Sangue, sobrevivência e Supernatural escrita por Lorena B


Capítulo 11
Capítulo 11 - Arké, o princípio de tudo.


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o capítulo 11 chegou. Sei que não tenho muitos leitores, mas enfim, a demora foi devido ao colégio, que arranca cada partezinha da minha alma para ele c:
Além disso, quando eu tinha o mínimo de tempo livre, eu só conseguia dormir. Anyway, aí está o capítulo 11.



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[CHRONO]

Ficamos perplexos. Parados, ainda sentados no chão, sem saber o que fazer. Pude perceber a expressão de confusão em Ian, assim como eu me perguntava o que havia acabado de acontecer, enquanto Melany olhava para nós dois com um sorriso de canto de boca, como se estivesse se divertindo. Eventualmente, enquanto não nos movíamos com medo de tudo desmoronar, este mesmo sorriso virou uma gargalhada. Uma gargalhada estranha, que nunca iria vir de Melany.

– O que foi que aconteceu, queridos? O gato comeu suas línguas? – Ela disse, enquanto colocava um dos braços na frente da barriga e a mão na frente da boca para tentar parar de rir. Sua gargalhada, grilos e água corrente – esses eram os únicos sons dali. Engoli em seco e levantei, sendo acompanhado por Ian menos de um segundo depois. A garota se calou, observando nossas ações milimetricamente.

– Mel...? – Comecei, dando um sorriso torto, tentando entender a situação. Aproximei-me lentamente dela, temendo que a assustasse ou qualquer coisa do tipo. Não sabia o que esperar daquela situação. Estava completamente perdido. Deveria estar feliz por ela estar ali em minha frente, viva e respirando, mas algo dentro de mim me dizia que havia alguma coisa errada.

Melany olhou nos meus olhos e logo depois passeou os mesmos por todo o meu corpo, procurando por algo que eu não sabia o que era, observando cada parte dele e voltou para meus olhos. Enquanto ela me examinava, fiz o mesmo com ela. Com sua expressão séria, seu rosto parecia normal, com exceção dos olhos, que estavam frios e distantes, mas ao mesmo tempo passavam uma avidez que nunca vira nos olhos dela. Com movimentos lentos, ela estendeu os braços e tocou delicadamente nos meus ombros e pude ver uma certa decepção tomar conta de seus olhos enquanto ela suspirava.

Nada. Não senti nada quando ela me tocou. Nada de choques, nada de arrepios, nada. Definitivamente, havia algo de errado e eu queria descobrir agora. Se Melany havia realmente morrido, eu... Pisquei os olhos com força, tentando afastar esse pensamento. Ela soltou outro suspiro, acariciando levemente meus ombros e então passando a ponta dos dedos finos gentilmente pela minha barriga.

– Ah, ela cuidou tão mal de você... – Ela sussurrou depois de terminar a inspeção, agora voltando seu olhar para Ian, que continuava atônito ao meu lado. Caminhou até ele cambaleando, como se não estivesse acostumada com aquele corpo. Quando chegou até ele, apenas o observou sem encostar, focando mais em seu rosto. Ela levou sua mão até a face do sanguessuga e a acariciou enquanto suspirava. Ian não moveu um dedo. – Ela cuidou tão mal de vocês dois... Que péssima garota ela é. – Ela disse, para então estender os próprios braços em sua frente e virá-los o máximo possível, observando-os. Também olhou para baixo, observando todo o corpo sujo e ensanguentado da minha antiga Melany.

– Quem é você? – Ian disse antes mesmo que eu pudesse formular a pergunta, encarando-a mostrando levemente os caninos. Até mesmo ele, que não consegue sentir cheiros tão bem, deve ter percebido que ela nem chegava perto de ser a Melany. Eu não estava gostando nada disso. Ela ergueu as duas mãos na altura dos ombros e os sacudiu, fazendo uma expressão de “não estou ligando muito para isso”. Ela ajeitou o casaco antes de falar.

– Podem me chamar de Arké. Vocês deviam me agradecer, pois ela estava prestes a morrer. Será que ela não consegue nem tomar conta de si mesma? É mesmo essa garota que eu vou ter que usar? Sinceramente... – Ela fez um estalo estranho com a língua e virou de costas para nós dois, olhando o local com ambas as mãos na cintura. Ela não parecia nem um pouco com a Mel, apesar de estar no corpo dela. Espere... Prestes a morrer? Então isso significa que ela está morta? Não pode ser. Essa tal que Arké irá ficar com o corpo dela? Não, não, não, não. Não posso perdê-la, não posso. Não de novo. Por favor, não tudo de novo. De súbito, ela virou para mim e me encarou.

– Você... Ela... A Melany...morreu? – Balbuciei, tentando controlar meus pensamentos e meus batimentos cardíacos. Meu coração parecia querer sair do meu peito.

– Não, graças a mim, Chrono. – Ela disse, me encarando com uma expressão de compaixão. Como ela sabia meu nome? Sem dizer nada, ela se virou de costas para nós e começou a andar em direção a mata fechada.

– Onde está indo? – Ian perguntou, seguindo-a apressado. Fui atrás dos dois, enquanto Melany andava calmamente pelas árvores, como se soubesse o caminho desde o princípio. Ela se manteve em silêncio e andamos por um bom tempo até chegarmos novamente na aldeia. O caos era completo – havia sangue pelo chão, assim como pelos. Algumas pessoas lutavam, outras eram amparadas por outras pessoas. Apesar de eu não entender a situação sobre a Mel, não poderia deixar que ela se machucasse. Alguns se viraram para nós três, tentando entender a situação. “Não entendo também”, disse mentalmente. De longe, Acaiah se virou para nós em sua forma lupina e ficou estático.

– Parem com isso. – Melany, ou melhor, Arké disse, com uma expressão rígida. Ninguém a ouviu. Ela repetiu a frase, no mesmo tom de voz. Ninguém ouviu.

– PAREM DE LUTAR. – Finalmente ela gritou, fazendo todos olharem para ela de súbito, até mesmo as pessoas que estavam lutando pararam e viraram-se para ela. Instalou-se um silêncio mortal. Eu podia ouvir até as batidas de meu coração. No meio de todos, Acaiah começou a andar em nossa direção e a alguns passos de nós, tomou sua forma humana. Ele está sem nenhum arranhão, nem mesmo uma marca roxa. Antes de falar, ele olhou para mim, tenso e então desviou a atenção para Melany.

– O que está fazendo aqui? – Ele sussurrou para que não ouvissem, mas eu estava perto demais para ignorar sua pergunta. Respostas, eu preciso de respostas. Estou cansado de perguntas, cansado de confusões, eu quero respostas. De qualquer um.

– Estou salvando sua bunda, idiota. – Respondeu rispidamente, encarando-o com raiva. – Salvando a vida dela, coisa que você deveria fazer. – Ela completou, chegando mais perto dele, de modo que o nariz dela quase encostava-se ao dele.

– Arké, você não deveria... – Acaiah lançou um olhar rápido para mim, logo depois voltando sua atenção para Melany e falando mais baixo, quase como um sussurro. Nunca havia visto uma expressão tão tensa na face de Acaiah. Algo está errado. – Você não deveria vir de novo, você sabe disso. A criança ainda não está completa. – Completou, mordendo o lábio inferior. Melany riu, para logo depois enrijecer a postura, ajeitando a roupa.

– Desculpe-me, Acaiah, mas era preciso. Você sabe que eu só posso aparecer num período de 30 anos. Não podia deixar ela morrer. – Ela disse, respirando fundo e então tirando Acaiah delicadamente da frente dela, para que pudesse ver todos aqueles lobos e vampiros, ainda sem se mexer, olhando para ela. Sorriu, como se estivesse gostando do momento. – Ouçam, queridos... Queria muito que vocês parassem de brigar para que eu pudesse ter um pouco de descanso. – Como previsto, ninguém deu tanta atenção a ela. A maioria sorriu sarcasticamente, olhando para os lados sem entender nada.

– E quem é você? – Alguém no meio da multidão disse, roubando gargalhadas de Melany. Obviamente, eles sabiam que ela era Mel, mas ao mesmo tempo, não parecia em nada com ela. E eles perceberam isso.

– Eu? Eu sou a criadora de todos vocês. – Pausa. Respiração. O silêncio se instalou de novo, dando espaço para a batida irregular e completamente acelerada de meu coração. Criadora? Agora tudo fazia sentido. Como eu pude ser tão burro? É claro que isso aconteceria de novo. Tudo de novo. Arké, o princípio de tudo. Arké, o fim de tudo que eu amo.

[IAN]

Juro para vocês que explicaria tudo diretinho, se eu ao menos soubesse o que está acontecendo. Vamos apenas analisar a situação pela minha lista: Invadir a 1ª concentração dos metamorfos, ok. Dar uns socos no Chrono, ok. Salvar Melany, ainda não concluído. Vê? Não há nenhum “Melany ser transformada” e muito menos um “Melany não ser Melany” na minha lista. Isso não estava previsto.

Olhei para Chrono, atrás de respostas. No começo, enquanto estávamos no rio, ele parecia tão confuso quanto eu. Agora, depois desse tal de Acaiah conversar com a Melany, ele parece estar furioso. Poderia até dizer que estou vendo lágrimas lutando para sair dos olhos dele. Mesmo assim, não acho que ele saiba de nada específico. Só raiva, talvez? Raiva de Arké? Se for por isso, todos nós estamos. Supostamente, ela salvou a vida de Melany, mas não sei se deveria ficar muito feliz com isso. Pelo menos não nessa situação atual.

– Criadora? – Ouvi uma voz feminina ao meu lado, e então percebi que vinha de Raven. Ela estava quase que completamente ensanguentada, com uma faca que ainda pingava sangue. Parecia que ela havia acabado de fazer um banquete, ou estava voltando de uma festa de halloween muito boa. Arké virou-se para ela (ou deveria dizer Melany?), esboçando um sorriso.

– Sim, criadora. Eu criei todos vocês, e agora estou aqui para salvá-los. – Então ela olhou para mim, ainda mantendo um sorriso no rosto. Chegava a ser assustador, agora. – Infelizmente, só pude usar este corpo para chegar até vocês. Como disse anteriormente, só posso pegar uma forma humana de 30 em 30 anos, portanto não posso desperdiçar chances. Ainda mais quando vocês corriam perigo. – Ela completou, virando-se para Chrono.

Não mais encarando-a, Chrono agora estava olhando para o chão, com os dentes e punhos cerrados. Apesar de estar um pouco afastado dele, daqui conseguia ouvir que ele estava rosnando levemente. Ele estava realmente furioso. Ela olhava para ele com um sorriso leve no rosto, como se soubesse o porquê dele estar assim.

– Ora, Chrono... Vejamos só esses sentimentos aqui dentro... – Arké estendeu uma das mãos, encostando-a onde deveria estar o coração do metamorfo. – Ela ficaria decepcionada, sabia? Você disse que só amaria ela... – Agora ela abaixava o tom gradualmente, até que sua voz não passasse de um sussurro. Sua expressão era vazia e assustadora, como quisesse realmente causar dor em Chrono. – Acho que levá-la foi o melhor que eu fiz... – Completou, dando uma gargalhada baixa. Daqui, dava para ver as lágrimas pingando do queixo dele e batendo no chão. Seus punhos estavam cerrados com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos. Parece que eu era o único que não tinha a mínima ideia do que tinha acontecido aqui. Acaiah veio até mim, lançando um olhar reprovador para Arké enquanto o fazia.

– O que está acontecendo? – Perguntei antes mesmo que ele pudesse falar algo, quando chegou ao meu lado. Ele ficou de costas para Chrono e Arké, para que só eu e Raven pudéssemos ouvi-lo. Atrás dele, pude ver Chrono finalmente conseguir se mover e andar até uma daquelas habitações que haviam ali, fechando a porta com tanta força que provavelmente ecoou por toda a floresta. O xamã suspirou, provavelmente entendendo a ação sem nem mesmo virar para vê-lo.

– Olhem, eu não posso dar muitas explicações, mas o que ela diz é verdade. Ela é um espírito nômade, porém continua sendo o Arké e... – Ele foi interrompido pela voz de Melany, que vinha de detrás dele.

– A Arké, Acaiah. A Arké. Não percebeu que sou uma garota faz uns...300 anos? – Ela disse, suspirando fundo com impaciência e colocando uma das mãos na cintura e a outra no ombro do xamã.

– De qualquer modo, a Arké é real. Não sei como ela pode nos salvar, mas... – Novamente, ele foi interrompido.

– É, nem eu. Mas veja só, sei que preciso desta menina e... – Desta vez, foi meu turno de interrupção.

– SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ CALAR A BOCA? – Acho que acabei falando mais alto do que deveria. Melany (ou deveria dizer Arké? Ah, isso é muito confuso!) estreitou os olhos, provavelmente tentando entender como eu tive coragem de gritar com ela. Acontece que ela não é Melany, mas um espírito idiota que tomou o corpo dela. Ela não é a Melany, e isso está começando a me deixar puto, porque ela é insuportável. E a ver fazendo essas coisas no corpo da Mel... Só faz me deixar mais irritado ainda.

– Continuando, ela só pode tomar o corpo de uma pessoa uma vez a cada 30 anos. Como vocês sabem, a estimativa de vida de nós, metamorfos, é quase infinita, se mudarmos de corpo com frequência e matarmos o antigo, tomando assim sua vida. No nosso caso, só o fazemos quando estamos velhos ou então não o fazemos, então duramos mais ou menos uns 200 anos... Então, trinta anos atrás, a Arké veio no corpo da Sarah. Os corpos em quais ela vai entrar têm que ser escolhidos minuciosamente, por vários motivos. Agora, seria a vez de Melany ser a receptora... – Finalmente, Acaiah pode completar sua explicação para mim, apesar de parecer que ele não está revelando todos os detalhes. A Arké era nossa originadora, mas só incorporava de 30 em 30 anos, certo. Desta vez, Melany seria a receptora dela, infelizmente. Mas quem é essa tal de Sarah...?

[MELANY]

Não sei quanto tempo eu fiquei desacordada. Só sei que, quando eu finalmente acordei, ainda estava no mesmo estado de antes, sentada encostada numa grande árvore, sozinha e no meio da floresta, só que agora estava tudo escuro. Já havia escurecido e ninguém havia me encontrado? Ótimo, este é um excelente modo de morrer: ser comida por uma onça pintada no meio da mata, depois de tudo que eu passei. Perfeito. Levantei com calma, examinando meu corpo. Estranhamente, eu estava me sentindo muito bem e percebi que não havia mais nenhum arranhão no meu ombro e minhas roupas estavam limpas. Também não sei como isso aconteceu, não me faça perguntas difíceis.

Bom, o que eu poderia fazer além de andar? Então, comecei a caminhar lentamente pelas árvores, tentando achar alguma pista da aldeia ou de marcas que eu mesma deixei no caminho para cá. Quando estava vindo, tive a leve impressão de que deixei meu cérebro cair também, mas acho que foi só impressão. Acabei andando pelo o que pareceram horas e horas, mas o céu não ficou mais claro, e não havia nem vestígios do sol. Para falar a verdade, não há vestígios nem da lua e acho que não consigo ver as estrelas, também. Eu preciso de óculos ou...? Enfim, pense positivo, Melany. Pense positivo. Pelo menos você não vai fritar no sol se ele não nascer. Por falar em fritar, não estou com fome também, apesar de estar me sentindo bastante cansada. O que diabos está acontecendo?

Continuei andando pelo que pareciam horas, e a situação não mudava. A floresta escura, sem nada no céu e eu sem sentir nada. Finalmente, cheguei a algum lugar. Uma estrada. Não, espera, desde quando tem uma estrada no meio da floresta? Ficando no meio da estrada e olhando para os lados, eu não conseguia ver nada a não ser uma escuridão que parecia ser infinita. “Se tem uma chave, então deve haver uma fechadura”, pensei. Logo, se tem uma estrada, tem que haver uma cidade. Poderia não voltar para a aldeia, mas uma cidade já seria um bom começo. Não que eu possa chegar numa cidade qualquer e perguntar para que lado fica o clã de metamorfos, mas pelo menos conseguiria abrigo. Se ao menos o sol nascesse...

Por fim, resolvi andar para o lado esquerdo, perto da estrada para não me perder. Toda estrada dá em algum lugar, cedo ou tarde, certo? Errado. A estrada parecia não ter fim. Andei, andei, andei e andei, e ela não acabava. E nenhuma mudança no aspecto, também. A floresta densa e escura a minha esquerda, a estrada a minha direita, de asfalto e perfeitamente lisa e com as listras. Finalmente, uma mudança. O ar começou a esfriar, e eu comecei a soltar aquela fumaça legal da boca. Seria legal, se eu estivesse aquecida, claro. Então, ao que pareceu, eu cheguei ao fim da estrada. O que eu encontrei? Uma cidade? Uma rodoviária? Macacos? Uma aldeia? Não, eu não encontrei nada. Exatamente nada. Eu sei que deve ser difícil imaginar um “nada”, mas se existia um nada, ele estava ali na minha frente. Todo o cenário desaparecia e dava lugar a uma imensidão branca. Era isso que tinha no final da estrada. Ou no começo, sei lá. De um lado, estava a floresta, densa e fria. Do outro, uma estrada de asfalto perfeita. Nas minhas costas, esse cenário se repetia infinitamente e na minha frente, um cenário completamente branco. O que eu poderia fazer...? Vamos ao nada, então.

Cheguei bem perto no local onde a estrada virava um cenário completamente branco. Quando tudo no local é branco, não dá para saber se há realmente um chão, então me agachei na ponta da estrada e pus minha mão para o lado branco. Surpresa: tem chão. Minha mão bateu em algo sólido, no mesmo nível em que a suposta estrada estava. Se aquilo não era um chão, não sabia o que era. Ok, então vamos lá andar infinitamente no nada. Uma pequena voz na minha mente dizia “Você está louca?! Está obvio que não há nada lá!”, mas estávamos numa floresta e chegamos ao nada. Pode ter algo no final do nada, não pode? Levantei-me e pus um pé no suposto chão branco. Tudo normal. Pus o outro pé, imergindo totalmente meu corpo na parte em que começava aquela imensidão branca. Respirei fundo. Tudo normal. Olhei para trás, para ter certeza de que tudo ainda estava lá, e estava. Lá, a linda floresta enorme e uma estrada aparentemente infinita até a escuridão. Em um segundo, ela estava ali, linda como um quadro. No outro, não estava mais. Tudo ficou completamente branco... E eu comecei a cair.

[CHRONO]

Não acredito que isso está acontecendo. Não de novo, não de novo... Sarah, e agora a Melany? Isso não pode estar acontecendo. Não pode. Não pode. Não pode. Fracasso. Fracasso. Abandono. Falta de amor? Não, eu sempre a amei... Sempre amei. Não pode ser pecado seguir em frente, não pode. Sarah, eu te esperei voltar por tantos anos... Quando soube da Melany, juro que não tinha nenhuma intenção de me apaixonar. Era apenas um trabalho, “vá e traga a garota para nosso lado”, foi o que Acaiah me disse. Não estava nos meus planos se apaixonar por ela. Se ela já levou a Sarah, por que tinha que levar a Melany também?

Não sei quanto tempo passei dentro do quarto das constelações. Aquele lugar me trazia tantas lembranças que me senti mal quando encontrei a Melany aqui. Supostamente, aqui era o lugar da Sarah. Ela adorava olhar as estrelas, mas com o tempo, ela ficou doente e então não conseguia mais enxergá-las, porque estavam muito longe. Por isso, eu fiz esse quarto com alguns truques que Acaiah me ensinou, assim ela poderia enxergar as estrelas todos os dias. Quando Arké a levou... Ela me disse que não precisa mais desse quarto. Eu ficava aqui durante horas, apenas observando e esperando que ela voltasse para mim. Quando Melany veio, eu finalmente consegui voltar a me sentir bem aqui dentro. A imagem da Melany aqui, observando tudo isso maravilhada... Ah, por que isso tem que ser tão complicado? No último dia que eu vi Sarah, ela sorria como se não ligasse. No último dia que eu vi Sarah, ela disse que não me amava e por isso iria embora. No último dia que eu vi Sarah... Ela disse que não era Sarah. Sfogarsi..?


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Notas finais do capítulo

Stogarsi, a palavra que o Chrono fala no final, é uma palavra especial em italiano, que significa expor seus sentimentos, desabafar, etc. Como vocês podem perceber (ou não), o Chrono gosta muito de poesia, principalmente em outros idiomas, e por isso ele fala tanto essas coisas estranhas.
Eu deveria falar desse amor dele por poesia depois, no meio da história, mas acho que não tem tanta relevância na história (a não ser deixar o Chrono mais fofo ainda).
Então é isso, creio que o próximo capítulo vai demorar pra sair também, mas algum dia sai. q
Obrigada por lerem e mandem um review, si? O Chrono pede com amorzinho ♥