Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 18
Devolvam Nossos Digivices




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João seguia fuzilando Alex com seu olhar. A falta de entrosamento entre os dois domadores já era bastante perceptível desde que todos se uniram, há seis meses, para destruírem os dois últimos ditadores. O garoto de barba cerrada não conseguia compreender de onde vinha tamanha segurança nas falas e provocações ditas pelo garoto magro, mais baixo do que ele, branco e de olhos orientalizados. Possivelmente, sua amizade com Blaze poderia lhe dar tal suporte, mas João acreditava que Alex tinha mais influência sobre o garoto alto e corpulento, do que suas aparências poderiam falar. E, ao que tudo indica, também havia conseguido convencer Fernanda de seus ideais.

João estava prestes a sacar seu digivice quando uma mão surge, impedindo-o.

— Não, João. - O garoto de óculos de armações pretas e olhos verdes o segura por um dos braços. - Não caia na provocação dele. Não perca sua razão.

— Você não manda em mim, Carlos!

— Não quero saber quem manda ou quem desmanda. Só sei que você não vai batalhar, com ele, agora.

Os demais domadores descem da arquibancada e se aproximam.

Angewomon e Angemon seguiam sobrevoando a Arena Quadrática.

Verônica se aproxima do seu namorado.

— João, você não era assim...

— Lá vem... – Diz o garoto irado.

— Cale a boca que eu to falando contigo! – Prossegue interrompendo-o. - Já faz um tempo que eu to percebendo que você está desse jeito. Trata todo mundo com indiferença, quer ditar regras. Você não é mais carinhoso comigo.

— Eu o quê, Verônica?

Antes que os ânimos se exaltassem ainda mais, Antônio resolve interferir chamando a atenção de todo mundo.

Kokabuterimon estava em seus braços.

— Pessoal, acho melhor a gente dá um tempo no torneio. Pelo menos até a maioria esfriar os ânimos. O que acham?

— Fechado! – Diz o domador de Terriermon. – Merecemos, e muito, uma pausa agora.

— Por que diz isso se nos ainda nem lutamos? – Questiona ao Carlos, o garoto alto, magro e desengonçado domador da Floramon.

— Não vê que eles precisam, Guilherme? - Diz Carlos sussurrando próximo ao domador. - Se não, vai rolar briga novamente. Mas não se preocupe, nossa batalha vai acontecer.

— O que é que vocês tanto fofocam? – Questiona Terriermon erguendo as orelhas.

Floramon dá de ombros ao Terriermon e passa a seguir seu domador, que assim como os demais seguia caminhando e conversando.

Blaze segue andando e propositalmente se esbarra em Antônio, que se enfurece.

— Não olha por onde anda?

— Propor um intervalo é ideia digna de fracassados. – Pontua o paranaense, sorrindo.

O besouro mecânico de carapaça azul e lenço laranja se agita nos braços do garoto.

— Antônio, me larga! Eu vou dar uma lição nesse grupinho!

O garoto não atende ao seu pedido.

Blaze, Alex, Fernanda e seus digimons, olham a cena, não se contém e começam a rir.

— Tenho dó de você, Kokabuterimon. – Prossegue o garoto alto e corpulento. - Grandes fracassados. Você e seu domador.

Igor, Guilherme, Victor e Will se aproximam de Antônio.

Blaze sorri com deboche e sai, sendo seguido pelos seus amigos e digimons.

— Valeu, pessoal. – Agradece Antônio visivelmente constrangido.

— Esse cara é um saco! – Diz Guilherme. - To com ele atravessado faz tempo.

— Eu não to suportando mais essa rixa dos dois grupos. Já notei que todo mundo que se aproxima de João ou de Blaze, acaba se tornando inimigo do outro. Foi assim com Fernanda e com Igor.

— Hei, Will. – Interfere o garoto de olhos azuis, domador do Labramon. – Eu e Carlos sofremos um atentado orquestrado pelo Blaze e pelo Alex. Por isso, eu estou do lado de Carlos e João.

— É sobre isso que eu to dizendo, Igor. Eles dois, só por que viram você conversando com Carlos, já te colocaram na listra negra deles.

Culumon e João conversavam com Bruno Pastreli e com Luiz Filipe.

Verônica e Bruno Soares observam o papo e seus digimons, Angewomon e Angemon respectivamente, voam até eles e regridem, sendo pegos no colo logo em seguida.

— Vocês violaram uma das regras do torneio. – Inicia o deus-digimon. - Seus digimons evoluíram para o nível Perfeito. Lamento, mas vocês dois estão desclassificados.

Bruno Pastreli e Luiz Filipe não aceitam o decreto e resolvem questionar.

— Isso não é justo, Culumon. Pastreli já tinha desistido quando Gaogamon evoluiu!

— Quer dizer que você mentiu dizendo que não ouviu, sendo que tinha escutado?

— Eu to dizendo isso por que você que me disse agora há pouco.

— Pessoal, outra briga de novo não, por favor. – Pede João. – Vamos todos fazer como o proposto pelo Antônio, ok?

 

Flávia, Murilo e Bárbara seguiam trancafiados na jaula criada pelo Culumon quando percebem o grande número de garotos e digimons saindo da Arena Quadrática.

A garota de voz rouca e cabelos loiros tenta atrair a atenção dos demais e somente consegue um simples aceno por parte do Victor e do seu Agumon.

— Será que eles estão indo embora?

— Não, Murilo! – Diz Flávia, taxativa. - João, Carlos e Verônica não são loucos de irem embora e me esquecerem aqui. Olha! Falando no trio...

Verônica estava com cara de poucos amigos e segurava João por um dos braços.

Carlos vinha mais atrás juntamente com Antônio, que carregava Kokabuterimon, Plotmon, Betamon e Terriermon. Os garotos e os digimons param de caminhar enquanto o casal seguiu por mais alguns metros até iniciar uma calorosa discussão.

Flávia não conseguia ouvir absolutamente nada. Mas estava espantada com a maneira como João e Verônica gesticulavam.

— Eita. Será que é o que eu to pensando?

— O que foi, Flávia? – Questiona Bárbara, curiosa. – Descreve!

— Ao que tudo indica, João e Verônica estão fazendo uma DR.

— Eles não são namorado? Qual a surpresa? Todo casal briga...

— Eu conheço os dois desde antes de estarem namorando e nunca os vi brigar desse jeito, nem sequer discutir.

— Pra tudo existe uma primeira vez... – Pontua o garoto magro, sorrindo.

— Pessoal! – Diz a garota de cabelos cacheados erguendo um dos indicadores. – Conseguem ouvir?

Murilo e Flávia silenciam e, aos poucos, ouvem o zunido típico de insetos voadores. Ao olharem em volta, o garoto e a menina veem que a digimon abelha retornava pela mesma direção que havia tomado antes de desaparecer.

Fanbeemon pousa sobre a jaula.

— Nossa... – Inicia a garota loira de corpo escultural. – Já tinha esquecido que você existia.

— Como? – Questiona a pequena digimon sem entender.

— Por que demorou?

— Fiz o possível e o impossível, mas, infelizmente, não consegui encontrar ninguém.

— Ninguém mesmo? – Pergunta Murilo.

— Ninguém disposto a ajudar.

Patamon se aproxima voando.

— Humanos! – Grita o digimon. - Eu não achei nenhuma Fanbeemon voando por ai.

Assim que pousa sobre a jaula e olha para o lado, o digimon hamster idêntico ao digimon de Bruno Soares, a não ser pela cicatriz que o digimon do jovem domador carregava próximo a boca, nota a presença de uma Fanbeemon.

— Olha você ai! – Diz, sorrindo. - Até que enfim te achei. Bárbara disse pra combinarmos nossos ataques...

— Creio que, assim, vocês terão mais chances! – Explica a garota, atropelando as palavras do digimon laranja.

— Está bem! – Diz Fanbeemon levantando voo, sendo seguida pelo Patamon. – Vamos tentar?

Patamon inflava o seu corpo e Fanbeemon já direcionava seu ferrão para a tranca da jaula quando Flávia os interrompem em baixo tom:

— Esperem!!!

— O que aconteceu? – Questiona Patamon.

— Vamos esperar aqueles humanos e digimons se afastarem. – Diz a garota indicando João, Verônica, Carlos, Betamon, Plotmon e Terriermon. - Eles não podem vê-los aqui, e muito menos ver que conseguimos fugir.

Patamon e Fanbeemon entendem o recado e resolvem pousar no chão, atrás da jaula.

Flávia e Murilo seguiam observando a discussão do casal quando Verônica puxa João pelo rosto, dando-lhe um leve beijo nos lábios e, de mãos dadas, seguem caminhando na companhia de Carlos, Antônio e dos seus digimons.

O pequeno grupo segue na mesma direção que os demais garotos e digimons até o desaparecer das vistas.

— Agora vocês podem vir com força total!

Os pequenos digimons levantam voo.

— Pronto, Patamon? – Questiona a digimon abelha se preparando para atacar.

— Sim. – Responde o digimon já inflando seu corpo como anteriormente.

 

Às margens de um caudaloso rio, Igor, Labramon, Bruno Pastreli, Dorumon, Victor Agumon, Will e Tentomon, aproveitavam os minutos de descanso.

Labramon e Will se agitavam em meio às águas do rio, enquanto Igor e Victor tentavam, a todo o custo, arrastar o garoto de voz rouca.

— Eu não to a fim, não, galera. – Diz Bruno em meio a insistência dos amigos.

— A água está refrescante, Pastreli! – Brada Will, boiando. – Você precisa relaxar.

— Eu to preocupado com Dorumon. Ele tá exausto.

— Pode deixar que a gente toma conta dele! – Manifesta-se o digimon inseto de carapaça vermelha e poderosas garras.

— Digimons precisam de alguns minutinhos para se recompor. Ao contrário dos humanos... – Completa o pequeno tiranossauro amarelo, digimon de Victor.

— E por que vocês dois não caem na água?

— Quer que eu queime meus circuitos? – Indaga Tentomon. – Sou um besouro mecânico.

— E eu sou um tiranossauro de fogo! Se é que ainda não percebeu...

— Vamos, logo, Pastreli! – Grita, aos risos, o garoto loiro de olhos verdes. – Vai enrolar até quando?

— Está bom, Victor! Podem me soltar. Eu vou!

Bruno Pastreli retira camiseta, celular, carteira, chaves e digivice, e os colocam juntamente com os dos demais antes de se lançar com força, jogando água para todos os lados. Igor e Victor o acompanham no movimento e saltam no rio.

Os garotos e Labramon seguiam se divertindo durante o banho de rio.

Ao perceberem que Dorumon havia caído no sono, Agumon e Tentomon se aproximam da borda da margem do rio e ficam conversando com os demais.

Enquanto todos os domadores e digimons estavam distraídos, alguém se aproxima sorrateiramente e pega os digivices dos garotos em meio aos demais objetos que estavam próximos ao pequeno dragão roxo de braços curtos e triângulo vermelho na testa.

 

— Agora você vai falar? - Pergunta Verônica com certa angustia na voz.

João estava sentado em um tronco de árvore caído quando Verônica se aproxima.

— Não ta acontecendo nada, já disse. - Responde o garoto de maneira tranquila, sem desviar o olhar dos quatro digimons que brincavam na sua frente.

Carlos e Antônio conversavam mais afastados do casal.

— Meu Deus do céu como que não? Não é possível que alguém mude da água pro vinho de repente. Você está arrogante. Esse lance de liderança subiu pra tua cabeça.

O garoto de barba cerrada respira fundo antes de se levantar, caminhar até uma árvore e se encosta nela, sentando no chão logo em seguida.

— Vai me ignorar? – Insiste a garota se aproximando.

— Só quero evitando uma briga.

— Essa não é a minha intenção.

— E por que fica me interrogando?

— Não percebe que está sendo egoísta? Quanto custa você me ouvir e ouvir Carlos?

— Verônica, não to a fim de ouvir ninguém me detonando. Se você insistir mais uma vez, vai ficar falando sozinha.

Verônica respira fundo e segura o choro.

— Se pra você é mais fácil resolver as coisas assim, boa sorte! Eu só queria te ajudar.

 A garota magra, de baixa estatura e cabelos volumosos se afasta do João, deixando-o só, e se aproxima do garoto lutador de kung fu e do nerd de olhos verdes.

 

Patamon e Fanbeemon estão ofegantes.

— Eles não conseguiram... – Pontua Murilo com pesar.

— É melhor desistirmos. – Diz a garota de olhar inquieto e fugitivo. – Temos que esperar a boa vontade dos tais domadores para ficarmos livres.

A pequena digimon chamada Lunamon, que Fanbeemon havia encontrado, se aproxima.

— Lunamon! – Exclama a digimon abelha radiante.

— Olá! – Diz a digimon antes de direcionar seus olhos rosados para os humanos. Estava encantava. - É a primeira vez que vejo um humano em minha vida!

— Ela é sua amiga, Fanbeemon?

— Não, Murilo. Eu havia pedido ajuda para libertar vocês, só que ela se negou a ajuda-los.

— Por que disse não? – Pergunta Flávia, exaltada.

— Por que eu não estava com vontade, humana.

— E agora você veio ajudar? – Questiona o hamster voador.

— Não! Me aproximei na intenção de ver alguns humanos de perto.

— Quanto custa nos ajudar? – Pergunta Bárbara.

— Não me custa nada! E também não ganho nada em troca.

Lunamon escala até o topo da jaula.

— Era só o que me faltava. – Balbucia a garota loira para a sua companheira de cela. -  Nossa jaula virou poleiro de digimons.

 

Longos minutos de pleno descanso se passam...

Os domadores seguiam divididos em pequenos grupos. Descansavam e se distraiam cada qual a sua maneira. Por hora, tudo levava a crer que Culumon não obteria êxito em reaproximar os domadores.

 João cochilava recostado a árvore quando acorda emitindo um forte bocejo e esticando os braços para o alto. O garoto ainda recuperava seu pleno raciocínio quando percebe que havia adormecido. Ao olhar para um dos lados, o garoto percebe que seu digimon, um réptil de corpo arredondado e barbatana laranja sobre as costas, dormia próximo si. Alguns metros à frente, Verônica, Plotmon, Antônio, Kokabuterimon, Carlos e Terriermon também cochilavam.

— Betamon, acorde! – Sussurra o garoto dando leves sacodidas no digimon. – Acho que já está na hora de voltarmos pra Arena.

O garoto soteropolitano fica de pé e percebe que um dos bolsos da sua bermuda estava mais leve. Ao tateá-lo, João percebe que havia perdido seu digivice.

— Caramba. Onde é que ta?

— O que houve, João? – Questiona Betamon bocejando logo após.

Os demais garotos e digimons acordam com a indagação de João.

— Meu digivice... Ele estava no meu bolso até eu cochilar.

João e Betamon rapidamente direcionam seus olhares para Antônio, que também vasculhava seus bolsos.

— Não vai dizer que você também perdeu o seu aparelho... – Manifesta-se Kokabuterimon, evidenciando sua total recuperação.

Verônica e Carlos rapidamente fazem como Antônio e notam que não estavam com seus aparelhos.

— Será que vocês perderam no meio do caminho?

— Acho que não, Plotmon. – Diz sua domadora. – Pelo menos eu gosto de prendê-lo com a presilha por dentro do bolso.

— Eu também faço isso! – Diz o domador do besouro mecânico de cor azul.

— Isso tudo só me leva a crer em uma única hipótese.... – Pontua João, pensativo.

 

— Victor, você não está preocupado? – Questiona Agumon.

— Isso é coisa do Igor, tenho certeza! – Brada o garoto loiro de olhos verdes, sorrindo.

A grande maioria dos domadores e digimons já haviam retornado à Arena Quadrática, e o desaparecimento dos digivices era a grande discussão do momento.

— Eu não peguei os digivices! – Defende-se o garoto de cabelos negros e olhos azuis. -  O meu também desapareceu.

— Você saiu da água enquanto estávamos distraídos, lembra?

— Mas não peguei, Will.

— Isso só pode ser coisa de uma única pessoa...

— Eu também estou achando, Gui. – Concorda Floramon.

— Será? – Duvida o domador de traços indígenas.

— E você tem outra explicação plausível, Luiz Filipe?

— Ah, pessoal. Eu não gosto de pensar que o nosso grupo está dividido! – Diz Bruno Soares. Patamon estava sobre sua cabeça.

Blaze, Alex e Fernanda conversavam e sorriam quando Guilherme, convicto das suas suspeitas, resolve gritar:

— Cadê nossos digivices, Blaze?

Todos os presentes se assustam com a gritaria iniciada pelo garoto alto e desengonçado.

— Vai procurar o que fazer, imbecil!

João, Verônica, Antônio, Carlos e seus digimons chegam aflitos à Arena.

— Pessoal, roubaram nossos digivices!

— Os nossos também, Verônica. – Responde Bruninho, com pesar.

— Vocês estão procurando por isso aqui? – Questiona o garoto alto e corpulento atraindo a atenção dos demais.

Blaze e Alex retiram vários digivices prateados dos bolsos. Entre eles estavam um digivice preto, um amarelo e outro azul. Seus visores exibiam ícones dos digimons com quem mantinham conexão

— Dessa vez vocês passaram de todos os limites! - Esbraveja Carlos.

— Isso é sacanagem! – Retruca Terriermon sobre o ombro do seu domador.

— Cadê o bom humor, pessoal? – Questiona o garoto de olhos rasgados, sorrindo.

— Meu bom humor, Alex, só vai voltar quando eu puser minhas mãos em você. – Diz João completamente revoltado. - Devolvam nossos digivices!

 

Continua...


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