- Não! Isso não pode ter acontecido...Não agora! - dizia Andrew de olhos arregalado andando de um lado para o outro.

- Nós sabemos que seremos expulsos mas... Espera! Você disse não agora? - perguntou Dave.

- É uma longa história. Precisamos sair daqui! Qual a casa mais próxima?

- A minha, por que? - falei.

Ele não disse nada, apenas saiu correndo pegando um atalho pela Quinta Avenida.

Eu abri a porta de casa. Sorte que minha mãe não estava em uma de suas "missões", estava apenas vendo TV na sala.

Quando avistou Andrew, seu olhar me perguntou quem era ele. Não tive tempo de responder, pois ele já estava se apresentando.

- Olá, sou Andrew, o sátiro deles.

- O que? - Dave perguntou.

Minha mãe arregalou os olhos e se presentou. Depois, foi correndo subir as escadas em direção ao seu quarto. Desceu trazendo uma mochila jeans azul.

Ela entregou a mochila a mim e eu vi o que tinha dentro: umas roupas, casaco, lanterna, garrafa d'água, um cantil com algum líquido dentro e um embrulho com alguma coisa amassada.

- Eles precisam sair daqui. Precisam ir para o acampamento. - Andrew disse para minha mãe que assentiu com a cabeça. Ela se despediu de todos e seguiu para a cozinha.

Seguimos Andrew para o quintal e ele deu um longo assobio. Cinco longos minutos depois quatro formas brancas e uma preta apareceram no céu.

Assim que as avistou, Andrew fez o inacreditável: ele tirou as calças! E onde se esperavam encontrar pernas, tinha pernas mas... Pernas de cabra!

- Por que você tem pernas de cabra? - perguntei.

- São de bode! - Ele respondeu meio bolado.

As cinco figuras pousaram em meu quintal. Eu as reconhecia, já havia sonhado com elas. São pégasos!

O pégaso preto parou ao meu lado e se abaixou para que eu subisse. Assim que sentei, ele disse em minha mente: Você tem torrões de açúcar? Ah! Desculpe, me chamo BlackJack!

- Essas coisas sabem falar? Porque esse aqui falou comigo! - perguntei.

- Não. É muita informação, você deve estar ouvindo coisas.

BlackJack não falou mais, então pensei que Andrew tivesse razão.

Voamos por toda Manhattan. Sobrevoamos o Empare State e seguimos em direção a Long Island.

Avistamos uma grande colina, com um enorme pinheiro e... Aquilo era um dragão?! Enfim, chegamos ao local e pousamos.

Estávamos rodeados de adolescentes vestindo uma camiseta laranja. Eles nos observavam como se tentassem descobrir algo.

Na nossa frente, estava um garoto bonito, com cabelos pretos e olhos verdes. Ele se apresentou:

- Olá! Me chamo Percy Jackson! Oi Andrew! Que bom que está de volta! 

- Se conhecem? - perguntei com uma sobrancelha levantada.

- Claro! Andrew faz ótimas enchiladas, e meu amigo Grover adora!

- Humm.

- Vamos levar vocês até a Casa Grande.

Fomos na direção de uma enorme casa. De dentro dela, saiu um homem com uma aljava de flechas nas costas e... metade cavalo branco!

- Sou Quíron, diretor de atividades do Acampamento Meio-Sangue.

Quíron nos guiou até uma sala e nos pediu (o que soou mais como uma ordem) que contássemos tudo a ele. Andrew contou tudo.

- Bom, Cece, a espada que usou contra a empousai era sim de bronze celestial. Andrew a colocou lá assim que chegou na escola. A ideia dos pégasos foi muito boa Andrew! Conseguiu evitar com que fossem atacados!

- Mas eu não estou entendendo nada! - eu disse - Por que uma tal de empousa nos atacou na escola, como pégasos existem, por que Andrew tem pernas de bode, o que é este lugar?

- Cecilia Jones. Sabe os mitos gregos?

- Sim.

- Então. Eles não são apenas mitos. Eles são reais, existem. Os deuses não "morreram" como os mortais dizem. Eles apenas se mudam de tempos em tempos. Da Grécia foram para Roma e assim por diante. Agora estão nos Estados Unidos. O Olimpo fica no Empare State.

Me lembrei de nós sobrevoando o Empare State hoje e como ele parecia um pouco diferente. Mais divino, eu diria.

Quíron continuou:

- Os deuses continuam descendo até a Terra, e "namorando" com mortais, gerando crianças metade deus, metade mortal. Semideuses. Vocês são semideuses. Têm dislexia porque seu cérebro está adaptado para o grego antigo, e tem défit de atenção por causa dos reflexos em batalha.

- É muita informação.

- Vou levá-los até o campista que guiará vocês pelo acampamento. Ele chegou a apenas um mês.

Passávamos pela varanda quando demos de cara com um homem com roupas exóticas tomando diet Coke.

- Este é Sr. D. Diretor de atividades do acampamento. - disse Quíron.

- D de diretor? - perguntou Sophie.

- Não.

- Sr. D... Dionísio? - perguntou Liz.

- Exatamente. - assentiu Sr. D. - Como se chama?

- Liz.

- Muito prazer Giz. Bem vinda ao Acampamento Meio-Sangue, blá, blá, blá. Suma da minha frente antes que eu me arrependadeixá-la sair.

Fomos andando em direção ao lago. Lá estava um garoto com cabelos loiros e olhos bem azuis. Assim que chegamos ele disse:

- Me chamo Nicholas e você? - ele me perguntou.

Fiquei paralisada com o coração apertado. Aquele era o garoto que eu teria que atrair para a morte! E o pior de tudo é que ele parecia ser o tipo de pessoa que com certeza se tornaria meu melhor amigo.

Liz estalou os dedos na minha cara, me tirando do tranze.

- Me chamo Cecilia Jones, mas por favor me chame de Cece.

Ele fez uma cara estranha, como se já tivesse ouvido aquele nome.

E se os titãs falaram a mesma coisa para ele, e ele teria que me atrair para a morte?