Klaus e Violet em geral tinham uma boa memória quanto a sua vida antes do incêndio. E mesmo que as memórias dessa vida com seus pais na mansão Baudelaire agora parecessem um sonho distante, um filme que tinham assistido há muito tempo atrás que estrelava pessoas que eles já haviam deixado de ser, eles gostavam de lembrar.

Ele se lembrava de quantas estantes e prateleiras haviam na biblioteca e do cheiro de tabaco que normalmente havia no blazer de seu pai.

Ela se lembrava da tábua desnivelada que havia no canto direito de seu antigo quarto e da pequena pinta que havia atrás da orelha direita de sua mãe.

E ambos se lembravam o tempo todo de sua mãe lhe dizendo para cuidarem um do outro e de Sunny quando estivessem na praia, e mesmo que soubessem muito bem quando havia dito isso sua mãe provavelmente estivesse se referindo a coisas como olhar para os dois lados antes de atravessar a rua ou não aceitar doces de estranhos tais palavras se tornaram um lema para si em cada situação de perigo que viesse no futuro.

Klaus e Violet em geral tinham uma boa imaginação, ele para histórias e ela para invenções, mas na maior parte do tempo eles não conseguiam imaginar o seu futuro distante, era sorte quando conseguiam ter expectativas para uma semana à diante.

Mas sempre acreditavam que se ainda estivessem vivos, juntos e cuidando um do outro estariam bem.