Hermione on

Pansy me arrastou até a despensa de produtos de limpeza. Era um lugarzinho repugnante, tinha teia de aranhas por todos os lados (Ron iria morrer lá dentro), barulhos de insetos que eu preferia não saber quais eram e era em uma imundice só.

–Mas que droga de roupa é essa Granger? – Pansy disse furiosa – Eu tenho cara de freira por acaso? Não parei de comer para você colocar essas roupas em mim não.

–“Que droga de roupa é essa”?! Olha a que você colocou no meu corpo! – exclamei furiosa, eu simplesmente parecia à rainha das piranhas – Pelo menos eu me respeito, ao contrário de você.

Pansy contraiu os lábios, pude ver sua mão fechar. Só faltava ela me dar um soco. Ela não seria tão louca de dar um soco na própria face... Seria? Foi nesse exato momento que eu percebi que não sabia porcaria nenhuma daquela mente pequena na qual eu havia trocado de corpo. Era desesperadamente necessário a conhecer para ser ela.

–Precisamos nos conhecer melhor, por mais que nos odiemos, temos que parecer que somos uma a outra – disse calmamente tentando melhor o clima tenso presente entre nós duas – Afinal, se Minerva, ou qualquer um da diretoria descobrir sobre esse feitiço estaremos com grandes problemas.

–Legal. – murmurou Pansy revirando os olhos – Mas não agora, nos encontramos na hora do jantar no corredor que dá para a biblioteca.

Bastou ela dizer isso que ela abriu a porta e saiu andando. Educada ela não? Só espero que ela não faça nenhuma besteira até anoitecer, não teria como ficar de olho nela pelo fato de eu não ter aula com ela hoje. Ótimo, além de vagabunda, vou ser burra.

Saí da dispensa tentando não parecer muito suspeita, afinal, não é todo dia que uma garota saí da dispensa da escola que estuda. Dei uma leve olhada em volta para ver se alguém tinha visto e para meu desgosto lá estava o garoto mais insuportável do mundo em pé, bem do meu lado.

–Eu descobri tudo – meu coração parou, e depois de passados dois segundos ele acelerou descontroladamente como se fosse sair do meu peito.

–Nã-não sei do que você está falando – tentei falar normal, mas estava claro que a minha voz não emitia confiança.

–Você era melhor em desculpas Pansy. Suponho quem um situação dessas você falaria que estava no armário com algum garoto, mas eu vi a Granger saindo– Ele me chamou de Pansy!? – Você está pedindo conselhos para aquela garota, pela fama dela de santinha, e ela pede a você pela fama de descolada.

Dei um suspiro de alívio. Ele realmente não sabia de nada, mas seria uma teoria bastante lógica. Talvez (eu disse TALVEZ) ele não seja tão burro e idiota como eu imaginava...

–Está dando bons conselhos a Granger, continue assim –disse ele segurando o meu ombro – Ela fica uma gostosa com aquela sainha e aquela blusa apertadinha.

Esquece, ele era um idiota.

Pansy on

ÓTIMO! Eu teria que conhecer melhor a senhorita “Sou mais inteligente que o mundo todo, e a Pansy é uma vagabunda que quer comer todo mundo.”. Como eu odiava aquela garota, ela disse que eu não me respeitava. O que era obviamente uma mentira. Não tenho culpa se tenho pernas e peitos perfeitos.

–Hermione? –disse Harry me cutucando pelas costas e eu me virei lentamente para ele – O que ouve entre você e a Pansy?

–NÓS SOMOS AMIGO AGORA TÁ BOM? –disse gritando, e percebi que ele arregalou os olhos surpreso – Quer dizer... eu tenho ajudado ela a estudar e acabamos nos aproximando. Apesar de ela ser muito linda e inteligente, tem dificuldade em feitiços.

Ok, eu estava forçando a barra. Mas o que eu posso fazer? Era a pura verdade. Pode até ser que eu não seja a mais brilhante, mas eu tinha uma inteligência normal.

***

Finalmente o dia estava acabando, já não suportava os professores pegando no meu pé. Eles todos explicavam a matéria e como viam que eu não perguntava nada, me chamavam para conversar no final da aula.

Olhei o relógio ao chegar no perto do ponto de encontro que havia marcado com a Hermione. Estava meia-hora atrasada. Não era tanto, para mim, mas devido a cara que ela fez quando cheguei perto dela, demonstro completa reprovação (palavra bonita “reprovação”)

–Você não sabe ver a hora não? – ela disse me fitando com raiva e eu não respondi – Supimpa essa sua atitude.

–Primeira regra: Nunca fale “supimpa” – eu disse analisando ela de cima a baixo (ou seria me analisando?) – Use palavras desse século, “amor”.

–Tudo bem, você usa palavras educadas e refinadas – Hermione estava chegando perto de mim.. – e eu as palavras mais chulas.

Ela estava me desafiando? Aquela coisa sem-sal estava começando a criar atitude. Isso seria bom se você com outra pessoa. Mas desafiar a mim sem receber uma boa lição? A coisa ia ficar preta para ela.

–Você trocaram de corpos mesmo né? –disse uma voz masculina que não me era estranha, acho que devia ter visto ele em algum lugar, não importa.

Fiquei congelada na mesma posição com o olho arregalado. Aquele garoto iria, sem dúvida, fuder (do sentido não-poluído seus sujos) com a gente. Pela sua voz imaginei que seria um maconheiro. Ele falava tão lentamente que chegava a me deixar sonolenta, dando pausas, assim como as pessoas que consomem drogas. A parte boa é que drogados eram fáceis de enrolar, acreditem, experiência própria.

–Ha-Harry, por favor, não conte a ninguém! –Hermione disse indo na direção do garoto – Por favor?

HARRY! HARRY POTTER! Como é um alívio saber que quem tinha acabado de descobrir era uma amiga da idiota da “Mione” como os meus amiguinhos novos me chamavam de vez em quando. Odiava ser chamada assim, mas isso é outra história.

O garoto continuou nos encarando como um retardado mental, mas não parecia muito surpreso, o que me assustava cada vez mais. Voltei os olhos a Hermione e ela estava com aquela cara “Deixa de ser ridícula, é nosso colega”, conseguia até a ouvir falando.

–Eu não vou contar – disse Harry chegando perto – Posso até ajudar.