Unusual Way escrita por Carol Dias


Capítulo 2
Capítulo 1




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Lágrimas escorriam em seu rosto e seus olhos chegavam a arder. Mesmo após todos esses anos, Rachel ainda não havia se acostumado a cortar cebola. Parou o que estava fazendo, lavou as mãos e as secou em seu avental. Guido, seu gato, passeava pela cozinha na espera de algum pedaço de tomate, que geralmente ela jogava, mas já estava cansado de esperar até que sua dona pisou sem querer em seu rabo o fazendo soltar um miado histérico.

“Guido, Guido, me desculpa”, o gato nem deu atenção às suas desculpas e foi andando para a sala do apartamento.

“Eu ainda vou matar esse gato e usá-lo como recheio nas minhas tortas”, disse Emma, tia de Rachel, enquanto mexia uma panela de molho.

Quando Rachel foi para Nova York aos dezesseis anos, ela ficou aos cuidados de sua tia que morava na cidade e era dona do Per Mangiare Ristorante. Emma, ao contrário de seu irmão mais novo Hiram, havia nascido na Itália e sempre honrou sua descendência ao cozinhar magníficas massas. Ela acolheu sua sobrinha na cidade e deu emprego a ela no restaurante quando seus planos não deram certo e por fim, acabou assumindo o negócio da tia que já estava querendo se aposentar antecipadamente para poder viajar o mundo inteiro.

“Se você fizer isso, eu vou usar seu cabelo pra fazer tapete”, falou desafiadora.

“Você não ousaria, Rachel Berry”.

“Claro que não, que nojo! Um cara do Project Runway usou cabelo humano na coleção final dele, ainda bem que ele perdeu”, falou, finalmente acabando com sua obrigação com as cebolas e jogando os pedacinhos na frigideira.

“Será que se ele ganhasse, ele compraria meu cabelo? Ele é vermelho e sedoso, acho que posso ganhar um bom dinheiro com ele”, Rachel riu.

“Hm, Tia... Sabe aquele cara que sempre vai no restaurante pra escrever?”.

“O que escreve mais que come? Sei”.

“Eu falei com ele ontem e você não vai acreditar, ele é o Finn que estudou comigo no McKinley”.

“Finn? Aquele garoto alto que você morria de amores?”, apagou o fogo do molho e jogou a massa no refogado de cebola.

“É! Quer dizer, não, eu não morria de amores por ele, ele só era meu amigo e nós perdemos o contato depois que vim pra cá”.

“Hmmm, entendi”. Dito isso, o celular de Rachel tocou e para sua alegria, Emma atendeu.

“Alô!” “Ah, oi” “Não, é a tia dela, vou passar o celular pra ela, ela vai ficar muito feliz porque você ligou pra ela, ela tá precisando sair, sabia?”.

“TIA EMMA”, disse, arrancando o celular da mão dela. “E cuidado que a massa tá queimando”

“Stronzate!” (Merda)

“Alô?”, tomara que não seja o Finn, tomara que não seja o Finn – pensou. “Oi, Finn”.

“Então, você tá precisando sair, é?, ele riu do outro lado do telefone.

“Não liga pra minha tia, ela é doida”, ainda bem que ele não podia vê-la, pois ela estava da cor dos cabelos de Emma.

“Ah, então é uma pena, porque eu liguei justamente pra te chamar pra sair”, ela pode perceber o tom de brincadeira na voz dele.

“Quem disse que a gente precisa sair? Você pode vir jantar no meu apartamento hoje à noite, se quiser”.

“Hoje eu não posso, pode ser amanhã às oito?”

“Amanhã? Claro, amanhã tá legal... Até amanhã, então”

“At.................”, e ela desligou sem deixar que ele terminasse. Fechou os olhos e respirou fundo.

“Quem disse que a gente precisa sair? Inhe inhe inhe ”, falou Emma imitando a voz da sobrinha e Rachel jogou um pano de prato nela.

-

Finn estava parado há quinze minutos em frente à banca de flores pensando se seria muito piegas levá-las, ou não para Rachel. Decidiu por fim compras um pequeno buquê, se ela não gostasse, ela poderia jogar fora e tudo continuaria numa boa, não é mesmo? Assim ele pensava. Continuou caminhando até o lugar em que ficava o restaurante, foi até a porta que ficava ao lado dele e tocou a campainha. Não demorou muito para que ela aparecesse e abrisse a porta, ainda de avental, mas perfeita na visão dele.

“São pra mim?”, perguntou ao ver o buquê na mão dele e percebendo que ele mal se movia.

“É, são pra você”, entregou a ela, que fez sinal com a mão para que ele entrasse. Os dois subiram os degraus da escada que davam para o apartamento que não era nada do que ele imaginava. Não era apenas uma simples construção em cima do restaurante, era um apartamento duplex e pelo o que ele pôde perceber, ainda havia um terraço.

“Você tem um belo apartamento”, ele disse, sentando-se no sofá que havia ali.

“Obrigada, mas na verdade é da minha tia. Bom, é meu também, moro aqui há oito anos”, falou da cozinha enquanto enchia um vaso com água para colocar as flores e as levou para a sala.

“Ela está aqui? Adoraria conhecê-la”, ele riu, lembrando da ligação do dia anterior.

“Não, não. A deixei no aeroporto hoje de manhã. Imagina, só: Ela acabou de se aposentar e só tem quarenta e dois anos! Foi viajar o mundo inteiro”.

“Ela parece ser bem cheia de energia”.

“Você não tem ideia”, então um apito foi ouvido.  “Nosso jantar está pronto”.

Os dois foram para a sala de jantar e ela levou a lasanha recém-saída do forno.

“Eu nunca vou cansar dessa lasanha, sério”, ele disse quando ela o serviu da primeira fatia.

“Eu tô surpresa que você não trouxe o notebook para escrever”.

“Haha, muito engraçada. Mas pode deixar que assim que eu chegar em casa eu vou escrever um monte de páginas do meu livro”.

“Então você está escrevendo um livro... É sobre o que?”.

“Vai ser surpresa, aliás, tem uma Rachel na história”.

“E essa Rachel é uma princesa?”.

“Não, ela é uma anã”, Rachel lhe lançou um olhar mortífero. “Mentira, ela é uma fada, mas não vou te falar mais nada, você pode roubar minhas ideias”.

“Então, o que você fez depois que eu deixei o McKinley?”

“Bem... Eu continuei estudando, comecei a trabalhar como assistente no Diário de Ohio, o editor leu uma das minhas redações, me chamou pra ser colunista e agora eu tô aqui”, disse, afinal, Rachel não precisava saber as outras coisas, era informação demais para um primeiro encontro... Aquilo era um encontro, né? “E você, o que fez depois que me abandonou em Lima?”

Rachel ficou em silêncio por alguns instantes, não era uma coisa boa de lembrar e aquilo a atormentava todos dias e já havia lhe causado várias consultas com seu psicólogo, mas já faziam anos e ela não podia voltar atrás para mudar qualquer coisa, não fora culpa dela. Já estava na hora de enfrentar o problema.

“Eu vim pra Nova York pra estrelar aquela peça na Broadway, estava tudo certo, meus pais tinham até me emancipado porque o musical tinha cenas de topless, cheguei a fazer vários ensaios, mas nunca pude me apresentar”, ela fala cada palavra vagarosamente, como se estivesse a ponto de chorar.

“Porque você nunca pode se apresentar?”, perguntou tocando a mão dela para lhe consolar e automaticamente ela soltou sua mão da dele, como se estivesse tocado em algo muito quente e a colocou na garganta inconscientemente e logo a tirou dali. Rachel tremia e estava quase chorando. “Você não precisa contar se não quiser, tá tudo bem”.

Ela não falou nada, apenas se aproximou dele, o abraçou e começou a chorar. Ficou ali por um bom tempo apenas colocando toda a sua dor pra fora e ele acariciava seus cabelos, tentando lhe passar o mínimo de conforto que podia.

“É muito bom ter você aqui comigo de novo, Finny”.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelas reviews e pela recepção de vocês à fic ♥ Eu queria responder os comentários, mas eu não consegui, assim como não consigo comentar nesse site.........................................
Enfim, espero que estejam gostando (: