Sangue, sobrevivência e Supernatural escrita por Lorena B


Capítulo 4
Capítulo 04 - Acho que isso está um pouco atrasado


Notas iniciais do capítulo

Então, finalmente está aí o quarto capítulo, YAY!
Juro que o próximo capítulo demorará menos para sair, já que ele é um daqueles que estava quase pronto mesmo antes de eu começar a história. :3
Espero que gostem e boa leitura.



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– Talvez você queira saber mais sobre nós, Melody. – Subitamente me engasguei com a água que estava tomando, me fazendo ficar vermelha e quase morrer. Na verdade, Ian ainda mantinha os episódios de Supernatural passando na televisão, portanto eu continuava assistindo enquanto eles estavam conversando há muito tempo na cozinha, por isso fui pega de surpresa. Naquela resolução gigantesca, eu conseguia ver até os poros do Sam, e digamos que eles meio que prenderam minha atenção. Apenas assenti com a cabeça como resposta, enquanto pegava o controle da televisão e pausava o DVD.

– Realmente, talvez seja uma boa ideia, já que ela não está surtando ou nada do tipo. Está sendo mais fácil do que eu imaginei. E o nome dela é Melany. – Então Ian saiu da cozinha também, sentando-se na poltrona que havia ao lado do sofá. Para falar a verdade, eu só não estou completamente realizada do acontecido. Na minha mente, ainda há esperanças de eu acordar do nada e descobrir que foi tudo um sonho. Sim, ainda pode acontecer isso. Enquanto isso não acontece, talvez eu devesse manter a calma e não sair correndo da casa pro meio da mata para ser morta por uma onça pintada ou qualquer coisa do tipo. Vejamos pelo lado bom: pelo menos não estamos em alguma floresta da Austrália.

– Deixe-me explicar tudo, Ian. Você é péssimo explicando coisas. – Realmente, ela estava certa. Da última vez que ele tentou me ensinar física, no final eu sabia menos do que quando ele havia começado a me explicar. Limitei-me a dar um pequeno sorriso, me lembrando do tempo em que minha vida ainda não estava um caos e eu ainda não estava na Amazônia. – Bom, Melody, você está aqui porque nós quase que não temos escolha, de verdade.

– É Melany. – Ian falou, interrompendo-a. Ela apenas deu um olhar repreensivo para ele e voltou a olhar para mim.

– Não queríamos te privar de sua vidinha monótona e sem graça, mas foi isso que aconteceu. Enfim, nosso oráculo vinha dizendo a muito tempo que nossa espécie estava ameaçada, e que apenas uma pessoa conseguiria nos salvar, porém ele nunca dizia quem era essa pessoa. Mandamos o Ian para o colégio em que você estava por pura coincidência, mas mais ou menos semana passada, acho, nosso oráculo morreu enquanto sussurrava seu nome, logo soubemos que provavelmente se tratava de você, já que ele também mencionou o nome do Ian. Não arranjamo um novo oráculo ainda, mas logo logo ele provavelmente será escolhido. Desde então, Ian vem tomando conta de você e te protegendo dos outros perigos, até que resolvemos agir no ano novo, já que estávamos inseguros sobre sua...segurança. – Ela falava com bastante calma, apesar de sua expressão demonstrar uma certa raiva incubada.

– E foi aí que resolveram matar todo mundo? – Indaguei, bebendo outro copo d’água enquanto encarava a televisão pausada no Cass. Ian se ajeitou desconfortavelmente na poltrona, e encarava o nada enquanto Raven limitou-se a sentar do meu lado, já que ela estava em pé na minha frente todo esse tempo.

– Isso não estava realmente planejado, mas achamos que se fugíssemos com você sem mais nem menos, isso atrairia muito a publicidade para seu desaparecimento e agora eles só pensam no misterioso assassinato em massa, ao invés de focar em você. – Ela esboçou um leve sorriso, como quem gostasse da situação secretamente. – Portanto, tivemos que matar todos e aproveitamos a situação para, você sabe, alimentar algumas pessoas.

– Ótimo. – Sorri falsamente, e então peguei o controle e dei play, voltando minha atenção à TV. Raven suspirou e ajeitou os cabelos ruivos, levantando-se e indo novamente até a cozinha. Não liguei muito para o que eles estavam fazendo, apenas me concentrei no seriado e tentei imaginar que minha vida ainda continuava a mesma, e era apenas mais uma sexta-feira em que eu sentava com minha mãe no sofá para assistirmos Supernatural. Depois de alguns episódios, percebi que já estava escuro depois de olhar rapidamente para a porta da varanda. Parecia que Raven já estava de saída, portanto Ian se despedia dela. Ela passou os olhos por mim pela última vez, antes de sair pela porta e Ian fechá-la.

– Suas roupas...estão no seu quarto. – Comecei a encará-lo com certa indiferença pelo fato de já ter assistido aquele episódio mais de sete vezes. Ele começou a encarar o chão enquanto andava até o corredor que dava nos outros cômodos da casa, mansão ou seja lá o que isto for. No meio do caminho, ele parou e abriu uma porta branca que estava à sua esquerda. – Esse é o seu banheiro. Você pode tomar banho quando você quiser. – Então continuou sua caminhada, provavelmente até seu quarto. Agora que ele mencionou, não tomei nenhum banho desde que cheguei aqui, e nem ao menos havia notado. Para falar a verdade e por mais incrível que pareça, fazia frio desde que eu acordara.

Com grande esforço, levantei do sofá e fui até meu quarto. Havia uma mala preta em cima da cama, portanto deduzi que aquelas seriam minhas roupas. Abri a mala e analisei todas elas – pareciam escolhidas por mim, se eu fosse rica, é claro. Todas eram de marcas conhecidas como Calvin Klein, Gucci e Lacoste. Isso, mate todo mundo e depois tente ser legal comprando roupas de marca para a menina. Aposto que elas cairão de amores por você. Peguei uma blusa folgada que parecia ser um pijama e uma calça igualmente folgada, ambas brancas e com bolas pretas por toda ela. Fui até o banheiro, novamente percebendo como aquilo não era normal. Sério, o banheiro era quase do tamanho do meu quarto. Ele continha um vaso com um painel muito estranho e escrito em japonês, ou chinês, ou coreano que eu não me arrisquei a mexer, uma banheira enorme em conjunto com uma ducha acima da mesma, uma pia que eu me arriscaria a dizer que é feita de prata de tanto que brilha. Logo acima dela, um grande espelho panorâmico que cobre a parede inteira. Nada confortável. Tratei de tirar logo a roupa e tomar um banho de ducha, sem nem tentar usar a banheira – estava me sentindo muito na casa de terror da Barbie para que eu conseguisse aproveitar alguma coisa. Assim que terminei, vesti o pijama e saí do banheiro, com os cabelos levemente molhados.

Ian estava na cozinha, que por falar nisso era de estilo americano. Ele estava de costas para mim, porém percebi que ele estava sem camisa, mas eu demorei a perceber que na verdade ele estava vestindo apenas uma toalha enrolada na parte de baixo do seu corpo. Como se eu tivesse feito bastante barulho enquanto na verdade não fiz nenhum som, ele virou-se para mim, e notei que segurava uma espátula.

– Ah, Melany. Eu estou fazendo o jantar. – Ele deu um sorriso tímido para mim, o qual eu respondi com um suspiro impaciente. Sinceramente, eu não aguento mais olhar para cara ele, e perceba que há apenas um dia que eu estou aqui. Sentei-me no sofá, logo depois me deitando no mesmo. – Se você não comer, vai ficar doente. – Segundos depois de ele falar, senti o cheiro de panquecas perfeitamente cozidas. Talvez não fosse mentira que ele cozinhasse, afinal. Fiz um gesto com a mão que nem eu consegui entender e enfiei meu rosto na almofada, sentindo o cheiro de roupa recém-lavada.

– Raven disse que virá aqui amanhã para contar as novidades. – Continuei com a cabeça enfiada na almofada, pensando que talvez assim eu pudesse esquecer tudo aquilo que aconteceu. Finalmente levantei e fui até a cozinha, pela primeira vez. Não sei no que eu reparava primeiro: no corpo do Ian ou na cozinha extremamente espalhafatosa. Ele estava segurando uma espátula de metal que brilhava de tão limpa que estava, apesar de ele ter usado-a nesse instante. Além de vampiro, ele deve ser bruxo ou algo do tipo. O fogão era totalmente preto e cheio de botões por todo o painel, também escritos em alguma língua asiática desconhecida por mim. Depois de algumas bancadas também pretas, havia uma geladeira cor de grafite e logo depois algo que parecia ser um lava louças. Juro que nunca tinha visto alguém realmente ter um lava louças em casa. Minha mãe sempre usava a desculpa de que elas usavam muita água e consumiam muita energia, alegando que não tínhamos uma porque “agrediam o meio ambiente”. Claro que todo mundo sabe que era porque não tínhamos dinheiro para isso. Nossa condição não era precária, mas também não tão favorecida para termos algo como...

– Aquilo é uma máquina de secar louça? – Então apontei para uma máquina logo depois da de lavar louça. Será que nem esperar a água sair naturalmente é bom o suficiente para eles?

– Sim, por quê? – Ian colocou mais uma das panquecas no prato que estava em cima da pequena mesa na sala. – Bom, parece que está tudo pronto. Vamos comer? – Ignorando meu desprezo interior pela secadora, voltei minha atenção para a mesa. Estava cheia de diversos pratos de comida que só de olhar me davam fome. Além de panquecas de frango e ovos cozidos, também tinham waffles com calda de caramelo. Por mais que eu odiasse o Ian naquele momento, não poderia negar aquela comida dos deuses. Suspirei, me dando por vencida, e então sentei na cadeira, pegando o garfo e começando pelo waffle, enquanto ele foi até o quarto e vestiu uma bermuda folgada e uma blusa igualmente folgada. Ótimo, uma distração a menos. Não trocamos sequer uma palavra durante o jantar, e prosseguiu assim durante o resto da noite. Ao dar 01h30min, me joguei na cama e, antes que pudesse pensar sobre qualquer coisa, adormeci.

********

Eu estava sozinha numa sala escura. De longe, conseguia ouvir gritos de dor, porém não conseguia enxergar nada. Tentei andar sem rumo, mas era como se a gravidade estivesse aumentada absurdamente. Estava começando a ficar difícil de respirar, e os gritos ficavam cada vez mais altos e pareciam se aproximar. Não tinha certeza se queria fugir ou corre em direção aos gritos, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Ian apareceu como num passe de mágica na minha frente, com sua mão esquerda estendida para mim. “Vai ficar tudo bem”, ele dizia. No momento seguinte, outro garoto apareceu ao lado dele, com a mão direita estendida em minha direção, e os gritos cessaram. Seu cabelo era castanho claro para loiro, como a cor de uma folha seca no outono e seus olhos eram castanhos esverdeados. Seu cabelo era ligeiramente longo e liso, com uma franja cobrindo sua testa. “Melany, venha para mim”, ele dizia. Creio que nunca vi aquele garoto em toda minha vida – acredito que eu me lembraria de uma pessoa daquelas. Sua voz era doce e calma, quase soando como uma canção de ninar.

Estendi minha mão lentamente para ele, mas antes que pudesse encostar-se à sua, ele desapareceu, me deixando sozinha com o Ian. “Não vou deixar...”, Ian sussurrou, antes de sumir tão rápido quanto tinha aparecido. Acordei com o sol batendo no meu rosto. Ao abrir os olhos, voltei para minha realidade cruel. Ao encarar o teto desconfortavelmente branco, me virei e cobri todo meu corpo com o edredom. Alguns minutos depois, bateram na porta, porém não me movi até que a mesma pessoa puxasse o edredom de cima de mim e o jogasse no chão. Virando-me lentamente, vi Ian com uma expressão séria no rosto. Séria demais.

– Bom dia, Mel. – Ele disse, tossindo logo depois. Depois de passar as mãos nos cabelos nervosamente, ele continuou a falar tentando manter o tom calmo e indiferente sem sucesso. – Tenho algumas novidades para você. – Levantei-me lentamente, sentando na cama e deixando que ele se sentasse do meu lado. Indiferença era o melhor que eu poderia fazer naquela situação.

– Bom dia, Ian. – Falei numa voz rouca. Ao pronunciar seu nome, subitamente lembrei-me do outro garoto que havia no meu sonho, me perguntando qual seria seu nome. Desde pequena sonho com pessoas desconhecidas, portanto não dei muita importância para o fato, apesar daquele rosto ser inesquecível.

– A Raven me ligou, e ela tinha más notícias. – Ele entrelaçou os próprios dedos, apertando-os uns contra os outros nervosamente. Isso não era nada bom. – Parece que há um ataque planejado.

– Um ataque planejado aonde? – Bocejei, coçando meu olho e prendendo meu cabelo, que mais parecia um ninho de ratos do que qualquer outra coisa, com uma mecha. Ian ficou algum tempo encarando o chão, como se pensasse em algum modo de falar o que queria falar sem que eu surtasse.

– Um ataque planejado a esta casa. – Ele continuou a encarar o chão, enquanto eu realmente surtava internamente. Será que as coisas nunca iriam se acalmar? Será que não bastava as mortes? O sangue? Respirei fundo antes de falar, fazendo o máximo para não sair correndo e me jogar da varanda nesse exato instante.

– Um ataque por quem, Ian? – Finalmente, ele olhou para mim. Uma expressão de tensão misturada com preocupação tomava conta de seu rosto, enquanto seus olhos estavam mais negros do que nunca. Olhe, você pode até pensar que sua vida é monótona e chata, que você queria ter uma vida mais excitante e que lhe proporcionasse mais aventuras, porém eu tenho certeza que você não desejaria passar pelo que eu estou passando. Dou-te um conselho como amiga: quando você sentir o destino falar ao seu ouvido, quando perceber que ele lhe reserva algo inusitado e novo, quando sentir seus dedos frios passearem pela sua espinha e um arrepio tomar conta de seu corpo, não se entregue. Corra. Corra o mais rápido que puder. Corra antes que ele te alcance.

– Metamorfos. Não sei o que eles querem, mas eles pretendem nos atacar. – Corra, porque se ele te alcançar, você nunca mais poderá escapar de suas mãos.


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Notas finais do capítulo

So, o que vocês acharam? Gostaram do garoto do sonho? hah ♥
Muita coisa ainda está para acontecer, amigos.
Boa noite/tarde/bom dia e até mais ~



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