Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 15
Nervos à Flor da Pele




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O garoto branco, de braços e pernas fortes, seguia caminhando pela arquibancada. Trazia em seus braços o digimon besouro mecânico de cor azul, olhos inteiramente verdes e lenço laranja atado ao redor do pescoço.

— Antônio, como que ele ta? – Questiona o garoto de barba cerrada, assim que o domador se aproxima.

— Ele está bem!

O garoto nada mais diz, e apenas coloca seu digimon em uma das poltronas.

Os demais domadores e digimons que estavam próximos não sabiam o que dizer. A repentina desistência por parte do domador de Guilmon soava como uma provocação, já que o mesmo estava em visível vantagem antes de anunciar sua decisão.

Antônio seguia de olhar fixo na direção de Blaze, que estava do lado oposto da arquibancada na companhia de Fernanda, Alex e seus digimons.

Blaze nota que o domador o observava e se levanta, acenando e lançando beijos.

Alex, Fernanda, Guilmon, Leomon e Solarmon caem na risada com a atitude do garoto.

— CANSEI DE TUDO ISSO! – Esbraveja o garoto de punhos cerrados e veias do pescoço saltadas. -  To perdendo minha paciência com ele.

— Eu já perdi a minha há muito tempo, cara. – Diz João, irritado. - Pode acreditar!

— Blaze é um mala, isso sim! – Manifesta-se Carlos com Terriermon em seu ombro. - Cara mais ignorante e antipático ta pra nascer.

— Já nasceu: Alex.

— E pelo que vejo, - completa Verônica - descolaram uma amiguinha!

— Qualquer dia desses faço uma besteira!

— Calma, Tonho! – Esforça-se Kokabuterimon numa tentativa de acalmar seu domador. – Não podemos perder a cabeça com eles.

— Kokabuterimon está coberto de razão! – Prossegue o digimon réptil de corpo redondo e barbatana laranja sobre as costas. – A gente precisa se controlar para ataca-los com a mesma frieza deles.

— Eles estão vindo com tudo pra cima da gente! – Diz Igor, o garoto magro de cabelos negros e olhos azuis. – Só por que eu e Labramon estávamos ao lado de Carlos e Terriermon no momento em que eles salvaram Flávia, nos tornamos inimigos mortais deles dois.

— E o que aconteceu com Floramon... – Prossegue o domador alto e desengonçado. – Até hoje estou com Blaze atravessado.

— Ele via Guilmon atacar Kokabuterimon e me atacar, e não fazia nada para impedir! – Pontua Floramon.

— Agora, mais do que nunca, to louco para batalhar com Alex! – Diz João. - Se ele me tirar do sério, Metalseadramon colocará essa Arena abaixo.

 

— Por favor, Armadimon, eu preciso da sua ajuda!

A pequena digimon abelha havia voado pela Planície Xadrez em busca de um digimon que pudesse ajudá-la a libertar os humanos que haviam se tornado prisioneiros dos domadores.

Alguns quilômetros à frente, Fanbeemon avista um digimon tatu de carapaça brilhante e poderosas garras nas quatro patas, caminhando distraidamente, e resolve lhe pedir ajuda.

— Infelizmente não dá! Preciso voltar com urgência para minha aldeia.

— Eu não tomarei muito o seu tempo. – Insiste. – Sei que suas garras e seu casco são resistentes e poderosos. Minha técnica não tem muito poder para destruir uma jaula de cromodigizóide.

— Já disse que não posso ajudá-la. Não insista!

O digimon tatu do nível Novato, prossegue caminhando, ignorando-a.

Fanbeemon continuava procurando por ajuda até que, já fora da Planície Xadrez e próximo a um rio que corta a floresta, ela encontra uma digimon branca com dois pares de longas orelhas listradas em violeta e eretas. Uma ponta pendia de sua cabeça, semelhante as orelhas, como uma franja. Em sua testa, peito e braços havia uma lua minguante dourada tatuada. Ao redor do pescoço, uma fita rosa tinha suas extremidades presa a um medalhão prateado com o desenho da lua. Não possui pernas. Seu corpo seguia como um vestido com babados, que se movimentavam feito tentáculos quando caminhava. Olhos rosados na face graciosa.

— Por favor, Lunamon, preciso da sua ajuda! – Brada a digimon desesperada, pousando ao lado da digimon que estava deitava. - Uns amigos meus, humanos, estão presos numa jaula e eu preciso soltá-los.

— Ah! Não to a fim de ajudar ninguém agora!

— Por favor!

— Nem mais nem menos. Agora, se me der licença, quero continuar descansando.

 

Culumon não havia dado importância aos desdobramentos causados pela batalha entre Antônio e Blaze e já tratara de dar prosseguimento ao torneio sorteando os próximos a lutar.

— E a próxima dupla será: Bruno Soares e Verônica.

Patamon e Plotmon lutavam de maneira incrível, sem precisar atingir a fase Adulta. Seus domadores haviam feito um acordo assim que subiram ao tablado, que agora representava a “Floresta Negra”.

— Bruno! – Grita Verônica. – Vamos batalhar sem precisar evoluir?

— Você ouviu, Patamon? – Grita o garoto sorridente. – Nada de evoluções.

Plotmon não conseguiu cumprir o acordo e evoluiu para a digimon gato de olhos azuis, e luvas amarelas com garras, em um momento de fragilidade. Por pouco não seria jogada fora do tablado pelo Patamon, que havia utilizado uma forte investida.

— Eles não acabaram de fazer um acordo de não evoluírem? – Pontua o garoto loiro, domador de Agumon.

— A evolução é algo natural do digimon, Victor. Não temos como impedi-la. – Responde o domador de traços indígenas. - Se Plotmon não evoluísse para Tailmon, iria perder essa luta.

— Se Patamon evoluir, adeus torneio pra Verônica. Não existe digimon Adulto que derrote Angemon. Esse torneio é de Bruninho!

 Patamon tentava várias investidas só que não conseguia atingir a ágil digimon felina, que desviava de suas “Bolha de Ar” com saltos mortais.

Tailmon consegue dar uma cambalhota e atingir o seu oponente, derrubando-o.

— Patamon, você tem que evoluir. - Grita o mais novo dos domadores para o seu digimon, que nesse exato momento estava preso ao chão.

Tailmon apoiava suas patas dianteiras sobre as orelhas do digimon hamster caído.

— Eu não to conseguindo, Bruninho!

— Tailmon, jogue-o pra fora da Arena. – Ordena Verônica, sem muito festejar.

A digimon gato, que usa um anel na calda, sem causar nenhum ferimento ao oponente, o segura pelas orelhas e o leva até a borda do campo de batalha, encostando-o no chão e vencendo a partida.

Verônica corre até Bruno Soares.

— Me perdoe, Bruninho! E perdoe Plotmon também.

— Não precisa se preocupar com isso, Verônica. – Responde o garoto sorrindo. – No fundo, eu já sabia que sua digimon não conseguiria permanecer no nível Novato por muito tempo.

Patamon e Plotmon, que não apresentavam nenhum tipo de ferimento, se aproximam dos seus domadores e todos seguem para a arquibancada, liberando o local para outra batalha.

O deus-digimon rapidamente recolhe uma das esferas de luz, convidando Lucas e Will para o tablado, que já havia se modificado e estava semelhante ao “Deserto Gelado”.

Sem muito titubear, Tentomon logo evolui para Kabuterimon.

— Eletrochoque.

A poderosa bola de eletricidade lançada pelo enorme digimon besouro de exoesqueleto azulado, possuindo três mandíbulas, um enorme chifre e dois pares de braços, avança na direção da Lalamon, que não se intimida.

— Lalamon, evolução!

Após a ordem dada pelo garoto careca, que usa óculos de grau e tem uma profunda cicatriz no antebraço direito, o objeto prateado em sua mão brilha intensamente.

A digimon redonda como uma uva, e que voa com o auxílio de pequenas folhas que giram feito hélices, é envolta por um casulo de luz que rapidamente cresce, revelando o surgimento de uma grandiosa digimon que possui a cabeça de girassol e corpo de lagarto, além de uma calda de cactos e asas em formato de folhas.

— Luz Solar!

João saca seu digivice e rastreia informações sobre a digimon do domador recém-chegado ao grupo.

 

Sunflowmon, um digimon no nível Adulto. Uma digimon girassol que ataca com um forte raio brilhante lançado de seu rosto, a “Luz Solar”.

 

Sunflowmon emite, pelo seu rosto, um raio de luz amarela que vai de encontro ao “Eletrochoque” de Kabuterimon, gerando uma enorme explosão. Após a dispersão da poeira ocasionada pela explosão, todos os presentes notam que os digimons travavam uma intensa batalha no ar. Entre investidas e defesas, a digimon vegetal fazia uma grande afronta ao experiente Kabuterimon, que também não deixava por menos e diversas vezes conseguia atingi-la com seus dois pares de braços e seu chifre.

Depois de alguns minutos de intensas trocas de socos, chutes e investidas, Sunflowmon consegue fazer com que Kabuterimon a seguisse num voo radical em direção ao chão. Instantes antes de tocar o gramado que circunda o tablado, a digimon do Lucas dá um giro completo no próprio eixo e ataca seu oponente com a calda de cactos, lançando o digimon besouro Adulto contra o chão.

O garoto de corpo redondo e bochechas rosadas corre até Kabuterimon, que logo regride para o pequeno digimon muito parecido com o digimon besouro mecânico de Antônio, a não ser pela presença de garras no lugar de enormes mãos nos dois braços maiores, da ausência do lenço laranja atado ao pescoço e da cor: Tentomon é vermelho.

— Tudo bem contigo, Tentomon? Achei que tivesse se machucado pra valer, mas pelo que vejo foi apenas um vacilou. Como pode cair numa armadilha tão velha como essa?

— Eu não estava concentrado, Will. – Responde o digimon voando e pousando na sua frente. - Me perdoe.

— Tudo certo! – Responde o garoto.

Lucas e Lalamon se aproximam.

— Tudo bem contigo, Tentomon? – Questiona a digimon redonda.

— Tudo, Lalamon.

— Tudo certo, Will?

— Tudo sim, cara! – Responde o garoto, sorrindo. – Vocês lutaram muito bem. Estou impressionado. Mas, que mal te pergunte: o que houve em seu braço?

— Estava de carona em uma moto. Meu primo...

— Vocês caíram? – Interrompe.

— Não! – Sorri. - A gente estava passando por um corredor entre dois carros parados em um semáforo. O passageiro do carro da direita abriu lentamente a porta pra poder descer e o meu primo, por reflexo, jogou a moto mais para o outro lado. Só que o outro carro era bem velho... Daquele com carroceria de madeira. Uma verdadeira sucata ambulante! Acabei esbarrando em um dos parafusos da carroceria, e rasguei o braço. Levei vinte e cinco pontos.

— Cadê a digimon abelha que não volta...

Flávia caminhava de um lado para o outro dentro da jaula. Estava aflita.

Murilo e Bárbara seguiam sentados.

— Ela deve estar procurando ajuda. – Responde a garota de cabelos cacheados.

Patamon surge voando de dentro da Arena.

— Olha Patamon ai! – Diz o garoto magro cabelos negros.

Patamon pousa novamente sobre a jaula.

— Bem que você poderia nos ajudar a sair daqui. – Prossegue o garoto.

— Os domadores estão lutando pra valer lá dentro.

— Eu queria ver como que são essas lutas. – Pontua a garota loira de voz rouca, sendo interrompida pelo rapaz.

— Não mude de assunto. Vai nos ajudar, ou não?

— E que eu tenho que fazer?

— Você tem que arrebentar essa jaula para que possamos sair daqui.

— Está bem. Eu vou tentar!

O digimon hamster que voa com o auxílio das orelhas que lembram asas de morcego se posiciona em frente à jaula e infla seu corpo, praticamente dobrando de tamanho.

— Bolha de Ar.

O ataque do pequeno digimon de nada adianta. Ele tenta mais vezes, porém nenhuma das investidas surte o efeito desejado.

— Desisto! Eu não consigo.

— Ninguém consegue destruir essa droga de jaula! – Berra Flávia, chutando a grade.

— To perdendo a paciência com isso! – Completa o garoto deixando transparecer raiva na sua voz.

— Patamon, – inicia a garota de olhar fugitivo - tem uma Fanbeemon, amiga nossa, que foi atrás de ajuda para nos libertar. Quem sabe vocês consigam arrebentar a tranca se combinarem seus ataques.

— Bem pensado... – Balbucia Murilo, ainda pensativo. - Vá logo atrás dela!

— Você não manda em mim! - Responde o pequeno digimon a altura.

— Por favor, – suplica o garoto mudando o tom de voz - vai logo!

— Agora, eu irei...

Patamon segue voando em direção a floresta.

Instantes depois, da mesma floresta, surge um garoto acompanhado de um digimon de cor azul.

— Murilo, olha lá. – Manifesta-se a garota loira indicando a direção. - Outro humano.

— Aquele garoto deve ser um dos domadores... – Murilo rapidamente se levanta e segura as barras da jaula, apoiando o rosto no meio da fresta – Hei, você!

O domador vê que haviam pessoas presas em uma jaula e se aproxima.

— Hola. ¿Tudo bem?

— Eu me lembro de você... – Balbucia Flávia, sorrindo.

— ¿Cómo? – Questiona o garoto intrigado.

— Você é o gringo do Aeroporto... Você se esbarrou no meu amigo, ta lembrado?

— Sí. ahora me acorde. Incluso he visto aquí en este mundo para que siga vocês.

— Você ta entendendo alguma coisa? – Questiona Murilo.

— Sei lá! Mas ele pode nos ser útil. – A garota loira de corpo escultural tenta falar espanhol - ¿Tu pode ayuda nós a salida dessa prisión?

— Eu não sei nada de espanhol, mas você é pior do que eu!

Murilo e Bárbara caem na gargalhada.

— Cala a boca, Murilo! – Grita a garota, sorrindo. - Quer ficar aqui até quando?

— Deixa ver si entendía. ¿usted que desean dejar esta jaula?

— Sí.

— Está bien. Veemon a atacar.

 

O campo de batalha que representava o “Deserto Gelado” seguia se modificando enquanto Culumon se preparava para realizar mais um sorteio.

— Já rolaram várias batalhas e até agora eu não lutei. To muito ansioso.

— Vai dar uma volta lá fora, João. Aproveita e vê como que a Flávia e os outros estão.

— Carlos está certo. – Manifesta-se Verônica. – Vamos, João?

Verônica segura seu namorado pela mão e o retira da arquibancada.

Plotmon e Betamon os seguiam mais atrás.

Do outro lado da Arena, Alex observava os passos do garoto de barba cerrada, sua namorada e seus digimons.

— Será que vai fugir?

— Quem? – Questiona Blaze. - João? Aquele apanha, mas não sabe a hora de pedir arrego.

— Quero lutar o quanto antes. – Interfere a garota de lábios carnudos e cabelos castanhos ondulados.

— Faça o que tiver de fazer, mas, por favor, não vá perder pra esse calouro.

— Vou tentar... Não prometo nada!

Fernanda se levanta da cadeira onde estava e segue caminhando.

— Vai aonde, Fernanda?

— Vou dar uma volta. Cansei de esperar sentada. – A garota olha para a digimon redonda e envolta por uma engrenagem. – Vamos!

Solarmon prontamente passa a acompanha-la.

Will, Pastreli, Bruninho, Luiz Filipe, Victor e seus digimons seguiam conversando de maneira descontraída. A domadora da Solarmon caminhava ao encontro do grupo que, ao perceber sua aproximação, disfarçadamente sai de onde estava, deixando-a envergonhada. Por causa da reação inesperada dos domadores, Fernanda não se contém e desaba em lágrimas.

Blaze e Alex a veem chorando e correm ao seu encontro.

— Fernanda, o que houve? – Questiona sua digimon.

— Cansei de ser tratada feito uma qualquer. O que eu fiz demais a eles?

Blaze se aproxima e abraça a moça, confortando-a.

Alex, Leomon e Guilmon estavam ao seu lado.

— Se acalma e me conta o que aconteceu. Por que você ta chorando?

— Vocês não viram? Os meninos se levantaram só por que eu me aproximei. Sinceramente, eu quero saber o que eu fiz para merecer tudo isso.

A cada palavra dita, a garota chorava mais e mais.

— Eles devem ter feito isso porque todos aqui apoiam a gangue do João, e eu e o Alex temos uma rixa com todos eles. Devem pensar que você está do nosso lado.

— Que tipo de rixa?

— Isso, agora, não vem ao caso! – Responde o garoto de olhos rasgados. - Viram que chegamos juntos ao torneio e deduziram que você está do nosso lado.

— Do lado de vocês em quê, meu Deus do céu! Eu não tenho nada a ver com as diferenças de vocês. Antes, todos me achavam sensacional só porque ajudei Rafa a se livrar de Devimon; Ajudei você, Blaze, quando precisou. E agora, do nada, sem motivo nenhum, todos me viram as costas e me tratam mal.

— Isso é deprimente! Eles não podem te colocar numa briga que você não comprou.

— Nunca me senti tão mal em toda minha vida! Não sei nem o motivo pelo qual vocês não se falam, mas já que me colocaram nessa história, vou comprá-la junto com vocês!

 

Continua...


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