Loves Ways escrita por lollyb


Capítulo 27
A batalha


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o capítulo. E finalmente a Batalha.

Espero de verdade que vocês gostem, foi bastante difícil de escrever



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'-Draco' – Serena parou o beijo demorado, arfando – 'Ei' – ela chamou, tentando atrair a atenção do loiro que espalhava beijos pelo ombro e colo da garota.

'-Hum?' – ele respondeu, suspirando, nada contente em parar o que estava fazendo.

O dormitório dos setimanistas estava vazio e lá estavam eles, se amassando na cama de Blaise.

Serena puxou sua bolsa do chão e procurou por algo dentro dela.

'-Aqui' – ela destacou dois pacotinhos do rolo e ofereceu à Draco – ', para quando as coisas esquentarem mesmo entre a gente. Chama camisinha.' – ela explicou.

Draco observou o pacote aparvalhado, virando e virando outra vez.

'-Como isso pode...?'

'-É o que os trouxas inventaram de melhor até agora, se você quer saber. É realmente prático.' – ela ponderou – 'Eu sabia que isso seria útil algum dia.'

'-E como... como se coloca isso?' – ele perguntou, em confusão, sem entender como aquele anel de látex poderia funcionar.

'-Qualquer dia eu te ensino.' – ela sorriu de lado, maliciosa, dando um beijo rápido em Draco – 'Mas não hoje, loiro. Estou realmente cansada.'

'-Vem cá' – ele puxou-a e deu um selinho no topo de sua cabeça, depois de abraçá-la de encontro ao seu peito.

Blaise entrou cabisbaixo e quase não percebeu o casal no dormitório, se não fosse pelo fato de estarem em sua cama.

'-Argh, Draco!' – Blaise urrou.

A blusa larga que Serena usava estava completamente caída em um ombro, mostrando a lingerie preta.

'-Ah, Zabini.' – Serena disse quando ele correu as cortinas e encontrou os dois, jogando um travesseiro na cara do moreno enquanto ela ajeitava a blusa.

'-Na minha cama, cara?' – ele perguntou, indignado – 'Tantas outras camas nesse maldito dormitório para você e a Snape se comerem e vocês fazem isso justo na minha? Justo na minha!' – ele bradou, franzindo a cara com nojo.

Draco deu um sorrisinho de lado, desafiador, e levantou as sobrancelhas. Quando percebeu que ele estava irritado de verdade, Serena sentou-se na cama, se desvencilhando do loiro, e acalmou-o.

'-Calma, Blaise, calma. Nós não fizemos nada que fosse te deixar enjoado.'

A expressão aliviou um pouco e o moreno arremessou um travesseiro com força em Draco, que ria alto.

'-Idiota.' – o moreno reclamou, cruzando os braços, uma atitude nada típica.

'-O que aconteceu, Zabini?' – Draco indagou, colocando as calças. Ele estivera apenas de boxer, também preta.

'-Cara, você estava só de cueca na minha cama?' – ele acenou negativamente, como se não pudesse acreditar – 'Droga, Eliza, ela...' – Blaise começou, mas parou quando lembrou de Serena lá.

'-Eu vou indo rapazes. Pelo jeito vou ter que procurar Eliza por aí.' – Serena jogou a bolsa no ombro e deu um selinho em Draco.

'-Ela está no dormitório' – alegou Blaise, sério de repente.

'-Eu não vou esquecer o que você me prometeu.' – ele sussurrou no ouvido da garota, que sorriu torto.

Passou por Blaise e deu um peteleco na cabeça do amigo.

'-Vá se ferrar, Serena!' – ele rugiu, fazendo bico.

'-Eu sei que você me ama, Zabini!' – ela mostrou a língua.

Era tão diferente para Serena ter esse tipo de amigos; Elizabeth, Blaise, até mesmo Draco.

~"~

Quando a morena adentrou o dormitório feminino, notou que a cortina verde musgo da cama de Eliza estava fechada. Foi até lá e abriu sem cerimônias, apenas para encontrar a amiga deitada na cama, abraçada a um travesseiro cor de rosa, chorando copiosamente.

'-Eliza?' – Serena chamou – 'Elizabeth? O que aconteceu?'

Soluços baixos irromperam enquanto a loira fitava a prima com o rosto vermelho coberto de lágrimas.

'-Ei, Eliza, o que houve?'

'-Foi horrível!' – ela exclamou e um soluço acompanhou a sentença.

'-O que? O que foi horrível?' – Serena sentou-se na beirada da cama, perto da cabeça de Eliza.

'-Blaise.' – ela sussurrou.

'-O que ele fez desta vez?' – a morena rolou os olhos, mexendo nos cabelos da prima.

'-Desta vez não foi ele... Fui eu.' – Eliza disse num suspirou.

'-Como assim, Eliza? O que você fez? Achei que vocês estivessem conversando agora...'

'-É esse o problema, Serena, nós estávamos.' – ela tentou, em vão, enxugar as lágrimas, mas acalmou-se um pouco e sentou-se na cama – 'Aquilo estava simplesmente me matando! Conversar com ele como se nós fossemos amigos... Era horrível!'

'-Mas o que você fez, Eliza? Blaise estava tão estranho...' – Serena comentou, franzindo o nariz.

'-Nós tínhamos saído para conversar enquanto você e Malfoy, bem, faziam sabe-se lá o que. Eu não estava suportando mais, Serena... Já faz bastante tempo desde que isso começou e eu não suporto ser apenas amiga dele. Prefiro nada do que isso.' – ela exclamou, ligeiramente exaltada – 'E então eu explodi e disso isso ao Blaise: que não queria continuar com essas babaquices, que não queria ser uma merda de amiga dele, nada disso...' – Eliza apertou o travesseiro com força, descontando a raiva. Serena acreditava que aquele fora o primeiro palavrão de toda a vida dela.

E então Elizabeth desabou a chorar novamente.

'-Não quero Blaise como amigo, Serena. Não é assim que era para ser, e eu não suportei tratá-lo como amigo, estando ao lado dele todos os dias... Prefiro tentar esquecê-lo.' – ela deu de ombros, limpando uma lágrima.

'-Blaise é um tolo, Eliza' – a morena deu de ombros – ', e, se você prefere assim...'

Serena sabia que Zabini ainda gostava de Eliza, e tinha certeza que a loira – no fundo – também sabia. Porém, aquilo era assunto deles, e talvez eles precisassem somente de um tempo para entender o que sentiam.

Não iria agir como um cupido.

~"~

Os dias se passaram calmos até maio; o tipo de calmaria que antecede a tempestade. Blaise e Eliza não estavam no estado normal, mas iam melhorando – ao menos eles ficavam no mesmo ambiente agora.

Severo Snape estava mais estressado do que nunca, contrariando todo o resto. Os professores agora se rebelavam contra aquele sistema imposto por Voldemort, e mal sabiam eles que tudo o que o Diretor queria era que aquilo acabasse o mais rápido possível.

A cabeça dele latejava enquanto Minerva McGonagall esbravejava em sua sala, e ele a fez sair com gritos. Malditos professores. Voldemort estava incansavelmente procurando por qualquer pista de Potter, e Snape torcia para que o garoto viesse e acabasse com tudo aquilo – e que ainda tivesse encontrado uma forma de se manter vivo.

Não trocara muitas palavras com Serena durante aqueles meses e depois do incidente com Draco. Não que ele estivesse bravo; apenas os dois andavam ocupados demais, preocupados demais.

Serena não suportaria perder o pai na guerra, que era o que Severo planejara. Simplesmente não podia perder mais ninguém para aquele idiota que se intitulava Voldermort!

O medo ia tomando conta de Hogwarts; todos sabiam que o fim ficava cada vez mais próximo.

Serena temia pelo pai e por Draco, sabia que ele teria que continuar fingindo bem até o real término daquilo, mas simplesmente não suportava a idéia.

~"~

No dia mais calmo até ali, as coisas aconteceram. Eliza, Serena, Draco e Blaise ocupavam seus lugares no Salão Comunal sonserino. Falavam amenidades, querendo espantar aquele clima terrível que já começava a surgir.

Serena sentiu um calafrio correr-lhe a espinha e saiu em disparada à porta de pedra que levava às masmorras.

'-Serena, onde você está indo?' – gritou Elizabeth, afoita, chamando pela prima.

'-Preciso ver meu pai.' – ela sussurrou.

'-Ei, nós temos ordens para não sair após o toque de recolher... É muito perig...'

'-Eu volto logo.' – e saiu correndo até encontrar o escritório do pai.

Ela entrou sem bater no conhecido ambiente.

'-Pai?' – ela chamou, já lá dentro.

'-Serena, o que você está fazendo aqui?' – ele respondeu, e a voz vinha de seus aposentos. Só então a menina notou que a porta estava aberta.

'-Pai!' – ela exclamou, feliz em vê-lo – 'Achei que não fosse te encontrar acordado a esta hora...' – ela considerou, e então notou que ele usava suas vestes normais, não as de dormir – 'Mas o quê? Onde você vai?'

Severo suspirou, cansado.

'-Potter está no castelo. Tenho que dar tempo àquele idiota para que encontre alguma coisa perdida no castelo. Como se um ano não tivesse sido tempo suficiente!' – ele bufou, tirando a varinha das vestes.

'-Se Potter está aqui então, então a guerra vai ser...?'

'-Sim.' – ele apenas assentiu, carrancudo – 'E você vai entrar na Sala Precisa, lá há uma única passagem que leva ao Cabeça de Javali. Você ficará escondida e protegida até que isto acabe.' – ele sentenciou.

'-Já fiquei escondida e protegida por tempo demais, pai.' – então o olhar de Serena adquiriu tanta maturidade e seriedade na voz que Severo não pôde contradizer no momento – 'E como você sabe disso? Achei que a Armada de Dumbledore estivesse usando a sala...'

'-E está. São eles que estão fazendo a travessia. É por lá que alguns aurores tem entrado, hora ou outra.'

'-E você não proibiu nada disso?' – ela perguntou, incrédula, arqueando a sobrancelha.

'-Você se esqueceu de que lado eu jogo?' – ele ergueu ambas as sobrancelhas para ela – 'Prepare-se para ir. Leve a Duncan e o Zabini se quiser, mas vá. Não sei o que Minerva pode fazer com você depois.'

'-Você está indo embora?' – ela perguntou, e a voz tremeu.

'-Vai ser necessário. Portanto, me obedeça, pegue suas coisas, seus amigos e vá embora. Se conseguir, aparate em Hampshire.' – ele ordenou.

Serena, num impulso, abraçou-o.

Ele partiu, então, para a humilhação e, mais tarde, para a guerra. Era o único jeito de cumprir seu dever com Dumbledore e com Alexia.

~"~

Snape fugiu; foi o que todos ficaram sabendo quando Minerva acordou-os e contou a notícia que fez a Grifinória impelir em vivas e comemorações. Serena subira até o Salão Principal ao ouvir, dos aposentos do pai, a confusão.

Fora a primeira sonserina a adentrar o Salão e pôde ouvir claramente Minerva dizer à Slughorn que estava na hora de a Sonserina decidir a quem era leal. Serena era leal à Sonserina, mas primeiramente era leal àquela batalha.

Todos exclamavam em surpresa ao ver Harry Potter após quase um ano sem notícias do Menino-Que-Sobreviveu. Serena encarou-o e ele trocou um olhar significativo com a garota. Os dois faziam parte daquela batalha de corpo e alma. Para eles, aquilo era muito maior, e significava a vida de ambos.

Serena assistiu a Ordem da Fênix chegar, assim como os membros, não mais escondidos, da Armada de Dumbledore.

De repente, era muita gente adentrando o Salão, querendo saber o que estava havendo, se Potter estava mesmo no castelo.

Quando todos os estudantes chegaram, Eliza e Draco encontraram-na enquanto Blaise separava lugares para eles na mesa da Sonserina. Estavam lá, todos organizados nas quatro enormes mesas enquanto Minerva dizia que apenas os alunos maiores de idade, e que quisessem, deveriam ficar e lutar.

A evacuação dos menores seria supervisionada por Filch e Madame Pomfrey, e muitos já protestavam para querer ficar. Nenhum protesto, entretanto, vinha da mesa sonserina. Via-se que Eliza ponderava entre o medo e a coragem. Queria ser como Serena.

Poucos falavam na mesa da Casa, os que falavam discutiam sobre ir embora. Serena já tinha decidido há muito: lutaria nessa batalha, nem que fosse até morrer.

'-Sei que estão se preparando para lutar' – uma voz ecoou no Salão Principal, alguns estudantes se abraçaram, aterrorizados – 'Seus esforços serão inúteis. Não podem lutar comigo. Não quero matar vocês. Tenho grande respeito pelos professores de Hogwarts. Não quero derramar sangue mágico.'

Silêncio.

'-Entreguem-me Harry Potter' – Voldermot disse – 'e ninguém sairá ferido. Entreguem-me Harry Potter e serão recompensados. Terão até meia noite.'

Silêncio novamente. Todos agora olhavam para Potter. Pansy Parkinson pulou na mesa da sonserina e gritou:

'-Mas Potter está ali! Agarrem ele!'

Os alunos da grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa levantaram-se e encararam a mesa toda da Sonserina, mas Serena Snape tinha sido mais rápida. Pansy agora gritava. A garota tinha lançado uma azaração em Parkinson, mas ela ainda não descobrira o que era.

Minerva olhou assustada para Serena, mas nada falou. A garota sentou cordialmente, como se nada tivesse acontecido, e assistiu Pansy gritar. 'Traidora' estava marcado na testa dela.

As varinhas ainda estavam em punho. Todos os outros ainda ameaçavam a sonserina.

'-Obrigada, Srta. Parkinson. Será a primeira a deixar o Salão com o Sr. Filch. Se os demais alunos de sua Casa puderem acompanhá-la...'

De repente, os sonserinos saíram em peso, desesperados para deixar o castelo o mais rápido possível. Serena ficara. A única sonserina a permanecer na mesa.

Blaise e Eliza levantaram-se e a loira agarrara a prima, tentando persuadi-la a ir.

'-Serena, vamos...' – Elizabeth disse em meio às lagrimas, segurando em Serena.

Zabini, por sua vez, segurava a cintura de Eliza, balbuciando para que ela o acompanhasse e tentando puxá-la dali. Eliza chorava alto e todos olharam penalizados para ela. Todos a achavam uma boa garota, apenas na Casa errada.

'-Zabini' – Serena puxou o colarinho do moreno antes de desvencilhar-se da prima – 'Eu estou confiando em você. Cuide dela com a sua vida.' – ela bradou, olhando-o nos olhos enquanto ameaçava.

Blaise , sério, concordou e, com um ultimato, puxou Eliza e tirou a loira dali em prantos.

'-Você tem certeza Srta. Snape?' – Minerva inquiriu, erguendo as sobrancelhas finas.

'-Nunca tive mais certeza, professora.' – ela voltou a sentar na erma mesa sonserina.

~"~

Draco já se juntara aos Comensais que aguardavam num raio próximo do castelo, Serena sabia. Era tão difícil imaginá-lo lá, do outro lado, grunhindo como outros tantos aliados de Voldemort.

Lúcio Malfoy também estava lá, encorajando o filho, que só queria que tudo acabasse tão logo quanto possível. Agora até queria que Potter acabasse com aquilo logo para ele poder pegar Serena e ser plenamente feliz uma vez na vida.

Enquanto as proteções ainda guardavam o castelo, Draco esperava, mais amedrontado do que nunca.

~"~

Serena e os outros aguardavam próximos às janelas enquanto os Comensais perfuravam as recém-conjuradas proteções. Era ali, naquele momento. A guerra havia oficialmente começado.

Todos tinham as varinhas em punho, alguns se abraçavam e choravam, sempre em grupos. Apenas ela estava solitária no parapeito de uma janela distante. A adrenalina estava à toda em suas veias e ela estava ansiosa pela batalha.

Boom. Algo explodiu e os Comensais e seus aliados começaram a invadir os terrenos do castelo. Serena lançou feitiços certeiros de onde estava e correu. Precisava fazer mais do que apenas estuporar pessoas pelas vidraças. Era o que os lufa-lufas fariam. Na verdade, o que estavam fazendo.

Ela não precisou andar muito. Seguindo pelo corredor já encontrou com um Comensal peculiarmente feio, estuporou-o e azarou-o sem qualquer piedade. Deixando um rastro de desacordados, ela foi.

Serena tinha plena consciência de que não era bom ser realmente vista durante a guerra; ela era a única sonserina que permanecera no castelo e era filha de Severo Snape. Todo cuidado era pouco, especialmente naquele dia.

Esgueirando-se feito um gato, ela seguiu, estuporando inimigos e fazendo as batalhas acabarem inexplicavelmente. Ninguém a vira por enquanto, e também ninguém fazia questão de notá-la. Todos, naquele fatídico dia, tinham muito com que se ocupar.

Os olhos azuis se estreitavam, em busca de mais algum combate. Era o que não faltava.

Uma parede desabou logo ao lado de Serena, que desviou oportunamente, arfando assustada.

Nas sombras, ela seguiu, fazendo o que tinha que fazer e acabando rapidamente com muitos combates – que logo deram espaço a outros.

O castelo era todo sangue, batalhas e lamentações. Todos temiam por seus amigos e parentes que lutavam, e também pelos que tinham atravessado até o Cabeça de Javali – ninguém sabia o que aconteceria ali.

Serena, porém, não fazia parte dos grupos que lamentavam. Ela seguia sozinha – como companhia apenas a varinha – pelos destroços, sabendo que não pudera ao menos despedir-se de Severo e Draco.

~"~

Serena desviava de um feitiço imperdoável, que a fez cair no chão e ganhar mais um arranhão no rosto e mais uma camada de poeira. Levantando-se, gritou, altiva:

'-Crucio, seu idiota!' – o Comensal se retorceu no chão; ela pôs um pé sobre seu peito, impedindo-o de levantar e gargalhando.

'-Como... Maldição... Imperdoável... Quantos... Anos... Você... Tem...?' – ele inquiriu, descrente, em meio à gemidos altos de dor.

'-A idade não importa. O feitiço só funciona se você quer de verdade. E, ah, como eu quero! Cruciatus!' – falou baixo no começo, depois bradou novamente.

Vingando o companheiro, Amico Carrow apareceu, corpulento e pronto para a batalha.

'-Hum, quem temos aqui? A protegida de Snape!' – Amico gritou brutalmente, lembrando-se de como Severo alertara-os para ficar longe de Serena.

'-Cale a boca, seu idiota, e lute feito homem!' – ela bradou, provocando, mas temendo pelo seu segredo.

'-Snape não está mais aqui, queridinha...' – ele gargalhou e os dentes amarelos apareceram, ameaçando-a – 'E esse é o meu jeito de lutar!' – ele sorriu, com semblante alucinado – 'CRUCIO!'

Serena caiu no chão, retorcendo-se de dor. Queria que aquilo acabasse; morrer era uma opção tão mais convidativa. Os espasmos continuaram à medida que Carrow agitava a varinha, fazendo com que cada parte de seu corpo se submetesse a uma dor inverossímil.

'-Você gosta de brincar com maldições, garota? Gostou de azarar Comensais? O titio vai te ensinar a brincar!' – ele urrou – 'Crucio!' – mais uma vez.

Alguém acertou o Comensal, mas Serena continuava no chão, o corpo mole. Arrastando-se, chegou até uma parede onde se apoiou para levantar. Sentira agora uma dor muscular como se tivesse tido cãibras no corpo todo.

Ia saindo, desviando para um corredor onde as armaduras estavam derrubadas, quando trombou com Harry Potter,que corria.

'-Potter?' – ela chamou.

'-Snape? O que há? Estou um pouco sem tempo agora.' – ele disse, ironizando, e sem parar de correr. Serena o seguiu.

'-Preciso de um favor enorme, que só você pode fazer.'

'-Diga'

'-Proteja meu pai, pelo amor de Merlin.' – ela pediu, e Potter parou repentinamente a corrida, atônito.

'-Pai?'

'-Severo Snape. Pelo amor de Merlin, Harry!' – ela pediu, desesperada – 'Há mais chances de você vê-lo por aí do que eu.'

'-Snape é seu... seu... Merlin! Como não percebi antes?'

'-Por favor, Potter! Depois da guerra, lhe darei o que você desejar em troca.'

'-Ele é um Comensal, Serena... Eu não posso, simplesmente não...'

'-Você confiava em Dumbledore, não é mesmo?' – ela perguntou, desesperada – 'Então confia em meu pai também. Ele é um dos nossos; Proteja-o, por Merlin!'

Harry suspirou e não respondeu. Estava ponderando.

'-E Draco. Por favor não deixe que ele se meta em encrencas!'

'-Malfoy também é um Comensal, Serena... Vou ver o que posso fazer. Afinal, você foi a única sonserina a ficar, e o que você fez com Parkinson foi impagável.' – ele riu, considerando o que ela tinha dito.

'-Obrigada, Potter, obrigada!' – ela agradeceu, tensa pela guerra, mas colou seus lábios aos de Harry, demonstrando toda a gratidão que sentia.

Ele sorriu também.

~"~

Blaise e Eliza não tinham saído no castelo. Eles desviavam de feitiços, escondidos sob uma tapeçaria de fronte à Sala Precisa quando Potter tirou-os de lá junto com Ginny, dizendo que era ímpar que eles saíssem para que ele e seus amigos pudessem procurar por algo.

Eliza gemeu baixinho ao som de mais uma explosão. Lágrimas escorriam dos olhinhos verdes e Blaise a segurava firme, para que nada a atingisse debaixo da tapeçaria.

Ela se recusara a ir embora enquanto Serena ainda estava lá, lutando. Zabini enfurecera-se com ela e ela mandou que ele fosse sozinho. Mas ele nunca a deixaria sozinha, muito menos naquele momento.

Lá estavam eles, ouvindo os colegas morrerem e serem atacados.

'-Shhh...' – ele sussurrou quando ela soluçou mais alto.

Ginny Weasley saíra correndo assim que Potter adentrara a Sala Precisa, disparando feitiços e iniciando batalhas. Quando as explosões diminuíram, Blaise e Eliza sentaram-se no chão de pedra coberto de fuligem e poeira, colocando a tapeçaria como proteção sobre as cabeças.

Na tenda improvisada, Elizabeth tentava limpar as lágrimas, que pareciam nunca cessar. Blaise puxou-a para si e a colou em seu corpo, fazendo-a sentar entre suas pernas.

'-Blaise, não...' – ela sussurrou, com o coração doendo ao dizer as palavras – 'Nós tínhamos concordado em não nos aproximarmos mais um do outro, não desse jeito.'

'-Eu não me importo. Não concordo de verdade com aquilo. Quero você comigo, Eliza' – ele disse, sério, e a garota surpreendeu-se. Nunca o vira falar sério na vida.

'-Eu não estava agüentando mais ficar perto de você como uma amiga, Blaise, não suportarei isso de novo...' – ele interrompeu-a.

'-Ninguém disse a palavra amigo, Elizabeth.' – ele arqueou uma sobrancelha e puxou-a novamente para si, prendendo-a em seus braços – 'Eu precisei ficar longe só para descobrir que é com você que eu quero ficar.'

Eliza surpreendeu-se com a declaração e quase perdeu o ar; lágrimas voltaram a escorrer.

'-Não chore, eu... Bem fique aqui, eu prometi à Serena que cuidaria de você.'

'-Eu estou chorando de felicidade, seu parvo...' – ela disse, limpando o rosto com a costa de uma das mãos.

Blaise ficou imensamente feliz e puxou-a para um beijo. Ele e Eliza riam quando o beijo terminou.

'-Casa comigo?' – Zabini inquiriu. Eliza riu mais do que podia.

'-Pensando em casamento, Sr. Zabini?'

'-Só se for com uma certa loirinha chorona.' – ele sorriu, galante, mas o sorriso verdadeiro surgiu e era aquele o sorriso que Eliza amava.

'-Ei' – ela deu um tapinha no braço dele – 'não sou chorona.' – ela fez um biquinho, fingindo estar brava.

'-É sim. A minha chorona.' – ele puxou-a pela nuca e beijou-a intensamente.

'-Eu amo você, Sr. Blaise Zabini.'

Blaise mal teve tempo de sorrir quando ouviram mais disparos e Eliza se abaixou mais. Zabini espiou por entre a tapeçaria e viu Draco Malfoy, Crabbe e Goyle correndo e disparando feitiços.

'-Draco!' – Blaise chamou.

Malfoy olhou para todos os lados, abobalhado e com medo, até localizar Zabini.

'-Zabini?'

'-Cara, o que está acontecendo?'

'-Voldermort me mandou aqui para atrapalhar Potter.' – ele olhou para os dois acompanhantes distraídos e sussurrou – 'Ou ao menos fingir bem.'

Zabini deu um sorrisinho de lado, concordando, quando Eliza pulou debaixo do tapete.

'-Malfoy, onde está Serena?' – ela agarrou a capa dele com fúria.

'-Não a vi, infelizmente' – seu semblante tornou-se extremamente preocupado – 'E não era para você estarem fora daqui?'

'-Eliza não quis ir. Eu não a deixaria sozinha aqui, não é mesmo?' – Draco revirou os olhos.

'-Façam o que for, tomem cuidado. Se algo acontece à Duncan Serena me mata!' – ele disse, os olhos brilhando de pavor ao seguir em direção ao caminho que levava à Sala.

'-Malfoy?' – foi Eliza quem falou dessa vez; ele apenas virou a cabeça – 'Cuide-se, e dê um jeito de cuidar de Serena!'

Draco assentiu e cruzou o pórtico, seguido por Crabbe e Goyle. É claro que ele o faria. É claro que cuidaria de Serena.

~"~

Eliza e Blaise permaneceram ali, juntos, protegendo-se das luzes que cruzavam o corredor. Um estalido forte chamou a atenção e Blaise botou a cabeça para fora, espiando. Quando viu, Draco e Potter estavam no chão, e o moreno tinha uma vassoura na mão.

Zabini correu para o amigo, e viu que Goyle, Weasley e Granger também estavam lá. Draco parecia prestes a vomitar e estava coberto de fuligem.

'-O que aconteceu?' – Blaise inquiriu, e Eliza espiava do esconderijo.

'-Crabbe... Morto.' – Draco respondeu, atônito.

'-E por que você tirou Draco de lá, Potter?' – Zabini perguntou novamente, oferecendo uma mão para o amigo levantar-se.

'-Prometi à Serena que não o deixaria na mão.' – ele deu de ombros – 'E onde está Ginny?' – perguntou furioso para os amigos.

Draco, meio aturdido gritou para o amigo que ficasse ali, ou fosse para a Sala Precisa, e saiu correndo.

~"~

Serena passava pela guerra sem realmente a ver. Lutava até não agüentar mais e já tinha cortes no corpo todo, mas não carregava o sentimento de guerra e perda. Ignorava os colegas chorando sobre os corpos de amigos e ignorava a sensação ruim que aquilo lhe poderia causar.

Tinha um foco principal: a destruição completa de Voldemort, e, para se certificar de que Potter o faria, ela faria qualquer coisa. E estava fazendo.

Parou de lutar somente quando viu muitos cabelos alaranjados juntos. Weasleys. A matriarca chorava abraçada à um Weasley que Serena não reconheceu e Percy Weasley abraçava um corpo.

Ela, discretamente, espiou. Fred Weasley, um dos gêmeos. A família ali, junta no luto, fez com que o coração que Serena preparara para a guerra – frio como gelo e duro como pedra – se derretesse.

Não queria perder o pai, ficar ali, como os Weasleys. Não queria ficar à deriva novamente.

Já era duro demais não ter Alexia por perto.

~"~

Encapuzadas, Olívia Summers e Celine Spring adentraram os portões de Hogwarts atemorizadas. Nunca antes havia sido tão ruim retornar àquele lugar. Eram acompanhadas de perto por Richard, que tinha o semblante alarmado e inquieto.

Os olhos de todos estavam levemente inchados – até mesmo os de Richard – e Celine segurava forte um lenço de seda nas mãos, secando os olhos a todo o momento, mas sem parecer acreditar no lhe fora dito.

Olívia tinha os olhos baixos e lágrimas escorriam livres. Ela apertava a mão do marido com força,mas ele também parecia anestesiado. Ao entrarem, uma multidão de jovens estava nos jardins, velando a antiga professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Celine resolveu que chorar mais não seria prático, e procurou por Dumbledore enquanto os estudantes retornavam ao castelo para liberar o velório familiar.

O diretor estava também nos jardins, aguardando a evacuação do lugar.

'–Sr. Alvo?' – Celine chamou, séria.

'–Cara Celine, nem preciso dizer o quanto essa perda significou para todos nós, não é mesmo? Meus pêsames.' – ele disse, bondoso.

'–Alvo, onde está o bebê?' – Celine inquiriu, tentando ser mais prática do que racional. Não agüentaria todos os pêsames que receberia. Não mais uma vez. Não com outra filha.

'–Er, Celine, a senhora gostaria de se sentar? As notícias de hoje realmente não são boas...'

'–Eu não vou me sentar, quero saber onde está o meu neto!'

'–O bebê faleceu junto à mãe, eu sinto muitíssimo.'

Celine desmoronou. Ela tinha em mente que ao menos um pedacinho de Alexia ficaria com ela para sempre, como uma lembrança feliz de um dia extremamente triste.

'–O quê?' – ela perguntou, indignada, e lágrimas começaram a brotar novamente – 'Onde ele está? Foi colocado no mesmo... no mesmo lugar que Alexia?' – ela soluçou, sem conseguir controlar-se.

'–A criança já foi enterrada. O pai do bebê preferiu assim.'

'–O pai do bebê preferiu?' – ela urrou, inconformada – 'Eu sou a mãe dela! Eu nem mesmo fui informada da morte da criança!'

'–Sinto muito, minha cara, como já disse. Não há nada que eu pudesse ter feito frente à isso; legalmente, ele decide tudo, como marido dela.'

Celine baixou os olhos, tentando – em vão – secar as lágrimas e evitar manchas vermelhas.

'–Onde ele está? Onde o marido de Alexia está? Eu preciso falar com ele.' – ela disse, decidida, encarando Dumbledore ferozmente.

'–Ele me pediu discrição, Celine. Não posso dizer, infelizmente.'

'–Como não pode, Dumbledore? Ao menos o nome dele, então. Creio que você conhece a identidade do sujeito.' – ela pediu – ' Eu preciso falar com ele, Alvo.' – insistiu.

'–Ele pediu total descrição. Sinto muito.'

'–Quanto você quer? Peça quantos galeões quiser, mas me diga o nome do marido de minha filha!' – urrou, deixando as lágrimas escaparem e rolarem por sobre a face branquíssima.

'–A fidelidade não tem preço, Spring. Eu sinto muitíssimo por Alexandra. Imagino o quanto isso deve doer.'

Celine explodiu de raiva. O velho não conseguia imaginar nem um décimo daquela dor, pensou ela, porque, se pudesse, lhe diria logo o nome do sujeito.

Ela voltou para perto da família pior do que já estava e explicou a situação para a filha e o genro, fazendo Olívia chorar mais do que Celine já havia visto na vida.

Próxima ao túmulo, Elena Summers chorava baixinho com uma das mãos apoiada no ventre dilatado. Estava fora da área de segurança limitada por um cordão mágico. Somente a família teria acesso àquela área, e a garota ainda não se encontrara com os pais e a avó.

Querendo ficar sozinha com a tia, acabou descobrindo a identidade do marido dela, que era ninguém mais ninguém menos do que seu odiado professor de Poções.

Admirou-se imenso, mas não contou a ninguém. Se era importante para Alexia, era para ela também.

Devia lealdade à tia, principalmente naquele momento, em seu postmortem.

Deixando a área, foi até um grupinho restante de alunos no jardim. Estes, sonserinos.

Sean correu até ela quando a viu, preocupado.

Os amigos acenaram para os dois, voltando para o castelo.

Assim que viu Sean, Elena recomeçou a chorar. Ele a puxou para seu peito e a abraçou. Deixou que ela chorasse em seu ombro e afagou os cabelos loiros.

'–Shhh, acalme-se, Nana.' – ele pediu, chamando-a carinhosamente.

'–Eu simplesmente não acredito, Sean, não acredito...' – ela soluçou, agarrada à ele.

'–Nem eu, nem eu...' – apesar de sonserino, o rapaz prezava Alexia imensamente, ainda mais depois de tudo que a professora tinha feito por eles.

'–Isso é tão horrível!' – ela disse, entre um sussurro e outro – 'Os dois morreram, ouvi Dumbledore disse mais cedo. Ela e o bebê.'

A feição de Sean ficou mais marcada e mais desacreditada.

'–É mais do que horrível.' – ele sussurrou, beijando o topo da cabeça de Elena, tentando assimilar as informações.

Os dois seguiram até onde a família Spring se encontrava, prestes a entrar na área restrita.

Sean cumprimentou-os com um aceno de cabeça e permaneceu ao lado da garota o tempo todo.

'–Querida...' – Celine disse, abraçando a neta – 'Como você está, meu bem?'

'–Péssima, vovó, péssima... Eu, eu não consigo... Não ela, vovó!' – ela voltou a chorar e Sean abraçou-a até que ela se acalmasse.

'–Pronto?' – ele perguntou, a voz falhando como se houvesse uma maçã em sua garganta.

Elena suspirou, ainda soluçando, e segurou uma mão dele com força. O outro braço de Sean segurava sua cintura, repousando na barriga.

Ela acenou com a cabeça e partiram para a área restrita. Um auror guardava a pequena entrada.

Richard, Olívia e Celine já estavam próximos ao caixão, porém Olívia aguardava a filha um passo atrás dos outros.

Elena entrou e estava sendo seguida de perto por Sean quando o auror barrou-o.

'–Família somente.'

Sean e Elena tentaram se explicar, em vão.

'–Ele é meu genro, e é da família.' – a voz fina e requintada de Olívia disse atrás do auror.

'–Perdão, senhora.' – ele deixou o rapaz passar e acenou com a cabeça.

Os dois jovens estavam boquiabertos diante da atitude da mulher, que conduziu a ambos para dentro do círculo formado de cordas, pousando um beijinho na mão da filha e pedindo a ela para ser forte.

Elena caminhou lentamente e parou quando o caixão surgiu, mais perto do que nunca. Ali repousava Alexandra Spring, a melhor professora que aqueles alunos já tiveram, a tia engraçada e compreensiva, a irmã que faria tudo pela sobrinha, a filha rebelde. Aquele era o retrato final, a imagem que talvez guardariam na memória para sempre.

Elena desatou em um choro histérico quando viu sua tia imóvel no caixão pomposo. Não era ela ali. Era um corpo que não sorria, que não piscava os olhos azuis, que não dizia palavras de conforto.

A perda finalmente desabou sobre ela e Elena Summers chorou tanto quanto Sean nunca vira. Ele acompanhava-a segurando seu cotovelo e esperando. A garota caiu de joelhos no chão, chorando copiosamente.

Com cuidado, Sean levantou-a novamente.

'–Sean, me deixe!' – ela gritou, sentindo uma dor que nunca sentira. Faltava um pedaço. Ela estava vazia.

'–Nana, levante' – ele pediu, firme – 'Você não pode ficar aqui, no chão. Você precisa pensar em outro bebê neste momento.'

Ela tentou limpar as lágrimas.

A mãe e a avó ainda não tinham se aproximado do caixão, apenas choravam silenciosamente numa distancia segura.

'–Eu estou me sentindo dilacerada, e só consigo pensar em tia Alexia, Sean! E no bebê dela...' – Elena fungou, apoiando-se no namorado que passou a mão pelo ventre dilatado da garota.

'–Todos estamos, acredito. E só posso imaginar o quanto isso deve doer em você.' – ele segurou o queixo dela com o polegar e o indicador – 'Me deixa louco pensar que você está sofrendo tanto e nem eu nem sua família podemos fazer nada a respeito.'

Ela começou a chorar baixinho no ombro do rapaz.

Olívia aproximou-se, os olhos vermelhos e inchados.

'–Elena, meu bem, é melhor você se acalmar.' – a mãe passou a mão pelos cabelos da filha, que estava apoiada no namorada – 'Talvez tomar uma água. Neste estado você só prejudicará a si mesma e ao bebê.' – Elena olhou para o caixão e ponderou – 'Vá, filha.'

Enxugando os olhos, afastou-se ligeiramente de Sean.

'–Escute sua mãe, Nana, e vamos buscar uma água para você.' – ele disse, pegando a mão da menina e dando um beijinho.

Elena concordou, despedindo-se uma última vez da tia com os olhos e fazendo um pedido baixinho a Merlin.

Olívia só conseguia pensar em como Alexia estivera certa sobre Sean. Quando falava com Elena, parecia que não havia mais ninguém no mundo e a mãe decidiu que a garota não merecia nada menos do que isso.

Culpava-se, apesar de tudo, porque discutira com a irmã na última vez que a vira, e nem tivera a chance de dizer o quanto a amava ou o quanto lhe era grata. Só lhe restava esperar que Alexandra, onde quer que ela estivesse, lhe perdoasse.

~"~

Serena passou correndo e teve que desviar das bolas de cristal que a Prof. Trelawney arremessava contra os Comensais. Onde estava seu pai? E Draco? Não encontrara nenhum dos dois nem mesmo de supetão.

'-E eu tenho mais!' – a professora gritou do andar de cima, afugentando alguns Comenais.

Serena derrubou alguns gigantes, lançando feitiços contra eles pelas janelas estilhaçadas, e seguiu para o Salão Principal. Quando chegou, aranhas enormes invadiam o ambiente, causando terror geral. Até mesmo Serena recuou um passo, a varinha em punho.

O trio de ouro também se encontrava ali, e Serena podia vê-los mais à frente. Jatos verdes voavam de todas as varinhas em direção às criaturas, sem fazer muito efeito. Serena não queria saber delas, apenas queria saber onde o pai estava, visto que a batalha começara há muito e faltava pouco para o prazo estipulado por Voldemort.

Num momento de devaneio, um raio vermelho passou muito próximo da cabeça de Serena. Ela rolou no chão desviando e, mais que rapidamente, gritou:

'-Expelliarmus!' – e a varinha de um Comensal alto e encapuzado voou para a mão dela, que quebrou-a no meio.

Serena acompanhava Potter e seus amigos com o olhar e viu-os afastar uma porção de dementadores e correr em direção ao Salgueiro Lutador.

Ela franziu o cenho, e decidiu que tinha que ver o pai. Tinha levado consigo algumas coisas, dentro de uma bolsinha debaixo da capa. Nada especialmente valioso ou importante na guerra; apenas algumas lembranças boas caso Voldemort ganhasse e o castelo tivesse de ser evacuado.

A pulseira que fora da mãe, o último bilhete de Dumbledore para ela – enviado no Natal em que ela chegara à Hogwarts, o livro Os Contos de Beedle, o Bardo que pertencera à Alexia, o colar com um 'S' que ganhara de Snape e o caderninho de capa azul que ganhara de Eliza.

Correu para um canto próximo à Floresta Proibida, oposto às batalhas. Abriu a pequena bolsa e correu os dedos levemente, encontrando o couro azul. Não sabia bem para o que servia, mas esperava que seus pensamentos estivessem certos.

No bolso interno das vestes, achou sua pena especial, que ganhara de Snape no quinto ano, e abriu o livro. "Talvez esse livro sirva para você. Vai lhe ajudar a encontrar quem você deseja." Era o que Eliza escrevera.

Severo Snape – escreveu com sua caligrafia inclinada. O papel pareceu sugar a tinta, já que a inscrição desapareceu por alguns segundos e voltou a aparecer depois.

Bem abaixo de onde Serena escrevera o nome de seu pai um desenho com traços finos começou a ser delineado. Era uma árvore frondosa e seus galhos balançavam muito – até demais. Era o Salgueiro Lutador.

Repentinamente, os galhos do desenho pararam de mover-se e um círculo surgiu em suas raízes. O que, afinal, era aquela raiz nodosa?

O Salgueiro moveu-se, algo foi atirado no extremo inferior da árvore – naquele exato local mostrado – e os galhos pararam imediatamente.

Por que Snape estaria no Salgueiro Lutador?

Mas Serena não tinha tempo para pensar, e decidiu-se por ir logo.

Procurou no chão por algo que pudesse atirar na raiz e encontrou uma pedra razoavelmente grande. Estreitou os olhos e mirou. Bang. Os galhos sustaram.

Havia um buraco estreito e Serena seguiu por ele. Uma luz fraca irradiava da varinha – que ela mordia para ter os braços livres durante o percurso em que teria de rastejar. Quando Serena chegou à superfície, viu um quarto.

Abaixada, rumou. Um grito alto e esganiçado cortou a noite. Ela estacou e prendeu a respiração.

Voldemort estava lá, ela podia sentir. E também Snape.

Lágrimas escorreram e o maxilar cedeu. Ali estava, Severo Snape, branco como nunca. A cobra de Voldemort seguiu-o, deixando um rastro de sangue que partia do pescoço do homem que jazia agora no chão.

Lord das Trevas e Nagini saíram rapidamente, e tão logo quanto saíram Potter saltou para a sala, abandonando a capa da invisibilidade.

Serena, chorando silenciosamente e ainda sem ser percebida pelos companheiros, lembrou do que pedira a Potter.

Ela não sabia se agüentaria ver aquilo, mas algo deveria ser feito. Então, acompanhou o garoto até o pai. Weasley e Granger acompanharam-na.

Um líquido prateado escorria junto ao sangue e Snape insistia para que Potter o pegasse.

Hermione conjurou um frasco e Harry o pegou. Serena estava estática, mas sua mente fervilhava.

Se ela fosse rápida o sufieciente...

'-Granger?' – Serena disse, sem deixar de fitar o pai.

'-O que você está fazendo aqui...?' – Weasley começou e Harry mandou-o calar-se.

Hermione deu atenção à garota, que listou alguns poucos ingredientes e foi retribuída com frascos.

Granger conjurou um caldeirão e Serena misturou tudo tão rápido quanto podia.

'-Faça-o esperar, Potter!' – ela gritou em meio às lágrimas enquanto mexia a Poção – 'Mantenha-o acordado. Não deixe que ele se vá.'

Serena observava-os desesperada e retirou novamente a pena das vestes. Era a única coisa cortante ali.

Forçou a ponta contra o braço e afundou, rasgando a pele dolorosamente, mordendo os lábios para que não gritasse. Deixou que algumas gotas pingassem e rezou para que funcionasse.

'-Olhe... Para... Mim' – Snape pediu à Potter.

Ela deu apenas mais uma volta na poção e Hermione encheu um frasco com o conteúdo, entregando-o para a morena.

Serena colocou imediatamente contra os lábios do pai e fez com que descesse garganta abaixo.

Os olhos dos mestre de Poções piscaram e ele deu um suspiro. Serena deu um gritinho esganiçado, temendo que fosse tarde demais.

Agarrou as vestes pretas e olhou-o nos olhos, o sangue vertendo abundantemente de seu braço.

'-NÃO!' – ela gritou, e até mesmo Weasley que não gostava nenhum pouco da garota teve pena – 'Não, pai, não!' – ela abraçou o corpo mole de Snape e apoiou a cabeça no ombro dele – 'Por favor, por favor! Você tem que voltar! – 'Serena estava desesperada e chorava copiosamente, agarrada ao pai.

'-Serena...' – Potter pediu, puxando de leve seu braço.

'-Não, Potter!' – ela soluçou – 'Não pode ser, simplesmente não pode!'


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Notas finais do capítulo

Não me matem, por favor!

E... O capítulo acaba em clima de suspense!

Vocês vão ter que acompanhar para saber se sou uma pessoa má ou boazinha, rsrs.

Enfim, o que acharam do capítulo?

Já estão querendo mais? Hahaha

É isso por hoje...

Beijo, L.



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