Do Olimpo Ao Mundo Emerso escrita por LoverVillains


Capítulo 8
Na Terra do Mar




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Senar

Senar estava inquieto, só agora se deu conta em que se metera. Já fazia cento e cinquenta anos que não se tinha noticia do Mundo Submerso. E agora sua missão era encontra-lo e convencer o rei a ajudar o Mundo Emerso numa guerra que ninguém poderia prever o fim.

Agora ali na fronteira da Terra da Água com a Terra do Mar pareceu-lhe uma missão sem esperança. Ouviu som de galope e logo avistou Allicia vindo em sua direção, ela era realmente uma jovem muito bela, além de inteligente que, desde que o conheceu, permaneceu ao seu lado enquanto treinava para se tornar Conselheiro, acreditava que ela lembrava um pouco Nihal na hora de combater é claro e da teimosia, fora isso eram completamente opostas.

-Desculpe a demora mago- disse ela descendo de seu cavalo negro, ela tinha uma facilidade incrível para tratar de cavalos.

-Tudo bem, acho que tinha um grupo bastante grande para se despedir- respondeu com um sorriso fraco fazendo com que seu machucado ardesse.

-Na verdade eu só me despedi do Percy – disse ela encarando-a e assumindo uma expressão preocupada ao notar o corte em seu rosto. – Di immortales Senar, o que houve com você?

-Nada de mais- respondeu- apenas um acidente.

-Ah claro- disse ela revirando os olhos, ela fazia muito isso quando participava das conversas com os outros conselheiros. – Vai me dizer que acidentalmente alguém pegou a espada e lhe fez um corte na face?

-Quase isso- disse montando em seu cavalo e depois olhando serio para ela- você tem certeza de que quer mesmo ir?

-Dagon já me autorizou meus amigos já sabem e eu não tenho duvidas disso- disse ela enumerando os fatos com os dedos- você não pode fazer nada para que eu mude de ideia mago.

-Allicia, eu não sei o que nos espera, nem mesmo sei se esse mundo ainda existe.

-É o que iremos descobrir- disse ela sorrindo enquanto seu cavalo galopava.

Esporeou o cavalo e pôs-se a segui-la

Chegaram ao seu vilarejo Phelta, no fim da manhã, antes de partir para um desafio desconhecido sentiu a necessidade de rever a mãe.

O céu estava negro e carregado de chuva, as ruas estavam desertas e a brisa marinha que ele tanto amava era melancolicamente reconfortante, apesar de muito quieta Allicia parecia concordar já que assim que entraram na Terra do Mar seu rosto ficou mais corado e seu olhar assumiu um leve brilho.

A aldeia era um conjunto de casas modestas e não havia mais de duzentos habitantes, de repente uma multidão de lembranças da sua infância veio-lhe a mente.

Quando chegou diante da porta hesitou um pouco antes de bater, veio abrir uma mulher miúda e sardenta, envelhecida desde a última vez que se viram. Usava um vestido simples preto que contrastavam com sua cabeleira branca presa em um simples coque. Os seus olhos, no entanto, continuavam os mesmos belos verdes de que se lembrava e brilharam ao reconhecê-lo.

-Você voltou- disse abraçando-lhe com força.

Ao entrar e observar a pequena casa notou que nada mudara, as coisas simples e a limpeza impecável eram os mesmos da sua infância. A mulher se precipitou logo para a cozinha e aprontou o fogão a lenha.

-Por que não avisou que viria e acompanhado, ainda- disse observando Allicia que continuava quieta como se entendesse o que Senar sentia naquele momento.

-Essa é Allicia- disse naturalmente.

-É um prazer senhora- disse a jovem estendendo-lhe a mão e dando um sorriso cativante.

-Esta é uma ocasião especial, precisamos festejar- disse enquanto ia de um lado para o outro sem parar, pegando panelas e talheres- Não tenho muito a oferecer.

-Não se preocupe mamãe- tentou tranquiliza-la Senar.

A mulher fez um gesto com a mão e voltou sua atenção para o fogão, enquanto cozinhava não parou um só momento de falar, contou sobre sua vida e quis saber sobre a vida dele e deixou-o completamente envergonhado quando perguntou de Allicia era sua namorada.

-Ah não. - respondeu Allicia tomando frente, mas havia um sorriso divertido em seus lábios que ele não entendeu- Somos colegas de viagem.

A mulher assentiu e perguntou mais sobre a jovem que dava algumas respostas um tanto esquivas, nem mesmo Senar sabia muito sobre ela, mas acho que na hora certa ela contaria tudo.

Logo depois Senar voltou a ser o centro da conversa e perguntou sobre a irmã mais velha e logo soube que ela se casara e morava do outro lado da aldeia, não contou a mãe para onde realmente viajaria, não queria lhe contar a verdade.

...

Após o almoço humilde, mas delicioso da mãe, os dois seguiram caminho, optaram por ir a pé.  O céu estava lívido de nuvens e não demorou a começar a chover, o mar surgiu imenso e escuro diante deles e o olhar de Allicia brilhou.

-Sua mãe é uma ótima pessoa – disse após um tempo de caminhada.

-Sim- concordou- eu não fazia ideia do quanto sentia falta dela até revê-la.

-E sua irmã? – perguntou cautelosa- Há algum tipo de problema entre vocês?

-Mais ou menos, Kala nunca realmente concordou em que eu deixasse a minha família para morar com Soana e tornar-me um mago.

Senar parou e olhou a sua volta, e então divisou a casa ao longe e sentiu sua coragem falhar.

-Acho que podemos dar um pulo na hospedaria antes- disse desviando-se do caminho.

Um homem idoso, de barba branca e rosto queimado de sol, empurrava com esforço um tonel para a entrada da estalagem e praguejava contra a chuva.

-Faraq- disse Senar para Allicia ao reconhecer o velho - só ele para encontrar tantas maneiras diferentes de praguejar contra alguma coisa.

Quando chegou mais perto perguntou:

-Está precisando de ajuda?

O homem teve um sobressalto e virou-se de repente, Allicia parecia segurar-se para não rir.

-Ficou louco? Quer que eu tenha um troço? Quem diabo você é?

Senar conteve um sorriso. O hospedeiro continuava um velho rabugento como sempre.

-Não esta se lembrando de mim?

Faraq esquadrinhou-o com olhar critico, aí deu uma palmada na testa.

-Mas sim, claro! Você é Senar o mago. Puxa vida, devo mesmo estar ficando velho. A última vez que o vi, você não passava de um garoto, e agora está bem mais alto que eu. – Riu enquanto sua atenção voltou para Allicia que observava a cena divertida. – E não tinha uma companhia tão bela. Venham, vamos sair da chuva.

A hospedaria para Senar parecia ter ficado menor. O mago puxou uma cadeira para Allicia e depois se sentou a sua frente enquanto o velho desaparecia atrás do balcão.

 -Temos que festejar. Com essa chuva fria temos que beber algo bem forte- disse o velho sentando-se na mesa com uma garrafa cheia de um liquido roxo e outra com um liquido de um verde mais claro e três copos. – Não sei se sua namorada vai querer beber isso...

-Eu não sou namorada dele- esclareceu Allicia.

-Bem, é uma pena para você garoto, se eu tivesse a sua idade não deixaria uma jovem tão bela escapar- disse abrindo a garrafa com o liquido roxo e despejando em dois copos e depois pegando a outra garrafa e despejando seu conteúdo no copo e entregando a Allicia- Bem-vindo de volta mago.

O velho esvaziou o copo num gole só. Já Senar deu apenas um gole e foi o suficiente para tossir e ficar com a garganta em chamas. Allicia começou a rir abertamente.

-Como é que é? Um homem como você não aguenta o Tubarão? – Perguntou Faraq também rindo.

-O que é isso exatamente? – perguntou Allicia pegando o copo e cheirando o seu conteúdo.

-Tubarão é um licor bem forte, é tradição na vila quando um rapaz complete seus dezesseis anos beba dele, simboliza a transição para a idade adulta- explicou Senar pegando um pouco da outra bebida que era mais adocicada e fez muito melhor que o Tubarão- É a primeira vez que experimento, na Terra do Sol e da Água não há nada parecido.

-Perdeu muita coisa indo embora- brincou Faraq- Mas ouvi dizerque subiu na vida e se tornou Conselheiro, não é?

Senar assentiu.

Após alguns copos que Senar nem ousou contar ele lhe contou o motivo de estar de volta na vila deixando o velho pasmo. Faraq argumentou dizendo que ninguém que tentou conseguiu voltar, e que era loucura a ideia deles, mas no final disse para que voltasse no dia seguinte.


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