Back To Your Heart escrita por Sora Takenouchi Ishida


Capítulo 1
Chegando em Casa




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Capítulo 1: Chegando em Casa

Yamato andou até seu apartamento. Ele esteve ausente por quase um ano, por causa de uma viagem espacial. Era bom estar de volta depois de tanto tempo. Ele não pôde evitar de suspirar. Ele sabia o que estava prestes a acontecer. Sua esposa estava cansada das longas viagens dele, já que constantemente reclamava que ele não passava tempo o bastante com a família e que seus filhos estavam crescendo e ele estava perdendo tudo. Ele entendia o que ela queria dizer, entendia mesmo. Mas ele queria que ela fosse um pouco mais compreensiva, como ela costumava ser quando eles eram apenas amigos. Ele tentou tirar o pensamento de sua cabeça, mas não precisou muito. Assim que ele entrou no corredor que levava ao seu apartamento e viu a placa “Os Ishidas” com seus Digimon nela, pendurada na porta, um sorriso se formou em seu rosto. Então ele percebeu que tudo ficaria bem. O loiro levou a mão até a maçaneta e a girou. Ele entrou e fechou a porta atrás dele cuidadosamente.

Aiko, sua filha de oito anos, estava deitada no sofá enquanto passava pelos canais. Sem levantar, ela disse. “Mãe?”
“Não.” Yamato disse calmamente.
A menina ficou parada enquanto tentava absorver a surpresa. Então ela desligou a TV e foi para a cozinha. Seus olhos aumentaram e ela gritou o mais alto que pôde.
“Papai!” Ela pulou nos braços de Yamato e ele quase caiu para trás. “Senti tanto sua falta!”
“Também senti a sua.”
“Como foi a viagem?”
“Foi boa, obrigado.”
“Sabe, uns dias atrás nós vimos uma reportagem na TV sobre sua volta. Foi aí que a mamãe descobriu.”
Yamato amarrou a cara. Ele sabia que sua esposa não gostava quando ele não avisava que estava voltando. Ele tentou ignorar isso.
“Onde está seu irmão?”
Aiko pareceu pensar por alguns instantes e depois andou para o lado para olhar o corredor.
“Ele está bem atrás de você.”
Yamato se virou e viu seu filho mais novo, Kouji, olhando intensamente para ele. Ele segurava seu cobertor, um hábito – Yamato pensou para si mesmo – que não incomodava muito sua esposa. Ele se ajoelhou na frente de Kouji e esticou os braços. A criança não se mexeu no começo, mas depois correu para os braços de seu pai.
“Como você está, filho? Papai sentiu sua falta!”
O menino não disse nada. Yamato o pegou no colo e se virou para sua filha.
“Aiko, onde está sua mãe?”
A menina deu de ombros. “Ela já deveria ter voltado. Ela me disse que só ia ao supermercado. Deve ter encontrado o tio Taichi no caminho. Você sabe o quanto ele gosta de falar.”
Aiko girou os olhos. Yamato tinha uma expressão séria no seu rosto. Ele iria ter uma longa conversa com sua esposa. Ele suspirou. Essa não era a recepção que ele esperava. Mas também, quando era? A mulher com quem ele se casou se tornou alguém completamente diferente da garota que ele se apaixonou quando tinha catorze anos.
“Pai, você está bem?"
“Sim. Sim, estou bem, Aiko.” Ele colocou Kouji no chão. “Vou tomar banho.”
“Tá bom. Vou falar para a mamãe quando ela voltar.”
Yamato olhou para sua filha. Ela era igualzinha a sua esposa, exceto que ela herdou seu cabelo loiro. Ela também tinha um Gabumon como seu digimon, já que todos os filhos dos Escolhidos tinham um Digimon também. O astronauta sorriu e depois foi para o seu quarto.

Taichi estava levando Sora para seu apartamento. Eles se encontraram no supermercado enquanto ela comprava comida para o jantar. Já que ela estava com os gêmeos recém nascidos, ele decidiu ajudar ela.
“A Akiko não vai ficar brava com você?” Sora perguntou mais uma vez.
Taichi suspirou. “Bem, sim. Mas você precisava da minha ajuda, então...”
“Não fique se achando muito.”
Os dois fizeram a usual troca de ofensas amigável e ficaram sérios novamente. Taichi estava louco para perguntar o que queria, mas não sabia se seria apropriado. Ele decidiu perguntar assim mesmo.
“Então Sora, o Yamato volta logo?”
A mulher suspirou. “Sim. Volta sim. Mas não sei o quão logo será.”
Ela pausou. Taichi olhou para ela e por um momento ele achou que ela iria se acabar em lágrimas. Ela respirou fundo antes de continuar.
“Eu sei que você acha que devo ser mais compreensiva nessa situação, mas eu não sei o que fazer, Taichi. Eu me sinto sem forças. É como se tudo o que eu dissesse entrasse por um ouvido e saísse pelo outro.”
“Bem, Sora, você precisa entender que isso não é fácil para o Yamato. Ele está fazendo o melhor que pode. Ele poderia ficar longe por anos, como alguns astronautas fazem. Mas ele não fica, porque ele sabe que sua família é tão importante quanto seu trabalho. Ele está fazendo algo que ama. Você sabe que ele é o tipo de pessoa que adora explorar. E já que ele conhece quase todos os países, ele achou que era hora de dar um passo maior.” Ele suspirou. “Sabe, eu realmente não sei em que lado ficar, já que ambos são meus melhores amigos. Eu realmente odeio ver vocês passando por isso, porque eu me sinto sem forças. Vocês se amam! Não deveria ser tão difícil, certo?”
Sora olhou para o chão. “Certo.”
“Koushiro e eu estávamos falando sobre isso uns dias atrás.”
A mulher de cabelos vermelhos levantou a cabeça e olhou para seu amigo, visivelmente surpresa. “Estavam?”
“Sim. Estávamos falando de como é injusto seu casamento com Yamato ter ficado desse jeito. Vocês estavam tão apaixonados há uns anos atrás. É uma pena que isso aconteceu.”
Sora não pôde evitar sorrir. Ela, Yamato, Taichi e Koushiro sempre foram muito próximos. Claro que todos os Escolhidos ainda eram próximos, mas eles tinham uma ligação muito especial desde que se encontraram no acampamento, dezenove anos atrás.
“Bem, eu agradeço que você e Koushiro tenham pensado em mim e Yamato e eu peço desculpas por ter afetado vocês de algum jeito pelo que está acontecendo. Você sabe que eu impediria se pudesse. Odeio ver as pessoas ao me redor tristes.”
“Há algo que você pode fazer.”
“O que é?”
“Fale com Yamato, Sora. Senão, você não poderá salvar seu casamento. É isso o que você quer?”
A mulher olhou para os gêmeos. “Não. Não é isso o que eu quero.”
“Tenho certeza que Yamato também não quer.”
“Mas eu não acho que valha a pena nesse momento.”
“O que quer dizer?”
“Eu não acho que só amor será capaz de arrumar esse casamento.”
“A guardiã do Amor duvidando do seu poder? O que aconteceu?”
Ela deu de ombros. “Eu cresci, eu acho.”
“Sora, me escute.” Taichi colocou uma mão no ombro dela. “Se alguém pode fazer qualquer coisa para consertar qualquer relacionamento, não importa o quão arruinado esteja, é você. Eu sei que você consegue. Mimi e Koushiro também sabem. Mas você precisa acreditar que você pode fazer isso.”
“Taichi.”
“Eu não quero que meus melhores amigos se sintam tristes, sabe? O Takeru já está preocupado com o Yamato e eu não o culpo. Nenhum de nós pode fazer algo para salvar seu casamento, só você e Yamato podem.”
“Eu não sabia... que minha dor estava afetando todos vocês.”
“Sora, nós te amamos. Você é doce, gentil, honesta, bonita. Mas acima de tudo, você é forte. Eu acredito que você consegue fazer tudo o que quer. Se você e Yamato decidirem que é inútil manter esse casamento, estaremos aqui para te apoiar, sempre. Mas tudo o que pedimos – e eu falo por todos os Escolhidos – é que você não desista antes de tentar salvar seu relacionamento.”
A mulher estava prestes a responder quando o celular de Taichi tocou. Ele colocou a mão no bolso e pegou o aparelho.
“O que você quer?”
Sora girou os olhos e sorriu. Só havia uma pessoa com a qual Taichi falaria desse jeito. Ela pôde ouvir a voz da mulher começando a ficar mais alta. Taichi tirou o telefone do seu ouvido.
“Pare de gritar, Hikari! Não sou surdo. Estava conversando com a Sora.”
“Oh.” A voz de Hikari ficou baixa. “Como ela está?”
“Do mesmo jeito, eu acho.”
“Você acha?” Ela suspirou. “Bem, estamos esperando você para podermos sair. E não demore muito. Já estamos atrasados.”
Taichi respirou fundo. “Não vou demorar.”
“Mande um oi para a Sora.”
“Pode deixar. Tchau.”
“Hikari?” Sora perguntou, embora já soubesse a resposta.
“É. Nós vamos sair para celebrar o aniversário de nossos pais.”
“Deseje felicidades à eles por mim.”
“Claro.” Ele a encarou. “Agora me prometa que você e Yamato vão conversar.”
“Não é como se tivéssemos escolha, considerando que você me pressionou para valer.” Ela sorriu.
“Falo sério, Sora. Se o resto de nós pode fazer nossos casamentos durarem, eu tenho certeza absoluta que você também pode.”
“Obrigada, Taichi.” A mulher de cabelos vermelhos pegou as mãos dele. “Por ter fé em mim quando minhas esperanças pareciam ter acabado.”
“Não precisa me agradecer. Amigos são para isso.”
“Às vezes gostaria que nunca tivéssemos crescido. Tudo parecia mais fácil quando éramos crianças.”
“Tem razão. Mas se não tivéssemos crescido, não estaríamos onde estamos agora.” Ele estapeou sua testa. “Meu deus! Eu não queria...”
“Tudo bem, Taichi. Eu sei o que quis dizer. Estou muito feliz que você e Akiko se casaram. Você mudou muito desde então.”
“É, acho que sim. Eu sinto muito, Sora. Tenho que ir agora. Hikari disse que todos estão esperando por mim então tenho que me apressar.”
“Tudo bem. Não vou te segurar mais, Embaixador.”
Eles sorriram um para o outro e se abraçaram. Sora ficou olhando enquanto Taichi corria para sua casa.
“Ele mudou bastante, não é?” Piyomon perguntou.
Sora olhou para sua digimon, surpresa. “Há quanto tempo está aqui?”
“Desde que vocês pararam aqui.”
“Você deixou Aiko e Kouji sozinhos, Piyomon?”
“Eles não estão sozinhos.”
“O quê?”
“Os digimons deles estão com eles.” Piyomon mentiu.
“É mesmo.” A mulher abriu o portão. “Você se certificou de que ninguém viu você voando, não é?”
Sora olhou para Piyomon novamente e levou um susto quando ela corou. “Piyomon!”
“Desculpa. Mas você está fazendo as pessoas olharem para nós.”
Os olhos de Sora arregalaram e ela correu para dentro.

Depois de levar mais de uma hora para se arrumar, Taichi finalmente chegou à casa de seus pais. Hikari estava muito brava com ele.
“Que diabos aconteceu?” Ela perguntou, furiosa.
“Não fui eu, Hikari.” Ele tentou inventar uma desculpa. “Foi o Takato que demorou a se arrumar.”
“O quê?”
“Pare de mentir, Taichi.” Akiko se intrometeu. “Não ponha a culpa no nosso filho quando você foi o responsável. Estávamos prontos há horas.”
Taichi não pôde evitar suspirar. Não havia como ele ganhar isso.
“Podemos ir?”
“Sim. Mas eu não sei se conseguiremos nossa reserva agora.” Hikari suspirou.
“Hikari, seu marido não vem?”
“Noivo, mãe. E ele vai trabalhar até tarde. Seremos só eu e Yamazaki.”
“Seu noivo sempre trabalha até tarde, não trabalha, irmãzinha?”
“Bem, acho que isso é que é ser médico. E pare de me chamar de irmãzinha. Tenho vinte e seis anos.”
“Tanto faz.”
“Enfim, ele ficou muito próximo do Jyou. Bem, o pai dele é amigo do pai do Jyou então ele conhece o Jyou desde criança, mas eles nunca foram tão próximos.”
“Isso é legal, Hikari.”
“É sim. Por causa disso, Jyou e eu também ficamos próximos. Quero dizer, não que nunca fôssemos, mas você me entende. Enfim, como está a Sora, Taichi?”
“Ela está se segurando. Eu encontrei com ela enquanto ela estava comprando comida com Ayumi e Masanori.”
“Eles devem estar lindos!”
“Quantos meses eles têm?” A Sra. Kamiya perguntou.
“Eu acho que três meses ou algo assim. Yamato vai ficar tão surpreso quando ele descobrir, tenho certeza.”
“Ele não sabe?”
“Bem, não. A Sora descobriu que estava grávida quando ele já tinha partido para outra missão.”
“Deve ter sido tão difícil para ela. Encarar uma gravidez sem ele por perto.”
“É, acho que sim. Mas ela está acostumada, eu acredito.”
“Tenho certeza que ela fez um ótimo trabalho. Ela foi bem criada. Mesmo ela não se dando muito bem com a mãe, Sora se inspirava muito nela.”
“É, ela se tornou uma mulher incrível. Tenho certeza que Aiko se inspira nela também.”
“Quando o Yamato volta, irmão?”
“Eh... não tenho idéia. Nem a Sora sabe. Aparentemente ele volta sem lhe avisar.”
“´Sério? Não sabia que o casamento deles era assim.” A Sra. Kamiya disse.
“Bem, não era. A verdade é que nenhum de nós sabe o que realmente aconteceu, mãe. Quero dizer, ela nos contou o que aconteceu, mas acho que ela está escondendo algo.”
Hikari assentiu com a cabeça. A Sra. Kamiya pareceu visivelmente surpresa.
“´Sério? Bem, espero que eles se acertem.”
“Isso é o que todos nós esperamos, mãe.” Hikari finalmente falou, e depois olhou no seu relógio. “Bem, a reserva já era. Eu trabalhei duro para conseguir.”
“Sinto muito, Hikari.”
Um sorriso enorme surgiu no rosto de Taichi. “Quem quer pizza?”

Mimi estava indo para casa. Ela teve um dia puxado, como sempre. Ser assistente de um cozinheiro não era exatamente seu trabalho ideal, mas ela sabia muito bem que ela teria que dar duro para alcançar seus sonhos.
“Por quê você está sorrindo?” Palmon perguntou curiosamente.
“Estava pensando em pararmos no instituto de pesquisa e ver o Koushiro. O que você acha?”
“Acho que é uma grande idéia, Mimi! Faz tempo que não vemos Koushiro e Tentomon.”
“É, tem razão.”
“O pai da Sora não trabalha com ele?”
“Sim. E o irmão do Jyou também. Não falo com a Sora há um tempão. Me sinto uma amiga tão ruim. Me lembre de ligar para ela depois, Palmon.”
“Claro.”
As duas entraram no instituto, torcendo para Koushiro não ter ido para casa.
“Koushiro!” Mimi falou animadamente enquanto entrava em seu escritório.
O coração dele parou de bater por um momento. “Mimi... o que está fazendo aqui?”
“Eu vim te ver. Faz tempo que não nos vemos, então eu pensei que poderia passar aqui, já que estava indo para casa e esse é o caminho mais curto.”
Koushiro sorriu para sua amiga e juntou suas coisas. Ele levantou e pegou sua pasta.
“Você gostaria de comer ou beber algo?”
“Claro, eu adoraria.” Ela concordou alegremente.

Sora estava esperando pelo elevador. A felicidade que estampava seu rosto momentos antes foi substituída por tristeza.
“Sora?” Piyomon tentou chamar a atenção de sua parceira. “O que está havendo?”
“O que?” Ela balançou a cabeça. “Nada.”
“Você está pensando no Yamato, não está?”
Sora corou um pouco. “Sim. Estou pensando no que fazer quando ele voltar.”
“Sora.”
“Piyomon, você acha que eu sou uma pessoa má? Acha que estou exagerando?”
“Você não é uma má pessoa, Sora. Mas eu acho que você exagerou um pouco. É uma situação complicada, mas acho que vocês dois estão fazendo o melhor que podem.”
Sora suspirou. “É tão frustrante, sabe? Eu entendo o lado dele, mas ficar longe por tanto tempo era a última coisa que eu esperava que ele fizesse. Acho que estou chateada porque meu pai sempre estava fora e eu não quero que meus filhos experimentem tamanha dor.”
“Sora, você tem que dizer ao Yamato como se sente. Ele merece saber.”
“É, acho que tem razão.” Ela limpou as lágrimas dos olhos. “Eu não sei o que faria sem você, Piyomon.”
“Eu também te amo, Sora.”
A digimon e sua parceira saíram do elevador e andaram em direção ao apartamento. Sora abriu a porta e entrou.
“Aiko, Kouji, mamãe chegou.”
A garota estava assistindo televisão por causa da risada alta que ela deu e do barulho vindo do aparelho. Piyomon rapidamente foi dar uma olhada em Kouji para ver se ele estava dormindo novamente. Sora colocou o carrinho dos bebês na sala de estar e foi abrir a geladeira e começou a guardar as coisas. Ela deu uma rápida olhada em direção à porta, mas o par de sapatos não-usuais passou despercebido por ela. Ela voltou sua atenção ao que estava fazendo e foi até a pia para guardar as sacolas numa gaveta. Foi quando a ruiva ficou em pé que ela sentiu alguém atrás dela e uma mão sendo colocada ao redor da sua cintura. Suas pernas perderam o balanço e seu coração parou de bater quando ela percebeu quem era. Ela lentamente se virou e seus olhos cor de canela encontraram os azuis bebê dele.
“Yamato.”


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