Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 56
Culumon x Calamon




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— Murilo, você enlouqueceu?

— O e-mail! – Diz o domador de Angemon, em reposta a pergunta feita por João. - Lembre-se do e-mail de Antônio. Ele desconfiava de Culumon desde o tempo do torneio.

O líder dos Domadores Beta estava com todas as cartas reunidas pelo seu grupo, e iria entrega-las ao Culumon que ele julgava ser o verdadeiro deus-digimon, quando Murilo o impede com um grito.

Carlos, Bárbara, Verônica e Flávia se recordam do e-mail e passam a dar razão ao garoto.

João fica estático com as cartas erguidas na direção do falso Culumon.

— Esse Culumon poucas vezes falou “culú, culú”. – Prossegue o domador novato que possui um Patamon. - O outro sim, a todo o momento falava.

O Culumon que estava próximo do garoto de barba cerrada não sabia o que dizer.

João seguia distraído, conversando com Murilo, quando o pequeno digimon branco voa na sua direção. Ele queria se apoderar das cartas o mais rápido possível.

— João, as cartas! – Grita Murilo.

— Anel Brilhante.

Pequenos anéis dourados de luz saem do corpo da digimon engrenagem e atingem o falso Culumon. Imediatamente, a áurea rosada que envolvia o verdadeiro Culumon se desfaz, e o pequeno digimon cai bastante fraco, sendo amparado pelo Leon. O digimon, atingido pela Solarmon, se esbarra na mão de João, que deixa todas as cartas caírem. O falso Culumon começa a pegar algumas delas. Fernanda corre até ele e o chuta. O digimon rola pelo chão com duas das cartas nas mãos, não se deixando abater pelo chute. Em seguida, ele voa, ficando na altura dos olhos dos domadores.

— Idiotas! – Brada o Culumon que possuía duas das cartas que estavam com João. - Foi tão fácil enganar a elite dos domadores. Vejamos quais cartas eu peguei: Lobo Lutador e Martelo Vulcão. Elas farão um ótimo par com as que eu já havia conquistado: Excalibur, Nadador e Telecinese. Não que eu não tenha telecinese própria, mas agora estou mais poderoso.

O falso Culumon encosta as duas cartas contra o peito, absorvendo-as.

— Você nos enganou! – Diz o garoto de barba cerrada. - Por pouco não destruiríamos o verdadeiro Culumon.

Fernanda se abaixa e recolhe as cartas que estavam pelo chão.

— A intenção era essa.

— Afinal de contas, quem é você? – Questiona Carlos.

— Quem sou eu? – Sorri. - Eu sou aquele que aproveitou de um descuido de Culumon, ainda fraco por ter lutado contra os meus ditadores, e o raptou.

— Eu vi! - Todos olham, assustados, para Fernanda. - Eu tinha acabado de chegar ao Mundo Digital. A princípio eu não queria competir, só queria reencontrar um amigo. Até que, um pouco antes de chegar à Planície Xadrez, numa floresta, eu ouvi um barulho e resolvi me aproximar. Vi que Culumon apanhava de alguém. Não dava para ver quem era. Culumon estava envolto por uma áurea rosada e era lançado contra as árvores. Eu e Solarmon iríamos entrar na batalha quando uma voz nos chamou a atenção. Era uma voz firme, que a princípio intimidava. Essa voz fazia ameaças a Culumon. Nesse instante, meu olhar se cruzou com o olhar de Culumon, que estava desesperado. Eu sentia que ele não queria que nos aproximássemos. Então, ficamos onde estava.

— Você estava por perto? – Indaga o digimon idêntico ao Culumon, incrédulo.

— Estava. E naquele exato momento, instantes antes de você ordenar a um grupo de Orgemons que levassem Culumon de lá, ele aproveitou-se de um descuido seu e lançou uma esfera de luz em minha direção, que acabou entrando no meu digivice. Através dessa esfera, fiquei sabendo que ele havia me designado para proteger João e todos que se aliassem a ele.

Os presentes estavam perplexos com as palavras ditas por Fernanda, principalmente Blaze e Alex.

— Como parte do meu plano, deixei que Blaze e Alex se aproximassem de mim. Tratei de mostrar um pouco de raiva pelo João e seus amigos, e logo fui incorporada ao grupo.

— Quer dizer que das vezes que Dukemon estava prestes a nos destruir...

— Eu o convencia do contrário! – Diz Fernanda completando o pensamento de Carlos.

O ódio de Blaze crescia cada vez mais pela Fernanda.

— Ultimamente eu estava com medo de não consegui cumprir meu objetivo. Alex desconfiava de mim.

— Por que você deixou que eles destruíssem nossos digivices? – Prossegue Verônica.

— Se vocês estivessem fora daqui, do Mundo Digital, ficaria mais fácil protegê-los. Eu não conseguiria esconder seus digivices de Blaze e Alex por muito tempo.

— Blaze e Alex foram grandes achados, para mim. – Manifesta-se o digimon idêntico ao deus-digimon. - Quando soube que Culumon havia planejado esse torneio patético, resolvi sequestrá-lo e usurpar seu lugar. Através do torneio eu selecionaria o mais forte dentre todos os domadores que, ao final, ganharia um prêmio...

— As cartas!

— Exato, domador de Terriermon. O vencedor do torneio ganharia a chance de descobri e conquistar as Cartas Acessórias.

— Com certeza você não deixaria essas cartas com o vencedor do torneio.

— Bingo! – Diz o digimon sorrindo. - Só que Blaze, Alex e Fernanda se mostraram espertos e destruíram os digivices de todos.

— Eu não queria destruir os digivices! - Grita Fernanda.

O falso Culumon continua como se não tivesse escutado.

— Eu estava prestes a falar das cartas para Alex, Fernanda e Blaze, até que percebi a existência de outras cartas que liberavam novos digivices aos domadores que tinham perdido os seus, e aos humanos que nem domadores eram. Testei essa nova maneira de evoluir enviando os Orgemons que me serviam. Daquele dia em diante tive certeza de que eles estavam aptos a buscarem pelas cartas. - O falso Culumon esboça um sorriso. - Nunca desconfiei daquele maldito mausoléu.

João fica indignado com toda a história e berra, enraivecido.

— Quer dizer que nos seis fomos simples fantoches em suas mãos? Júnior e os demais estavam certos desde o início. Eles serviam ao Culumon e nós estávamos servindo a você.

O digimon impostor começa a gargalhar, deixando-os revoltados.

Culumon, que estava nos braços de Leon, voa.

— Chega, Calamon. Mostre sua verdadeira forma, culú.

— Já que insiste... Irmãozinho! - Um casulo de luz o envolve.

A última palavra dita pelo falso Culumon perturba a todos.

João demorava a assimilar tanta informação de uma única vez. Fernanda, que sempre se mostrou ríspida com eles, revela que foi designada por Culumon para protegê-los, e que, por isso, havia se associado a Blaze, Alex e, mais tarde, ao grupo de Júnior. O falso Culumon, que na verdade se chama Calamon, havia sequestrado o deus-digimon instantes antes do início do torneio para se aproveitar do evento e selecionar o domador que demonstrasse ser o mais poderoso dentre todos e, assim, dá-lo a chance de procurar as Cartas Acessórias. Cartas essas que ele se apropriaria mais tarde.

O casulo de luz se dissolve e revela um Culumon de cor negra com extremidades das orelhas e das patas na cor vermelha. Seus olhos eram amarelos e ele não possuía o triângulo vermelho na testa.

— Você é idêntico ao Culumon! – Balbucia a garota loira, espantada.

— Claro, sua idiota. Somos irmãos, acabei de dizer.

Sua voz, agora estava como a descrita pela Fernanda: Uma voz firme e intimidativa.

— Eu não sou seu irmão, culú. Infelizmente você é meu lado escuro. Lado esse que eu tive o maior prazer em me desfazer.

Culumon voa até o ombro de Júnior, que se aproximava do grupo de João acompanhado de Kau, Lucas, Leon e dos seus digimons. Kudamon seguia seu domador por terra.

Blaze e Alex permanecem no mesmo lugar onde estavam.

— Júnior, Cláudio, Lucas e Leon. – Diz Culumon com pesar. – Caio, infelizmente, morreu em uma trágica batalha aqui no Continente Perdido, culú.

— Batalha essa que eu tive uma grande participação. – Diz o pequeno digimon negro. - Quando notei que o grupo liderado pelo João seria destruído, mandei Mugendramon atacar seus oponentes. Por pouco não consegui destruir todos eles. De alguma maneira, Blaze conseguiu fazer um tipo de evolução que nem eu mesmo conhecia.

— Eu sei exatamente como ele conseguiu evoluir, culú. Blaze sempre foi um domador de grande estima. Só que a vida é feita de escolhas, e ele seguiu por um caminho que eu não gosto.

— Esses dois possuem grande personalidade. Gosto de seres assim. – Diz Calamon encarando Blaze e Alex por alguns segundos.

Blaze estava atordoado com o que acontecia, tentava assimilar a traição de Fernanda e o surgimento de um novo inimigo. Alex apenas encarava Calamon de maneira fixa, sem demonstrar nenhum tipo de sentimento.

Calamon torna a observar João e os outros domadores.

— Me entregue as cartas!

— Nem pensar!

— João, não pedirei outra vez. Me entregue, agora!

O domador que trazia o deus-digimon sobre o ombro se aproxima de João e segura firme em seu ombro. O garoto de barba cerrada olha para Júnior, assustado, e logo nota que, daquele momento em diante, a rivalidade entre o seu grupo e o grupo dos calouros estavam encerradas.

— Se quiser, venha pegar! – Responde Júnior, afrontando-o.

Paildramon, Lilamon, Jewelbeemon, Ranamon, Waspmon, Angemon e Shurimon estavam prontos para uma eventual batalha.

Com um rápido movimento de suas pequenas mãos, Calamon faz com que as cartas se desprendessem dos dedos de João e levitassem a seu encontro.

— Angemon, - grita seu domador - não deixe que ele pegue as cartas!

— Ajude-o, Lilamon. – Ordena seu domador, o garoto de cabeça raspada, óculos de grau e que possui uma profunda cicatriz no antebraço direito.

O digimon anjo que carrega um bastão e a digimon fada que possui uma enorme flor nas costas, voam atrás das cartas.

— Isso está ficando muito divertido. – Diz o digimon negro, sorrindo.

Calamon controlava-as como se fosse um maestro. As cartas giravam, subiam, desciam e por vários momentos se separavam e se uniam.

— Paildramon, ataca Calamon. – Pede o garoto espanhol de enorme franja sobre o rosto.

Paildramon voa na direção de Calamon com suas metralhadoras preparadas.

— Recurso Final. - Uma rajada de balas de energia sai das bazucas presas à sua cintura.

 A técnica avança na direção de Calamon, que toma impulso e gira o corpo inclinando-se para trás, fazendo uma cambalhota. Quando o digimon volta à posição inicial, ele havia se transformado em um digimon semelhante ao Weregarurumon. O único diferencial é que sua pele é negra e sua calça jeans marrom. Uma enorme espada de cromodigizóide surge em sua mão direita. O digimon toca o chão com grande impacto, já não podia mais voar com aquela transformação.

— Droga! – Brada Carlos. - Ele consegue combinar as cartas. Deve estar usando a Lobo Lutador e... A Excalibur, é claro! Ele achou essa carta antes de nós.

Calamon consegue se defender da investida usando a espada. Paildramon continua avançando até que Calamon estende a mão esquerda na sua direção. O digimon de Leon sente como se houvesse se chocado contra uma parede invisível.

Angemon havia recuperado cinco cartas, enquanto Lilamon conseguiu três. Faltava apenas uma. Calamon faz um rápido movimento, como se chamasse a carta que restou, e ela se move como um flash, indo parar em sua mão.

— Vejamos... Asas Híbridas. Nada mal!

O digimon lobo negro, que agora lembrava um Weregarurumon, absorve a carta encostando-a contra o peito. Instantaneamente, asas negras brotam em suas costas, fazendo o digimon voar logo em seguida. Calamon gira como antes, e volta a ter sua aparência inicial.

— Já que vocês não irão perguntar, irei dizer... - Carlos o interrompe.

— Por que você sequestrou Levi, Mateus e Albert?

Calamon se surpreende com a pergunta do domador de Terriermon.

— Se você não fosse um verme, diria que leu meus pensamentos. Vejo que é o mais esperto de todos.

— Não vai responder?

— Não. Melhor do que isso, irei mostrar!

O lado esquerdo do salão é iluminado por um refletor, revelando a presença de Bento e Etemon. Ambos estavam amarrados e amordaçados. O digivice do irmão de Bárbara estava preso em uma caixa de acrílico. Domador e o digimon estavam assustados.

— Bento? – Balbucia a gigantesca abelha cyborg.

Bárbara se desespera ao ouvir o nome do seu irmão.

— Bento? BENTO! BENTO!

A domadora fica agitada e é confortada pela Flávia.

— Calma, Báhzinha.

— Esse domador? – Diz Culumon. - Eu não o escolhi.

— Lógico que não. Esse é o meu protótipo! - Calamon sorri. - Sequestrei os três domadores para poder estudar todos os mecanismos do digivice. De início os estudos seguiram com o digivice do domador de Renamon. Foram meses de pesquisas. Fiquei com dúvida em relação aos demais digivices. Será que todos funcionam da mesma maneira? Eu me perguntava. Até que sequestrei outros dois domadores no dia do torneio. Tenho absoluta certeza que Culumon materializou esses aparelhos com a carta “Pensamento”.

Mais uma revelação que surpreendem a todos.

— Minha técnica nunca foi uma carta, culú!

— Isso não vem ao caso, irmãozinho. O importante é que consegui criar meu próprio aparelho e escolhi meu primeiro humano para evoluir um digimon. O digimon, antes que perguntem, foi escolhido por ele próprio. Não tive nenhuma relação com a escolha.

— O que você pretende com esse domador? – Questiona Murilo.

— Não os chame de domador! Breve todos vocês conheceram meus Imperadores!

— Imperadores? – Balbucia o domador de cabelos verdes e braço inteiramente tatuado.

— Exato. Juntos vamos imperar nesse mundo e no outro mundo. Seremos soberanos.

Calamon gargalha e torna a encarar Alex e Blaze, que estavam distantes dos demais domadores.

Blaze cochicha:

— O que vamos fazer, cara?

— Tu que sabe. Não és nosso líder?

— Larga de frescura. A gente tem que tomar uma atitude, agora.

— Quer saber mesmo o que penso? - Blaze assente com a cabeça. – Transforme-se juntamente com Guilmon no Dukemon, e destruam todos de uma vez.

— Você é louco? Esse lugar não suportaria um ataque tão poderoso. A gente está distante da única saída que existe.

— Vocês dariam excelentes Imperadores. – Diz o digimon maligno fazendo-os parar.

Blaze gela, enquanto Alex continua com a mesma serenidade de outrora.

— E então? Aceitam?

— Francamente, não nasci para receber ordens. – Brada o garoto de olhos orientalizados, sorrindo. - Grappleomon, cale a boca dele.

O digimon leão corre e toma impulso, saltando logo em seguida.

— Onda de Leões.

O digimon Perfeito de Alex desfere o ataque contra Calamon que, utilizando da sua telecinese, novamente cria uma parede invisível. O soco de impacto do leão branco é barrado. Para se proteger do ataque de Grappleomon, Calamon havia ficado de costas para os outros domadores.

— Punho do Destino.

O ataque do digimon sagrado atinge Calamon de raspão. Calamon faz um movimento circular com as mãos e na sua frente surge uma esfera prateada cinco vezes maior do que ele. Uma poderosa chama é liberada a partir dessa esfera na direção de Angemon, que para se proteger gira seu bastão. A técnica do digimon inimigo é muito poderosa e pressionava o arcanjo contra a parede oposta ao altar.

— Angemon, resista! – Pede seu domador.

Paildramon, Lilamon e Jewelbeemon avançam no pequeno digimon negro.

— Fiquem fora disso!

Da mesma esfera, jatos de fogo avançam na direção dos digimons, atingindo-os.

Fernanda se aproxima de Murilo.

— Use essa carta!

Murilo pega a carta. Nela havia a imagem de um ser completamente prateado.

— Adição de Dados - Revestimento Cromodigizóide.

Angemon não mais resiste a poderosa chama que o envolve por completo.

— ANGEMON!

O domador engole a seco ao presenciar aquela cena. Sua respiração ofegava.

Calamon esboçava um sorriso de satisfação que logo é substituído por uma expressão de raiva, assim que as labaredas se dissipam e revelam um digimon arcanjo completamente encoberto pelo metal cromodigizóide, incluindo bastão e asas.

— Se livrou por um tris, digimon sagrado. Vejo que não tenho alternativa.

Calamon olha para Bento e Etemon e os libertam.

O garoto de cabelo cacheado chorava compulsivamente, e não possuía outra reação além dessa. Etemon o pega nos braços e caminha até os domadores. Bárbara, ao ouvir o choro do irmão, começa a chorar. Etemon se aproxima da garota cega, passando pelos demais domadores e digimons, e coloca Bento próximo a ela.

Bento abraça sua irmã com ternura.

— Mana, me perdoe.

— Perdoar o quê, Bento?

— Tudo de mal que fiz a vocês, e tudo o que irei fazer.

— Bento, nós vamos te ajudar. Agora sabemos porque isso está acontecendo com você.

O garoto de cabelos cacheados se vira para Calamon.

— Eu vou te destruir, maldito! Você está fazendo todo mundo sofrer por minha causa. Eu não sou assim. Etemon acabe com ele.

Antes que Etemon conseguisse atacar o inimigo, a caixa de acrílico presa a parede se abre e o digivice é atraído ao Bento como um ímã.

— FUJAM! - Grita Bento com lágrima nos olhos.

 

Continua...


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