O Rockeiro E A Patricinha escrita por Jeh Drager


Capítulo 29
Baú de histórias do tio Joey


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas ^-^ Ia deixar pra postar amanhã, mas não resisti...
Enfim, aproveitem o cap 29 o/
Cap mais longo até agora .-.



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-e então Joey? O que planeja fazer em sua próxima viagem? – pergunta Marcio

-Filadélfia, nos Estados Unidos... – diz Joey

-o que tem lá? – pergunta Drew

-Museu Mutter, o museu mais macabro do mundo – diz Joey. Ketlin, que estava observando da porta, senta-se à mesa para ouvir melhor.

-tipo, assombrado ou alguma coisa assim? – pergunta ela. Joey balança a cabeça.

-não tem qualquer tipo de quadro ou qualquer tipo de arte lá, nele você vê umas doenças, pedaços de corpos e restos dos casos mais estranhos da medicina...

-espera, isso é permitido? – pergunta Marcio

-parece que sim, ele foi criado em 1858 para servir de apoio para os estudantes da faculdade da Filadélfia. Acabou ganhando fama conforme seu acervo estranho foi crescendo, hoje em dia ele é aberto para visitas. Li que ele é visitado centenas de pessoas diariamente, que saem de lá assustadas e algumas até passam mal por verem as bizarrices que existem dentro daquele museu – diz Joey.

Não era surpresa para ninguém Joey saber tanto sobre o museu, ele pesquisava por dias, semanas e até mesmo meses até encontrar “um bom lugar para ir”.

Afinal, apesar de ser bem desligado às vezes, Joey era um cara que sabia das coisas, conseguia visitar 15 países por ano e não precisava trabalhar. Como? Com 10 anos Joey começou um curso de inglês que fez até os 14, quando começou a estudar para ser menor aprendiz na empresa de seu pai, com os estudos, ele recebia cerca de 300 reais por mês. Com 16 anos, falando inglês fluentemente e tendo todo um conhecimento sobre montagem e manutenção de computadores, logo foi contratado por uma empresa de segurança, ganhando seis mil reais por mês, ou seja, 72 mil por ano, e já que ainda era sustentado pelos pais por ser menor, não precisava gastar o dinheiro, trabalhou até os 21 anos, e com todo o dinheiro juntado conseguiu pouco mais de 400 mil reais. Então seu pai morreu, deixando-lhe uma herança gigantesca, a mansão e os carros. Com isso Joey estava feito na vida, não precisaria trabalhar por um bom tempo.

Quem dera o pai de Joey ser o mesmo de Marlene. Hoje a família Rossetti poderia ser muito rica também. Mas não, o pai de Marlene morreu e quatro anos depois, sua mãe se casou com o pai de Joey. Ou seja, eles só eram irmãos por parte de mãe.

-e então, o que mais tem nesse museu? – pergunta Drew interessado

-ah, dá pra ver doenças que atacam os seres humanos, indo desde deformidades até a estátua de cera de uma mulher que tem o chifre... – diz Joey. Drew se afoga com a própria saliva. Marcio e Ketlin fazem uma careta.

-chifre?! – grita Drew ao recuperar o fôlego.

-sim – diz Joey animado – tem uns setores onde dá pra corpos reais de pessoas embalsamadas após a morte com varias deformações graves. Existe também uma sala cheia de rostos humanos cortados e expostos...

-por que quer ver isso? Chega a ser... Doentio... – diz Marcio com nojo

-acha que isso é o pior? – diz Joey rindo – tem um setor de fetos com má formação e com bebês siameses... E tem também umas doenças macabras...

-nossa... – diz Drew.

-mais uma vez... Por que quer ver isso? – pergunta Marcio

-eu e o Henrique, meu parceiro nessa viagem, precisávamos de um lugar macabro aonde ir, eu tinha sugerido a ilha da morte, mas ele preferiu um lugar onde navios não incendeiam do nada... – diz Joey

-como é que é? – perguntam Ketlin e Drew em uníssono.

-sim, inacreditável que ele preferiu um museu a uma ilha mal assombrada né? – diz Joey indignado. Todos olham confusos para ele – ah, vocês queriam saber sobre o navio...

-é... – diz Drew rindo um pouco

-a ilha fica em Nova York, essa ilha já foi sede de um hospital para leprosos, criado em 1885, por esse motivo ninguém que pisar lá, quer dizer, esse é um dos motivos. Existe uma lenda que o local é amaldiçoado. Em junho de 1904, mais de mil pessoas foram até a ilha para participarem de uma missa, que homenagearia os mortos e doentes locais. Depois de tudo, as pessoas embarcaram para voltar à cidade, só que sem explicação alguma, no meio da volta, o navio começou a queimar e um incêndio forte consumiu o barco, matando mais de mil pessoas que estavam a bordo – conta Joey.

-como assim sem explicação? – pergunta Marcio

-ninguém sabe, ninguém viu, ninguém sobreviveu para contar a história... – diz Joey – mesmo assim, procurei em vários sites sobre isso, e achei que anos depois, o lugar também começou a acolher viciados em drogas, que eram forçados ao tratamento, por isso ficavam presos na ilha e muitas vezes matavam outros pacientes ou morriam tentando fugir.

-e o nome é por causa do incêndio no navio? – pergunta Ketlin

-não. O nome é porque poucas pessoas que foram lá para ser tratadas saíram vivas e as poucas que sobreviveram, dizem que o local era um inferno, a pessoa eram mal tratadas e viviam em masmorras. Muitos imigrantes acabavam sendo mandados para ilha para serem tratados, mas como mal sabiam falar inglês, não conseguiam sair de lá mesmo já curados ou estando bem, por isso sempre que alguém era levado para o local sua morte era considerada certa – diz Joey empolgado, como se falasse do melhor parque de diversões do mundo.

-e mesmo assim você queria ir para lá?! – pergunta Marcio surpreso

-ora, por que não? Deve ser muito legal ver pessoalmente. Nas fotos, os prédios aparecem todos em ruínas, pessoalmente deve ser o bicho... – diz Joey.

-você é louco – diz Ketlin rindo.

Jason era o único que não fazia comentários sobre as histórias do tio, pelo menos não na frente dos outros. Mas ele não precisava dizer “nossa, que incrível”, Joey sabia que ele gostava das historias, e mais importante, Jason sabia que Joey sabia disso...

-ei Jason, tenho que falar uma coisa com você que me esqueci de falar ontem... Vamos lá em cima um pouco? – pergunta Joey.

-você se esqueceu de algo? Não acredito... – diz Marcio irônico, todos riem – espera... Lá em cima? Vai fazer o que no telhado?

-nossa... Acho que preciso procurar um médico, jurava que estávamos na minha antiga casa em São Paulo... – diz pondo uma mão na cabeça, não parecia estar brincando, já tinha vendido a casa tinham quase seis anos – enfim, vamos?

-ta... – diz Jason e eles vão a seu quarto.

-lembra o que a gente conversou ontem? – pergunta Joey

-lembro... – diz Jason

-que bom, porque eu não... – diz Joey. Jason fica olhando sério para ele, como se pensasse “mas o que?!”, Joey ri – brincadeira...

-e então? – pergunta Jason

-ah, sim, era sobre enganar os outros e fingir ser durão... Eu te disse algo sobre isso?

-disse que sabia que era só para eu me proteger... – diz Jason

-disse só isso? – pergunta Joey. Jason assente – então, eu tenho que te alertar sobre uma coisa, talvez com você não tenha acontecido ainda, mas vai acontecer... Você enganar os outros não é tão ruim, o ruim é se você começa a enganar a si mesmo...

-como é? – pergunta Jason sem entender

-você já deve ter dito para alguém que não gostava de ninguém, nem de si próprio né?

-acho que sim... – Jason pondera – é! Falei para a Kim não faz muito tempo...

-certo, mas alguma vez você já pensou nisso? Que isso era mesmo verdade?

-j... – a voz de Jason falha – sim...

-então me responda, sinceramente, isso é mesmo verdade? – pergunta Joey

Jason pensa nas pessoas. Mais da metade das pessoas que conhecia, ele realmente não gostava, mas por outro lado, tinham algumas pessoas que ele gostava: Joey, Marcio, Drew, Sam, Ketlin, até mesmo Kim. Pensar nas pessoas o fez se lembrar de sua conversa mais cedo com Sam, sobre Kevin. Se ele se sentia culpado significava que gostava dele também?

-não, não é verdade... – sentia-se novamente como no jardim da infância quando contou uma mentira e seu pai descobriu, mas Joey não era seu pai, e não estava decepcionado com ele, estava apenas o alertando.

-tenha sempre isso em mente – Joey sorri – isso é o que vai lhe impedir de ficar louco.

-como assim? – pergunta Jason

-um dia você vai entender... – Joey levanta-se da cadeira onde estava e olha fixamente para a parede – tem tocado guitarra? – pergunta ele

-faz um bom tempo que não... – diz Jason

-imaginei... – Joey caminha até a guitarra maior, uma Memphis MG22 preta, ele passa o dedo indicador pelo escudo, uma fina camada de poeira cobre seu dedo, ele logo limpa em sua camisa xadrez – por que não tocou mais?

-não sei – Jason balançou a cabeça – acho que me esqueci...

-tem essa guitarra dês de os 10 anos, fui eu que dei pra você – lembra Joey.

-é... – diz Jason – eu me lembro, a outra estava ficando pequena demais para mim, então você disse “aí seu fedorento, por que não arranja uma guitarra maior?” e eu respondi “porque eu não tenho dinheiro”, então você disse “é só isso? Então eu vou comprar uma guitarra para você” e comprou... Meu pai quase teve um ataque quando viu...

-sim, ele perguntou se eu tinha te ensinado a assaltar lojas – diz Joey rindo. Jason sorri. Era incrível como ele se esquecia de tanta coisa, mas se lembrava de um momento assim – e então, vamos tocar? – pergunta Joey

-ahnn... Claro! – sorri Jason – mas eu só tenho uma guitarra...

-então eu vou ali comprar outra... – diz Joey

-o que?! – pergunta Jason – de novo? – eles caem na gargalhada.

-sim – diz Joey – eu volto em uma hora... Ahnn... Que modelo quer?

-ta falando sério? – pergunta Jason

-claro, eu sou um cara sério – diz Joey cruzando os braços e forçando uma cara de mal. Jason não consegue segurar o riso – mas é sério, quer o que? Jaguar? SG? Outra Stratocaster? Quem saber uma Flying V ou uma Warlock? Les Paul? Ou uma J-Mastar?

-se vai comprar mesmo, quero uma Explorer... – diz Jason. Joey estala os dedos.

-ótima escolha, eu tinha uma dessas com a sua idade, que marca?

-você ta parecendo um vendedor... – diz Jason. Joey ri.

-verdade... Acho que uma Gibson serve né? – pergunta ele

-uma Gibson?! – pergunta ele, se estivesse tomando alguma coisa imaginou que cuspiria no chão todo – aqui você acha por no mínimo uns três mil uma nova...

-ah, isso para mim é troco... – diz Joey rindo

-nossa, que humilde você... – diz Jason também rindo.

-enfim, pode ser uma Golden Axe? – pergunta ele

-claro – diz Jason. Joey sai do quarto – maluco...

-ei Marcio, que horas são? – pergunta Joey ao vê-lo

-faltam dez para as nove, por quê? – pergunta ele

-será que a loja de discos ainda ta aberta? – pergunta ele

-sim, fecha às 10, por quê? – pergunta Marcio

-não fique me perguntando por que depois de cada resposta! Já volto – diz Joey e sai

Cerca de 50 minutos depois, Joey volta com uma guitarra nas costas. Marcio se espanta ao vê-lo entrar.

-você comprou uma guitarra?! Como pretende levar isso para a Filadélfia?

-primeiro, eu não vou direto para a Filadélfia, antes eu tenho que ir para São Paulo buscar o Henrique, eu só vou para lá na próxima semana. E segundo, não é para mim...

-o que? – pergunta ele – então é para o... Jason! – grita ele

-que? – pergunta Jason encostado na parede do corredor

-você que pediu uma guitarra? – pergunta ele

-ele não pediu, eu que insisti que ele aceitasse... A Strat já está ficando velha, não que ele vá se livrar dela, duvido que um dia se livre, mas já era hora de uma nova...

-mas, você já deu uma guitarra para ele – diz Marcio

-sim, a Strat... – diz Joey

-Ah, Strat é o nome da guitarra? – pergunta ele. Joey ri.

-não, é o modelo – ele tira a guitarra nova da capa – essa é uma Explorer...

-wow – Jason deixa escapar, ele queria uma dessas já tinham quase seis anos.

-então, Jason – Joey tira um par de óculos escuros do bolso de trás da calça e põe. Então ele aponta os dedos indicadores para Jason com os polegares alevantados – let’s rock!


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, sim, as histórias sobre o Museu Mutter e a Ilha da Morte são reais. Vocês podem achar ambas aqui (c/ imagens): http://minilua.com/

E pra quem não entende de guitarra...
A guitarra que o Jason já tinha é essa: http://img1.mlstatic.com/guitarra-eletrica-memphis-mg22-preta-tagima-frete-gratis_MLB-O-2306991 46_5019.jpg

E a que ele ganhou é essa: http://www.iguitarmag.com/media/94873/billkellihergoldenaxe.jpg