Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 25
Procurem as Cartas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/31462/chapter/25

O digimon do Kau, Stingmon, num golpe impensado imobiliza Etemon pelas costas.

O digimon gorila entra em desespero ao perceber que receberia três poderosas técnicas dos seus rivais sem poder se defender. Por mais que esteja um nível evolutivo acima, sairia bastante ferido dessa investida.

As técnicas lançadas pelo Allomon, Leppamon e Sunflowmon avançavam na direção do Etemon quando seu parceiro, Evilmon, ataca Stingmon pelas costas, desconcentrando-o. O digimon gorila que usa óculos escuros rapidamente reverte a situação e, com uma chave de braço consegue lançar o digimon inseto na sua frente, utilizando-o como escudo.

— STINGMON! – Brada o garoto de cabelo verde espetado, desesperado.

Stingmon se debatia, numa tentativa de se livrar de Etemon.

A tampa do bueiro da estreita rua se ergue alguns centímetros. Leon estava observando toda a batalha juntamente com Veemon.

Segundos antes de ser atingido, Stingmon é empurrado pelo Etemon, que salta logo em seguida se esquivando da forte explosão que acontece.

— Morra desgraçado! – Grita Etemon enquanto espalmava uma das mãos acima da cabeça. - Rede Negra!

Etemon aproveita o momento de fraqueza do inimigo, que estava caído e com diversas escoriações, e o ataca de maneira sequenciada. Uma nuvem de poeira e destroços se forma em volta do digimon de Kau. O digimon gorila finaliza sua sequência de ataques com uma “Rede Negra” quatro vezes maior do que as demais. Uma explosão de grandes proporções acontece, lançando os domadores e os digimons contra um prédio próximo. Evilmon também sofre com o impacto da explosão e é arremessado a uma grande distância.

— NÃO! STINGMON!!!

O grito desesperado do garoto de braço inteiramente tatuado e argolas no nariz e orelhas, ecoa pelas ruas e avenidas da cidade.

 

Bento torcia sua camiseta as margens do rio, retirando o excesso de água. Logo depois, o irmão da Bárbara caminha até o pequeno tiranossauro vermelho que dormia, e coloca a camiseta molhada sobre sua testa.

Blaze olhava atentamente, sentado próximo da Lunamon que também dormia, cada movimento feito pelo Bento.

— O que foi, boy? – Questiona o garoto afeminado, sorrindo.

— Nada!

O garoto de cabelos curtos e cacheados se aproxima do domador, acariciando seu rosto.

— Que emoção! Até que enfim nos conhecemos.

— Que loucura, não é?

— Eu imaginava várias situações, sabe: shopping, praça, aeroporto, em Curitiba ou em Cuiabá, mas nunca aqui, nesse lugar de doido que eu nem sonhava existir.

Um grande silêncio se apodera da conversa, ainda tímida, entre os garotos que até então só se conheciam pela internet.

— Você é muito diferente pessoalmente. – Diz Bento, interrompendo o incômodo silêncio.

— Eu?

— E você está vendo outra pessoa aqui, além de nós?

— Desculpa. É que eu to distraído...

— Problemas? – Interrompe-o.

— Coisas minhas... Nada de importante.

— E essa digimon? - Bento inclina a cabeça na direção de Lunamon.

— Ela andou aprontando demais comigo e meus amigos.

— Coitada...

— Coitado de nós!

— Onde estão seus amigos?

— Estão resolvendo uns problemas.

— E existem problemas aqui? Fora ser perseguido por esses monstros uó?

— Olha que tem...

Bento se senta ao lado de Blaze, observando-o de maneira fixa.

— O que foi, guri? – Pergunta o garoto branco de olhos verdes, constrangido.

— Adorei seu sotaque... Quer dizer, adorei ter te conhecido! - Bento acaricia o rosto do Blaze. - Você costuma ser tímido, assim?

— Blaze, cadê você?

Os garotos se assustam com o chamado de Guilmon.

Blaze rapidamente se levanta e corre até seu digimon.

Bento permanece sentado, observando-o.

— Oi, Guilmon. Eu to aqui.

O garoto acaricia o digimon, que abre os olhos lentamente, sorri e nota a presença de um estranho.

— Quem é ele?

— Um amigo. Bento. Acabou vindo parar no Mundo Digital acidentalmente.

— Ele é domador também?

— Não! Ele é humano simples.

— Humano simples? – Questiona o garoto de pele levemente bronzeada se aproximando. - Por que humano simples?

— Porque você não é domador.

— Ah ta! O primeiro domador que eu conheço é você. Alguns digimons simpáticos, coisa rara que eu encontrei por aí, me falaram sobre vocês. O que mais me preocupa é Bárbara, minha mana.

Rapidamente Blaze nota que uma das garotas que estavam presas na jaula era a irmã do Bento. Seus olhos saltam com a surpresa.

— Ela é deficiente visual – completa o garoto - e eu tenho certeza de que está por aqui.

Blaze confirma sua dúvida: Bento é irmão da garota cega. Mesmo com plena certeza de que Bárbara estava bem, o domador não lhe conta a verdade.

— Sério? – Disfarça. – Então, se ela estiver mesmo por aqui, reze para estar viva. Por que como você mesmo viu, aqui é muito perigoso, ainda mais para uma garota deficiente visual.

Bento sorri para Blaze como forma de agradecimento e vai até Guilmon, para novamente umedecer a camiseta que estava sobre sua testa.

Lunamon aos poucos recupera a consciência e se levanta sem fazer nenhum movimento brusco. Ao olhar em volta, a pequena digimon que carrega consigo um medalhão da lua pendurado ao pescoço, percebe que Guilmon estava deitado ao lado do seu domador. Ambos estavam de costas. Mais à frente, caminhando em direção ao rio, estava um humano que ela nunca havia visto. O caminho estava livre. Ninguém notou que ela havia despertado. Lunamon segue se deslocando como um molusco, já que não possui pernas, e se afastava dos humanos e dos digimons quando, por um descuido, acaba pisando em alguns gravetos, atraído a atenção do domador corpulento que logo vira-se de costas.

 

Ranamon e Digmon observavam a densa nuvem de poeira se desfazer e veem que Grappleomon ainda estava com os braços cruzados na altura do rosto, quando lentamente seguia abaixando-os.

— Pensaram mesmo que seria fácil se livrar do meu digimon?

— Isso é só questão de tempo, seu ridículo. – Retruca Verônica.

— Vamos, Grappleomon. – Prossegue o garoto de olhos orientalizados. - Derrote essas aberrações evolutivas e depois expulse Antônio e esses dois humanos simples daqui, antes que eles consigam o mesmo feito que a ceguinha.

O digimon leão humanoide, visivelmente mais esguio e rápido do que sua fase anterior, avança na direção de Digmon e Ranamon.

— Rápido! – Diz a guerreira das águas olhando para os digimons Novato que estavam por perto. – Tirem Verônica e os outros daqui.

Terriermon, Patamon e Kokabuterimon prontamente acatam a ordem de Ranamon e se aproximam dos humanos, enquanto uma intensa batalha recomeçava em meio a socos e chutes.

Verônica segura Bárbara pela mão, enquanto suas parceiras batalhavam.

A digimon inseto usa a broca presente em seu focinho como uma furadeira e consegue ferir o digimon leão no peito, que cai e logo lhe passa uma rasteira, derrubando-a também. Grappleomon põe-se de pé com um salto quando Ranamon tenta atingi-lo com um “Punho de Água”. O digimon de Alex consegue inclinar o seu corpo para trás e dar uma sequência de cambalhotas. A digimon que controla as águas passa a persegui-lo, enquanto levitava a poucos centímetros do chão quando é golpeada por dois chutes debaixo do queixo, caindo de costas.

— Muito bem, Grappleomon! – Vibra Alex.

Fernanda estava agachada ao lado da digimon redonda que possui uma engrenagem ao redor do corpo.

O digimon leão acabara de ficar de pé quando é atingido por uma gigantesca pedra, que se aproximou pelas suas costas e caiu sobre si. O digimon do nível Perfeito fazia uma força descomunal para não ser esmagado, já que Digmon controlava a rocha com o seu poder sobre o solo, quando uma pequena nuvem negra se aproxima e libera um poderoso raio, eletrocutando-o. Grappleomon é esmagado pela enorme rocha.

Carlos se reúne com os demais parar traçar um plano de sobrevivência.

— É o seguinte: Alex conseguiu mandar Bruninho e Igor de volta para o Mundo Real. Não podemos perder Antônio. Vamos nos dividir. Um grupo fica aqui com Verônica e Bárbara, enquanto o outro vai atrás de algo que possa nos ajudar.

— Você fala das cartas? – Interfere Antônio.

— Isso! Se Culumon as criou, com certeza existem outras. E como vocês viram, pode ser de qualquer um de nós.

— Inclusive de quem já foi mandado de volta?

— Inclusive eles, Flávia. Ainda bem que temos Verônica e Bárbara do nosso lado.

— Quer dizer que até eu posso ser uma domadora?

— Se Bárbara conseguiu, por que não.

— E como vai ser isso? – Questiona Murilo. - Quem vem com a gente?

— Eu e você ficaremos com as meninas. João, Antônio e Flávia vão atrás de ajuda.

— Pessoal, - manifesta-se a garota de voz rouca, aflita - antes de ser solta daquela jaula eu notei quando quatro domadores saíram bem antes dos digivices serem roubados.

— Os calouros, é claro! Eles poderão nos ajudar! Além dessas cartas vocês devem encontra-los. João, o que você acha?

— Eu? – Balbucia o rapaz após se assustar com o questionamento e pegar Betamon em seus braços.

— Acorda, cara! O mundo desabando sobre nossas cabeças e você assim, apático!

— Onda de Leões.

O digimon Perfeito faz um movimento de soco no ar, disparando uma poderosa energia incolor do punho.

— Broca de Ouro.

— Punho de Água.

Os ataques se chocam no ar e geram uma explosão.

— Vão! – Ordena o garoto magro de cabelos desgrenhados e olhos verdes atrás dos óculos de grau. - Agora é o momento certo.

João, Betamon, Antônio, Kokabuterimon, Flávia e Patamon partem em busca de ajuda, enquanto Murilo, Carlos e Terriermon ficam para ajudar Verônica e Bárbara.

— Grappleomon, não deixe que fujam!

O digimon leão de juba farta faz menção de avançar na direção dos domadores quando as guerreiras do solo e da água se põe no caminho.

— Terá que nos derrotar primeiro! – Diz Digmon batendo o pé com força no chão, erguendo uma enorme rocha e a lançando contra Grappleomon.

O digimon do Alex dispara sua “Onda de Leões” contra a enorme rocha, partindo-a em minúsculos pedaços. Logo em seguida, o digimon leão humanoide é surpreendido pela Ranamon, que avançava de punhos cerrados e paralelos, enquanto todo o seu corpo estava envolto por um cilindro de água.

João e os demais já haviam tomado certa distância da batalha e seguiam correndo.

— Patamon. - Inicia Flávia. - Você devia ter ficado. Eles podem precisar de você.

— Então eu vou voltar.

— NÃO! – Grita João, interrompendo. - Se quisesse ter ficado, pensasse antes.

— O que deu em você?

— Nada, Flávia. Vamos continuar.

 

Stingmon, que já estava ajoelhado, cai de barriga no chão. Com a explosão, suas asas haviam sido destruídas. Sua perna esquerda estava destroçada e suas garras quebradas. Nenhum dos domadores e dos digimons queriam acreditar no que aconteceu ao digimon de Kau, que estava completamente transtornado e berrava externando seu total desespero. Caio e Lucas o amparavam e consolavam.

— Me solte! Eu preciso ir vê-lo.

O garoto de óculos e profunda cicatriz no antebraço direito juntamente com o seu amigo, que é moreno e tem olhos verdes, tentava conter a revolta do garoto de cabelo verde quando Júnior faz um sutil movimento pedindo que eles o deixassem ir.

O domador se aproxima do seu digimon.

— Stingmon, regrida agora. Você está ferido e não pode mais batalhar.

— Kau... – Pronuncia o inseto humanoide com grande dificuldade. - Me desculpe.

— Te desculpar pelo que? Você tem sido excelente todas às vezes.

— Me desculpe por não tê-lo feito calar a boca quando ordenou. Por ter sido fraco desde o princípio. Por não ter resistido a esses ataques.

— Fique quieto! – Pede o garoto contendo o choro. – Você precisa descansar. Regrida.

Aos poucos Stingmon fecha seus enormes olhos e passa a se dissolver em dados, para comoção geral. Pela primeira vez os domadores calouros passavam por aquela situação. Sabiam que seus digimons, assim como os demais, poderiam ser destruídos, mas ter que encarar essa perda era muito dolorido.

Leon e Veemon seguiam observando toda a movimentação de dentro do bueiro e estavam espantados com o que acabara de acontecer.

O digimon gorila do nível Perfeito comemora o feito dando pulos.

— Mais uma vez eu consegui! Etemon, um. Domadores, zero.

— DESGRAÇADO! – Esbraveja Caio totalmente transtornado. - Allomon, acabe com ele!

O tiranossauro azul de listras laranjas olha, surpreso, para o seu domador, que estava completamente diferente do garoto alegre e brincalhão que costuma ser, antes de avançar. Leppamon e Sunflowmon o segue na investida.

Etemon materializa uma guitarra de cor roxa em seus braços e passa a tocar. O som emitido pelo instrumento, pesado e de sonoridade metálica, paralisa os três digimons do nível Adulto, que sentem suas forças desaparecerem e regridem, tornando-se Lalamon, Kudamon e Monodramon.

O pequeno gárgula, amigo de Etemon, se aproxima voando.

— Digimons enfraquecidos. Vamos destruir um por um, Etemon.

— Exatamente isso que faremos, Evilmon!

— Por que vocês estão nos atacando? – Questiona Júnior. - O que fizemos a vocês?

— Vocês invadiram minha cidade, Etemonlândia, sem o meu consentimento. Agora, irão sofrer as consequências.

As garras do digimon gorila passam a brilhar.

— Adeus humanos.

 

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Digimon Beta - E as Cartas Acessórias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.