“[...] E apesar de toda distância, esse sentimento parece mais inquebrável que qualquer outro. Não preciso lhe tocar todos os dias, mas sim saber que você pensa em mim todos os dias como eu penso em você... Essa distância não vai mudar o que nós sentimos, Sara...”

Com a carta nas mãos, que chegara há três dias, Sara lia e relia, com o coração apertado e as lágrimas nos olhos.

Estava sendo complicado ter que suportar toda a ausência, toda a saudade que Grissom estava a fazendo passar. Fazia mais de um ano que viajou para o Peru, numa expedição de Entomologistas, e havia ficado lá, para palestrar na Universidade principal.

Tudo estava se desmoronando... Sua paciência, seu prazer no trabalho, sua força de vontade, até mesmo sua vontade de viver... Afinal, como conseguimos viver realmente, com a outra parte de nossa vida longe? É não dá mesmo...

Mas Grissom sabia disso. Sabia que ela precisava dele ali, ao seu lado, dando carinho, a amando. E decidiu que isso mudaria, pois mesmo aquele projeto seja um grande passo em sua vida, não adianta seguir sem ela, longe dela, com saudade dela... Tinha que vê-la feliz! Nem que para isso custasse todos os anos de luta de sua carreira...

Enfim, ele estava mais que decidido.

~♥~

Sara estava deitada na cama, que antes dividia com Grissom.

Aquele apartamento só não está totalmente em silêncio por conta do barulho distante que o ar-condicionado fazia, e o tic-tac do relógio que incomodava.

Seus pensamentos viajavam a quilômetros de distância, em uma pessoa que, mal sabia ela, estava planejando uma surpresa...

Minutos depois, o telefone toca. Já era 2hrs da madrugada e Sara não tinha nem pregado os olhos... Atendeu, já sabendo quem poderia ser...

- Oi Griss... – O sorriso dele se abriu ao ouvir a voz da mulher da sua vida.

- Uma hora a saudade aperta, baby. – Ele disse, ela sorriu. – Tudo bem?

- Sim... – Ela não quis demonstrar que estava mal. – E você?

- Também... – O silêncio pairou. E foi o impulso pra Sara dizer algo.

- Você nem deve lembrar mais de mim... - resmungava Sara, depois de tanto tempo longe um do outro. Sentiu seu coração ferver, e as palavras saíram. Ele escutou essa frase, e viu que tinha feito o certo.

- Lógico que lembro. Se você não pintou o cabelo, o que eu tenho certeza que não, continua com aquele castanho que eu gosto de me perder. – Sara começou a sorrir diante das declarações. – Se você não adotou a moda de usar lentes, os mesmos castanhos continuam nesses olhos lindos que eu gosto de ver brilhando. Sua voz também não mudou nada. Sabe exatamente o que falar para me provocar, para me testar, me afagar, me fazer sorrir, feliz, e mexer comigo. Como sempre. A única coisa que eu realmente acho que pode ter mudado é o seu sorriso... – Grissom deixou no ar.

- Por quê? - Perguntou ela, levantando a sobrancelha esquerda, como sempre fazia.

- Olha, ele ainda deve encantar muita gente, mas é porque ele é muito mais bonito quando a gente está junto... – Ele disse, e foi ai que percebeu que estava sorrindo de lado.

- E quando meu sorriso vai ficar assim de novo? – Ela provocou. E ele tocou a campainha do apartamento deles. Mas ela não se tocou.

- Antes que você possa entender que é a campainha da sua casa que tá tocando agora.

Ela teve um susto ao ouvir novamente o “Dim-dom” tocar. Desligou o telefone e viu que alguém realmente estava à porta. Com os olhos cheios d'água, o viu na porta:

- Eu disse que o seu sorriso era mais bonito comigo.

Grissom falou, antes que ela pulasse em seus braços, aos prantos de felicidade.