o corpo sem forças despencou no chão gelado.

 Kagura alisava o local machucado, mais alguns segundos e tudo estaria perdido...

-Vamos Kagura, suma da minha frente.- o youkai olhou-a de cima, os orbes dourados semicerrados, a youkai apenas se levantou, retirou uma pena que lhe adornava os cabelos e como o vento que vem sem avisar a mulher se foi, numa ventania vermelha como os olhos que lhe enfeitavam a face.

-Droga!- rosnou, as garras descendo pelas madeixas prateadas de modo inquieto- Criança insolente, o que fez com este youkai?- as palavras estavam cobertas de frustração, os orbes dourados miravam entorpecidos um ponto qualquer na parede à frente - Preciso colocar minha cabeça em ordem. - socou a parede com força - Não há possibilidade de que este youkai esteja encantado com uma reles humana...- as garras afiadas deslizaram torturantes pela face alva ferindo-a –Necessito caçar...- sentiu as garras moverem-se nas pontas dos dedos ansiosas por sangue- Sim, o cheiro de medo que trás a morte iminente, a fuga desesperada pela vida, o sangue quente a escorrer pela pele.. - riu prazeroso, os orbes adquirindo uma tonalidade rubra, as estrias se alargando em seu corpo, a excitação de uma caçada colocaria fim a estes pensamentos inapropriados a um ser de sua magnificência, só desse modo voltaria a ser o que realmente era, um predador ávido por sangue.

 E sem mais pensar sobre o  que o atormentava momentos atrás, o youkai saltou pela janela em direção a floresta, mas antes não o tivesse feito... seu olfato apurado de todos os cheiros presentes no ar se atiçara a um que não lhe deixava em paz, o doce cheiro daquela fêmea humana, ao senti-lo o youkai puxou-a o ar mais fortemente, mas algo não estava certo, mesclado àquela inebriante essência se encontrava um odor fétido, uma mistura de suor e terra e foi ao voltar seus olhos escarlates para o local de onde vinha o torturante aroma de Rin que seu corpo se encheu de uma ira jamais sentida, na porta de saída da cozinha, recostada junto a esta estava Rin sorrindo alegremente na companhia de um macho humano.