Loves Ways escrita por lollyb


Capítulo 30
All we ever do is say goodbye


Notas iniciais do capítulo

Ok, guys, estamos no penúltimo capítulo... Aproveitem, porque esse é o restinho da fic :'/
O nome do cap. é em referência a uma música do John Mayer. Não é meu cantor preferido, mas gosto muito dessa música em especial. Vocês vão entender porque ela nomeia o capítulo....



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As flores primaveris que embelezavam os jardins de forma extraordinária no começo de junho tinham murchado, e apenas algumas permaneciam. As tardes tornaram-se mais quentes e secas, e Serena relembrou como era aconchegante estar em uma casa de verdade nas férias. Na casa que era dela.

Numa terça-feira ensolarada, a garota esperava pelos amigos na varanda que ocupava todo o terceiro andar. Ela, admirando a paisagem de verão que se instalara lá fora – o raríssimo sol inglês e a brisa quente – acabou cochilando num dos refinados pufes.

Acordara com a campainha que soava pela casa toda, mas demorou um pouco para se lembrar que eram seus amigos que estavam lá. Serena passou por um dos banheiros do terceiro andar e lavou o rosto rapidamente, prendendo com desleixo os cabelos longos e negros.

Quando descia a escadaria, os amigos já tinham sido recepcionados por Kile, que fazia uma longa reverência aos adolescentes, e Snape estava próximo ao grupo.

'-Tio Severo' – Draco foi abraçado paternalmente pelo padrinho, que mantinha a expressão séria.

'-Draco, Zabini' – ele cumprimentou o moreno com um aceno de cabeça.

Eliza tremia ao lado do namorado, evitando olhar demais para a casa. A loira estava de costas para as escadas e seu coração quase saiu pela boca quando Snape aproximou-se para saudá-la. Ela mordeu os lábios rosados e apertou a mão de Blaise.

'-Elizabeth, seja bem vinda.' – ele disse, sem expressão, mas com o tom de voz cordial.

Eliza espantou-se imensamente. Nunca em seis anos em Hogwarts Snape sequer ameaçara chamá-la pelo nome. Os olhos verdes arregalaram-se e a garota empalideceu. A boca abria e fechava, mas o simples cumprimento não parecia sair.

Snape abaixou-se na altura do olhar vidrado dela e franziu o cenho.

'-Elizabeth?' – ela endireitou a postura e olhou para cima,para o homem que esperava dela uma reação. Viu que a menina tremia – 'Você está com medo' – ele bufou e chamou Kile,que veio prontamente – 'Traga um chá para a Srta. Duncan.'

'-Kile traz sim senhor.' – o elfo respondeu e saiu mais do que rapidamente.

'-E-Eu não estou com medo, Snape.' – ela gaguejou, incerta.

'-Se você está ou não é problema seu' – ele bradou, assustando ainda mais a menina – ', mas de qualquer forma não é necessário' – completou mais amenamente, preocupado com um possível ataque da garota – ', você está na casa de Serena.' – ele sorriu de lado.

Eliza não sabia se estava mais descontraída com o comentário, ou com mais medo.

A morena terminou de descer as escadas e pulou por trás da prima, assustando-a.

'-Não se preocupe, Loira. Tio Severo não fará nada com a sobrinha dele.' – Serena riu, debochando do pai.

Eliza revirou os olhos e abraçou-a.

'-Como eu senti sua falta, sua morena desalmada! Você não responde metade das minhas corujas!'

Serena riu de lado.

'-Já está perfeitamente aceitável responder uma por dia, Elizabeth.' – a loira, insatisfeita, rolou os olhos novamente.

'-Zabini' – ela cumprimentou o moreno com um abraço.

'-Snape querida.' – ele replicou, com uma reverencia risonha.

'-Hum, o Sr. Malfoy veio também.' – Serena ficou séria de repente e arqueou uma sobrancelha.

Draco sorriu fino de volta e ameaçou beijá-la.

'-Vamos, pessoal, temos que aproveitar o dia.' – ela deu as costas à ele e seguiu, rindo.

O loiro irritou-se e foi atrás dos demais praguejando.

'-Por que justo a sua filha, tio?' – ele perguntou para o padrinho, inconformado.

'-Foi você quem escolheu ficar com ela. Ninguém nunca disse que Serena era fácil.' – Snape sorriu de lado, debochando do menino – 'Boa sorte' – ele deu tapinhas nas costas de Draco.

Já no jardim, duas vassouras estavam jogadas no campo de quadribol quando o loiro chegou.

Cerrou os olhos e viu Serena e Eliza, ambas no chão, sobre as vassouras e Zabini ao lado da namorada, segurando firmemente sua cintura.

'-Estamos tentando ensinar essa nossa amiga a voar, Malfoy. Tem uma vassoura ali.' – Serena indicou com a cabeça, cansada de tentar fazer Eliza entender o processo de voar.

Depois de quase uma hora, todos estavam finalmente no ar, jogando uma partida amistosa.

'-Sinceramente, cansei de marcar nos seus aros.' – Serena, na vassoura, gritou para que Draco ouvisse.

'-Vai ver que é porque eu nunca fui um bosta de goleiro, Snape, eu sou APANHADOR! A-P-A-N-H-A-D-O-R!' – ele bradou em resposta – 'Não sei por que aceitei jogar com você!'

Blaise e Eliza, nas respectivas vassouras, conversavam romanticamente no ar enquanto os outros dois sonserinos trocavam xingamentos.

'-Ei, o que está havendo?' – Blaise voou até eles, interferindo.

'-Esse loiro aguado está dando uma de boiola, Blaise, só isso. Deve ser TPM. Agora que os pombinhos acabaram, vamos jogar!' – disse, irritada, e atirou uma goles no moreno, que a pegou no ato.

A partida foi tranqüila e ficou empatada, já que Eliza não sabia defender e Draco não sabia marcar. Serena aterrissou no gramado com agilidade e desceu da vassoura com destreza, mandando, com um feitiço, que ela se guardasse na casinha onde ficavam os artigos de quadribol.

Depois de recolhido o equipamento do jogo, Eliza resolveu que era um ótimo dia para tomar sol, colocando um biquíni cor-de-rosa, grandes óculos escuros e tirando um 'Semanário das Bruxas' da bolsinha extensível, com o cabelo loiro bem preso num rabo de cavalo.

Serena, vestindo uma camiseta larga de sua banda trouxa favorita e shorts vermelhos curtos, ocupou outra espreguiçadeira, o cabelo solto e bagunçado, para terminar a leitura de um livro.

Draco e Blaise resolveram jogar pólo aquático e a morena não pôde deixar de admirar as costas atléticas do loiro, obra o quabribol, que delineara cuidadosamente seu corpo magro.

Serena colocou o livro de lado, abaixou os óculos de sol que antes estavam na cabeça, e fechou os olhos, pronta para dormir à beira da piscina.

Acordou um tempo depois, no meio de uma confusão de braços musculosos. Despertou de verdade apenas dentro da piscina.

'-Filho de uma acromântula!' – ela urrou para ele, irritadíssima. Draco ria descontraidamente à beira da piscina. Tão descontraído como ela jamais vira.

Serena conhecia bem o lado completamente desleixado dele – o Draco da guerra, que tornara-se Comensal à base da tortura, e conhecia o lado pomposo e arrogante – o Draco que todos conheciam, mimado e de porte aristocrático.

Blaise estava dentro da piscina, os braços apoiados nas coxas de Eliza, que sentara na beira, apenas com parte das pernas na água.

Num salto, Serena deixou a piscina e pegou Draco de surpresa, arrastando-o para dentro junto com ela, e caíram abraçados com um estrondo que espirrou água na loira.

Malfoy apenas ria, passando a mão pelos cabelos para tirar a água e chacoalhando a cabeça loira depois. Serena cruzou os braços, enfezada.

A garota ameaçou ir até a prima e Zabini, mas parou quando viu que eles tinham começado uma sessão de beijos.

'-Ei, Serena' – o loiro chamou, puxando-a pelo braço – 'O que houve?' – ele perguntou, irritado.

Ela suspirou e deixou-se guiar por ele até o outro canto da piscina.

'-Por que você está agindo como a sonserina arrogante que você geralmente é? – ele ergueu ambas as sobrancelhas loiras.

'-Seu elogio tocou o fundo da minha alma, Malfoy.' – Serena bufou, cruzando os braços, mas olhando para ele com muitas emoções juntas nos olhos que costumavam ser gelados.

'-Você está me chamando de Malfoy! Francamente!' – ele gesticulou, sem entender, alterando o tom de voz – 'Há alguma coisa errada?' – perguntou, acalmando-se.

Serena hesitou um instante, quase negando-se a responder.

'-Eu senti sua falta' – ela admitiu, envergonhada e irritada ao mesmo tempo. Não era do feitio dela dizer aquelas coisas – 'Eu tava acostumada a te ver todos os dias, seu loiro aguado!' – ela deu um soco de leve, sem usar força alguma, no peito do rapaz, que a puxou para si depois.

Draco riu em seu ouvido.

'-Pare. Eu sabia que você ia debochar, não devia ter falado, seu Malfoy idiota.' – ela resmungou, sem conseguir sair do aconchego do tórax de Draco, que a prendia para que ela não o fizesse.

'-Eu também senti sua falta, sonserina azeda.' – ela mostrou a língua para ele, e quase disse um xingamento. Quase.

Mas não houve tempo; Draco capturou-lhe os lábios rapidamente e o beijo foi terno e cheio de saudade.

Outro sentimento novo para Serena. Era estranho sentir aquela tristezazinha que lhe consumia as vísceras dia após dia. Na época do orfanato, aquilo era completamente desconhecido.

'-E afinal qual é o grande problema em sentir minha falta?' – ele debochou, terminando o beijo, com as mãos ainda segurando a cintura da garota. Tinha um sorriso torto desacreditado no rosto.

'-Tenho medo disso.' – foi só um sussurro, e ela encarava o nada, evitando olhar para ele.

Depois de perceber que as amigas do orfanato iam e vinham, depois de lamentar a ida de cada uma delas, Serena nunca mais se apegou a ninguém. Tinha medo de precisar de alguém, de sentir falta. Tudo aquilo era muito novo.

Depois do pleno dia de sol, os amigos tomaram chá no terraço do terceiro andar. Os elfos montaram um verdadeiro banquete e os adolescentes comeram sentados em almofadas no chão.

Blaise foi o primeiro a desaparatar, dizendo 'au revoir' aos amigos e piscando debochadamente para o ex-professor, que revirou os olhos em resposta.

'-Draco, acabou de chegar uma coruja de sua mãe. Temo que você terá que ir o mais breve possível, ela precisa de você para resolver alguns assuntos burocráticos sobre Lúcio.' – Snape interrompeu-os, dando o recado e mostrando o pergaminho que Narcisa Malfoy mandara.

O herdeiro Malfoy sibilou.

'-Vou chamando a lareira de Wiltshire para você enquanto você se despede das garotas.' – o padrinho disse, retirando-se.

Draco despediu-se amenamente de Eliza e beijou Serena longamente, sorrindo torto antes de ir, sem dizer nada.

'-Então vocês estão às boas de novo?' – Elizabeth disse antes que o loiro saísse, confusa.

'-O que seria de um relacionamento se não houvesse um charme só para variar?' – dizendo isso, deixou o terceiro andar. Serena revirou os olhos, mostrando a língua para ele.

Serena se jogou nas almofadas, fazendo a prima rir.

'-Graças a Merlin! Você fica muito mal humorada se está brava com ele.' – a loira comentou, jogando uma almofada bem na cara de Serena.

'-Eu não estava mal humorada!' – ela se defendeu, arqueando a sobrancelha para a prima.

Elizabeth acabou dormindo na Mansão de Hampshire, e voltou inúmeras vezes durante aquele verão. Foi o verão mais feliz e tranqüilo que Serena já tinha tido; ela, a prima e os amigos se reuniram muitas vezes, ora na casa de Eliza, ora na da morena.

Severo Snape também nunca tinha sido tão feliz. Com a filha em casa, sempre bem humorada naqueles meses, tudo parecia quase normal. Era agora definitivamente tio de Eliza – a garota, por um deslize numa das vezes em que estivera lá, o chamara assim e assim ficou.

Nem ele próprio compreendia a sensação que estar perto de Serena e da família de Alexia lhe trazia; agora ele realmente acreditava que aquela vida mansa com a esposa existira um dia, as provas estavam ali, na frente dele.

Era estranho ter afeição pela recém-adquirida sobrinha, uma vez que ele tinha feito de tudo para convencer os pais dela que eles não eram capazes de criá-la. Fora tolo. Elena Duncan tinha tido, de fato, muito mais coragem para criar a filha do que ele tivera.

Dois adolescentes de dezessete anos tinham se saído melhor nessa tarefa do que ele.

E Elizabeth era uma garota doce e ingênua – muito diferente da sua garota. Eliza era gentil demais para uma sonserina, mas corajosa de menos para uma grifinória, ponderou Severo.

Ele observara sua filha e Draco em todas as vezes que os vira juntos. Por vezes o loiro era recebido com um carinho imperceptível, quase inexistente em Serena, mas que Snape e Malfoy sabiam estar ali. Em outras, entretanto, era tratado com aspereza e indiferença pela morena.

Isso preocupava Severo mais do que tudo. Ele também conhecia bem esse vai e vem de sentimentos, e a cada dia se convencia mais de que Draco era para ficar. Ele seria mesmo seu genro.

E foi então que percebeu quão bom fora o tempo em que ele era apenas padrinho.

~"~

O trem para Hogwarts voltou praticamente vazio. Nele, apenas os estudantes que não completaram o sexto e o sétimo ano. Fariam aulas menos específicas num tempo mais curto do que um ano letivo; as aulas iam até meados de abril, mas não chegariam até próximo das férias de verão.

Severo Snape tivera um esplêndido retorno, e assumira a fácil tarefa de preparador de poções de Hogwarts – o que significava que ele manteria seus aposentos, mas, ao invés de ministrar aulas, ele apenas forneceria as poções necessárias à enfermaria.

Ele reclamou um cargo à nova Diretora, para que pudesse ficar perto de Serena, e Minerva – não tendo como dar outra resposta – aceitou pesarosamente.

Foram meses extremamente calmos, e tudo parecia, enfim, ter encontrado seu lugar. Severo, naquele ano em especial, começou a acreditar em destino, que as coisas acontecem exatamente porque tem de acontecer.

Alexandra sempre fora encarada como um presente em sua vida. Depois dela veio, como uma surpresa desagradável, Serena. E então ele também descobrira que ela era a melhor coisa que um velho homem poderia ter.

Olhava, dos jardins, sua filha com os amigos. Serena também tinha encontrado seu lugar.

Ela sorria de leve e arqueava as sobrancelhas – o sorriso de verdade era cada vez mais raro à medida que ela crescia. A garota fizera dezoito anos no último janeiro, com direito a uma festa inigualável organizada por Elena Duncan, na mansão da família Spring.

Estavam no meio de março e faltava apenas um mês para que aqueles garotos se formassem. Aqueles, que ele conhecia desde o nascimento. Não perguntara formalmente a Serena o que ela faria depois, mas ele estava certo de que ela já havia decidido. E ele já imaginava o que.

Severo afastou-se do lugar que lhe dava visão ao grupo de sonserinos com um sorriso fino.

Eliza Duncan ria no colo do namorado enquanto os quatro curtiam o clima primaveril dos jardins de Hogwarts. Serena estava sentada entre as pernas de Draco, mas o semblante era sério.

O loiro parou de brincar com os cabelos dela e ficou a mirá-la de lado. Era impossível prever o humor daquela Snape encrenqueira.

Serena estava anormalmente quieta naqueles dias, o namorado tinha percebido. O olhar gelado e inexpressivo dominava sua face em grande parte do tempo, quase como a sonserina que um dia eles tinham conhecido.

Blaise e Elizabeth estavam demasiado felizes para perceberem qualquer coisa, e Draco nunca tinha visto seu amigo em tanta plenitude.

Os rapazes tinham crescido muito durante o verão, as feições mais definidas e os ombros mais largos, mais masculinos do que juvenis. Zabini não era mais o mesmo sonserino galinha de sempre; já vivera tempo demais sem Eliza no último ano, e tinha decidido irrevogavelmente que não deixaria mais a loira sair de seu lado.

E Eliza retribuía.

Draco ainda estava assustado. Gostava de Serena como nunca antes gostara de ninguém. Mas ela era irritante! A cada dia tinha um humor diferente, surpreendendo-o sempre. Se ele quisesse estabilidade, talvez seu futuro não fosse com Serena.

Ela era como uma tempestade, arrebatadora, irreverente. Serena era dona de si própria, e Draco não podia controlá-la.

Talvez ele não aceitasse isso, não ser o comandante da situação.

Talvez.

Mas, naquele momento, eram apenas dois jovens curtindo o sol fraco da primavera.

Ele afastou os cabelos negros dela e acariciou-lhe a lateral do pescoço. Serena fechou os olhos apenas por um segundo, se permitindo ser feliz enquanto podia.

'-Vocês dois estão incrivelmente quietos hoje!' – Eliza disse, corada pelas brincadeiras com o namorado – 'As fadas mordentes comeram a língua de vocês?'

Serena olhou para a prima, dando-lhe atenção, e sorriu fraco e fino, um sorriso que nem sequer chegava até as bochechas.

Draco mirava o horizonte, e nem apercebeu-se da fala da loira.

'-Draquinho!' – Blaise pulou na frente do amigo e cutucou-o com a varinha – 'Por que você está com essa cara de hipogrifo molhado?'

'-Que merda, Blaise!' – o loiro murmurou, ficando sério e empurrando o moreno de leve – 'Eu não estou com cara nenhuma!'

Os quatro discutiram amigavelmente sobre as caras de Serena e Draco e caíram na risada depois.

Aquele ano foi incrivelmente calmo. Calmo até demais para um certo ex-professor sonserino. E ele tinha a certeza de que não permaneceria assim.

~"~

Jardins de Hogwarts – 30 de maio de 1999

'-Onde está Serena?' – Eliza cochichava baixinho para Blaise e Draco, todos já com os diplomas na mão, sorrindo para as fileiras intermináveis de cadeiras que tinham sido acomodadas nos jardins.

As famílias dos formandos ocupavam as primeiras fileiras, e as outras eram ocupadas por ex-alunos, alunos mais novos que não haviam concluído, ainda, Hogwarts, e repórteres mostrando a formatura apesar da Guerra que se instalara no castelo no ano anterior.

Até a Lula Gigante parecia feliz, agitando as águas do lago num ritmo quase musical, dando um fundo esplêndido àquela cena de formatura que se desenrolava.

'-Srta. Snape?' – Minerva McGonagall repetiu pela terceira vez, o tom irritado transmitido em sua voz magicamente aumentada.

Todos os formandos sorriam, sem querer demonstrar preocupação. Ou quase todos.

'-Estou estou falando sério, Malfoy.' – Eliza Duncan disse, irritada – 'Onde, por Merlin, está Serena? Eu vou apertar aquele pescocinho até que ela cuspa diabretes da Cornualha!' – ela murmurou, tentando disfarçar o quanto estava brava.

Draco sorriu de lado e de deu de ombros. Serena era impossível.

Blaise quase gargalhava com as feições furiosas de McGonagall e Eliza. Os outros professores se entreolhavam, confusos, e Snape sorria fino. Harry Potter também sorria de leve com a situação,de mãos dadas à Ginevra Weasley.

Quase vinte minutos haviam se passado quando McGonagall decidiu que daria continuidade à solenidade com ou sem aquela sonserina prepotente que lhe atormentara pelos dois anos e meio que ficara na escola.

A Diretora estava pronta para soltar faíscas com sua varinha e declarar, assim, que eles estavam formados, quando uma figura trajando jeans rasgados, tênis, a capa preta de formatura jogada de qualquer jeito e caindo sobre os ombros, e chapéu bruxo entrou por entre os dois blocos de cadeiras.

Um sorrisinho torto adornava o rosto de Serena Snape, e os olhos eram sonolentos. Quando ela se aproximou, os formandos puderam ver que ela tinha um copo com suco de abóbora nas mãos.

'-Ops' – ela disse para a diretora, dando de ombros – 'Acho que acordei um pouco atrasada.'

Severo Snape tossiu para disfarçar o riso, assim como metade dos estudantes.

McGonagall bufou e ameaçou reprová-la de ano por aquilo, mas preferiu livrar-se logo da garota. Entregou a ela um pergaminho enrolado com elegância e, por fim, após quase quarenta e cinco minutos de atraso da morena, soltou as faíscas que indicavam a graduação na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Fogos de Filibusteiros queimaram atrás dos alunos, saindo da Floresta Proibida, e todos os formandos imitaram a diretora.

Os pais, familiares e amigos levantaram-se e aplaudiram longamente.

'-Onde raios você estava, Serena?' – perguntou Eliza, brava, de braços dados à Blaise.

'-Dormindo. Não menti para a Prof. McGonagall.' – ela deu de ombros, como se aquilo fosse natural e soltou um longo bocejo – 'E nem dormi o quanto eu precisava. Vocês me acordaram com todo esse falatório nos jardins. E me digam: por que a voz dessa velha precisava estar tão alta? Merlin! Meu sono de beleza exige mais tempo!'

'-Então você deve hibernar, Snape querida, porque é duro restaurar o que não se tem...' – alfinetou Zabini, rindo e sendo seguido por Draco.

Num movimento de varinha, Serena lançou um feitiço não verbal e repentinamente os olhos do moreno foram cobertos por uma chuva de cabelos. À sua frente, a sonserina sorria ingenuamente.

Ele passou a mão pela cabeça. Nada. Nem um fio sobrara para contar história.

'-Serena, eu te mato! Hoje é o baile de formatura!' – ele berrou feito uma menininha – 'Que merda! Eu quero meu cabelo de volta!' – Serena apenas ria, e deixou-o falando sozinho, sendo seguida por Draco – 'Eliza, eu quero meu cabelo de volta!' – disse, agora direcionando-se para a namorada que ria contida.

'-Calma, querido.' – ela colocou a mão na boca – 'Vamos fazer isso crescer de novo.'

Eliza lançou todos os feitiços que se lembrava para crescimento – inclusive alguns usados em Herbologia – mas nada aconteceu. Pelo jeito Serena era a única que podia reverter aquilo.

'-Que droga! Justo hoje, tenho que estar bonito como sempre sou, Eliza!' – ele reclamou, fazendo bico – 'Que grande merda de gigante frita!'

'-Eu gosto de você assim, careca.' – a garota disse , rindo do namorado e colando seus lábios.

Draco alcançara Serena perto do Lago da Lula Gigante e puxou-a pela mão.

'-Ei, fugitiva' – ele sorriu de lado –'Onde a senhorita pensa que vai?'

'-Você tem noção de que é nosso último dia em Hogwarts?' – ela perguntou, mirando o lago – 'Amanhã cedo vamos embora e tudo estará acabado.'

'-As coisas só estão começando' – ele falou muito perto do ouvido dela, mirando o raio de sol refletido pelas águas calmas do lago – 'Amanhã é o primeiro dia do resto de nossas vidas.'

Serena não conseguiu olhar para ele. Suspirou e recostou a cabeça no peito de Draco.

'-Hogwarts foi muito importante para mim. Se eu não tivesse vindo para cá, teria ficado no orfanato e passado o resto da minha vida como trouxa.' – ela virou-se para olhar o castelo por sobre o ombro do rapaz.

'-Você vai me contar sobre sua vida na Londres trouxa?' – Draco inquiriu, passando as mãos pelas costas dela.

'-Um dia, Draco.' – ele concordou, sem saber o quão longe isso significava.

Ele puxou o rosto da garota para perto do seu e beijou-a calmamente.

As borboletas invadiram o estômago de Serena como se eles estivessem se beijando pela primeira vez. Mas era sempre assim. Com Draco, essa sensação de novidade e descoberta nunca passava.

Ela fechou os olhos e sentiu-se plena. Passou os braços pelo pescoço do loiro e acariciou os fios de cabelo platinado que cresciam na nuca. Tão macios.

Quando o beijo acabou, Serena ainda estava preocupada em acariciá-lo, querendo decorar cada pedaço daquele corpo que ela mal começara a conhecer. Draco achou-a estranha. Melancólica demais, e passou a fitá-la com interesse.

Ela fitou-o de volta. Cinza contra aquele azul profundo que naquele momento era tão vago quanto o mar.

Desta vez, Serena perdeu a guerra. Baixou os olhos, temendo que eles revelassem mais do que ela queria dizer.

'-Meu pai' –sussurrou quando viu a figura de Severo Snape se aproximando.

'-Finalmente, formados.' – ele felicitou-os – 'E McGonagall quase teve um ataque cardíaco. Este dia não podia estar melhor.' – Severo sorriu de lado.

Ele deu um tapinha nas costas do afilhado e beijou o topo da cabeça da filha, compreensivo.

'-E então, Draco? O que planeja daqui pra frente?' – perguntou o mais velho.

'-Não sei bem ainda, tio. Vou esperar a poeira da guerra baixar e me formar em alguma coisa.' – ele parecia desinteressado, pensou Serena. Pudera, ele não precisava de mais nada agora que a fortuna Malfoy fora brilhantemente garantida por Narcisa.

'-E você, querida?' – Snape perguntou à filha, e a atenção dos dois homens passou a ser dela.

O olhar de Serena perdeu-se por um instante. Depois, o vazio ocupou-se dos olhos.

'-Não sei' – ela murmurou, encolhendo os ombros.

Draco olhou imediatamente para Severo. Aquela fala e aquele gesto foram extremamente atípicos de Serena.

Snape, porém, lançava um olhar curioso para a garota, pensando em um casal que ficara no passado: ele e Alexia.

Quando Narcisa Malfoy aproximou-se com seu porte altivo e elegante, Serena soltou o ar. A mulher tinha os longos cabelos lisos e platinados presos em uma refinada trança de lado e vestia roupas negras, assim como Severo Snape.

Apesar de os Malfoy usarem preto na maior parte do tempo, como também era o caso de Draco, eles pareciam incrivelmente estonteantes com aquela cor. Não eram o tipo de pessoa que parece estar pronto para um velório. Definitivamente não.

'-Serena, meu bem' – ela cumprimentou, segurando as mãos da menina – 'Há quanto tempo!' – sorriu maternalmente para a menina.

Draco revirou os olhos. Narcisa gostava mesmo da garota; até cumprimentava-a antes dele.

'-Você foi brilhante hoje' – começou a mulher, um brilho de poder passando pelos olhos dela – 'ao colocar aquela megerazinha grifinória no lugar dela. Francamente, não sei como deixaram Hogwarts ser dirigida por ela.' – disse, aristocrática e arrogante.

Serena sorriu de lado.

'-De qualquer forma, parabéns pela formatura' – Narcisa a abraçou e foi retribuída pela sogra.

'-Obrigada, Narcisa.' – os olhos de Serena eram gentis para ela, quase quentes.

'-Querido' – ela partiu para Draco – 'Você está diferente.' – ela analisou, cerrando os olhos – 'É melhor que Serena tome cuidado, porque você só fica mais bonito com o tempo.'

'-Lembrou que tem um filho mãe?' – ele disse, emburrado.

'-Mulheres primeiro, Draco. Seja gentil, e lembre-se que eu lhe ensinei a ser um cavalheiro.' – acrescentou com um sorriso, abraçando-o ternamente – 'Veja só, Severo, meu menino já está formado e é um homem.' – ela acrescentou, cumprimentando o colega.

'-Pois bem, Cissa, o tempo passa depressa.'

'-E parece passar mais depressa ainda quando se trata dos nossos filhos.' – sorriu para o casal à sua frente.

Harry Potter e Ginny Weasley vinham na direção de Serena quando Snape puxou Narcisa pelo braço, deixando os adolescentes a sós.

Narcisa Malfoy trocou um olhar significativo e cúmplice com Potter antes de ir.

'-Ei, Potter.' – Serena sorriu de lado.

'-Como vai, Serena?' – perguntou, atencioso – 'Malfoy' – acenou com a cabeça, apenas.

'-Potter.' – Draco rosnou.

'-Finalmente, a formatura. Cansado de salvar vidas?' – ela perguntou descontraidamente a ele. Draco segurava firme a sua mão e encarava o loiro.

'-Não acho que vou parar tão cedo. Em setembro meu treinamento para auror vai começar.' – ele sorriu, travesso.

'-Como era esperado' – ela arqueou a sobrancelha – 'E diga-me: só em setembro? Ouvi dizer que alguns treinamentos já começam em junho.'

'-Sim, eles começam. Mas decidi que vou ficar na casa de Ginny até lá para que possamos ficar juntos por um tempo, depois da guerra e todo o mais.'

Serena acenou, compreensiva.

'-E Malfoy, pode tirar essa carranca. Não assuste as meninas. Eu estou namorando Ginny já tem um ano.'

Draco foi pego de surpresa e resmungou algo sobre grifinórios prepotentes que acham que sabem Legimência, mas calou-se quando a namorada deu-lhe um apertão na mão.

'-Não sei se vocês já se conhecem formalmente. Serena está é Ginny Weasley.' – ele apresentou.

'-Ah, sim. Weasley fêmea.' – ela cumprimentou-a à seu modo, que tendia a espantar as pessoas, mas a ruiva sorriu de lado, gostando do atrevimento da garota.

'-O prazer é meu.' – Ginny sorriu, felina.

Harry não entendeu a empatia das duas logo de cara, já que Ginevra era esquentadinha como todo Weasley e geralmente irritava-se rápido, principalmente quando se tratava de sonserinos.

Mais uma ou duas palavras foram trocadas e o grupo separou-se. Draco e Serena resolveram passar pela Sala Precisa antes de irem se arrumar para o baile de formatura que aconteceria à noite.

Perderam o almoço, mas satisfizeram o desejo.

~"~

Salão Principal – 31 de maio de 1999, 00:13

'-Pai?' – Serena olhou para ele, surpresa ao vê-lo pela primeira vez na noite, absorta encostada no batente da porta, mirando os jardins.

Severo estava elegante trajando uma capa preta de festa acetinada e um broche com a insígnia de sua família cravado nas vestes.

'-Achou que eu não viria?' – ele sorriu de lado, debochando.

'-Por um momento.' – ela arqueou a sobrancelha e deu um sorriso fino, mas que fez aparecer as covinhas rasas.

'-Você está linda' – ele admirou o vestido roxo brilhante e tomara-que-caia estilizado dela, que deixava o colo branquíssimo exposto.

'-Posso dizer o mesmo de você.'

'-Aproveitando a festa?'

'-Sim, até demais' – ela sorriu, mas os olhos tinham algo de tristeza – 'E é bom que você esteja aqui. Precisamos conversar.'

'-Tem alguma coisa errada?' – ele perguntou, e os olhos de Snape se tornaram de um negro profundo.

'-Preciso te contar uma coisa. Vamos para os jardins.' – ela puxou o pai pela mão e seguiram um bom caminho até encontrarem um banco de pedra.

'-Pai' – ela começou, assim que se sentaram – 'eu estou indo embora.' – Snape não disse nada, apenas mirou-a e deixou-a continuar – 'Amanhã cedo. Tenho uma Chave de Portal ativada para a França, e dia dois de junho o meu treinamento de Auror começa.' – ela avisou-o.

'-Auror?' – ele arqueou a sobrancelha – surpreso, mas não muito.

Serena concordou displicentemente, os olhos firmes – 'Eu decidi que é isso que eu quero ser. A guerra mudou tudo. Meus planos e perspectivas de vida, me fez ver o quanto de gente inútil e criminosa há para ser eliminado para que possamos viver num lugar bom.'

'-Você não precisa fazer isso.'

'-Não preciso, mas eu quero. Não vou ficar feliz enquanto não eliminar esses bastardos que estão aí aterrorizando a vida de famílias, assim como Voldemort fez conosco. Eu quero fazer isso pela minha mãe, e principalmente por mim.'

Snape sorriu de lado.

'-Só me prometa que você não vai se tornar uma heroína como Potter.'

'-Heroísmo nunca fez meu tipo.' – ela sorriu espelhando o pai.

'-Você é cruel, filha.' – ele permitiu-se debochar – 'Esses bastardos merecem sofrer nas mãos de gente como você.' – apesar da fala, o sorriso era orgulhoso.

Snape pensou por um tempo e uma questão surgiu em sua cabeça. Depois de lembrar-se de cenas dos últimos dias, tudo fez sentido.

'-E Draco?' – ele perguntou –'Você já falou com ele?'

Serena suspirou longa e languidamente – 'Não vou falar.' – ela engoliu em seco e olhou para a grama à sua frente, mas a fala era decidida – 'Não espero que você entenda, pai, mas espero que você não me critique. Eu demorei um bom tempo para decidir que seria melhor assim, que seria o melhor para mim. Só confie que fiz a escolha certa, mesmo que você ache errado.' – ela pediu.

Snape concordou.

'-Se é assim que você quer, confio em você. Mas você sabe que ele pode não estar esperando quando você voltar.'

Ela acenou e suspirou novamente. Era difícil aceitar.

'-É muito provável que não esteja.' – ela sorriu sem emoção.

'-É isso mesmo que você quer?'

'-Sim. E, por favor, não conte a ele para onde eu fui e muito menos o que eu fui fazer. Quero que isso fique entre nós.' – Serena pediu ao pai, séria como uma adulta.

'-Ficará, Serena. Você vai me mandar um pergaminho sempre que puder, não é mesmo?'

'-Certamente. E você pode ir me visitar.' – ela entregou um pequeno pergaminho com endereços e explicações exatas – 'Só vai precisar ir até o Departamento de Cooperação Internacional no Ministério. Sua entrada está liberada no meu alojamento.'

'-Ótimo. Você não poderia abandonar assim o seu velho pai.'

'-Eu não vou. E você sabe que não, não depois de todo esse tempo tentando fazer com que as coisas funcionassem entre a gente.'

Severo mirou-a atentamente, a filha era agora uma mulher e tinha tomado todas as decisões importantes sem a opinião dele. E ele se orgulhava de Serena mesmo assim; até mais, se possível. Não a queria de nenhuma outra forma, como pensara no início.

Queria sua filha, Serena Snape, e tudo que fizesse parte dela, inclusive o mau temperamento.

'-Você sempre vai poder voltar para casa.'

'-Eu sei, pai. Obrigada.' – ela agradeceu, fitando-o nos olhos.

'-Você não precisa me agradecer, Serena. Você sabe que não.' – ele suspirou, passando a mão pelas costas da filha –'Só trate de ficar viva, sim?'

'-Pode deixar.'

'-Quanto tempo?'

'-Ainda não sei. Vou ficar o quanto for preciso.'

Snape somente concordou.

'-Você está disposta a deixar sua vida para trás?' – ele perguntou, sério e preocupado.

'-Essa é minha vida agora, e como você disse: eu posso sempre voltar para casa. Confie que eu farei o melhor pra mim.'

'-Eu confio, Serena. Não confio em mim que estarei aqui esperando ansiosamente por você.'

'-Eu vou voltar, pai. Isso eu posso prometer.'

Snape concordou com a cabeça e eles voltaram para o baile de formatura.

'-Ah, eu vou para casa via Floo hoje, depois do baile. Se você não se importar, é claro.'

Ele assentiu, guiando-a para dentro do Salão. '-A casa é sua, claro que eu não me importo. Estarei lá pela manhã, então. Antes que você tenha partido.'

Serena concordou, dando um abraço rápido no pai.

'-Aproveite a festa e seus amigos' – recomendou com um meio sorriso cúmplice.

Serena dançou agitadamente com Eliza , depois músicas mais lentas começaram a tocar e Draco a conduziu. Trocaram de pares depois e ela acabou dançando com Blaise, que estava tão melancólico que parecia saber que a amiga ia embora.

Os cabelos tinham crescido novamente, depois de um elaborado feitiço de autoria da própria morena. Ela ameaçou-o depois, dizendo que não seria tão boazinha da próxima vez. Falou somente para manter as aparências; ela sabia que não haveria próxima vez.

Não dentro de um longo tempo.

O quarteto bebeu e riu junto pelo resto da noite. Quando os casais separaram-se, Serena e Draco seguiram de mãos dadas, quietos todo o percurso, noite afora. Já passavam das três da manhã e a festa ainda rolava solta no castelo.

Era felicidade demais para todos aqueles estudantes. A guerra tinha acabado, Voldemort estava morto e eles estavam formados. Serena pensou um pouco e resolveu que precisava comemorar também, já que era um milagre ela e Snape estarem vivos.

Não valia à pena entristecer-se, nem mesmo por Draco. Era um namoro de adolescente e era uma surpresa ter durado tanto. Eles não eram Eliza e Blaise, e a garota estava decidida a dedicar-se à profissão. E nada fazia Serena Snape mudar de idéia.

O casal admirou a lua e foi confortado pela brisa primaveril que soprava lá fora, dançando calmamente ao som da música que uma banda bruxa famosíssima tocava no Salão Principal.

Draco falou de alguns planos futuros; todos incluíam limitou-se a concordar, os olhos frios e duros como há muito não eram. Beijaram-se algumas vezes, até Draco entrar para uma comemoração masculina.

Serena havia decidido há algum tempo que não contaria a Eliza também. Enviar-lhe-ia uma coruja dali a alguns dias explicando parte da situação. Ela nunca iria aceitar, e outra: ela não deixaria a amiga fazer o que estava pretendendo com Malfoy. Elizabeth Duncan daria um jeito de fazer a morena ficar.

E ela não podia. Não quando tudo que Serena queria era ir.

Ela olhou para Hogwarts pela última vez como estudante. Era majestosa, mesmo semi-coberta por destroços da guerra. Olhou os estudantes – mais animados do que nunca – e sorriu. O tempo lá fora o melhor da sua vida até o presente momento.

Tirou as sandálias que machucavam os pés e passou por Eliza, que dançava alegremente com Luna Lovegood. Disse que ia se deitar, que estava cansada e com os pés machucados. Deu um beijo na testa da prima e proferiu um 'se cuide' baixinho.

Serena seguiu até as masmorras e foi direto para os aposentos de Snape. A lareira crepitava com as flamas alaranjadas, que tornaram-se verdes com o pó de Floo. Arrastando o malão consigo, disse alto:

'-Mansão de Hampshire' – e desapareceu.

~"~

Draco andava sozinho e trombava com estudantes alegres demais – provavelmente devido ao álcool. Não conseguia encontrar Serena em lugar nenhum. Pegou mais um copo de Firewhisky, que desceu pela garganta queimando.

A comemoração não havia demorado o suficiente para Serena ter ido dormir. Ela era quem mais queria aproveitar a festa, ele se lembrava. Decidiu dar uma volta pelos jardins; procurá-la lá.

Encontrou Severo Snape, seu padrinho, também com um copo contendo o líquido avermelhado na mão. O olhar do homem era calmo como há muito não o era, e degustava pacientemente a bebida.

'-Tio Severo' – Draco chamou, e ele virou-se para encarar o afilhado.

Ele parecia mais homem ultimamente, mais maduro. Esse era o presente que Serena havia deixado ao loiro: maturidade e, principalmente, liberdade. Draco já não era o garoto mimado que Severo vira crescer. Tinha assumido responsabilidades para com a mãe e para com a fortuna da família, que estava agora em suas mãos.

'-Você viu Serena por aí?' – perguntou, desatento, girando calmamente o líquido dentro do copo que segurava – 'Não consigo encontrá-la em lugar nenhum.' – admitiu, dando de ombros.

Severo engoliu em seco, e falou sem preocupação em encará-lo.

'-Ela foi embora, Draco.'

'-Como assim? Ela está em Hampshire?' – franziu o cenho, confuso – 'Achei que só partíssemos amanhã.'

'-Ela foi realmente embora, rapaz. Foi viver a vida que ela quis.' – declarou, sorrindo de deboche.

'-Você quer dizer que...' – ele respirou fundo, cerrando os olhos – 'Quer dizer que ela foi embora sem ter a decência nem de falar comigo antes?'

'-Parece que sim.' – ele sorriu fino e sorveu todo o Firewhisky do copo, virando-se para sair, porém não sem antes escutar o que Draco falava.

'-Eu tinha certeza que ela iria fazer algo do tipo. Sonserina estúpida! É impossível ser feliz com Serena Snape!' – ele praguejou, irritadíssimo, mas Severo notou tristeza e mágoa naquela fala.

Draco Malfoy também seguiria sua vida em diante. E aquele dia mudou tudo, pelo resto de sua vida.


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Notas finais do capítulo

That's it! O que acharam? Lembrando que só temos mais um capitulozinho... O que vocês acham que vai acontecer? Estão muito bravas(os)? hahaha Sorry!

Beijo, L.



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