Innocence escrita por Enid Black


Capítulo 3
Nacht


Notas iniciais do capítulo

YOOO! Aqui estou eu com mais um capítulo de Innocence ^.^ Cara, eu estou tão empolgada com essa one-shot um pouco grande demais KK Espero que gostem dela também! E quero agradecer a todos que estão lendo e me dando uma força *-* Boa leitura!



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Abri meus olhos assustada, reprimindo um grito de medo, e percebi que haviamos chegado ao nosso destino. A tempestade havia passado, dando lugar ao sol forte, e deixando apenas uma estrada molhada como resquício do que havia passado.

Meu pai desacelerava o carro para estacioná-lo enquanto a casa pintava a paisagem a nossa frente. Assim que vi a frente da casa, um arrepio gélido percorreu meu corpo, lembrando-me do sonho que eu acabara de ter, o sorriso perturbador da garota ainda manchava minha visão a cada vez que eu fechava os olhos. 

- Tudo bem, filha? - minha mãe perguntou, descendo do carro e parando ao meu lado, com minha porta já aberta. 

- Tudo - respondi, e forcei um sorriso - Apenas um sonho ruim, nada demais. 

Minha mãe sorriu e afagou meu rosto, em uma atitude protetora. 

- Fique tranquila, os pesadelos estarão bem longe de você nessa nova casa - ela disse, alegre.

Acho que o caso é totalmente o oposto, pensei, porém apenas assenti com a cabeça e segui ela enquanto nos aproximávamos mais uma vez do caminho de terra que levava a casa. 

Meu pai abriu a porta da casa, parecendo extremamente animado em estreiar a fechadura, e entrou rapidamente, seguido de nós duas. A mobília já havia sido colocada nos cômodos, o que me causava um pequeno alívio por perceber pelo menos uma diferença de meu sonho. 

Fui para a cozinha com meus pais, tentando ao máximo fazer tudo diferente de instantes atrás em minha mente, e ao mesmo tempo me julgando paranóica por tal ideia. 

- Por que não vai ver como ficou seu quarto querida? - minha mãe perguntou, segurando meus ombros levemente - Deve estar ansiosa para ver se está tudo do jeito que você gosta. 

- Certo - eu disse, evitando suspirar de frustração por ver meu plano louco fracassado. 

Voltei para a sala e subi as escadas, quando cheguei ao corredor agucei minha audição para ter certeza de que ainda conseguia ouvir meus pais conversando no cômodo abaixo.

As portas escuras observavam-me como se quisessem ver minha decisão de onde entraria, e o que veria. Ignorei o quarto que assombrara meu sonho, passando rapidamente ao lado da passagem para dirigir-me a outra porta fechada.

Senti-me tola pelo medo sem razão, mas só de pensar na garota fantasmagórica que escurecia a lembrança do sonho um arrepio descontrolado percorria toda a extensão de meu corpo. 

Entrei no quarto ao lado, e observei a decoração fina que havia sido feita para o quarto de meus pais. Uma cortina leve descia sobre a janela aberta, que deixava a luz alaranjada do sol entrar e encontar-se delicadamente no lençol fino que cobria a cama de casal, um armário amadeirado cobria a outra parede, esperando para abrigar as roupas que meus pais iriam guardar mais tarde. 

Saí do quarto e fechei a porta, visitando os outros cômodos que haviam por ali. Todos estavam devidamente mobiliados para cada função, prontos para nos receber quando quiséssemos. Percebi que meu aposento não estava entre os cômodos que eu havia visitado, e notei com uma sensação gélida no peito que meu quarto era justamente o marcado por meu sonho.

Era apenas uma coincidência, tentei forçar minha mente a aceitar esse fato, porém o tremor que habitava meus dedos quando aproximei minha mão da maçaneta mostrava que minha tentativa não estava funcionando.

Girei a maçaneta e empurrei a porta, mas essa não mostrou indícios de querer se movimentar. Tentei abrí-la novamente, porém ela resistiu da mesma maneira, barrando minha passagem para o quarto. Afastei-me da porta e desci as escadas, deparando-me com meus pais conversando animadamente na nova sala. 

- Mãe, por que meu quarto está trancado? - perguntei, no meio da escadaria, conseguindo a atenção dos dois. 

- Seu quarto não está trancado, querida. - minha mãe disse, seu rosto delicado mostrando uma leve confusão. 

- Está sim - continuei - Eu não consegui abrí-lo. 

Minha mãe levantou-se do sofá em que estava sentada confortavelmente e se dirigiu as escadas, sendo seguida pelo meu pai que demonstrava um leve medo de encontrar algum defeito na casa que antes parecia perfeita. 

Eles chegaram a porta do quarto, e minha mãe tentou abrí-la, recebendo a passagem para o interior do cômodo no mesmo instante. 

- Viu, filha? - ela disse, empurrando-me para dentro do aposento, como se nem isso eu fosse capaz de fazer naquele momento - Olha como seu quarto está lindo. 

Olhei para a porta que antes havia bloqueado firmemente minha passagem. Tentei ignorar o fato cobrindo-o com a suposição de que fora apenas uma coincidência, mesmo que um pressentimento sombrio nublasse meus pensamentos. 

Observei meu novo quarto, notando que ele estava exatamente do modo que eu havia pedido para meus pais. Uma cama coberta por uma colcha clara me aguardava a um canto do quarto, ao seu lado havia uma pequena mesinha escura com um abajur simples em cima.

Um armário grande cobria toda a extensão da parede oposta, iluminado fracamente pela luz de fim de tarde que vinha da janela aberta. Meus olhos se desviaram do canto em que letras escarlates foram arranhadas em meu sonho, mesmo com minha mente avisando o quão idiota eu estava sendo com aquele medo irracional, o pânico que se alastrava por meu corpo apenas de pensar em encontrar as letras rasgadas no papel de parede impedia que meu olhar poussasse no local. 

- É lindo mesmo - eu disse, tentando parecer feliz e não aterrorizada como estava por dentro. 

- Fizemos tudo como você gosta - minha mãe disse, chegando até onde eu estava e me abraçando, com um sorriso no rosto. 

- Sim, obrigada - respondi, querendo que meu sorriso fosse verdadeiro como o de minha mãe. 

- Lívia, nós temos de ir agora - meu pai disse, olhei para ele, esquecendo de sua presença encostada na passagem da porta - Temos muito o que comprar ainda. 

- É verdade - minha mãe assentiu, virando-se para mim e me dando um beijo na testa, como se eu fosse uma pequena criança - Voltamos daqui a pouco, querida. 

- Vocês irão me deixar aqui? - perguntei, sentindo um gélido arrepio percorrer meu corpo. 

- Sim, será mais rápido se formos apenas nós dois, enquanto isso você pode aproveitar sua linda nova casa - ela sorriu novamente, e virou-se para meu pai, os dois desaparecendo do quarto em poucos instantes. 

Sentei-me na cama, tentando controlar minha respiração que repentinamente ficara entrecortada. Ouvi o ruído baixo da porta se fechando no andar de baixo, e percebi, em pânico, que agora estava sozinha. 

Olhei pela janela, observando a paisagem verde escurecer a medida que o sol desaparecia, extinguindo sua luz alaranjada para dar lugar ao céu arroxeado que antecedia o anoitecer completo. Eu estava sozinha em um lugar que me dava arrepios, e ainda por cima eu teria de enfrentar meus medos com a escuridão da noite me observando. Percebi que minha situação não estava muito boa. 

Não tinha por que eu ter medo, tentei converncer à mim mesma. O sonho que eu tivera fora apenas fruto de minha ansiosidade com o novo lar, e não uma premonição de algum terror que me rondava.

Concentrei-me em respirar fundo, enquanto me levantava para acender a lâmpada do quarto, deixando a iluminação artificial me acalmar por alguns instantes. Decidi ir para outro cômodo, já que aquele quarto era o local de meus medos irracionais.

Desci as escadas calmamente e fui para a sala de estar. Acendi a luz e sentei-me no sofá, pegando o controle da televisão e colocando em qualquer canal que tivesse um programa bom o bastante para me distrair. 

Depois de alguns minutos na frente do aparelho, meus medos começaram a se esvair vagarosamente, até o momento em que eu começara a me perguntar como conseguira ficar aterrorizada por causa de um simples pesadelo. 

Porém, antes que eu pudesse me reconfortar tranquila no estofado do sofá, as luzes da casa se apagaram, e as risadas forçadas do programa de televisão de extinguiram, assim como sua cor.

Levantei-me sobressaltada, sentindo o coração bater descompassado enquanto tentava buscar uma explicação para o que tinha acontecido. Eu me encontrava em uma completa escuridão, a única coisa que eu conseguia ver claramente era a luz prateada da lua repousando tranquilamente além da janela da sala.

Tateei o celular que se encontrava em meu bolso, buscando a iluminação da tela para me guiar fracamente em meio ao breu, porém, antes que eu conseguisse ligar o aparelho, uma voz já conhecida invadiu minha mente novamente. 

"Meu nome é Innocence. Por que você não quer brincar comigo?"

No mesmo momento, o celular caiu de minha mão, batendo com um ruído surdo no chão escuro. O pânico começou a se alastrar novamente pelo meu corpo, senti-o começando a tremer descontroladamente enquanto eu tentava procurar uma saída daquele pesadelo, porém minha mente enevoada pelo terror não conseguia raciocinar claramente naquele momento. 

Comecei a ouvir passos arrastados a minha volta, pequenos sussurros que me rodeavam em sua brincadeira. Uma risada infantil tomou conta de minha mente. Tentei em vão colocar aos mãos nos ouvidos em uma tentativa tola de fazer aquele som parar, porém isso não conseguiu me ajudar. 

- Por que você não quer brincar comigo? - ouvi uma voz suave repetindo a minha frente, conti um grito de terror quando percebi que a  voz já não estava mais em minha cabeça.

- Por favor, não me machuque - ouvi minha voz dizendo tolamente, em um sussurro quase inaudível. 

A risada repetiu-se agora mais baixa, enquanto eu sentia a criatura aproximando-se de mim. 

- Você não quer brincar, é claro que preciso te machucar. 


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Notas finais do capítulo

Yeeeeeeeeee, e foi isso ^.^ Não sei quando postarei o próximo capítulo, pois ele ainda não está pronto, mas espero que seja logo *-* Enquanto isso, poderiam me mandar seus reviews lindos para me motivar a continuar a aventura da Innocence?