I Wish escrita por Kate B


Capítulo 7
Capítulo 7




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O resto da manhã passou como num piscar de olhos para mim. As aulas se passaram sem que eu nem mesmo percebesse.

Anna me fez varias perguntas durante a aula de álgebra e o almoço e eu sempre respondia com “Depois a gente conversa” ou algo tipo. Ela nunca poderia saber o que acontecera na sala dos professores. Eu tinha que inventar alguma desculpa até a hora do almoço, mas eu só conseguia pensar em como eu era egoísta.

Que tipo de amiga era eu? Se eu não gostava do Jack porque eu o prendia? Porque eu não queria que ele se apaixonasse pela Anna?

A resposta era simples. Se isso acontece, eu ficaria sozinha.

Naquele momento o que eu mais queria era que tudo voltasse a ser como era quando o Jack não estava no Independent, e eu sabia que isso provavelmente aconteceria. Talvez fosse melhor assim.

Porque eu não podia ser normal igual a todo mundo? Isso era a coisa que eu mais queria e mesmo assim não se tornava realidade. Desejava não ser a culpada por tudo de ruim que acontecia comigo com as pessoas que eu amava.

Não é irônico? Os únicos desejos que eu realmente queria que se realizassem, não se realizam

Olhei em volta e vi meninos e meninas cujo os nomes eu nunca me importei em decorar. Eles podiam ter tantos amigos quanto quisessem e inimigos também. Podiam ter raiva de alguém ou até mesmo ter uma decepção amorosa, coisa que provavelmente eu nunca teria, já que se eu quisesse que alguém gostasse de mim, esse alguém com certeza gostaria. Assim como foi com o Jack.

Me senti como uma criança mimada, que os pais estão sempre de prontidão para satisfazer todos os seus caprichos. Só que ao invés dos meus pais, a vida satisfazia os meus e eu nem sabia como e por quê.

Perdida em meus pensamentos, só percebi que a hora do almoço chegara quando olhei em volta e vi que quase todos já haviam saído. Coloquei a minha bolsa no ombro e meus pés me levaram ao refeitório. Sabia que Jack não estaria lá, porém confesso que me senti aliviada quando notei que só havia uma bela loira sentada mesa em que costumávamos sentar.

– Não vai pegar nada pra comer? – A menina perguntou quando me sentei ao seu lado. Fiz que não com a cabeça.

Reparei que não havia nada na nossa mesa quando coloquei minha bolsa em cima da mesma.

– Você também não vai comer?

– Não. Também estou sem fome. – Ela tinha uma expressão triste no rosto, contudo, eu duvidava que se comparava a minha. –Estou preocupada com ele.

Eu também.” Pensei sentindo um nó na garganta. Eu sabia a quem ela estava se referindo.

– Ele deve estar bem. – Menti na maior cara de pau. Ele não estava nada bem.

– Não sei não, amiga. Ele quase nunca falta. E além do mais, eu estou com pressentimento ruim, sabe? – Sua mão se encontrava espalmada logo abaixo do pescoço como que para acalmar o coração.

Consegue sentir? É por você que ele bate. Não tem outro motivo.” A voz do ruivo ecoou na minha cabeça.

– Foi por causa dele que te chamaram, não foi? – Olhei para ela incrédula. Meu coração batia tão forte que eu tinha a impressão de que ela conseguia ouvir. Fiquei sem ação, como se estivesse congelada. – Fala, Lucy! Aconteceu alguma coisa com ele e não querem me contar? Foi por isso que te chamaram? – Ela estava tão nervosa que parecia que ia pular em cima de mim se eu não desse um jeito de responder logo. Balancei a cabeça negativamente tentando parecer o mais natural possível.

– O Jean me chamou para... para ... –  Pigarreei para limpar a voz e soar mais firme. Ah, e pra ganhar mais alguns segundos para pensar também. – para conversarmos sobre os meus problemas com meu pai. – Disse a primeira coisa que veio na minha cabeça. – Ele acha que essa pressão que meu pai põe em mim está começando a me prejudicar na escola. E... enfim, foi isso.

– Ah, sim. – Disse parecendo um pouco mais calma e isso instantaneamente me acalmou também. Foi um sinal de que ela acreditou no que eu disse. – Acho que eu vou tentar ligar pra ele de novo. – Anna tirou o celular do bolso da calça jeans e discou os números com rapidez.

Joguei meu corpo na cadeira da forma mais desleixada possível. Peguei meu celular também e coloquei os fones de ouvido. Ouvir música era uma boa ideia, já que eu não queria mais ouvir os recados que Anna deixava na caixa postal de Jack. E assim passamos o resto do nosso tempo no refeitório.

Quando cheguei na sala para aula de literatura, quase ninguém havia chegado ainda, porem Jean já estava lá. Segui até a última cadeira do canto e me sentei.

Ao olhar para frente vi que o professor estava vindo em minha direção. Ele se agachou ao meu lado e se apoio na minha mesa.

– Está tudo bem? – Perguntou preocupado e eu apenas dei de ombros. – Me desculpa pelo que fiz. É que ele me pediu tão entusiasmado. Disse que vocês se acertariam e ... ele gosta tanto de você, Lucy.

– Foi ele que pediu pra você falar comigo? –perguntei ríspida.

– Não. – Ele olhou em volta para verificar se tinha alguém prestando atenção na nossa conversa e então continuou. – Eu vi como ele ficou quando você saiu. Ouvi um barulho de porta batendo e voltei a sala principal. Jack ainda estava lá, em estado de choque ou algo bem parecido. Depois começou a chorar feito criança e de repente se levantou e foi embora. O segui e disse que o levaria em casa, mas ele não quis. Gritou para deixá-lo em paz e se foi.

–Isso não é normal, Jean. – Apoiei meus cotovelos na mesa e escondi meu rosto entre as mãos. Eu já estava cansada de tudo aquilo.

– É normal sim. Uma típica paixão adolescente, com todo o seu fogo e esplendor. Eu mesmo já tive a minha vez. – Se gabou. – Foi por Marrie, uma bela moça que morava na casa ao lado da minha na época do colegial.

– Me poupe, por favor. – Disse e minha voz saiu abafada por causa do refúgio improvisado que criei com as minhas mãos.

– Bem, voltando ao assunto então, suponho que vocês tenham terminado.

– Sim. Ele não te contou?

– Não, não. Acho que ele não estava em condições de me contar nada.

As coisas só pioravam dentro de mim. Eu estava a ponto de explodir. Não agüentava mais ouvir nem pensar sobre o ocorrido. Levantei minha cabeça para dizer a Jean que eu não queria mais ouvi-lo falar de Jack. Foi quando eu ouvi uma voz vindo de algum lugar da sala.

– O professor não vai dar aula? – Olhei para onde vinha a voz. A classe estava quase cheia, e nas carteiras da frente estavam duas meninas olhando para trás. Supus que uma delas tivesse falado aquilo.

A essa altura todos que estavam presentes olhavam para elas.

– Acho que não. – Respondeu uma das meninas que esboçava um sorriso sarcástico. – Ele deve achar mais interessante dar atenção àquela garota ali. Ela não se contenta com aquele escândalo ruivo e tem que dar em cima dos professores também.

E então os olhares se voltaram para mim

Senti o meu corpo ficar rígido e o sangue ferver nas minhas veias. Cerrei as mãos em punho tão forte que minha unhas machucavam a palma das minhas mãos. Me sentia cheia por dentro por alguma coisa que eu não sabia bem o que era, mas eu já conhecia essa sensação. Parecia até euforia, mas era maior e mais poderoso. Tão poderoso quanto eu.

Permaneci olhando aquela garota nos olhos. Me imaginei nitidamente indo até ela e quebrando aquele nariz perfeito e ao pensar nisso sorri involuntariamente. Sim, era o que eu queria.

Ainda consegui ver o pânico surgir em seus olhos também vidrados nos meus segundos antes de sua cadeira quebrar inexplicavelmente, fazendo com que ela batesse violentamente o rosto na mesa.

Jean, que até o momento não tinha feito ou falado nada, mesmo eu tendo certeza de que ele ouvira tudo, levantou e correu para ajudá-la a levantar. Havia sangue na mesa e ela foi erguida pelo professor que analisava seu rosto e a manteve de costas para mim. Não conseguia ver a expressai da menina, mas sabia que ela estava chorando.

– O castigo vem à jato, já ouviu falar nisso? – Disse Jean em um tom nada satisfeito. – Isso é pra você aprender a parar de falar besteiras. Vamos, eu tenho que te levar na enfermaria. – Ele tentou segurar o braço da garota que protestou imediatamente.

– Não encosta em mim. – Fez pirraça com a voz chorosa. – Meu pai vai processar essa escola! Com certeza vai!

– Ah, faça-me o favor– Jean retrucou irado. – Processa o fabricante da cadeira ou o seu nutricionista, mas depois você faz isso, agora vamos à enfermaria. Vamos logo, eu não tenho o dia todo.

A menina era magra. Jean só falara aquilo para irritá-la e pelo visto conseguiu, pois ela saiu pisando forte atrás dele.

A turma inteira ria e alguns faziam algumas piadinhas, porem a outra menina que estava conversando com ela, estava paralisada, provavelmente sem entender o que acontecera. Um rapaz sorridente sentado ao seu lado a cutucou.

– Alice. Ei, Alice. – Chamou para tira-la daquele estado. – Será que a Emily vai ficar desfigurada? – Perguntou brincalhão quando a menina finalmente deu atenção a ele.

– Claro que não, seu idiota. – Ela parecia muito brava e logo depois voltou a ficar assustada, fitando a mesa com o sangue da amiga. – Ela só quebrou o nariz.


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