I Wish escrita por Kate B


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

E ai, estão gostando? Espero que sim.
Ah, deixem reviews por favor... é sempre bom, dá um animo a mais para essa autora velha e cansada kkkkk.
Boa leitura!!



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Eu não sei há quanto tempo eu fazia isso, só sabia que era bem estranho e no começo me assustava muito. Pra ser sincera, até hoje me assusta.

Não sabia explicar o porquê, mas as coisas que eu queria simplesmente se tornavam realidade. Sempre foi assim, desde que eu me entendia por gente.

Eu também não entendia como isso funcionava, porque o que eu mais queria era que minha mãe estivesse viva e, no entanto ela não estava. No começo achei que era porque eu não poderia reverter algo que eu mesma tinha feito (sim, a culpa foi minha de ela ter pulado de uma ponte). Eu estava com muita raiva e desejei que ela morresse e ela morreu.

Anna e Jack eram os únicos que sabiam do meu segredo e diziam que a culpa não tinha sido minha, que ela se suicidou por causa da depressão que ela estava enfrentando. Mas no fundo até eles sabem que foi por minha causa. Foi porque durante alguns segundos eu quis que isso acontecesse.

Foi a partir desse momento que eu percebi o quanto isso era perigoso. Isso era uma maldição e não um dom. Ninguém tem controle sobre as próprias vontades. Tem coisas que desejamos no calor do momento, quando as emoções estão à flor da pele, mas na verdade não é aquilo que realmente queremos. E no meu caso, até esses desejos se tornavam realidade.

Desde esse episodio, vinha me esforçando para me controlar. O que era quase impossível. Como eu poderia controlar o que eu queria ou deixa de querer?

 Prometi varias vezes que nunca me aproveitaria disso, pois quanto mais eu usasse esse dom, mas difícil ficaria pra me controlar. Mas mesmo assim, eu o usava, era inevitável.

           

As aulas passaram voando e quando chegou a hora do almoço, saí da sala em direção ao refeitório. Todas aquelas pessoas a minha volta e ninguém nem imaginava o que eu era ou do que eu era capaz. Acho que nem eu mesma sabia ao certo do que eu era capaz.

Sempre tentei ser o mais invisível possível no colégio. Gostava de ficar nos cantos, falava baixo e não usava roupas extravagantes. Me vestia sempre com calça jeans, tênis e uma blusa simples, algo que não chamasse muita atenção pelo modelo ou pela cor.

Quanto menos amigos eu tivesse melhor, uma pessoa convivendo comigo perceberia que tinha alguma coisa errada. A kelly, por exemplo, já começava a dizer que eu era sortuda demais. Me perguntava quanto tempo ela levaria pra descobrir. E quanto a inimigos... isso eu realmente não poderia ter. Eu sabia muito bem o que eu poderia fazer quando estava com raiva de alguém.

 Entrei no refeitório, peguei uma bandeja, coloquei nela algumas coisas pra comer e me dirigi à mesa no canto do refeitório onde costumávamos sentar. Jack e Anna já estavam lá.

– Assim você vai fazer a Anna parar de estudar. – Jack disse se referindo a situação do A na prova de álgebra. – ela já é loira, você ainda fica fazendo isso.

 – Jack! – Bronqueou ofendida.

– Me desculpa, eu não resisti. – Jack, que estava sentado ao lado de Anna, passou o braço pelo ombro da garota, a puxou pra mais perto e deu um beijo demorado em sua bochecha, deixando-a corada. – Mas o que você fez para convencê-la? – Perguntou a Anna.

– Chantagem emocional, é claro. Essa é minha especialidade. – E sorriu para Jack, do jeito que ela sorria somente para ele.

– A primeira vez que te vi, eu achei que você tinha cara de chantagista. – Brinquei. – Eu devia ter confiado nos meus instintos.

– A primeira vez que te vi, te achei assustadora com esse olhos negros. – Anna disse rindo e seu rosto foi recuperando a cor natural. – Mas depois descobri que você era gente boa. – Os dois riram e eu fiz cara feia, fingindo estar ofendida – Agora morro de inveja da cor dos seus olhos.

– Inveja? – Ri sem humor.

 – E por que não? Nunca vi olhos tão bonitos. – Disse Anna. E eu não respondi.

– Nem eu. – Concordou Jack. – Foi o que mais me chamou atenção em você. Ai, depois disso... já era. – Jack sorriu sem perceber a expressão de Anna. Mas eu percebi.

Me cortava o coração essa situação. Por que eu simplesmente não desejava que Jack se apaixonasse pela Anna? Eu era muito egoísta. Não queria que ela sofresse, mas ao mesmo tempo o queria para mim. Ele era tão bonito e carinhoso. O jeito dele lembrava tanto o Danny. Eu estava sentindo falta do meu irmão.

Depois do almoço eu e Jack tínhamos aula de literatura juntos, então fomos pra sala de aula. O professor não havia chegado quando tomamos nossos lugares. Jack sentou na minha frente e se virou pra trás para me encarar. Eu me senti desconfortável sabendo que ele iria falar comigo, fazer perguntas. Eu não queria falar, e muito menos responder.

– Precisamos conversar.

– Agora não, Jack. Já, já o Jean vai chegar. – Jean era o professor de literatura. Não sabia se era antiético ou não, mas ele era nosso amigo.

– Duvido. Ele deve estar dormindo na sala dos professores. Ele chegou hoje numa ressaca de dar dó. – O garoto riu ao lembrar. – e quando é assim ele cai no sono na hora do almoço e só chega quase no fim da aula. Enfim, conhecemos bem essa história.

Não pude conter o riso ao imaginar Jean dormindo na sala dos professores por causa da ressaca. Ao ver meu sorriso, o sorriso de Jack se transformou também, como se o meu sorriso puxasse o dele. Senti um frio na espinha ao ver aquele sorriso tão bonito. Era pra mim.

Jack me deixava encantada, mas só isso. Eu não estava apaixonada por ele, mas confesso que era muito bom tê-lo dessa forma.

– Então fala. – Dei de ombros, evitando encará-lo.  Fiquei olhando para o antebraço dele apoiado na minha mesa. Estava descoberto, pois ele arregaçara as mangas da camisa branca até o cotovelo e deixava a mostra sua pele branca e os pelos avermelhados, assim como seu cabelo.

– O que está acontecendo? – Seu tom de voz era preocupado. Ele parecia estar triste.

 – Acontecendo com o que? – Sabia bem do que ele estava falando, mas disfarcei. Continuei olhando para o seu braço e o vi se mexer quando mão dele foi em direção ao meu queixo para levantar o meu rosto e fazer com que os meus olhos encontrassem o azul dos dele.

– Você sabe do que eu to falando. – Ele disse determinado. – Nós dois.

– Jack, – Comecei. Tirei a mão dele do meu queixo e a coloquei onde estava antes. – Você sabe que não tínhamos nada sério. Não era pra valer. Eu te avisei.

– Eu sei disso, conversamos sobre isso no começo. – Ele tomou fôlego, talvez um pouco de coragem também e continuo. – Sei que você não gosta de mim como eu gosto de você, nem perto disso. Você não tem noção do quanto eu te amo. – Me senti extremamente desconfortável, como se do nada a cadeira tivesse ficado dura demais.

– Amor é uma palavra forte, Jack.

Ele então colocou a mão de volta no meu rosto, dessa vez na minha bochecha, e começou a fazer uma leve carícia com o polegar.

– Eu te amo. – Disse pausadamente olhando nos meus olhos. Seu olhar era intenso, parecia me sondar.

Eu sentia como se alguém estivesse apertando o meu coração com as mãos . Me deu vontade de chorar. Desde quando eu havia me tornado tão chorona? Mas é claro que eu não chorei.

Respirei fundo, tentei clarear a minha mente e continuei.

– Isso não ta certo. –  Balancei a cabeça como que para afastar todos aqueles pensamentos.

–Isso tudo é por causa da Anna, não é? – Ele tirou a mão de mim e eu quis que ele colocasse de volta. Queria sentir o calor da pele dele no meu rosto naquele dia frio. –  A gente pode resolver essa situação. – E colocou a mão na minha bochecha de novo. Me odiei por isso.

– Resolver isso? Ele está apaixonada por você, como você pretende resolver isso. – Eu estava tão nervosa que pensei em um milhão de coisas quando ele disse “resolver essa situação”.

– Eu posso conversar com ela,

– Ah, claro. – Revirei os olhos. Ele sorriu minimamente ao me ver fazendo isso.

– Pode funcionar.

– Aham, então se eu conversar com você, você esquece o que sente por mim?

– Não. – Respondeu de imediato.

– Estamos sendo injustos com ela, você sabe disso.Ela ta magoada e vai ficar cada vez mais. – Disse para tentar fazê-lo perceber que a nossa “relação” não estava fazendo bem a Anna.

– Você ta sendo injusta comigo! – Jack falou mais alto do que o normal. Olhei em volta e vi que ninguém tinha percebido, estavam todos conversando na sala de aula, assim como nós dois.

– Fala baixo! – Bronqueei.

– Desculpa.

Eu começava a perder a paciência. Não estava gostando nada daquela conversa. Me sentia cada vez mais desconfortável.

Me ajeitei na cadeira esperando que ele quebrasse o silêncio.

– Eu só não quero ficar sem você. – E a expressão de menino sofrido estava lá de novo. Um menino lindo.

– Você não vai ficar sem mim. – Eu não queria perder a amizade de Jack, ele sempre seria meu amigo.

Ele sorriu. Aquele sorriso que me lembrava o Danny.

– Você sabe que eu... – Então o barulho da porta se abrindo o interrompeu. Jean entrou na sala com a cara inchada e a roupa amarrotada. – Merda! – Jack resmungou baixinho e virou pra frente.

Tive vontade de rir, mas achei melhor abafar o riso.


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