Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 55
O Falso Culumon




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Finalmente João e seus amigos haviam reencontrado Culumon. Porém, eles estavam em sérios apuros: existiam dois digimons idênticos naquele enorme salão subterrâneo que diziam ser o verdadeiro deus-digimon.

Mateus e Albert, domadores que não mantiveram contato com os demais assim que retornaram ao Mundo Real, também estavam lá, inclusive Levi, domador que foi salvo pela Verônica instantes antes de ser atingido pelas técnicas do três ditadores Extremos.

Após a ordem de João, Angemon, Waspmon e Shurimon libertam os reféns, enquanto Lucas, domador calouro que chegara a poucos minutos juntamente com seus colegas, carregava o Culumon que estava amarrado a cadeira, nos braços.

Alex, Blaze e Fernanda surpreenderam a todos com sua chegada, e se espantam ao verem que Mateus, Albert e, principalmente, Levi, eram reféns do digimon misterioso que havia se disfarçado de Culumon. Os garotos percebem que João havia dito algo para o domadores que os fizeram parar e mudar da alegria para o espanto.

— Desgraçado! – Berra, Blaze. - Não vou deixar que você os coloque contra nos.

— Eu não preciso fazer nada. – Responde, João. - Só a verdade basta!

Levi avista Verônica e corre em sua direção, abraçando-a com força.

— Obrigado. Você e Angewomon foram perfeitas.

A garota fica vermelha com os elogios. Os domadores que estavam próximos, apenas observam.

— Fiz porque você queria fazer o mesmo. Não podia deixar que morresse por nossa causa.

— Agora, só não entendi uma coisa: sua digimon estava esgotada, como que ela conseguiu evoluir? Como que vocês conseguiram passar pelo campo de força de Taomon?

João e Carlos, que presenciaram a “morte de Levi” durante a batalha contra os ditadores, tinham absoluta certeza de que Verônica não o havia salvado. Antes que o garoto de óculos de armação negra e olhos verdes pudesse questionar, uma explosão atrai a atenção de todos.   Lilamon, Paildramon e Jewelbeemon atacaram Meramon e Lekismon, que não resistem e regridem. Terriermon e Lunamon, mesmo machucados, correm até seus domadores. Carlos se abaixa e pega seu digimon no colo. Flávia faz o mesmo.

— Não deixaremos que destruam esse Culumon. – Avisa o garoto de cabelo verde e argolas no nariz e na orelha. -  Primeiro iremos descobrir quem é o impostor.

O Culumon que estava preso a parede, voa para o ombro de João.

— Esse daí é o impostor, seu cabeça dura! – Diz o domador de Shurimon. - Este sim é o verdadeiro.

Enquanto João discutia com Kau, Murilo se aproxima de Levi para cumprimentá-lo.

— João, tente raciocinar pelo menos uma vez na vida. – Suplica Júnior. - Você não tem como provar quem é o verdadeiro e quem é o falso.

O Culumon que estava sobre o ombro do João se desespera.

— Rápido, me entregue todas as cartas!

— Nós ainda não estamos com todas elas. – Avisa. - Faltam nove.

— Me entregue essas e saiam em busca das demais.

— Não dá. – Interfere Carlos. - Precisamos delas para lutar.

— Eles podem tentar algo para pegar essas cartas.

Do outro lado do salão, o Culumon que estava com Lucas conversava com os calouros.

— Não deixe que ele fique com as cartas, culú. Nem ele e nem eu.

O garoto alto e magro, que estava com o digimon furão nos braços, encara o pequeno Culumon. Era a primeira vez que eles mantinham um contato tão próximo com o possível deus-digimon. Da última vez, o único contato que tiveram foi durante o torneio. Agora, com a presença de dois Culumons, não dá pra afirmar qual deles estava no torneio.

— Apesar de não confiar no que diz, você possui ideias bem neutras para alguém que quer provar ser o verdadeiro.

— No momento, é mais importante nos salvarmos do que descobrir se eu sou, ou não, o verdadeiro Culumon, culú.

— Eu também quero essas cartas, João. Se vocês as querem, e Júnior e seus amigos também, é porque devem ter algo muito bom. Fernanda, Alex e eu temos duas dessas cartas. Queremos as dezoito restantes.

Todos os domadores do grupo do João se assustam com a notícia.

— Blaze, vocês três também estavam atrás das cartas?

Júnior grita, mais atrás de Blaze, Alex, Growmon e Leomon. Ele estava no altar com os seus amigos e o outro Culumon.

— Eu tenho duas cartas, João. Quer dizer, eu e Blaze temos quatro das cartas que restam.

Lucas, aliado de Júnior, o puxa pelo braço e cochicha.

— Você enlouqueceu?

Kau e Leon também prestavam atenção.

Paildramon, Lilamon e Jewelbeemon estavam logo atrás dos seus domadores, na defensiva, caso houvesse outro embate.

— Podem confiar. Sei o que estou fazendo. - O líder dos calouros torna a olhar para frente, mais precisamente para o garoto alto e encorpado. - E então, temos ou não temos quatro cartas?

Fernanda se aproxima dos seus aliados, para cochichar.

— Vamos até eles! Se nos unirmos, conseguiremos todas as cartas!

— Esse cara não é de confiança, Fernanda.

— E desde quando nós somos, Blaze? – Sorri. - Será como tirar doce da boca de criança.

A domadora convence Blaze e Alex, e se unem ao grupo do Júnior.

Leomon e Growmon atingem a Perfeição e se juntam aos outros três digimons Perfeitos.

Levi, Mateus e Albert observavam tudo e estranhavam: primeiro, por existir dois Culumons e, segundo, pelo fato dos domadores estarem discutindo entre sim.

— Vocês têm quatro cartas. Nós temos nove. – Diz Bárbara. - Pelo visto não vai ter acordo.

— Queremos todas elas!

— Vá em frente. – Diz o Culumon que estava sobre o ombro de João. - Vocês não podem deixar que eles fiquem com as cartas.

— Júnior, - manifesta-se o outro deus-digimon, que ainda estava sob o ombro do domador da Lilamon. - não quero sua confiança e nem a confiança de ninguém, culú. Só quero que vocês se apropriem de todas as cartas!

Fernanda, Alex e Blaze permanecem mais afastados.

— Espero que você saiba o que está fazendo. – Blaze cochicha.

— Sei sim, gato. Confie na “nandinha” aqui!

— Já que é assim, - João grita para Júnior - acho melhor um contra um. O grupo vencedor leva todas as cartas.

Carlos gela ao ouvir a decisão do João.

Um pensamento invade a mente do Levi. “Eu me libertarei e avisarei aos domadores tudo o que está acontecendo.”

O domador da digimon raposa corre até próximo o líder dos domadores e o segura pelo braço. Renamon o acompanhava.

— Vocês não podem batalhar!

O Culumon que estava no ombro do garoto, se espanta.

— Eu sei dizer o que está acontecendo. – Diz de forma taxativa.

— E por que não nos disse antes?

— Com toda essa confusão, acabei esquecendo.

Fernanda, aproveitando a distração da maioria dos membros do seu grupo, chama o garoto magro e alto de maneira disfarçada, afastando-se dos demais.

Fernanda abraça Júnior intensamente e se afasta.

— Você confia em mim? – Pergunta a garota.

— Como?

— Preciso que você confie em mim!

— Mas, Fernanda, você andou tomando umas atitudes...

— Só preciso do seu voto de confiança. - Interrompe. - Quero as cartas que estão contigo.

— O que? Eu não posso...

— Confie em mim. - Interrompe novamente.

Fernanda olhava com ternura para o garoto. Seu olhar invadia os olhos do domador, deixando-o sem reação.

Júnior pensa por alguns segundos, até que retira as cartas do bolso.

— Espero estar fazendo a coisa certa.

— E está!

Fernanda retorna para próximo do grupo e Júnior faz o mesmo em seguida.

Levi continua discursando.

— Esse digimon é aparentemente inofensivo, mas muito poderoso. Ele deseja ter as cartas.

O Culumon sobre ombro do garoto de barba se exalta e grita:

— Vamos, João, destrua logo o farsante.

— Farsante é você, culú.

— Chega dessa brincadeira. – Brada João sacando seu digivice e levando os demais domadores, instintivamente, a fazerem o mesmo. - Esse Culumon sobre seu ombro, estava atado a cadeira quando chegamos. Ele havia se transformado no Mateus, e em questão de segundo se transformou no Culumon.

— Lamento dizer, mas João tem toda razão. – Manifesta-se Levi. - Eu, Albert e o próprio Mateus vimos esse digimon com a aparência do Mateus e logo depois ele se transformou no Culumon.

O garoto não sabia o que dizer. Estava completamente encurralado pelas provas apresentadas pelo João e confirmadas pelo Levi. Um aparente desespero toma conta do Culumon que estava sob seu ombro.

— Ele simplesmente se atou a essa cadeira para nos confundir. – Rechaça Murilo. - Ele queria que pensássemos que ele fosse o verdadeiro Culumon.

— Culumon, isso tudo é verdade? – Pergunta o domador que possui uma cicatriz no braço.

Lucas e Júnior, assim como Leon e Kau, procuravam apenas um único motivo para voltarem a confiar no pequeno digimon que estava com eles.

Culumon não sabia o que fazer. Estava completamente sem reação. Suas orelhas, as quais utilizava para voar, murcharam. Todos os domadores, com exceção de Blaze e Alex, o olhava com raiva. O Culumon que estava sobre o ombro de João sorria. Fernanda o observava. Uma áurea rosada se apodera do corpo do Culumon que estava sendo acusado, que passa a levitar.

— É ELE! – brada o domador que todos acreditavam estar morto. - Tenho absoluta certeza.

O Culumon envolto pela áurea rosada continuava ganhando altura, enquanto o outro digimon idêntico a si alça voo, planando na frente do grupo do João.

— Não temos mais tempo a perder! – Diz o Culumon que estava com o líder dos Domadores Beta. - Ele revelará sua verdadeira forma. Preciso das cartas que estão com vocês!

Sem titubear, o garoto de barba cerrada retira as cartas que estavam em seu bolso e vai até os outros domadores, recolhendo as que faltavam. Júnior, Kau, Lucas e Leon observavam tudo, temerosos. Não sabiam qual atitude tomar.

— Júnior, - diz o domador do Jewelbeemon abruptamente - as nossas cartas! Entregue-as ao Culumon antes que o farsante assuma sua verdadeira forma.

O líder dos calouros engole a seco e rapidamente olha para Fernanda. Ela possuía duas das cartas que pertenciam ao seu grupo.

— Anda, cara! – Insiste o domador de cabelo verde espetado. - Cadê as cartas?

Júnior continuava olhando a garota, que o ignorava e apenas observava a movimentação dos dois pequenos digimons brancos. Repentinamente, Fernanda toma impulso para correr até o grupo rival, quando o domador do Kudamon a segura pelo braço.

— Quero as cartas que estão contigo!

— Me solta, Júnior, senão vou gritar.

Nesse exato momento, Blaze e Alex empurram o garoto que segurava a domadora. Kau, Lucas e Leon se aproximam do seu amigo para auxiliá-lo. O digimon furão cai dos braços do seu domador e acorda ao choca-se contra o chão. Os digimons Perfeitos se agitam, iniciando uma batalha.

— NINGUÉM, AQUI, VAI BATALHAR!!! - Grita o domador encorpado para o tiranossauro cyborg e o leão humanoide que veste macacão preto.

— Isso vale pra vocês também. – Diz Kau com imponência, acalmando seu digimon e os digimons dos seus aliados.

Fernanda estava assustada e segurava no local exato onde Júnior havia apertado.

— É a segunda vez que você me engana, Fernanda. – Diz o garoto, decepcionado.

Os olhos da domadora de lábios carnudos se enchem de lágrimas ao ouvir tais palavras.

— Eu nunca te enganei. Fiz tudo isso por um bom motivo. Espero que entenda.

Fernanda caminha de costas, ainda olhando para Júnior.

— Aonde você vai? – Questiona o domador alto, encorpado e de olhos verdes.

Fernanda olha de Blaze para Alex, que estavam radiantes com a sua atitude. Ela havia conseguido retirar as cartas do grupo dos calouros sem muito esforço. Enquanto lágrimas rolavam pelo seu rosto, ela sorria.

— Eu não tenho mais nada a ver com vocês. – Diz. - Vocês são invejosos. Não tem capacidade de conquistar seu próprio espaço.

Blaze não acredita no que ouve.

— Eu não to te entendendo Fernanda. - Balbucia esboçando um sorriso amarelado.

— Então deixa eu te refrescar a memória.

Fernanda avança tranquilamente até o garoto e solta um tapa no seu rosto, fazendo todos os presentes olharem na sua direção.

Júnior sorri com a atitude, corajosa, da domadora.

Alex, Leon, Lucas e Kau ficam sem entender absolutamente nada.

Blaze torna a olhar para Fernanda. Sua face esquerda estava vermelha.

— Vagabunda!

— Só estou devolvendo algo que você me deu e que nunca me pertenceu.

Blaze cerra o punho direito na direção da Fernanda. O domador estava transtornado de ódio e, antes que pudesse desferir o golpe contra a domadora, Júnior e Leon se lançam sobre ele, derrubando-o.

— Fernanda, faça o que tenha que fazer. Agora eu confio em você!

Fernanda sorri para o domador e corre na direção do grupo do João.

Solarmon a acompanha.

Blaze se sacudia tentando se livrar dos domadores.

— Fernanda, devolva minha carta!

Alex tenta correr na direção da Fernanda, mas é impedido pelo Kau e pelo Lucas.

Megalogrowmon e Grappleomon se agitam, tentando salvar seus domadores, mas são impedidos pelos respectivos digimons dos calouros.

Fernanda corria sobre o comprido tapete vermelho, que seguia do altar até a porta de ferro, na direção do João. O líder dos Domadores Beta já havia reunido todas as cartas que estavam com os demais e por pouco não as havia entregado ao Culumon.

— Anda domador, me entregue as cartas antes que seja tarde demais.

João estende as cartas, posicionadas em forma de leque, ao Culumon.

Murilo observava Culumon voar até as cartas quando um lapso de memória lhe invade a mente. “Culumon está muito diferente. (...) Ele estava usando de um tom agressivo que não lhe é comum (...) atualmente é raridade o Culumon falar o seu famoso ‘culú, culú’.”

O domador do Angemon havia se lembrado de trechos do e-mail que Antônio enviou ao João. E tudo levava a crer que aquele digimon não era o verdadeiro Culumon!

— NÃO, JOÃO!

João e Culumon param com o grito do garoto.

— ESSE DAÍ É O FALSO CULUMON!

 

Continua...


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