I Wish escrita por Kate B


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bem, o primeiro capítulo foi meio tenso, né? Mas agora vai dar uma melhorada, prometo. Espero que vocês estejam gostando.
Boa leitura!!



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Saí do carro e logo os vi sentados embaixo de uma árvore em frente ao Colégio Independent. Jack e Anna, meus melhores amigos. Meus únicos amigos, talvez.

Anna, na minha opinião, era uma das meninas mais bonitas daquela escola. Tinha longos cabelos loiros e olhos cor de amêndoa, sua pele era branca e macia, e seu corpo, principalmente suas pernas era de dar inveja a qualquer garota. Eu, perto de Anna, me sentia extremamente desengonçada.

Estudávamos juntas desde que eu me lembrava, e por isso ela foi a primeira pessoa a quem eu contei o meu segredo. As vezes me arrependia disso, mas se eu não contasse pra ninguém, acho que enlouqueceria.

Quanto a Jack... ele era lindo. Simplesmente deslumbrante. Entrou na escola no há dois anos atrás e logo chamou a atenção de toda a escola com seus cabelos ruivos, olhos azuis. Tinha um sorriso de arrancar suspiros de qualquer menina. Assim que ele chegou, eu e Anna achamos que ele fosse se enturmar com os populares, – porque realmente, ele parecia ter potencial para isso, mais do que qualquer outro que pisara no Independent. – mas ao invés disso ele nos escolheu, e desde então nós três somos inseparáveis.

Continuei andando em direção a eles e vi que Jack falava alguma coisa e apontava para sua camisa branca, parecia ser algo divertido, pois ambos riam.

Olhei para a Anna e confirmei o que eu já desconfiava há algum tempo. O olhar dela para Jack era inconfundível, não sei como não tinha percebido isso antes. Eu era uma burra mesmo.

Era um olhar de admiração, de carinho. Era como se mais ninguém estivesse ali, só os dois. E aquele sorriso, era um sorriso que ela só mostrava quando estava com ele ou falava dele.

Agora era óbvio pra mim que Anna estava apaixonada por Jack.

Se eu tivesse percebido isso antes poderia ter evitado muita coisa.

– Posso saber qual é a piada? – Disse quando cheguei onde eles estavam. Quando percebeu minha presença, Jack abriu um sorriso de orelha a orelha, um sorriso parecido com o de Anna quando ele estava por perto. O rapaz se levantou e me tomou em seus braços. Eu retribui o abraço meio sem graça imaginando o olhar que a loira estaria lançando sobre nós naquele momento. É claro que eu não tive coragem de olhar para ela.

Me separei dele e o olhei nos olhos. Ele ainda sorria como uma criança que brincava na piscina.

Aquele olhar cheio de ternura, que fazia com que eu me sentisse amada e segura estava ali, mas ao invés de me sentir confortável como sempre me sentira perto dele, agora eu me sentia mal. Eu estava nervosa e meu corpo formigava. Sabia que o que estava fazendo era errado.

– Tudo bem com você? – perguntei para tentar disfarçar meu desconforto.

– Melhor impossível, meu anjo. – Com uma mão ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Senti o sangue subindo pro meu rosto. Provavelmente eu estava vermelha como tomate, mas isso pareceu divertido para ele a julgar pela sua expressão. Então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, tomou meu rosto em suas mão e me surpreendeu com um selinho.

Eu me assustei. Não esperava que ele fosse fazer isso na frente de Anna. Estamos “juntos” há alguns meses e ela sabia, mas agora isso parecia a coisa mais errada do mundo a se fazer. Antes, os lábios macios de Jack nos meus me trazia uma sensação boa, mas agora isso já não acontecia mais. Só pensava em Anna.

– Não, Jack ! – Sussurrei, afastando meu rosto do dele.

Ele pareceu confuso e afastou seu corpo do meu.

– Ah, esqueci que você está me evitando. – Disse ele irônico.

Como não sabia o que responder, simplesmente o ignorei e me sentei do lado da minha melhor amiga, que tentava parecer normal, mas eu sabia que ela não estava bem.

– Que tal matar a primeira aula? – Sugeriu a loira. Ela sorria, mas eu conseguia ver a dor por de trás daquele sorriso e isso era como um punhal acertando meu coração.

– Meu pai me mata se eu fizer isso. – Respondi rindo, esperando que o assunto a distraísse.

Percebi que Jack se sentou ao meu lado, mas continuei dando atenção a Anna. Não entendia muito bem os sentimentos que Jack me causava, talvez agora fosse medo. Medo de ele fazer outra gracinha na frente da nossa amiga que o amava.

– Mata nada. Duvido que o grande e poderoso James Sulivan nunca cabulou uma aulinha sequer na vida. – Brincou.

– É, ele até pode ter feito isso, – Ri. – mas hoje ele é um homem totalmente diferente. – Fitei meus pés novamente. Me entristeci ao lembrar do homem que meu pai costumava ser antes e comparar com o que ele era agora. Frio, sério e solitário. Mesmo depois de casar com a Kelly ele ainda parecia solitário. Tentei me distrair brincando com a barra do meu moletom. Estava um dia frio em Bristol, como o usual, e eu adorava aquele moletom branco.

– Já faz quanto tempo que a sua mãe morreu? – A voz de Jack me tirou do transe em que eu estava.

– Onze anos. – Respondi automaticamente.

– Você tem que superar isso, Lucy. A vida segue. – Jack tentou me animar.

– A morte dela eu já superei. Sei que ela não pode mais voltar e já me conformei com isso. – Menti. Eu desejava mais do que tudo no mundo que ela ainda estivesse viva.

– Não, você tem que superar o remorso. Afinal, a culpa não foi sua. – A voz da loira era doce e calma ao tentar me consolar.

– Vocês sabem que culpa foi minha sim. Vocês sabem como eu sou, e o que eu fiz. – Respirei fundo, para tentar limpar a voz que já começava a querer sair chorosa. –Mas, vamos mudar de assunto. Deixa esse clima pesado para minha casa, porque lá é inevitável ficar mal, mas aqui no Independent... bem, aqui eu tenho vocês – Sorri.

O sinal tocou. Era hora de nos separarmos de Jack. Eu e Anna teríamos aula de álgebra.

Entramos na sala e a Sra. Lea já estava carrancuda sentada em sua mesa. Não sei porque ela estava daquele jeito, já que hoje era seu dia preferido do mês: O dia de entregar as provas.

Ela não devia ter mais de 35 anos, mas o rosto sempre moldado em uma careta e o cabelo preto preso em um coque impecável faziam com que ela ficasse com uns vinte anos a mais.

Sentei no meu lugar de sempre, no canto perto da janela. Na minha frente sentou-se Anna, que logo depois de tomar seu assento se virou pra trás.

– Hm... Eu preciso te pedir um favor – Olhou preocupada na direção da professora que já se levantara e começava a entregar as provas. – Urgente!

– O que você quer? – Respirei fundo, já imaginando o que viria depois disso.

– É que eu acho que eu fui meio mal nessa prova, e isso não podia ter acontecido.

– Por que você não estudou? – Perguntei num tom irônico.

– Ah, quebra essa pra mim, Lucy. – A loira batia os pés freneticamente por conta do nervoso. – É só você querer que eu tenha tirado uma boa nota. Tipo um ... A.

– Você sabe muito bem que eu não gosto de fazer isso. – Assisti a menina fazer um biquinho, então comecei a relevar. Eu fazia isso direto, sem nem perceber, por que não poderia ajudar uma amiga? Mas precisava que ela me desse um motivo para querer que ela tivesse se dado bem na prova. Eu tinha que desejar de verdade para que acontecesse. – Ta bom, e por que eu ia querer isso?

– Porque se eu for mal nessa prova, vai ficar difícil eu me recuperar depois, e sabendo disso, meus pais vão me tirar da escola para que eu não repita de ano, É isso que você quer?

Me dei por vencida. Eu realmente não queria que ela saísse da escola. Mesmo odiando o jeito que ela me manipulava às vezes.

A Sra. Lea se aproximou tão sorrateiramente que nós não percebemos e nos assustamos quando ela começou a falar conosco.

– Senhorita Castillo. – a professora se virou para Anna. – Infelizmente e sobrenaturalmente a sua prova desapareceu. Em anos de magistério isso nunca aconteceu comigo. – Dava pra perceber pela expressão da Sra. Lea que ela estava realmente chateada com isso. – Então, sou obrigada a lhe dar um A, que nós duas sabemos muito bem que a senhorita nunca teria conseguido sozinha.

– Muito obrigada, Sra. Lea. – Anna agradeceu enquanto a mulher se afastava com seu perfume de gente idosa.

Recebi a minha prova. Tinha tirado m C. Pensei que tivesse sido bem pior, mas meu pai não ia engolir essa. Engoli a seco só de pensar na bronca que ia ouvir.

Olhei para Anna que mantinha os olhos fixos em mim e um sorriso largo no rosto.

– É, sério, eu te amo, amiga! Eu amo você e suas esquisitices. – Anna disse rindo como se alguém tivesse lhe contado uma piada.

– To me sentindo usada. – Respondi rindo, largando o meu corpo na cadeira e colocando a mão nos bolsos do moletom. Não pude evitar deixar um sorriso escapar. Eu não me sentia usada, isso era o mínimo que eu podia fazer por ela.

– Usada nada. – Disse desmanchando o sorriso. – Você tem um dom, um poder. Use-o! – Falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Ah, se fosse eu... Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se TUDO o que eu desejasse se tornasse realidade assim como é com você.

– Esse é o problema. Nem tudo pode se tornar realidade. – Suspirei.


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