Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 6
Capítulo 6 - CAÇADA CRUEL


Notas iniciais do capítulo

Oi amadinhas , estou adiantando o capitulo de amanhã , primeiro por que amo vocês é claro rsrsrrs , mas é que provavelmente não terei tempo este domingo então lá vai , vamos ver como andam as coisas em Volterra hoje , estão com saudades de Jason ?Ele tá crescendo e já tem gente de olho cuidado menino hahahah.



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Nahuel olhava impaciente pela porta principal do castelo. Aquela demora era inaceitável para ele. Mas começava a ouvir o som do motor do Mustang vermelho correndo pela estradinha de pedra numa velocidade absurda, parando em frente ao castelo numa manobra imprudente. O guarda da entrada logo abria o carro e não disfarçou sua cara de admiração ao olhar a bela mulher de pele clara e cabelos negros, que brilhavam em lindos cachos soltos e bem tratados, que caiam por suas costas. Ela deu a ele um sorriso provocativo, saindo do carro com suas pernas perfeitas, que saiam pela fenda do vestido cor de vinho. Um salto fino, de um sapato negro, dava um contraste muito sensual e sentiu que o quarda meio que bambeou nas pernas, ao ajuda-la a descer do carro. Sorriu mais ainda satisfeita, com o efeito qua causava na criatura, mas logo avistou seu irmão na porta principal, e o sorriso desmanchou. Bufou de forma mal educada para ele, tirando os óculos escuros, revelando seus belos olhos azuis piscina.



– Nahuel, meu bom e velho irmão. Quantas saudades! Não vai me dar um beijo?


Jogou seu casaco de pele marrom em uma cadeira da entrada, revelando o decote chamativo à frente do vestido vinho.

Nahuel a olhou impaciente, com seus braços para trás e suas mãos juntas. Tinha que se controlar na presença dela. Ela tinha o dom de tirá-lo do sério, só em olhar para ela. Sem esperar, a mulher lhe deu um estalinho longo nos lábios, prendendo seu rosto com as mãos. Nahuel não se moveu. Fechou os olhos, esperando ela acabar com sua provocação. Ela o soltou, com um sorriso nos lábios.

– Sempre frio comigo, não é mesmo maninho? Que pena!

Ela piscou, limpando o canto da boca, o batom que tinha borrado com o beijo. Olhou o hall de entrada do castelo, com expressão de tédio.

– Então, este é o castelo Volturi. Não me parece grande coisa, afinal.

Nerida continuava sua análise.

– Por que demorou tanto, Nerida?

–Ora, estava fazendo compras, maninho. Afinal, vinha para um castelo. Não queria envergonha-lo. Não é mesmo?

–Aro está ficando impaciente com sua demora.

–Ô! Tô muito preocupada com isso. Afinal, estou aqui, não estou? O que mais você quer?

A voz de Nerida era estridente e nada angelical ou suave, como são as dos vampiros, mas ela não é uma vampira completa. Nahuel franzil a testa irritado com aquela voz, que mexia com seus nervos. Começavam a ouvir passos rápidos se aproximando do hall de entrada. Nerida se virou para ver quem se aproximava, estranhando a cara de contrariado do irmão. Um era um vampiro. Ela pôde identificar o cheiro adocicado de hortelã e menta. Era inconfundível! Já sabia quem era. Ela o conhecia, mas o outro cheiro era muito convidativo. Fez Nerida salivar. Era o cheiro de sangue em uma temperatura muito tentadora. Quase fervente. O cheiro misturava a almíscar e madeira. O que a fez inflar mais as narinas, não só de sede, mas desejo também. Aquele cheiro era muito masculino. Alec apareceu e logo atrás dele veio um rapaz. Não devia ter nem uns quinze anos. Nerida ouvia seu coração, estranhando aquela criatura linda à sua frente. Mas a sede queimava a sua garganta. Se aproximou, mas foi impedida por Alec. Uma fumaça negra saiu de suas mãos, e ela se sentiu tonta e cega.

–Não se aproxime, Nerida. Não lancei meu dom completamente em você, mas se não controlar sua sede, eu a deixarei sem sentido por dias.

–Não ameace minha irmã, Alec.

–Então, a controle, Nahuel. Você viu o que ela ia fazer e nem mesmo tentou segura-la. Aro saberá disso

–Aro está a espera de Nerida, Alec. E acho, que seu garoto daria conta dela sozinho. É muito protetor, Alec. Está me saindo uma mamãe muito zelosa.

Luciam rosnou para Nahuel. Mas Nahuel sorriu em deboche, à reação do menino.

–Ele é só uma criança, Nahuel. Só tem três anos. Você sabe disso.

–Três anos? Mas como é possível?

Nerida se levantava da cadeira, que tinha usado para se amparar, com a mão na testa.

Alec a olhou desconfiado, mas ela não tinha mais o olhar de assassina de antes. Estava mais tranquila, e parecia mais curiosa agora.

–Sim! Lucian só tem três anos de idade

Nerida sorria, mordendo os lábios. Aproximou-se do menino, que a olhava admirado.

–Lindo!

Nerida deu uma risada esfuziante e continuou sua análise ao menino.

–Ele é lindo. Deveria ter me dito, meu irmão, que encontraria tal criatura aqui. Eu teria vindo muito mais rápido. Você fala, meu querido?

–Claro que falo. Quando há algo a ser dito, minha senhora.

Nerida sorria divertida, mordendo os lábios, com os olhos brilhando.

–Minha senhora nãããoooo, por favor. Lucian, é este seu nome?

–É! Ele é Lucian Volturi, o princepezinho de Volterra, Nerida.

Nerida olhou para Nahuel, que disse o nome e o título do menino, com indisfarçável desgosto.

–Um Príncepe? Que interessante! Sempre quis conhecer um príncepe. Não estes reis. Eles são enfadonhos e cansativos. Mas um príncepe mexe com a imaginação de qualquer mulher. Mesmo uma imortal como eu.

Nerida se aproximou do menino, depositando um beijo em sua bochecha. Ficou alí, respirando seu cheiro, mas foi puxada pelo braço, por Nahuel, que a puxava para sair do hall. Mas ela olhava para trás, encantada com o menino, que agora a olhava com um sorriso contido nos lábios.

–Até daqui a pouco, meu príncepe. Nos encontraremos de novo.

Nerida disse, sendo levada escada acima, por um irritado Nahuel.

Alec olhou para Lucian, que alisava o rosto no local do beijo, com um indisfarçável sorrisinho. Alec seguiu com ele para fora do castelo, caminhando para mais uma caçada na floresta.

–Qual é o seu segredo, garoto? As vampiras caem aos seus pés e agora as híbridas também. O que é isso? Mas tome cuidado com ela Lucian. Seu sangue a atraiu. Ela provavelmente vai te atacar, como as aranhas fazem.

Luciam ria divertido.

–Não tenho medo dela. Ela é muito linda. Posso cuidar dela. Não vou deixar ela me machucar.

–Cuidado, garoto. As híbridas são diferentes. São muito passionais e apaixonadas. Podem ser perigosas e letais, como qualquer vampira. Já falamos sobre isso.

Lucian parecia pensar e parou a caminhada no meio do jardim, fazendo Alec parar e olhar para ele. Lucian tinha um olhar perdido e distante, como se buscasse lembranças perdidas. Olhou para Alec.

–Ela é como minha mãe, não é? Minha mãe é uma híbrida?

–Sabe que não posso falar disso com você, Lucian. E já disse para guadrar suas lembranças pra você. Não deve falar delas com ninguém. Nem mesmo comigo. Vamos caçar agora.

Lucian o seguiu, mas sua mente não parava de trabalhar. Tinha vagas lembranças ou sonhos. Não sabia distiguir uma bela mulher de olhos doces de chocolate, com cabelos cor de bronze, que o embalava em uma música suave, de uma melodia doce. Mas nunca pôde revelar seus sonhos ou outra coisa que fosse para ninguém. Alec o interrompia, sem mesmo lhe dar a chance de continuar. Era frustrante. Se sentia compelido a perguntar, a qestiona-lo com veemência, até. Mas algo dentro dele se revoltava contra isso. Como se não saber a verdade, fosse protege-lo de alguma maneira. Mas não saberia dizer que tipo de proteção era essa, por seus sentimentos? Ou o fato da verdade ser muito dura. Ser abandonado por sua mãe era algo que ele talvez não precise saber e nem queira. Olhava as costas de Alec. Seu andar firme, de soldado, que uma vez fora. Mas que agora, só é seu tutor. Tinha tantas questões a formular, que sua cabeça parecia girar em volta do próprio pescoço. Talvez se eu for devagar. Uma pergunta por vez, eu consiga obter algumas respostas...

– Alec, por que não é mais chamado para as missões da guarda?

Alec desviou o olhar para a floresta à frente, e parecia pensar em uma resposta satisfatória, ou numa bela mentira descarada. Vamos ver, o que sai mais aceitável?

– Minha missão é você, Lucian. Somentre você, no momento.

Aquilo me frustou muito. Eu tinha tirado um soldado poderoso, como eu sabia que ele era,de combate. Para cuidar de mim. Ser meu tutor, profesor... quase um pai. Não é justo com ele. Como ele suporta isso? Não estar na batalha, em alguma missão secreta.

– Não preciso mais de babá, Alec. Deveria voltar a sua antiga posição na guarda. Falarei com Aro imediatamente sobre isso.

Alec ergueu a sombrancelha, e parecia alarmado.

– Não, Lucian! Não faça isso. Eu tenho muita alegria em cuidar de você. É algo que eu tenho muito orgulho, garoto. Não pense mais nisso, está bem?

A tristeza que eu vi em seu olhar, me fez calar a boca e me amaldiçoar, por ter insistido nisso. Mas que para mim, é algo incompreencível não querer ir à luta. Não querer estar em uma batalha contra o inimigo. É inaceitável! Como ele pode não querer estar lá?

– Desculpe, Ala. Eu só não entendo. Daria qualquer coisa para poder entrar na guarda e servir como um soldado, ou qualquer coisa, para poder ir em uma missão ou estar em uma batalha. Eu sei que foi um importante general Volturi. Não entendo porque Nahuel está nessa posição agora. Ele não tem méritos para isso. Você é melhor! E eu serviria ao seu lado, com muita honra.

– Seu espírito de luta é como o de sua...

Ele ia falar. Eu podia sentir as palavras morrerem em seus lábios, mas não disse. Apenas tocou meu ombro, em um gesto de carinho, fechando os olhos em uma expressão de dor. Não pude impedir que a palavra saísse da minha boca.

– Como minha... MÃE. É isso?

Nova pausa. Outro olhar de dor, com uma balançada negativa na cabeça e minha frase conhecida já estava lá de novo.

– Não devemos falar sobre isso.

Chega! Isso é incapacitador demais. Corri para a floresta na frente. Precisava matar algo. Verter o sangue e beber com voracidade, para eliminar a minha fúria. Três flancos à frente de Alec. Ouvi ele me chamar por algumas vezes, mas o ignorei completamente. Precisava achar uma presa, e não demorou para encontrar um bela raposa, que estava distraída, comendo sua última caça. Eu deixei que ela terminasse aquela, que seria sua última refeição. Não queria pegar ela distraída. Seria fácil demais. Eu precisava de desafio e algo que de tirasse da minha inquietação por respostas. Ela percebeu minha presença. Soltou um rosnado e deu uma carreira pra trás, mas eu pulei em seu flanco direito, a enforcando, com uma gravata. Ela se debatia e eu a golpeei em seu dorso, cruelmente. Ela soltou um grunido de dor, e parecia ter quebrado alguns ossos. Cravei meus dentes, sugando dela, seu sangue quente e vital. Ouvi seu último suspiro, e seu corpo desfalecendo em meus braços. Deitei ela no chão. Não tinha sido uma boa caça. Aquilo não me satisfez. Muito pelo contrário. Me fez me sentir completamente vazio. Afaguei seu pêlo avermelhado e me vi sentindo pena do pobre animal. Era tão magnífico e forte agora. Seu corpo sem vida me parecia tão fragil. Era cruel. Mesmo que eu precisasse daquilo, talvez não seja o certo. Mata-la assim?!?! Eu fui um animal. A machuquei sem necessidade. Poderia só ter drenado seu corpo. Ela mal saberia o que a atirgira. Mas eu senti necessidade de assusta-la, feri-la e maltrata-la. Por quê?

– Lucian? Lucian?

Eu chamei por ele, mas ele parecia perdido, em uma espécie de tranze, ajoelhado, com o corpo da raposa vermelha morta em seus braços. Seus olhos tinham perdido a cor do castanho chocolate de sempre, e estavam escurecidos. Negros! Completamente negros, olhando o corpo da raposa. Me aproximei com reserva e cuidado. Mesmo naquela posição, ele tinha uma ar perigoso e alerta.

– Lucian...

Toquei seu ombro, e ele se levantou, com o corpo da raposa em seus braços.

– Vou leva-la comigo...

Ele não disse mais nada. Começou a caminhar firmemente, em direção ao castelo. Segui ele, me mantendo um pouco mais afastado. Ele estava estranho. Senti que precisava respeitar seu espaço. Seguiu direto para a casa de caça, que tinha sido de Demetri. Lá havia o porão, onde antigamente Demetri levava suas caças. Era seu esporte favorito. Dissecava e empalhava os animais. Não entendia o que Lucian queria, mas seu olhar escurecido era assustador. Era atormentador. Me sentia incapacitado de chegar até ele pela primeira vez em três anos. Ele estava longe de mim. Em algum lugar devastador em sua mente. Talvez, ninguém tenha acesso a ele neste momento.

Entrou na cabana, indo exatamente para o porão. Era escuro alí. Só uma fina luz passava por uma janela minúscula, quase no teto do cômodo. Facas, espingardas e foices de todos os tamanhos, revestiam todas as paredes até o teto. Como se alguém alí no castelo , precisasse disso para matar algo naquele lugar. Só mesmo a mente doente de Demetri para ter tido algo assim. Lucian colocou o animal na mesa e analisava as facas na parede. Eu senti um forte calafrio na minha espinha. Algo que eu não sentia há muito tempo. Tanto, que eu demorei para descobrir o que era. Eu estava com medo. Medo de Lucian e do seu olhar de morte, que estudavam aquelas facas e foices. Pegou uma, que era menor, mas muito bem talhada, com uma ponta fina e seu aço brilhava como novo. Passou o dedo nas pontas, verificando seu corte e foi até o animal. Se eu fosse humano, teria vomitado com cena. Ele tirou todo o pêlo do animal, com uma precisão assombrosa. Como se tivesse feito isso a vida toda, ou além. Sem sujeira. Limpo e preciso, separou seu pêlo inteiramente. Depois, separou sua carne, e eu tive que olhar aquela cena, que vai me acompanhar para sempre. Era quase um ritual. Ele comeu toda a carne crua do animal, incluindo seus órgãos internos. Somente algumas partes foram separadas, e ele enterrou fora da casa, de maneira quase respeitosa. Era um ritual. Eu não tenho dúvidas sobre isso. Era uma reverência, como se ele tivesse devolvendo à terra, o que tinha tirado dela. Não ouvia o que ele falava, mas era nítido que fazia alguma oração ou agradecimento. Ele cavou a terra com as próprias mãos, e colocou alí, o que restara do animal. Cobriu com a terra e espalmou suas mãos na pequena cova coberta, silencioso e respeitoso. Sua respiração era quase nada. Seu corpo parecia ter perdido a sua temperatura febril de sempre. Agora, suas íris era da cor de sempre. O chocolate voltara. Ele se levantava, voltando à casa, pegando o pêlo do animal.

– Vamos, Alec.

Eu o segui, ainda incapaz de falar qualquer coisa. Onde ele tinha visto isso? Que ritual era esse? E por que ele o fez?

Assim que chegamos no castelo, ele foi para seu quarto, e Felipe o aguardava como sempre quando voltavamos da caça, para pegar suas roupas e preparar seu banho. Mas dessa vez, Lucian dispensou seus cuidados e apenas entregou a ele o pêlo do animal.

– Quero que mande fazer algo que eu possa usar, Felipe. Não sei! Coloque em um casaco, qualquer coisa. Mas aproveite. Talvez uma manta. Você decide. Não importa...

Felipe me olhou confuso, e eu apenas confirmei com a cabeça, para que ele providenciasse o que fora pedido. E ele pareceu entender.

– Como queira, meu príncepe.

Obrigado, Felipe. Pode ir. Eu mesmo cuido de mim agora. Não quero mais que me espere depois da caça e nem que prepare meu banho. Está dispensado apartir de hoje, destas tarefas.

– É um gosto servi-lo, senhor.

– Obrigado! Mas não mais, meu velho.

O pobre Felipe choraria àquela hora se pudesse. Eu tinha certeza disso. Mas apenas assentiu, se curvando respeitosamente, em uma mesura e saiu do quarto.

– Está bem, Lucian?

– Sim! Estou ótimo, Alec. Eu acho melhor eu ter meu próprio quarto agora. Não me sinto à vontade dividindo mais o quarto com você.

O que? Aquilo já tava indo um pouco longe demais. Não dividir o quarto. Ele queria se afastar de mim. De todos, pelo jeito, por isso dispensava Felipe, a quem era apegado. O que faria a Chelsea depois?

– Não dividimos o quarto, Lucian. Só você dorme, lembra?

– Mesmo assim. Prefiro ficar só. E penso que você também deveria ficar um pouco mais só. Privacidade. É isso... eu preciso de privacidade.

– Está me dispensando, Lucian? É isso?

– Sim! É isso... Quero que cuide de sua vida apartir de hoje. Quero que você, Felipe e Chelsea, cuidem de suas vidas. Me deixem só.

Nossa!!! Isso dói. Ser dispensado, como um trapo velho, que já teve sua utilidade, e agora era só um incômodo. Era cruel. Ele estava sendo, deliberadamente cruel. Mas por que isso? Não era de sua natureza.

– Lamento, garoto, mas não é assim que funciona. Não sou seu empregado. Não pode me dispensar. Quer um quarto só pra você? Ok! Fique com esse. Mas quanto a mim, não pode me mandar embora de sua vida, como fez com o pobre Felipe... Não, meu amigo. Nossa relação está muito além disso... Nem pense em levar isso a Aro. Não se atreva com isso. Entendeu? Quer ficar só? Pois fique. Mas sinto em lhe dizer, que essa merda, de sou uma ilha, não vai funcionar comigo. Sou sua família e você é a minha. Não há negociação aqui.

Ele abaixou a cabeça, sentando na bera da cama. Seu ar, era de alguém muito mais velho, e não de um garoto. Parecia lutar com algo dentro dele.

–Eu não queria ser cruel, Alec. Só queria liberta-lo. Me sinto como um fardo para você e para os outros. Alguém que não se encaixa. Uma peça que não tem posição no guebra-cabeças. Quero que seja livre, que volte para a guarda. Posso cuidar de mim agora. Sou um...

–Um homem!!! Ainda não, garoto. Falta-lhe muito. E esse shouzinho é a prova disso. Mesmo apreciando seu gesto, vou recusa-lo. Eu e você cuidamos um do outro. Lembre-se disso. Agora é assim e sempre será.

–Tem sua irmã, Alec. Ela é sua família.

–Muito engraçado. Então, começe a chama-la de tia. Porque você é minha família também. É meu filho. Não de carne, mas de coração.

Lucian piscou algumas vezes, e vi uma lágrima brilhar em seu olho, que ele tratou logo de enxuga-la, como se fosse nada, além de uma poeira, que estava em seu olho. Ele não era assim. Nada de lágrimas para aquele garoto. Ele ere firme como uma rocha. Se levantou, erguendo o rosto, orgulhoso e altivo. E me vi pequeno, perante ele. É um menino, mas é maior que eu. Mais forte. Parecia um trator, com seus ombros largos e olhar penetrante.

–Sempre será como um pai pra mim, Alec... Obrigado! Me perdoe por isso. Eu acho que me perdi por algumas horas, de mim mesmo.

–O que ouve lá? O que foi aquilo tudo? O ritual com o animal? Que foi aquilo pra você?

–Eu não sei. Precisava honra-la, pela maneira desreipeitosa com o qual eu tirei a sua vida. Fui sanguinário sem nescessidade, e precisava me desculpar com a natureza. Ela me deu seu sangue. A sua vida, para que eu me alimentasse. Eu a machuquei. A assustei deliberadamente.

–Se sentiu menhor fazendo isso?

–Sim!!! Me senti honrando-a de alguma maneira, como se sua morte fosse justificada. Toda sua carne e corpo foram aproveitados.

–Bom! Esteja bem com isso. Precisa se alimentar. Não tem nada de errado quanto a isso. É sua natureza. Mas tem razão. Não precisa ser cruel com o animal por isso. Pode drena-lo sem machuca-lo. Ele nem saberá o que aconteceu.

–Sim, eu sei. Não farei mais assim. Fiz uma promessa lá, enquanto a enterrava. Nunca mais farei algo assim. Foi terrível.

Abracei Lucian e ele desabou seu corpo enorme em cima de mim. Era mais fácil quando ele era uma criança menor. Agora, mesmo pra mim, era complicado mante-lo.

–Ei, garoto. Eu acho melhor você descansar um pouco na cama, se não, vamos cair. Você está cada dia maior. Onde você vai parar assim? Terei que chamar Felix para segura-lo agora.

Lucian logo se ajeitou contrariado, se jogando na cama, displicentemente, fazendo a cama chiar com seu peso.

– Sai fora... Não quero nenhum macho me segurando.

Ri da cara de nojo que ele fazia.

–Saia daí! Vá tomar banho, ou chamo Felipe para faze-lo.

–Não, não. Chega disso. Vou para o banho sozinho.

Saiu para o banho, rolando da cama, batendo a porta do banheiro.

Ele está crescendo assustadoramente rápido demais. Logo seria isso. Um homem. Eu tinha sido um bom tutor até alí. Tinha o afastado dos perigos de Volterra, mas era mais fácil manter uma criança entretida. Mas já é quase um homem. O que eu faria para mante-lo em segurança. Esfreguei a têmpora, tentando com isso, achar uma resposta. Mas é impossível. Me senti impotente e já fracassado na minha missão.

–Há! Nessie, Nessie, me ajude. Eu preciso de ajuda, minha amiga... Eu tô fazendo o melhor que eu posso, mas tenho medo de fracassar com você e com ele. Muito medo. Me ajude minha amiga. Me ajude meu anjo...


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Notas finais do capítulo

"Sou uma filha da natureza:
quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo."
Clarice Lispector



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