Loves Ways escrita por lollyb


Capítulo 26
À flor da pele


Notas iniciais do capítulo

Bem, este, para mim, foi um capítulo bastante emocionante... Tem um pouquinho do passado da Alexia, algumas memórias... Espero que vocês também gostem!



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Quando fechou a porta, Serena estava recostada ao quadro negro, os braços cruzados sobre o peito, e Malfoy acomodou-se na mesa do professor.

'–Então?' – inquiriu a morena, impaciente.

Draco não respondeu, apenas encarou a porta escura, pensativo. Os archotes faziam sombras acobreadas sobre seu rosto pálido, e fazia tempo que Serena não reparava no quão bonito ele era.

'-Malfoy, eu não estava mentindo quando falei que não tinha a noite toda...' – ela resmungou, um pouco menos ácida que outrora.

'-Eu sei, calma' – ele pediu, firme, acenando com a mão para que ela ficasse.

Serena puxou a franja para trás, mexendo inquietamente no cabelo, enquanto Draco pensava. O cabelo liso ficou para trás por apenas um segundo, e voltou a cair nos olhos da garota, que soprou-o para o lado.

'-Eu não gosto da Pansy, tampouco quero ficar com ela.' – ele soltou, repentinamente, atraindo um olhar descrente de Serena com direto a sobrancelha arqueada – 'Você tem que saber isso primeiro. E eu gostava mesmo de você.'

O olhar da garota adquiriu uma gota de confusão, mas a expressão ainda era a mesma.

'-Você não me deve explicações' – Serena deu de ombros – 'Não passamos de colegas de Casa. Não me interessa o que aconteceu naquela noite, antes ou depois.' – ela completou, séria, fingindo não se importar nem minimamente. Fingindo bem, ela estava.

Algo no sangue de Draco ferveu com aquele comentário acrescido ao olhar gélido que recebia furtivamente dos olhos azuis.

'-Eu estou explicando porque eu quero. Um Malfoy não deve nada a ninguém, muito menos explicação.' – ele retorquiu pomposo, mas temeroso de que Serena não cedesse.

'-Está bem, então, senhor Malfoy.' – ela zombou, afastando-se do quadro negro e indo em direção à porta e quase tocando a maçaneta. Quase. Por meio segundo, Draco conseguiu segurar sua mão e impedi-la de ir.

Ele puxou-a com uma rapidez cuidadosa, e colou-a a parede ao lado da porta. A respiração de ambos estava ofegante, Serena estava agora tão brava quanto quando segurara-o pelo colarinho e Draco estava confuso.

'-Deixe-me ir' – ela disse baixo, mas furiosa.

'-Eu não vou deixar. Você vai me ouvir primeiro!' – ele retrucou, segurando os pulsos da garota.

'-Você está me machucando!' – ela gritou e fez uma careta de dor.

Draco soltou os pulsos, mas colocou uma mão de cada lado de Serena.

'-Por que você está fazendo isso, Malfoy? Esqueça-me!' – ela disse, com lágrimas nos olhos. Nem Serena sabia dizer o porquê daquela tristeza repentina.

'-Eu não consigo te esquecer, Serena, que droga.' – ele urrou, dando um soco forte na parede.

'-Não grite comigo!' – ela pediu, com raiva, deixando as poucas lágrimas escaparem.

'-Eu amo você' – ele disse, sério, como se Serena não tivesse falado, mas baixou o tom de voz e a fez olhar em seus olhos enquanto falava – 'É o que eu estava tentando lhe dizer antes.'

Serena estacou e seu coração começou a martelar no peito. Ela encarava Draco com o maxilar cedendo ligeiramente e os olhos fixos nos dele.

Ela tinha raiva e ao mesmo tempo sentia borboletas no estômago. Havia também uma sensação nova, que ela não sabia dizer de onde vinha, e que a inundava, fazendo seu inconsciente querer voar para Draco.

Ninguém nunca tinha lhe dito aquilo antes afora sua mãe, mas ela então era apenas um bebê.

'-Eu estava confuso sobre o que eu sentia por você...' – ele admitiu, começando a explicação – 'Achei que as coisas estavam indo além do meu controle, que você estava se tornando importante demais na minha vida.' – disse, com o orgulho ferido – 'Também me irritava muito não ter você por inteiro, poder ter você apenas longe da vista de qualquer um. Fiquei com raiva de você, do meu pai, do meu padrinho, de Voldemort e de todos que me impediam de te ter.' – ele continuou, possessivo.

Serena não escutava realmente. Ainda estava no transe confuso que aquela confissão lhe deixara. Agora o coração acalmara, e parecia que tinha tomado uma dose mortal de morfina. Estava fora de si, e o pensamento vagueava.

Tinha noção de Draco falando e do assunto. Mas, mais tarde, jamais se lembraria das palavras ou argumentos exatos.

'-Quando decidi realmente tirar você da minha vida, quase fui atrás de você para terminar tudo.' – ele contou – 'Mas te vi com a Duncan. Se terminasse com você, eu me arrependeria pelo resto da vida. Então fiz você terminar comigo, o que deu na mesma.' – Malfoy falou, com dificuldade para exprimir os próprios sentimentos, que eram tão verdadeiros para Serena.

A garota mirava um lugar fixo e podia apenas captar o som ao longe. Era como se estivesse em um barco balançante em pleno mar. Até seu estômago tinha ficado embrulhado.

'-Pansy ficou furiosa comigo depois que eu disse que não estava interessado realmente nela. Não importa. Ela é mesmo uma vadia. E, Serena, você realmente não queria que suportasse você saindo com Gordon, queria? Francamente, ele é um idiota, prepotente, metido a cavalheiro...' – ele inquiriu, enciumado.

Serena despertou, finalmente, do transe e demorou alguns poucos minutos para que seu cérebro organizasse as informações. Draco deixara-a, amava-a e arrependera-se. Praticamente isso.

A garota se aprumou no seu lugar entre os braços pálidos de Draco na parede e um tapa estalou alto no rosto alvo do rapaz.

'-Ai.' – Draco disse, tirando as mãos da parede e colocando uma delas na bochecha agora avermelhada – 'Que merda, Serena, isso vai ficar roxo!'

'-Você achou mesmo que te perdoaria, te agarraria e viveríamos felizes para sempre?' – ela perguntou, arqueando novamente a sobrancelha.

'-Eu achei que você ainda gostasse de mim!' – ele falou, parecendo uma criança mimada.

'-E eu gosto. Mas isso não muda o fato de que você é um completo idiota!' - ela resmungou, deixando a parede e cruzando os braços.

Draco sorriu torto, virando-se para ela, ainda com a mão na lateral do rosto.

'-Você estava com a Parkinson! Francamente! Poderia ter escolhido alguém melhor.' – ela disse, revirando os olhos.

'-É que eu não estava realmente à disposição. Senão, as garotas fariam fila.' – o rapaz disse com um sorriso zombeteiro e Serena ainda cruzava os braços no canto oposto da sala – 'Eu queria você, Srta. Snape.'

Serena arqueou a sobrancelha novamente.

'-Queria tanto que estava com aquela vaca.'

'-Ciúme, querida?' – Draco perguntou, desta vez ele arqueando a sobrancelha loira e rompendo a distância entre eles.

'-O que você acha?' – ela perguntou, sussurrando no ouvido dele quando próxima o suficiente – 'Só espero que você não me faça sentir isso nunca mais.' – ela falou, enjoada, como se fosse uma ameaça.

Ele puxou-a para si e, para surpresa de Serena, abraçou-a antes de tudo, inspirando seu perfume.

'-Senti falta de você' – ele admitiu, passando a mão pálida e gélida pelo rosto dela como que para se lembrar, contornando de leve o nariz, a sobrancelha e, por fim, os lábios cheios.

O toque da mão de Draco fez Serena estremecer, mas ela percebeu que era de felicidade. Também sentia falta dele. Quando ele repousou a mão sobre o queixo da garota, ela capturou sua mão e segurou-a firmemente, sentindo o toque gelado com carinho.

Ela olhou para as mãos pálidas sob a luz dos archotes. Era tão bonito.

'-Você já me perdoou?' – ele inquiriu, abraçando-a por trás.

'-Não sei ainda, Draco' – foi tudo o que ela disse, ficando séria de repente.

Ele, então, capturou seus lábios para um beijo morno e doce, que transformou-se em ávido e fugaz com o passar dos minutos.

Depois de uma longa temporada de beijos, eles se acomodaram em uma poltrona velha que fazia parte do mobiliário da sala abandonada. Serena estava recostada no peito de Draco, bem encaixada em seu ombro esquerdo.

'-Eu tenho plena noção de que eu fui um completo idiota' – ele disse, após um período de silêncio – ', você não sabe o quanto é difícil para um Malfoy admitir isso.' – Draco considerou e Serena rolou os olhos – 'E, enquanto eu te convenço a me perdoar, namora comigo?' – ele pediu, ajeitando-a em seu colo para que ficassem de frente um para o outro, com um sorriso maroto brincando nos lábios finos.

'-Assim, sem anel nem nada?' – ela ironizou, encolhendo os ombros e fazendo um falso biquinho.

'-Se essa for sua condição, amanhã mesmo arrumo alianças.' – ele sorriu torto, entrando na brincadeira.

'-Se você me aparecer com alianças, pode me esquecer. E de quebra arranco sua cabeça fora, Malfoy.' – ela alertou, sorrindo.

'-Sem Malfoy' – ele disse sério.

'-Quer que eu te chame do que? Namorado?' – perguntou, rindo de deboche.

'-Qualquer coisa, menos Malfoy.'

'-Até doninha albina?' – ela provocou.

Draco apenas olhou para ela, franzino.

'-Está certo então, Loiro.' – ele puxou Serena para si e a acomodou melhor em seus braços.

'-Draco' – ela chamou em seu peito um tempo depois.

'-Diz' – ele retorquiu, sonolento.

'-Para quem você quer contar?' – ele não entendeu de imediato – 'Estava te incomodando tanto assim por que você não podia contar à sua mãe?'

'-Não' – ele assimilou depois da última frase e respondeu, cauteloso – 'Eu estava com muito medo de tio Severo descobrir.'

'-Covarde' – Serena murmurou, deitada no peito dele.

'-Você acha que devemos contar a ele?' – o loiro perguntou, temeroso.

'-Talvez seja o melhor. Diante da guerra que está por vir, tanto faz como tanto fez.'

'-Merlin, que Salazar me proteja... Se não, não passo do dia em que ele descobrir.' – ele resmungou, temeroso.

'-Como reclama!' – Serena disse, virando-se sobre Draco de forma que os olhares pudessem se encontrar.

'-Você sentiu saudade das minhas reclamações, não sentiu?' – perguntou, presunçoso, sorrindo de leve para ela.

'-Você sabe que sim, seu covarde.' – ela retorquiu, arqueando uma sobrancelha novamente – 'Ele é apenas seu padrinho...' – completou, sorrindo de lado.

'-Já não está com cãibra na sobrancelha?' – o loiro perguntou, enfezado – 'E seu pai sabe botar medo quando quer. Tenho certeza que não será meu padrinho que falará comigo...' – ele completou, ainda amedrontado.

'-Ah, Draco' – ela disse, de repente – 'podemos namorar, mas sem babaquices' – ela lembrou-o – 'Não suportava ver Eliza e Blaise naquela melação!' – Serena franziu o nariz à lembrança.

Ele apenas concordou, e o sorriso não desapareceu enquanto ele admirava a morena sob a luz alaranjada dos archotes.

O cabelo negro estava em uma tentativa de bagunça, mas parecia proposital. A pele branquíssima dela deixava evidências de como era magra pelas sombras que a luz causava e os olhos azuis brilhavam, agora receptivos e só para ele.

Ela era linda, e era dele novamente. Esse pensamento deixou Draco tão feliz que o fez puxá-la de forma desajeitada para um beijo carinhoso.

'-Vamos.' – Draco murmurou, um tempo depois. Tinham perdido o jantar e já passava do toque de recolher – 'Antes que Blaise e a Duncan pensem que estamos nos matando aqui.' – ele deu uma risada zombeteira, puxando-a pela mão para a porta.

Serena concordou, arrumando a capa amassada e aceitando a mão que lhe era oferecida,

'-Ah' – ele disse, virando-se para ela novamente – ', se você estiver com fome podemos pegar algo na cozinha, com os elfos' – ele torceu o nariz fino e aristocrático à menção dos elfos.

'-Não estou.' – ela concluiu, seguindo calma e cuidadosamente pelo corredor do terceiro andar.

Pararam, rindo baixo para não alertar Madame Nora, numa pequena alcova e beijaram-se de novo. E de novo. Serena parou os beijos para tomar um pouco de ar, ainda entrelaçada em Draco.

Contornou o nariz do loiro com as pontas dos dedos finos e pensou em como sentira saudade daquela pele gélida que parecia ser uma característica exclusiva dele. Beijou a ponta do nariz e correu os dedos pelo maxilar pontudo do rapaz, sentindo a fina barba loira que apontava ali.

Era como estar em casa.

'-Vamos' – ela sussurrou para ele.

Partiram, então, para as masmorras silenciosamente, mas com a mente fervilhando.

~"~

Eliza e Blaise esperavam no Salão Comunal da Sonserina, sentados num divã verde próximo à uma lareira apagada. Eliza arrumara a tiara de contas vezes inimagináveis, enquanto Blaise fingia estar prestando atenção à janela.

'-Você acha que está tudo bem lá?' – Elizabeth perguntou, por fim, quebrando o silêncio incomodo – 'Não é melhor irmos lá e vermos se eles ainda estão vivos?'

'-Se fosse há duas horas eu não aceitaria, mas estou começando a considerar essa opção.' – ele respondeu, intrigado – 'Serena é perversa.' – adicionou, erguendo as sobrancelhas para a loira.

'-Merlin!' – Eliza desmoronou no divã, perdendo a postura incrivelmente reta e curvando-se para as pernas apoiando o rosto nas mãos, sem saber o que fazer.

Permaneceram ali por mais meia hora. Enquanto Eliza encarava ingenuamente os pés, Zabini observava-a. Os cabelos loiros pendiam compridos, formando cachos largos nas pontas, e, com a tiara de contas, parecia uma boneca.

Blaise gostava daquilo. Eliza era quase o contrário de Serena: ingênua, singela e carismática. Ele se arrependia a cada minuto que esperavam juntos por ter terminado com ela. Não seria fácil, ele sabia, mas admitiu para si mesmo que tentaria até o fim.

Num momento muito próximo da decisão de Blaise, a porta do Salão Comunal se abriu e Draco entrou, sendo acompanhado de perto por Serena, pelo que podiam ver do pouco que a luz dos archotes iluminava naquele canto.

Eles estavam sérios, mas o rosto de ambos estava sereno. Blaise e Eliza juravam que eles entrariam bravos e batendo portas, e, quando eles se aproximaram, mãos atadas surgiram para a enorme surpresa dos dois ocupantes do Salão.

'-Onde estão os outros?' – Draco perguntou, cortando o clima de surpresa que o retorno deles causara, apontando para o salão vazio.

'-Os Carrow estiveram aqui.' – Blaise explicou, dando de ombros – 'Ninguém teve coragem de ficar depois que eles saíram.'

Draco ergueu as sobrancelhas em surpresa e ele e Serena acomodaram-se no sofá à frente.

Serena bocejou, se espreguiçou e encostou –se à Draco, sonolenta.

O maxilar da loira cedeu um pouco, encarando-os com espanto.

'-Você já está indo para o dormitório, Eliza?' – Serena perguntou, sonolenta.

Eliza acenou, embasbacada ainda, e completou: '-Sim, só estava esperando você chegar'.

'-Vamos então?' – Serena inquiriu, soltando mais um bocejo.

Eliza assentiu, desejando um "boa noite" quase formal aos dois garotos. Serena levantou-se e Malfoy a acompanhou. Ela sorriu fino e deu um selinho carinhoso em Draco antes de sair.

'-Boa noite, Loiro.' – ela disse baixinho.

'-Eu amo você' – ele sussurrou de leve no ouvido dela, depositando um beijo próximo à orelha depois.

Aquelas três palavras fizeram o estômago de Serena gelar e revirar novamente, e ela apenas sorriu para os pés, feliz.

Draco não planejara dizer aquilo, aquelas palavras, em momento algum. Porém, pela segunda vez no dia, elas tinham lhe escapado como a verdade absoluta que eram. Apenas quando as disse, percebeu que aquilo era mesmo verdade.

E, para Draco Malfoy, isso era extremamente incomum. Ele e Blaise pegavam sem se apegar, e por muito tempo o loiro acostumara-se a isso. Agora era quase nauseante precisar de Serena daquela forma.

A garota afastou-se dele com um sorriso leve no rosto, desejando boa noite à Blaise. Draco sorriu.

~"~

'-Serena, o que foi aquilo? O que aconteceu com você e... Malfoy?' – Eliza perguntou, afoita, assim que elas chegaram ao dormitório.

Cate e Felícia estavam dormindo, mas, mesmo assim, Eliza correu as cortinas verdes da cama de Serena e sentou com delicadeza.

'-Bem, é complicado.' – Serena disse, sem saber como explicar aquela sensação de plenitude que sentia – 'Draco falou bastante; no começo eu não acreditei, não queria acreditar, mas...' – ela parou, sem saber como dizer à Eliza como tudo mudara.

Elizabeth sorriu, entendendo. '-Ele gosta mesmo de você não é?'

'-Parece que sim...' – ela suspirou, pensando nas coisas que Draco dissera à ela.

'-Há alguma coisa errada?' – Eliza perguntou, desconfiada.

'-Não. Só estou com o mesmo medo que fez Draco querer terminar comigo.' – ela admitiu, olhando para a janela sobre suas cabeças – 'Eu gosto mesmo dele, Eliza. Também tenho medo das coisas ficarem sérias demais.'

'-Uma hora isso acontece na vida, Serena' – a loira disse sabiamente – ', e, se você gosta dele, vá em frente.' – ela deu de ombros e deu um sorriso triste.

'-O que houve, Eliza?' – Serena perguntou, notando que a prima tinha estado quieta demais ante a reconciliação do casal.

'-Nada, estou apenas cansada' – ela levantou-se – ', mas extremamente feliz por você. Não que não tenha sido chocante ver vocês juntos, mas... Bem, estou realmente feliz.' – Eliza deu um sorrisinho que iluminou os olhos verdes e seguiu para sua cama.

Serena deu uma risada baixa e murmurou um 'boa noite' para a prima. Enfim, tudo estava voltando aos eixos novamente e a garota não podia sentir nada senão felicidade.

Estava confusa ainda com a volta do relacionamento com Draco, e ainda surpresa com aquelas três palavrinhas que não recordava ter ouvido de ninguém mais. Culpou-se por não dizer o mesmo a ele, mas não podia.

Não tinha certeza ainda, e, depois da história com Pansy, ela ainda estava receosa.

Acima de tudo, estava feliz por ter Eliza de volta em sua vida e, agora que ela sabia de tudo, quase não podia acreditar no parentesco que existia entre elas. O peito apertou de repente, ardendo com uma vontade imensa de conhecer sua família.

Revirou na cama, pensando nas histórias que ainda não conhecia sobre sua família e quase mandou uma coruja à Elena, querendo saber mais sobre a relação próxima da prima mais velha com sua falecida mãe, mas não o fez. Eram tempos perigosos.

~"~

Alexandra batera na porta da antiga /mansão da família, completamente restaurada pelos melhores profissionais do mundo bruxo. Olívia, sua irmã mais velha, viera atendê-la e ficara realmente surpresa.

'–Alexia!' – ela disse, afoita, abraçando a irmã – 'É tão raro receber uma visita sua e neste mês você já esteve aqui três vezes!'

'–Incomodo?' – a ruiva perguntou, brincalhona, pegando as inúmeras sacolas que trouxera e deixara no chão para abraçar Olívia.

'–Você sabe que não. Só estou surpresa.' – ela respondeu, num tom de crítica, dando espaço para a irmã entrar – 'Estava justamente falando com mamãe que seria ótimo se você aparecesse aos domingos, talvez trouxesse seu marido...'

'–Bem, cá estou, num domingo' – ela sorriu, e repousou as sacolas num divã revestido de caxemira indiana – ', mas meu marido fica para outra ocasião.' – ela continuou sorrindo mesmo depois do olhar desaprovador de Olívia.

'–E como você está, Alexia?' – ela apontou para o ventre dilatado da irmã com uma preocupação fraternal.

'–Estou ótima, Liv, melhor do que nunca.' – ela pousou a mão na barriga com carinho – 'Ah, a propósito, Elena está?'

'–Sim, sim, está.' – Olívia acenou afirmativamente – 'Estão todos na cozinha.'

A cozinha da família Spring era imensa e clara, com móveis requintados herdados de várias gerações antes e todos reformados com grande elegância. As panelas cozinhavam sozinhas num canto distante enquanto a família estava reunida numa mesa oval de vidro.

Elena cutucava com curiosidade a fina toalha bordada com linho e fios de ouro da avó, um tanto quanto sem jeito ao estar com a família novamente depois do ano em Hogwarts e da notícia da gravidez precoce.

O pai de Elena ajeitava os óculos enquanto lia O Profeta Diário, uma cadeira distante da garota, com o cabelo castanho claro cacheado caindo em sua testa, fazendo-o franzir o cenho.

Quando Olívia entrou, acompanhada de Alexandra, Celine Spring tinha acabado de entrar por uma enorme porta de vidro que levava à um jardim de inverno. A mulher tinha os cabelos loiro-prateados que refulgiam, agora quase brancos pela idade, e um sorriso ameno no rosto.

Ela levou um susto e demorou ainda um tempo para assimilar a chegada repentina da filha mais nova.

'–Alexia!' – disse, arregalando os olhos azuis claríssimos em surpresa e sorrindo.

Elena e Richard Summers pararam o que estavam fazendo com o anuncio de Celine. A garota levantou sorrindo e foi abraçar a tia.

'–Tia Alexia!' – ela disse, exultante.

'–Ei, não acredito que você esteja com saudade de mim, mocinha!' – Alexia brincou, apertando mais a sobrinha em seus braços – 'Você me vê todos os dias na escola!'

'–É diferente, tia...' – Elena revirou os olhos. Os dela eram de um verde quase azul que ninguém nunca soube definir.

'–Eu sei que é, querida' – Alexia sorriu, radiante, e os cabelos ruivos contrastavam com tudo o mais nela, que era extremamente claro – 'E me diga: como você está? Tem se alimentado bem?' – perguntou, preocupada.

Olívia fingiu não escutar quando as duas começaram a falar sobre o bebê e pareceu que as cenouras picadas eram extremamente atraentes.

'–Tenho sim, tia. Está tudo certo.' – ela apertou a mão da tia como confirmação.

Alexia sorriu novamente e analisou a sobrinha. Ela usava um suéter rosê de um tecido fino e caro e a barriga já mostrava uma saliência que não podia ser confundida.

'–Quantos meses já, querida?' – a tia perguntou, acariciando de leve o ventre da garota – 'Cinco?'

'–Seis.' – Elena murmurou, embaraçada frente à família.

Alexia sorriu e foi abraçar a mãe.

'–Alexandra, que bom revê-la tão cedo!' – Celine exclamou, com um sorriso de preocupação – 'E novamente você não trouxe seu marido para conhecermos!'

'–Ele virá, mamãe, assim que puder.' – Alexia afirmou em um sorriso frouxo.

'–O que ele é por acaso, Alexia, para você esconde-lo de nós? Um marginal? Um aliado de Voldemort?' – Olívia perguntou em deboche, enquanto sacava a varinha e fazia a toalha trabalhada voar já dobrada para a bancada.

'–Vocês o conhecerão, eu garanto. Assim que for possível.' – ela disse novamente, agora a voz um pouco mais ácida para a irmã.

Olívia resmungou mais algumas coisas enquanto fazia a salada e os pratos voarem para a mesa. Alexia cumprimentara o cunhado e puxara Elena para uma das salas da mansão, onde deixara as sacolas.

'–Querida, eu não resisti quando fui às boutiques de bebê.' – Alexia sorriu para a sobrinha, entregando uma porção infindável de sacolas – 'Estive hoje comprando as últimas coisas para este pequeno e resolvi trazer tudo o que eu já tinha comprado para você.'

'–Tia Alexia, é muita coisa!' – Elena disse, surpresa, retirando diversas roupinhas das sacolas.

'–Um bebê precisa de muita coisa, Elena. E não creio que sua mãe tenha comprado nada enquanto você esteve em Hogwarts.' – Alexia lançou um olhar acusador para a cozinha.

'–Não, não... Ela não está, hum, confortável com isso.' – a garota baixou os olhos para o ventre e suspirou.

'–Achei mesmo. Aqui tem bastante coisa, mas qualquer coisa além que você precise, me avise, querida, pelo amor de Merlin.' – a ruiva lançou um olhar atencioso para a garota, que sorriu timidamente.

'–Essas são as primeiras coisas do bebê.' – Elena sorriu fraco.

'–Primeiras? Você está no sexto mês e não tinha nada comprado?' – Alexia inquiriu, arqueando uma sobrancelha como nunca fazia.

'–Não. Mamãe não fala sobre este assunto, e bem, a chave do meu cofre em Gringotes fica com ela. Ela até escondeu o pó de Floo para que eu não vá para a casa de Sean.' – ela revelou amargamente.

Alexandra fechou os olhos e respirou fundo. Estava furiosa como Elena jamais vira.

'–Achei que Sean estaria aqui, junto com você.'

'–Mamãe proibiu-o de vir aqui sem os pais dele. E também não quer que eu me case.'

'–Ah, Merlin...' – Alexia passou a mão pelos cabelos, indignada.

'–Ele me manda uma coruja todos os dias, perguntando como nós estamos e dizendo que sente minha falta.' – Elena disse, tristemente.

Alexandra abriu a boca para falar, mas Olívia chegou e franziu o cenho.

'–O que está acontecendo aqui?' – perguntou, de braços cruzados, ao ver as coisas de bebê espalhadas pela sala.

'–Eu trouxe coisas para o seu neto, Olívia.' – Alexia deu de ombros, dobrando algumas roupinhas e devolvendo-as às sacolas.

'–Isso é ridículo!' – ela olhou para os mordedores, brinquedos e sapatinhos com repugnância – 'Eu estou tentando fazê-la entender que o erro que ela cometeu foi o mais estúpido do mundo e você a enche de mimos! Eu estou tentando educar minha filha!' – ela disse alto para Alexia.

'–Ela cometeu um deslize, Olívia, mas agora não há volta. Não adianta puni-la desta forma! O bebê já está aí e ela precisa de ajuda, não de sermões!'

Olívia estava quase púrpura de raiva, e Elena subiu as escadas chorando. Celine foi atrás da neta, deixando as duas filhas para trás.

'–Você não entende, Alexandra! Foi um erro tremendo, e ela ainda quer se casar com o moleque! Ela está acabando com a vida dela!'

'–Eu entendo, mas cometi o mesmo erro que ela.' – Alexia disse, séria – 'Quando casei com meu marido sabia que ele não queria filhos e tive que aceitar essa condição para ficar com ele. Também cometemos um deslize, mas não há mais o que fazer.'

'–Você é adulta, Alexia! E você não entende! Sean... Sean era o namoradinho dela, é impossível que ele vire marido! Ele é um menino!'

'–Elena também é adulta' – a ruiva disse, sabiamente – 'E Sean é um ótimo rapaz. Não vejo problema em eles se casarem. Ele vem de uma família incrivelmente abastada, de modo que nada faltará a eles, e ele é ótimo para Elena, por que não?'

'–Elena não se casará com ele, eu não vou permitir. Bloqueio a herança dela se fizer isso.' – Olívia disse com raiva – 'Eles são muito novos. Garanto que o moleque não agüentará nem um ano casado, com um filho para criar... E então Elena não terá nem vinte anos, será divorciada e criará um filho sozinha. É isso que você quer para sua sobrinha, Alexandra?'

'–Se Sean não fosse um ótimo rapaz eu não apoiaria o casamento. Ele defende-a do professor Snape, que é o único que implica com o estado de Elena, e trata-a da melhor maneira possível.' – ela disse, calmamente – 'E você pode bloquear a herança dela, o que a fará ir morar com a família de Sean, apenas isso. E então você não verá mais sua filha e não conhecerá seu neto. É isso que você quer, Olívia?'

'–Eu não deixarei que eles se casem!' – a loira gritou em agonia.

'–Você não tem como proibir. Elena é adulta.'

Olívia ameaçou falar, mas ao invés disso, colocou as mãos no rosto e começou a soluçar.

'–Ela é meu bebê, Alexia.' – Olívia disse, limpando as lágrimas – 'Eu não consigo suportar a imagem de vê-la sofrendo!'

'–Mas ela já está sofrendo, Liv. Quem ela esperava ter por perto virou as costas para ela.' – Alexia considerou, afagando as costas da irmã.

'–Eu não lhe virei às costas, por Merlin! Eu amo Elena mais do que tudo, só esperava que ela desistisse...' – Olívia fungou.

'–Do que? Da idéia de ter um bebê?' – Alexia perguntou, irônica – 'Isso é irremediável, já está lá e, como eu já disse, não há o que fazer.'

'–Eu não estou preparada para vê-la indo embora, Alexia!' – ela sussurrou, soluçando.

'–Ela irá embora, Liv, porque ela cresceu, e agora vai ter uma família. Mas você quer realmente que ela vá embora magoada com você?'

'–Não, não...' – ela tentou limpar as lágrimas e prender o cabelo bagunçado, mas nada teve resultado – 'Eu só quero tê-la por perto.' – Olívia admitiu, fungando.

'–Então vá falar com ela. Ela parecia realmente triste.'

Olívia sorriu para a irmã em meio às lagrimas '-Você parece conhecer Elena tão mais do que eu... Isso às vezes dói.' – ela admitiu – 'Foi você a primeira pessoa para quem ela contou, não foi?'

'–Sim, foi. Mas eu estava em Hogwarts com ela, e ela estava desesperada.' –Alexia disse, relembrando – 'E talvez isso seja coisa de tia. As mães tem inúmeras coisas com que se preocupar, e as tias só querem fazê-los feliz.' – ela sorriu para Olívia.

'–Estou esperando para saber' – a loira murmurou, acariciando o ventre proeminente da irmã – 'Porque ser mãe dá muito trabalho.'

Alexia riu diante da afirmação e disse mais uma vez para que Olívia fosse ter com Elena. A loira disse que precisava se recompor primeiro e a irmã concordou; Olívia estava com o rosto inchado e coberto por manchas vermelhas e o cabelo desgrenhado.

Enquanto isso, Alexandra subiu os muitos degraus até o terceiro andar e encontrou rapidamente o quarto em que Elena estava. Sua mãe, Celine, estava lá, cuidando da neta.

'–Vou aproveitar que tia Alexia chegou, meu bem, e buscar um chá para você. Você está muito nervosa e isso não faz nada bem para você nem para meu bisneto.' – ela sorriu, bondosa, colocando os fios loiros da garota atrás da orelha dela.

'–Querida' – Alexia disse, sentando na cama junto à sobrinha – 'está tudo bem, sua mãe já está vindo falar com você.'

'–O que mais ela vai me dizer, tia? O que ela quer que eu faça agora?' – uma lágrima escorreu e Elena fitava o nada.

'–Ela está preocupadíssima com você e sua vida, meu bem. Só não sabe como demonstrar isso.'

Elena não respondeu, estava extremamente magoada com a mãe.

'–Eu conversei bastante com ela e espero que ela finalmente tenha entendido. Mas ela é sua mãe, de qualquer forma, e ama você.' – Elena ameaçou falar e a tia interrompeu-a – 'Ela tem medo que Sean não te faça feliz.'

'–Eu amo Sean, tia. E sei que ele corresponde.' – a garota disse com uma seriedade e maturidade repentinas – 'Ele estava realmente feliz com o casamento, mas agora está preocupado comigo e com o bebê. Ele sabe que minha mãe não aceitou isso bem.'

'–Vai dar tudo certo, meu bem, eu tenho certeza.'

'–Eu espero, tia Alexia, de verdade.' – mais uma lágrima escorreu e Alexia a abraçou.

Olívia entrou neste momento, de cabeça baixa e chateada pelo que acontecera antes na sala.

Quando viu a mãe, Elena recomeçou a soluçar, abraçada ainda à Alexia.

'–Tia...' – ela fungou, sem saber o que fazer e com um medo irracional da mãe. Mais tarde ela descobriria que isso já fora o instinto materno se aflorando.

'–Querida, vocês precisam conversar.' – ela separou o abraço, encarando a sobrinha.

Elena apenas soltou mais um soluço.

'–Filha' – Olívia chamou, ajoelhando-se ao lado dela, na cama – ', querida, por favor.' – ela pediu, com remorso.

Mais um soluço de Elena.

'–Mamãe está preocupada com você, se você será feliz casada com esse rapaz tão nova... Eu não planejei magoá-la.'

Elena deixou escapar mais lágrimas.

'–Você desprezou até os presentes de tia Alexia!' – ela acusou, sem olhar para a mãe.

'–Peço perdão a ela. E a você também, Elena. Perdoe-me, meu bem.' – ela segurou as mãos da filha em seu colo – 'Eu não soube lidar com isso. Não é por eu não te amar, e sim porque eu te amo demais e só quero te ver feliz.'

Ela disse, e Elena começou a chorar copiosamente no ombro da mãe.

'–Querida, perdoe a mamãe.' – Olívia pediu, chorando novamente.

Alexia deu um beijo na testa de Elena e murmurou um 'até logo' para a irmã.

Olívia Summers e Celine Spring não podiam imaginar que esse seria o último dia que veriam Alexandra.

~"~

Serena e Draco descansavam numa tarde de sábado no pacato Salão Comunal, agora – tão perto da guerra – sem ao menos se importarem em serem vistos. Já estava tudo praticamente acabado mesmo. Blaise e Eliza chegaram conversando, porém o clima entre eles não era dos melhores.

A loira fitava os pés e tinha um olhar triste, e Zabini parecia confuso. Serena bocejou e Draco parou de mexer em seus cabelos.

'-Desse jeito você vai dormir...' – ele comentou, parando o cafuné, enfezado.

'-Hum, continue.' – ela pediu, aninhando-se mais à ele.

'-Não, quero manter você bem acordada. Nós quase não temos tempo para nos vermos e você quer dormir no sábado?' – Draco argumentou, zangado.

'-Ei, Loiro, não se estresse.' – ela pediu, passando a mão pelo queixo dele, depois pela testa, desfazendo a ruga.

Blaise e Eliza se aproximaram. A garota apenas deu um aceno tímido e avisou a morena que ia para o dormitório. Blaise sentou-se no braço de um divã próximo, fitando o chão.

'-O que está acontecendo?' – Draco perguntou, franzindo o cenho novamente e apontando com o queixo para onde Eliza tinha ido.

Zabini balançou a cabeça e murmurou que também ia para o dormitório. Serena olhou para o amigo deixando o salão com os olhos azuis quase arregalados.

'-Eu acho que eu devia ver como Eliza está...' – Serena disse – 'Ela anda tão estranha.'

'-E eu supostamente deveria ir atrás de Zabini.' – ele deu de ombros – 'Mas eles sabem o que fazem, Serena. E o que nós realmente deveríamos estar fazendo, agora que o salão comunal está vazio...' – ele começou, e deu mordidinhas na orelha da garota.

Beijou o pescoço de Serena e apalpou sua coxa; ela deu um pequeno gritinho de prazer.

A garota, por sua vez, capturou os lábios do loiro e mordeu-os, depois beijou-o avidamente. Serena puxara Draco para mais perto e tinha colocado a mão por dentro da camiseta dele, acariciando o peitoral magro, mas definido, passando depois a arranhar as costas de Malfoy.

Draco rapidamente se livrou da camisa, jogando-a num outro sofá. Voltou a beijar Serena e acariciá-la, desta vez ele invadindo a blusa dela. Diferentemente de alguns meses antes, ela não se importou, e sentou-se no colo dele enquanto o rapaz admirava-a tirando a camiseta pela frente, num movimento que seria quase sensual se Serena quisesse.

O sutiã preto apareceu e Draco depositou um beijo entre os seios da garota, apertando um deles depois enquanto puxava Serena para mais perto com o outro braço. Os dois só usavam jeans, as camisetas abandonadas de um lado, os sapatos de outro.

Os beijos estavam cada vez mais ávidos, e Serena estava enrolada em Draco. Ele inspirava o cheiro da garota com uma necessidade devastadora em sentir que ela estava mesmo ali. E como Serena era bem feita de corpo! Tão bem feita quanto era de rosto, pensou ele.

Quando as coisas estavam indo longe demais e Serena sentiu que Draco estava realmente pronto para seguir adiante, ela parou o beijo, ofegante.

'-O que foi?' – ele perguntou manhoso, beijando seu ombro.

'-Eu não quero transar aqui, no Salão Comunal.' – ela admitiu, arqueando a sobrancelha e apoiando a mão no peito de Draco para afastar-se um pouco dele.

'-Não faremos nada que você não queira.' – ele deu de ombros, e segurou a mão que a afastava dele, firme, mas com cuidado.

Draco sentou-se no grande sofá verde e estralou o pescoço, puxando Serena de lado para seu colo. Ela então o beijou carinhosa e lentamente. Os cabelos negros estavam bagunçados, meio presos num rabo de cavalo, a outra metade tinha escapado e estava solta. A alça do sutiã preto tinha escorregado e a boca estava vermelha e inchada pelos beijos.

Mas Draco achava-a linda. Talvez mais linda do que nunca. Gostava mesmo dela assim, descabelada e marcada por ele, pensou, possessivo.

Havia algumas manchas roxas na pele imensamente clara de Serena, mas, graças a Merlin, em um lugar que o cabelo esconderia no dia seguinte. A garota ficou feliz em constatar que Draco também tinha marcas roxas, as dele nos ombros, fazendo uma trilha que não chegava ao pescoço.

Ela desenhou o caminho arroxeado com os dedos e ele deu um sorriso de lado.

'-Espero que a camisa cubra.' – ela disse no ouvido dele, que deu de ombros.

Voltaram a se beijar e Serena passou um braço pelo pescoço do loiro, que escolheu aquele exato momento para descer uma das mãos da cintura até as nádegas de Serena, e ela se agarrou mais a ele.

Draco escolhera o momento errado.

Severo Snape olhava-os com o cenho franzido em uma carranca que Serena, e muito menos Draco, jamais tinham visto na vida. O rapaz parou o beijo, e ela já ia perguntar o que tinha acontecido quando olhou para cima e viu seu pai.

Serena se agarrou ainda mais em Draco, tentando esconder o sutiã. Além de tudo, ele tinha pegado-a seminua.

O loiro puxou-a e a abraçou, de forma que o sutiã fosse tampado.

Snape não conseguiu ao menos formar uma frase coerente no estado de raiva em que se encontrava.

'-O que raios vocês dois pensam que estão fazendo no meio do Salão Comunal?' – ele disse baixo e ameaçador.

'-Nada que os outros setimanistas não façam.' – para surpresa de Draco e Severo, foi Serena quem falou, dando de ombros e soltando do garoto.

Ela decidiu que estava pouco se importando se estava de sutiã. Era seu pai, e não iria ter essa conversa agarrada à Draco.

Snape bufou, furioso, sem saber o que dizer.

Serena levantou-se do sofá, ignorando o pai, e pegou as camisetas dela e de Draco. Vestiu a sua e entregou a outra para o loiro, calmamente.

'-O que está acontecendo aqui, Srta. Serena?' – ele urrou – 'Então você casualmente dorme com o Sr. Malfoy no Salão Comunal?' – o tom era agressivo.

'-E se eu dormir?' – ela perguntou, alto, provocando o pai – 'O que você vai fazer?'

'-Então é assim? Você vai para a cama – ou para o sofá – com qualquer um?' – perguntou, bravo e com um ciúme que não lembrava ter sentido antes.

Estava furioso. Algo parecia ter partido dentro dele, mas não era a raiva. Serena não era mais uma menininha, e comprovar isso doía, ainda mais não podendo compensar os anos de sua infância que tinham passado separados.

Doía. Porque era sua menininha.

'-Eu não sou qualquer um, tio Severo' – foi Draco quem disse, ofendido, reunindo o nada de coragem que ele possuía para não deixar que ferissem seu ego – ', além do mais, Serena e eu estamos namorando há mais de um mês.'

Severo arregalou os olhos e Serena achou que ele fosse cair duro ali mesmo. Ele franziu o cenho novamente, mais irritado do que nunca, e saiu pisando forte de volta às masmorras.

Nem Serena nem Draco entenderam.

'-Você acha que deveríamos ir atrás dele?' – perguntou o loiro, amedrontado.

'-Eu vou' – Serena disse, suspirando, e dando um tapinha na perna de Draco, rolando os olhos com a covardia dele.

O loiro apenas concordou, dando um selinho nela.

~"~

'-Prof. Snape?' – Serena chamou à porta do escritório. Nada.

Ela entrou sem fazer barulho e seguiu até a porta camuflada. Severo Snape estava sentado em sua poltrona, apoiando os braços nas pernas e fitando o chão, estupefato. A garota abriu a porta e nem isso o fez despertar do transe.

Não era verdadeiramente o fato de Serena estar dormindo com alguém, ela já era adulta e Snape não a abstinha de nada. Serena tinha crescido, e ele tinha comprovado aquilo naquele fatídico dia. Ela tinha agora corpo de mulher, e não era mais aquela garotinha que ele deixara, que fora inteiramente sua por alguns dias.

Estava furioso, claramente, mas era com a vida e não especificamente com Draco. Porém, obviamente, o rapaz também ocupava uma boa parcela de seu pensamento furioso.

'-Pai?' – Serena chamou, descendo os degraus.

Ele ergueu a cabeça e pôs as mãos no rosto, o semblante desolado.

'-Veio me contar que está namorando?' – ele perguntou, os lábios se enrugando em azedume.

'-Draco e eu estamos juntos há mais de um ano, pai.'

Snape franziu a testa, voltando um ano antes.

'-Perdoe-me por não saber com quem você se deita.' – ele disse, criticando-a, furioso.

'-Draco e eu não fizemos nada.' – ela garantiu – 'Não ainda.'

'-Não ainda?' – ele levantou-se – 'Vocês acham mesmo que são adultos, não é mesmo?'

'-Agora nós somos, pai.' – ela respondeu, somente.

'-Não.' – ele murmurou, com os olhos vidrados – 'Não.' – ele colocou as duas mãos na cabeça, perdido.

'-Pai...' – ela chegou perto e tocou o ombro de Severo.

'-Por que você não me contou antes?' – ele perguntou, não realmente abalado com aquilo especificamente.

'-Draco e eu não estávamos juntos, juntos mesmo.' – ela deu de ombros – 'E você tem mais coisa com que se preocupar do que com quem sua filha beija por aí.'

'-Não é com quem a minha filha beija por aí que eu estou preocupado...' – ele disse, sério, olhando para ela pela primeira vez e, Merlin, ela parecia mesmo uma adulta! – 'É com quem você...'

'-Pai, Draco e eu não fizemos nada! Estávamos só...'

'-Sem roupa?' – ele inquiriu olhando por baixo e erguendo as sobrancelhas.

'-Estávamos só juntos. Dando uns amassos.' – ela deu de ombros. Depois de ficar de sutiã na frente do pai, falar daquilo não a deixava envergonhada.

'-O tempo passou tão rápido desde que você chegou aqui.' – ele sentenciou, e algo nos olhos dele mudou, ficaram mais negros, mais profundos e Serena percebeu que aquilo não era o tipo comum de drama paterno que ela ouvira falar. Era medo de perdê-la novamente, de ficar sozinho.

'-Passou, pai.' – ela concordou, e acompanhou-o quando ele se sentou novamente, mais calmo, porém aturdido – 'Mas eu estou aqui, e não está nos meus planos deixá-lo em paz tão cedo.'

Ele sorriu fino, os olhos ainda turvos.

Serena abraçou-o de lado, suspirando e se aninhando ao pai.

'-Você e Malfoy tinham brigado quando você me disse que tinha medo que ele contasse sobre nosso parentesco?'

'-Sim, mas isso é história para outra hora. Nada que você precise saber.'

Severo revirou os olhos, mas passou uma mão pelas costas de Serena e a confortou.

'-Quando o Sr. Malfoy virá falar comigo formalmente como meu genro?' – perguntou, fazendo a garota olhar-lhe nos olhos.

'-Ele virá, pai, ele virá.' – ela confirmou, sorrindo de lado e pensando no quão ferrado Draco estava.

~"~

Draco voltou ao Salão Comunal muito depois dos outros setimanistas, com o semblante completamente diferente do normal. Estava calado e pensativo. Estivera conversando com Severo Snape.

Serena estava sentada ao lado de Blaise num sofá enquanto Eliza ocupava outro, conversando amenamente. O loiro chegou sério e sentou ao lado de Eliza, no sofá vago. A garota deu de ombros e a conversa continuou.

Elizabeth não agüentava mais conversar com Zabini normalmente, como se tudo estivesse nos conformes. Nada estava ultimamente. Ela deu um suspiro e retirou-se pedindo licença, rumo ao dormitório.

Blaise a acompanhou logo em seguida, dizendo estar cansado.

Nenhum dos dois estava bem, Draco e Serena notavam há algum tempo. Aquela convivência forçada depois da retomada do relacionamento dos amigos não estava fazendo nada bem para eles.

Malfoy ocupou o lugar de Blaise, junto à Serena.

'-E então?' – Serena perguntou, sorrindo de deboche.

Draco apenas balançou a cabeça negativamente.

'-Deixe isto para outra hora. Está tudo certo por enquanto.' – ele suspirou e puxou Serena para si, beijando seu ombro.

Serena apenas arqueou a sobrancelha. Algum dia descobriria o teor daquela conversa.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem TUDO que acharam, galera! Me digam o que acharam porque estamos no último capítulo pré-guerra, e, se vocês quiserem saber se matarei nosso querido Severo ou não, terão que me acompanhar ao próximo capítulo, muahahaha. É, minhas ideias estão mudando, gente, e talvez teremos surpresas...



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