No capítulo anterior...

O sinal havia batido e o professor entrou na sala. Os alunos entraram aos poucos. Quando todos entraram, o professor fechou a porta e se posicionou à frente da mesa.

– Bom dia. - Ele disse e sequer nos deixou responder. - Na próxima semana, teremos as provas.

Ele se levantou e passou pela sala distribuindo calendários de prova. Eu não estudaria para nenhuma. Sem Eduarda, sem forças, sem estudos, sem fome, sem nada...

POV Thales

Era domingo e eu não havia estudado para nada. Comi pouquíssimo e não tinha vontade de fazer nada. Eu estava deitado em minha cama, ouvindo música. Eu estava pensando, será que isso tudo um dia passaria? Vale a pena passar por tudo isso apenas por uma pessoa que sequer tem o mesmo sangue que o meu correndo em suas veias? Eduarda estava sofrendo também, mas será que merecemos passar por tudo isso? 

Minha mãe interrompeu meus pensamentos se sentando ao meu lado em minha cama.

- Filho, estou preocupadíssima com você.

- E por quê?

- Não come há uns dias, não sai dessa cama...

- Estou bem, mãe.

- Mãe, deixe-o comigo. - Fernanda disse.

Minha mãe saiu do quarto, desconfiada. Fernanda se sentou perto de mim.

- Sei que há alguma coisa de errado entre você e Yuri.

- Não vou te falar nada. Sai daqui. - Eu disse, colocando meus fones de ouvido.

- Mas, Thales...

- Não insiste, se não quer que eu perca a cabeça.

- Mas o que Yuri te fez?

- Se fizer mais uma pergunta, não sei o que te faço.

- Thales, eu...

Eu perdi o controle e a empurrei da cama. Ela caiu no chão e gritou de susto. Eu não a machuquei.

- O que houve? - Meus pais chegaram no quarto. Minha mãe ajudou Fernanda a levantar.

- Thales ficou louco. - Fernanda disse, indignada.

Nem mesmo eu estava me reconhecendo. Minha mãe saiu do meu quarto com Fernanda. Meu pai respirou fundo e passou a mão em seu rosto.

- Você está usando drogas, não é?

- Eu? Por que eu usaria?

- É essa a pergunta que te faço.

Enfiei a cabeça debaixo da almofada. Percebi que estava sozinho em meu quarto, novamente.

POV Eduarda

Eu estava sozinha em casa. Meus pais saíram para jantar, mas Yuri me chamou para sair com ele, novamente, e aceitei. Ouvi um barulho muito alto. Achei que era um tiro. Olhei pela janela e não consegui saber o que era. Já contei a Yuri sobre o episódio dos trovões. E também fiquei com muito medo de um rapaz que parecia me olhar estranho, que estava no restaurante que jantamos na última vez. Fiquei com medo de ir a pé para casa na rua escura. Contei tudo isso a ele. Yuri disse que se esses meus medos continuassem, eu poderia estar sofrendo de "síndrome do pânico". Ele pareceu indiferente a isso. Eu também tinha medo de o que eu via nos noticiários, de repente, acontecesse comigo. Yuri sempre mudava de assunto para nós não ficarmos tristes. Um amor de pessoa. 

***

Eu já estava pronta e estava esperando Yuri. Não tinha nada de interessante na televisão. Até que a campainha tocou. Olhei pelo olho mágico. Era Yuri. Abri a porta e ele me mediu, com um sorriso inocente. 

- Você tá linda. - Ele me deu um beijo na bochecha. - Como sempre.

- Obrigada. - Abaixei a cabeça e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Vamos? - Ele estendeu a mão.

- Vamos. - Peguei em sua mão.

Saímos andando por uma rua escura. Aquilo estava me assustando.

- Yuri, onde nós vamos jantar?

- É logo ali. - Ele apontou para um restaurante muito bem iluminado e movimentado. Parecia ser muito chique.

- Estou com medo dessa rua.

- Não tenha medo.

Ele me abraçou para me proteger. Continuamos a andar assim. Até que um rapaz com um capuz preto veio em nossa direção, na mesma calçada. Esperei pelo pior.

- Yuri, esse cara...

E o rapaz, simplesmente, passou reto.

- O que tem ele?

- Achei que ele... - Era besteira. - Esquece. Vamos. - Eu o abracei, de novo.

Aquele medo estava me tormentando cada dia que passava. Nunca senti isso antes. Eu me sentia segura com Thales, mas será que esse medo todo existe porque ele saiu da minha vida?