Estavam todos os três em seu quarto namorando, o que irritava o Uchiha profundamente. O namoro mais recente era de seu amigo Neji, que suspirava apaixonado aos quatro ventos. Shikamaru, que antes vivia dormindo, sequer voltava para o quarto antes do jantar.

A pessoa mais irritante de todas, porém, era seu melhor amigo: Uzumaki Naruto. Ele agia estranho por natureza e estava sempre doce com Hinata. E mesmo assim, em sala de aula, ele voltara a conversar do mesmo jeito com Sakura.

— Estou de volta, Sasuke! — anunciou segurando algumas sacolas. — Comprei sorvete para nós dois!

Sorriu e pegou o picolé de morango. Retirou do plástico que o envolvia e o mordeu. Entregou o sorvete ao amigo e este começou a tomá-lo em silêncio.

— Achei que estivesse com Hinata.

— Ah não, ela está com Hanabi — sorriu. — Além do mais, alguém tem que te dar atenção! Neji e Shikamaru estão com as namoradas, você fica aí largado que nem um cachorrinho! — disse fazendo Sasuke corar.

— Eu estou muito bem sozinho! — virou o rosto.

— Não está não! Parece um cãozinho perdido com as orelhas baixas — debochou e dessa vez deu uma boa chupada em seu picolé.

— Cala boca, quando você ri parece uma raposa! — disse observando o loiro lamber o sorvete e fazer careta.

— Não pareço uma raposa! — retrucou.

— Já olhou pra essas marquinhas no seu rosto?

— Deixa elas, você sabe que eu tenho isso desde o nascimento!

— Isso é um pouco... Fofo, eu acho — disse aproximando-se de Naruto e tocando em suas marcas do rosto.

— Seu idiota, isso não é fofo. É estranho — fez uma cara de desgosto.

— Raposinha — disse aproximando seu rosto do amigo.

— Cachorro sem dono — murmurou.

A proximidade de seus rostos era tal que já sentiam a respiração um do outro.

— Droga — disse olhando para os olhos azuis do loiro.

O Uchiha segurou-o pelo pescoço e avançou para cima do outro, fazendo seus lábios tocarem. Eram macios e quentes, pensou. Naruto ainda estava pasmo e apenas sentia o amigo o beijando sem esboçar qualquer reação.

Aquilo era definitivamente uma situação estranha e inexplicável.

Sasuke estava descontrolado. Não conseguia mais guardar a paixão que sentia por Naruto, já estava em seu ápice.

Beijou o pescoço do Uzumaki e voltou à sua boca. Começou outro beijo, desta vez mais intenso. Enfiou a língua na boca do outro, que permitira por puro reflexo. Passou as mãos por debaixo da camisa dele e não demorou muito para Naruto se recuperar do choque.

Um tapa. Foi o que recebera do garoto amado assim que este recobrou a consciência.

— O que está fazendo?! — gritou.

O moreno ficou atônito com a repentina revolta do outro e nada respondeu. Apenas observou seu adorado Naruto bater a porta em sua cara. Ele acabara de perder seu melhor amigo porque não pôde se controlar. Bateu a própria cabeça na parede, se amaldiçoando.

— O que foi que eu fiz...? — se perguntou, jogando-se em sua cama em seguida.

Era um completo idiota. Por que não terminou sua vida como o homossexual enrustido que pretendia ser?

Acho que não era necessário que nenhum dos dois terminasse seu picolé.

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— Naruto-kun! — chamou, não obtendo resposta. Apenas viu o loiro passar em sua frente correndo.

— Ué, o que será que aconteceu? — a Hyuuga mais nova perguntou, observando o semblante preocupado da irmã.

— Não tenho ideia. Vou ver o que aconteceu — virou-se —, por que não vai encontrar suas amigas, Hanabi-chan? — sugeriu. — Acho que isso vai demorar um pouco.

— Tudo bem, tchau onee-san.

Hinata correu atrás do namorado e o encontrou perdido em seus pensamentos no jardim. Sentou-se ao seu lado e observou o local. Era realmente bonito, com as mais diferentes flores e plantas.

— O que houve, Naruto-kun?

O garoto assustou-se e percebeu a presença da namorada. Suspirou e a abraçou.

— Tive uma discussão com o Sasuke...

— Por que não vai se desculpar com ele? — disse fazendo o loiro deitar-se com a cabeça em seu colo e passando as mãos pelos fios dourados.

— Ele... Fez algo grave e não sei se posso perdoá-lo.

— E você pode contar o que ele fez para mim? — disse com sua voz doce como o usual.

— Não... Desculpa, Hinata-chan...

— Tudo bem, eu só não quero te ver assim. Mas se questione se o que ele fez foi tão grave que você vai querer perder a amizade dele. Vocês não são melhores amigos?

— Sim... Somos melhores amigos... Mas...

— Então vou te deixar sozinho pra você pensar melhor no que houve — sorriu. — Boa sorte, Naruto-kun!

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Kiba deixava seus pensamentos tomarem conta de sua mente. Ele realmente ainda gostava da amiga Hyuuga, afinal. Pensava seriamente em ouvir o que Tenten lhe dissera...

— Não é ciúmes, entenda — deu uma pequena pausa esperando ver a reação de Tenten. — Mas não acho que o Naruto realmente goste dela. Quero dizer, ele só a acha bonita e só namoram porque ela pediu. Não é como se ele estivesse realmente apaixonado por ela. Não como eu, que gosto dela desde o primário — corou com a última revelação.

A garota afagou sua cabeça, assim como ele fazia com Akamaru.

— Eu também penso assim, mas você deveria demonstrar melhor seus sentimentos à Hinata, não a mim ou Sasuke.

Talvez ela estivesse certa. Ele próprio já não aguentava mais ter de esconder sua paixão pela melhor amiga. Não queria que sua amizade fosse estragada, mas simplesmente não podia mais observar Hinata com o loiro sem fazer nada.

No fundo contorcia-se de ciúmes. Queria ser um homem bom que apenas sofreria calado e ficaria feliz com a felicidade da amada. Mas a realidade não era assim; era um ser humano, tinha sentimentos. Às vezes eram sentimentos ruins, tinha consciência disso.

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Sai caminhava tranquilamente entre os corredores com um enorme embrulho. Ia em direção ao dormitório feminino como se não houvesse problema algum e na maior cara de pau.

Bateu à porta de um dos inúmeros quartos e esperou esta ser aberta. A garota quem atendeu de um gritinho e saiu correndo; estava vestindo apenas suas roupas íntimas. Sai adentrou o quarto sem se importar e viu a sua bela musa de cabelos róseos deitada em uma das camas.

— Ino, por que esse escândalo? — perguntou sem perceber a entrada do garoto.

— Hey — deu seu típico risinho. — Trouxe um presente.

Sakura olhou em direção à porta e viu o belo garoto novo. Perguntou-se do que se tratava o enorme embrulho em suas mãos e aceitou o presente, abrindo-o em seguida. Ino olhou admirada o quadro em que a amiga estava retratada com a maior perfeição.

— Ficou lindo! Obrigada! — exclamou feliz.

— Uau, você desenhou a testuda perfeitamente! Estou com inveja — fez bico.

— Obrigado, é sempre agradável ouvir elogios de tão belas damas.

— Quanto te devo? Eu insisto em pagar! — disse retirando uma carteira de seu bolso.

— Em vez disso, que tal um encontro? Amanhã vai ter um festival na vila descendo a montanha — deu um sorriso charmoso, fazendo Sakura corar. — Te espero na porta do colégio às 19h — dizendo isso, saiu do quarto e deixou as duas tentando colocar a bela pintura na parede.

— Você tem que ir, testuda! Ele é um gato!

— Mas eu acabei de terminar com o Sasuke-kun... — recebeu um olhar de reprovação da amiga. — É, acho que vai ser uma boa chance de esquecê-lo.

A Yamanaka abriu um largo sorriso e abraçou a amiga. O encontro seria perfeito para fazê-la esquecer do ex-namorado.

— Talvez eu deva convidar Sabaku no Gaara para ir também... — pensou em voz alta, arrancando um olhar de surpresa da Haruno e uns gritinhos histéricos logo após.

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Sasuke estava na sala comum tentando inventar uma desculpa para Naruto, já havia se arrependido completamente do que fizera mais cedo e só queria a amizade do loiro de volta, já que jamais poderia ter o amor do mesmo.

Estava sozinho em completo silêncio, os outros residentes deveriam estar aproveitando o calor que se fazia e saindo em encontros. O Uchiha, porém, estava preocupado demais com seu melhor amigo e com o que Sai pretendia.

Viu a porta do dormitório se abrir e notou um sorrisinho em sua direção. Era o maldito branquelo que aparentemente lhe ameaçava. Levantou-se bruscamente e andou a passos largos em direção ao garoto que acabara de entrar. Sai apenas ficou parado esperando o outro pegá-lo pelo pescoço e jogá-lo contra a parede.

— Ora, o que eu te fiz dessa vez?

Alguém teria que servir de vilão em sua mente, afinal.

— Por sua causa... — já nem sabia mais distinguir o que sua cabeça inventava e o que realmente acontecera. — Por sua causa eu me descontrolei e estraguei tudo com Naruto. Por sua causa eu beijei Naruto e ele fugiu de mim como se eu fosse uma aberração. Por sua causa...!

— E o que foi que eu fiz? — disse soltando-se da mão que segurava seu pescoço.

— Não interessa o que você fez, a culpa é sua! Você atormentou minha mente! Você é o culpado por Naruto me odiar nesse momento!

Sai afagou a cabeça do garoto à sua frente e continuou com sua expressão indiferente.

— Claro, claro. A culpa é toda minha... Você é só uma criança que precisa encontrar um vilão, afinal.

— Maldito, o que você pretende fazer?!

— Não pretendo fazer nada, estou pouco me importando com você. Apenas vi que você não gostava de sua namorada e dei um empurrão para você ir logo para o Naruto. Eu só quero minha doce flor de cerejeira feliz...

O dono dos belos orbes ônix encarou Sai e viu que este falava a verdade.

Ele realmente era só uma criança perdida que precisava de ajuda.

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Era o dia do festival e esse era o único assunto que rondava os corredores do colégio Konoha. Os alunos seriam liberados essa noite para se divertirem na vila e alguns trenzinhos alugados especialmente para isso os levariam.

Hinata estava muito animada, já que seu pai geralmente não a permitia ir a festivais de rua. Certamente convidaria seu namorado e vestiria seu melhor quimono.

— Naruto-kun! — chamou o loiro, que estava distraído anotando algumas coisas em seu caderno.

— Hinata, o que faz aqui? — perguntou desanimado observando certo moreno que se sentava no outro canto da sala.

— Eu... Queria que fôssemos ao festival hoje à noite — disse vermelha.

Olhou para a Hyuuga sem entender e apenas confirmou com a cabeça. Ela percebeu que ele continuava estranho pela discussão que tivera com o melhor amigo e sentou-se em uma carteira ao lado de Naruto.

O garoto percebeu que a namorada o olhava preocupado e deu o melhor sorriso que conseguiu.

— Desculpa, eu ainda não consegui pensar no que fazer com minha briga com o Sasuke.

— Tudo bem, Naruto-kun. Se não quiser ir ao festival entenderei... Eu só queria sair um pouco, é raro que saiamos.

— Eu vou! Com certeza eu vou! — sorriu.

Hinata o abraçou e levantou-se da carteira.

— Então nos encontramos no pátio às 19:30, ok?

O Uzumaki concordou e voltou a observar Sasuke, suspirando. Não tinha ideia de como voltar a falar com ele. Também não era como se pudesse corresponder aos sentimentos do moreno, namorava Hinata e ainda tinha aquela história da Sakura... Ah, como sua mente era complicada.

Hinata o olhou uma última vez antes de deixar a sala e viu que o namorado observava alguém.