Viagem Ao Centro De Clara escrita por Chona


Capítulo 8
Capítulo 8: Se conhecendo na cama


Notas iniciais do capítulo

Demorei pra caralho pra postar de novo né? Perdão, sou desligada assim mesmo. Enfim, caso tenha algum erro ortográfico, eu arrumo depois ok?
Boa leitura :D



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– Não tem nenhum colchão? Nenhum? Como pode isso? Isso é um hotel, caramba. – eu já estava vermelha de raiva. Um pouco por vergonha também por pensar que teria de dividir a cama com o meu coleguinha.

Eu estava falando com a recepcionista á uns vinte minutos sobre o maldito colchão. O problema começou quando eu pedi dois quartos, e eles disseram não ter nenhum disponível. Pensei em fazer o mesmo jogo que faz Cameron Diaz no filme “Jogo de amor em Las Vegas” com o recepcionista, mas eu não sou boa em partidas psicológicas. Então eu simplesmente aceitei isso e pedi por um quarto com duas camas, o que ela, com aqueles olhos de peixe morto – que começaram a me incomodar -, disse não ter. Eu tentei barganhar com ela, mas não funcionou. Vendo que não teria opção pedi pelo menos um colchão pra ele dormir confortável na medida do possível. Quando ela disse que não tinham a porcaria do colchão eu fiquei brava.

– Desculpe senhora, mas todos os nossos quartos com duas camas estão ocupados. Só temos disponíveis quartos com uma cama de casal, senhora. E infelizmente também não possuímos nenhum colchão extra, senhora. Caso queira, senhora, eu posso chamar o gerente, mas não há nada que ele possa fazer, senhora.

Se ela falar a palavra senhora mais uma vez eu acho que arranco meus ouvidos. Por que atendentes sempre tem que ter essa voz de merda? Creio que seja um pré-requisito na hora de contratar, só pode ser isso. Fora que essa mulher fala com um tom quase rastejante. As palavras parecem se agarrarem a sua garganta e ela simplesmente as joga pra fora, sem qualquer entonação.

O pateta sem nome ficou o tempo todo, desde que chegamos encostado no balcão com uma expressão divertida demais no rosto. Ele não parecia se importar com o fato de dormir na mesma cama com uma completa desconhecida. Provavelmente isso nem é novidade pra ele.

– Olha, obrigado. Vamos ficar com esse mesmo, qual é o número do quarto? – ele falou cortês tomando as rédeas da situação, porque eu juro que se eu abrisse minha boca eu não diria nada educado.

– É o quarto 502 e fica no último andar, senhor. – disse sorridente entregando as chaves pra ele. O tom de morte da voz dela desapareceu. Vadia. -

Ele agradeceu e pegou a sua mochila, indo em direção a uma larga escada que havia depois do balcão da recepção, e eu o segui pisando forte com a minha mochila florida fofa contrastando com meu semblante.

– Toda essa raiva por ter que dividir a cama comigo, bonequinha? – estávamos terminando de subir o primeiro lance de escadas, lado a lado. Rolei os olhos ante ao modo como me chamou.

– Vai piorar se me chamar de bonequinha de novo. – sorri exageradamente forçado pra ele, que riu.

– Você me diverte.

Ignorei e foquei em subir os degraus. Usando da concentração pra tentar dissipar minha raiva.

Chegamos ao último andar e seguimos pelo corredor, procurando pelo quarto.

– É esse. – ele parou em frente á penúltima porta do corredor, que era branca com o número do quarto entalhado profundamente em um metal dourado para parecer de ouro, mas sabendo pelo preço que foi cobrado a noite que não era. Ele abiu a porta e entrou em seguida, me deixando pra trás. Olhei o corredor, na esperança de ver a recepcionista chegar esbaforida pela corrida nas escadas, dizendo com uma voz animada que um cliente desistiu de última hora e eles tinham o maldito quarto com duas camas e que fariam uma promoção de cinquenta por cento de desconto pelo ocorrido.

Provavelmente fiquei parada olhando para onde terminava as escadas durante um bom tempo, já que o meu acompanhante – por Deus, eu preciso saber o nome dele para que os meus xingamentos mentais fiquem mais impactantes. – me deu um empurrão no ombro.

– Você não vem? Vai dormir no chão ai é? – perguntou divertido. Ignorei-o e entrei no quarto, esbarrando nele de propósito. Infantil eu sei, mas não resisti.

O quarto era relativamente grande. Tinha uma cama que parecia deveras aconchegante cor de mogno, com dois criados-mudo na mesma cor. Uma TV de 20 polegadas estava em um suporte perto da parede, em frente à cama. As janelas grandes de vidro estavam cobertas por uma espessa cortina e perto delas tinha uma poltrona no tom vinho. Na parede ao lado esquerdo da cama havia uma porta branca. Fui até lá e abri vendo um banheiro branco. Muito branco. Por Deus eu fiquei com fobia só de ver esse banheiro. Voltei pro quarto e deixei minha mochila em cima da cama, me sentando nela em seguida.

– Você quer tomar banho primeiro? – o sem nome perguntou e quando fui olhar na direção a sua voz aconteceu àquela merda de novo. Ele estava fodidamente bonito sem camisa e somente de jeans. Eu quase abri a boca em um perfeito “O”, mas me contive.

– Eu preciso me acostumar com essa merda. – murmurei pra mim mesma abaixando o rosto e quebrando o contato visual com aquela barriga incrível.

– O que você disse?

– Nada. Eu vou tomar banho primeiro. – me virei ainda sentada na cama e comecei a mexer na minha mochila a procura das minhas coisas. – Ah droga.

– O que houve? – pude ver pelo canto do olho que ele se aproximou de mim.

– Eu coloquei meu pijama na outra bolsa. Vou ter que ir até o carro pra pegar. Então você pode tomar banho na frente que eu to indo lá agora. – me contradizendo, joguei-me na cama. Dirigir sempre foi ótimo, mas eu estava moída. Não estava com sono, só precisava ficar deitada. – Por que o nosso quarto não podia ficar no primeiro andar né?

– Você não tem nada ai tão confortável quanto seu pijama?

– Nada no mundo é mais confortável que um pijama. – sentei na cama novamente e passei as mãos no cabelo.

– Então fica com uma blusa minha oras. – arqueei uma sobrancelha pra ele, que riu. – Eu quero te ajudar. E não é como se eu fosse te atacar nem nada. Você é uma palito. – agora sim eu abri minha boca em um perfeito “O”.

– Eu não sou uma palito. – falei indignada olhando pro meu corpo. – Ok, talvez eu seja um pouco magra. Mas eu tenho peitos.

– Acho que não. Eu já teria reparado se tivesse. – ta bem, agora ele mexeu com a minha autoestima feminina falando dessa forma divertida(pra ele). Sem pensar, levantei a minha blusa mostrando o meu colo pra ele.

– Eu tenho peitos sim. Eles podem não ser incrivelmente grandes, mas são lindos e redondos. Olha, eles parecem... laranjas. – eu falei ainda olhando para o meu colo. Tentando fazer com que eu acreditasse nisso. Eu sempre fui frustrada por não ter peitos e esse filho da puta vem e diz que eu sou um palito.

– Agora eu acredito em você. – ele disse. Olhei para o rosto dele e ele parecia meio ninfomaníaco olhando pra mim desse jeito.

– Ta bom, já pode parar de me olhar desse jeito, como se nunca tivesse visto um par de peitos antes. – meu Deus. Cadê meu pudor? – Eu vou no carro pegar o pijama. Toma banho rápido, que eu volto rapidinho.

Saí de lá, colocando a chave do quarto no bolso de trás do jeans e indo para o estacionamento. Desci as escadas e cheguei ao meu lindo carro. Abri a porta de trás e a mala enorme que tinha em cima do banco. Procurei pelo meu pijama e pela toalha.

Voltei pro quarto e o barulho de chuveiro vindo do banheiro era alto. Tirei a sapatilha e sentei na poltrona esperando o bendito lá acabar o banho. O que não demorou nem 5 minutos pra acontecer. Quando feito uma louca mal esperei ele passar pela porta e já fui entrando no banheiro, tropecei, mas não parei e logo fechei a porta.

Encarei pela décima vez a porta, mas continuei sentada na privada. Já havia terminado o banho á uns 5 minutos. Respirei fundo tomando a decisão e me levantei. Girei os dedos em torno na maçaneta e fiz tudo muito rápido. Abri e passei pela porta, coloquei minhas coisas emboladas na mochila – que, na minha opinião, estava muito longe do banheiro -, e praticamente corri até a cama. Tudo de cabeça baixa, e um pouco desengonçado. Quando estava enfiando as pernas pra debaixo da coberta ouvi um riso baixo. Levantei o olhar vi o sem nome sentado na poltrona olhando pra mim com um sorriso largo no rosto.

– Tudo isso é medo de dormir comigo? – levantei uma sobrancelha ante sua pergunta prepotente, verdadeira, mas prepotente.

– Não tenho medo de você. Caso tivesse não teria aceitado que você viajasse comigo.

– Então por que você parecia, e ainda parece, tão acuada? – ele parecia se divertir - Olha, eu estou me levantando lentamente, e andando em sua direção com calma. Agora eu estou sentando na cama, tirando o chinelo e me deitando. – enquanto ele narrava seus movimentos como se eu fosse um animal selvagem e ele um apresentador de programa ridículo, fui me movendo mais para a beirada da cama. Não percebi que estava indo demais, e que a cama não era tão grande. O que me deixou ainda mais apavorada. Mentira, eu não estou apavorada. Não mesmo. – Olha a sua cara! – praticamente gritou e começou a rir feito uma hiena.

– Idiota. – virei de costas pra ele, o que provou ser uma péssima ideia, já que ele começou a fazer cócegas. Eu não sentia vontade de rir porque eu aprendi a controlar. Tendo os tios que eu tenho, isso é regra básica de sobrevivência. Mas ainda sim, isso de cócegas incomoda.

– Ah, qual é! Não fica com raiva, foi uma brincadeira. – continuei ignorando ele . – Olha, se vamos passar esse tempo juntos você não pode ficar bravinha com qualquer zuação que eu fizer.

– Quem você acha que é pra me dizer o que eu posso ou não fazer? – olhei incrédula pra ele. – A gente não sabe nem o nome um do outro.

– Claro que eu sei seu nome, Clara. – sorriu. Franzi o cenho.

– Não me lembro de ter te dito meu nome.

– E não disse. Eu olhei na sua carteira na mochila. – arregalei os olhos, virando não só a cabeça e sim o corpo todo pra ele agora.

– COMO É QUE É? Seu idiota! Por que você mexeu nas minhas coisas? Quem te deu esse direito. EU NEM TE CONHEÇO!

– Prazer, meu nome é Léo. – sorriu de novo e estendeu a mão, simples.

– Qual é o seu fodido problema?

– É falta de educação não apertar a mão das pessoas.

– É falta de educação mexer nas coisas alheias. – disse alfinetando. Suspirei alto, me virando novamente de costas. – Cara..vai dormir. E nunca mais mexa nas minhas coisas, entendeu? – disse olhando pra ele de novo levantando a parte de cima do tronco.

Oui. – quando disse isso fez um biquinho extremamente fofo que me deixou como uma mãe de coração mole, mas ignorei e voltei a deitar. – Quantos anos você tem?

– Ah..eu te pedi pra dormir Léo. – foi legal dizer o nome dele. – Pra que você quer saber?

– Curiosidade.

– Você viu meus documentos e não olhou minha idade?

– Ta, eu sei a sua idade, mas eu queria ouvir você falar. Por que você é tão quieta?

– Eu não sou quieta.

– Claro que é.

– Tá bom, então seja você um menino quieto também e vá dormir. Por Deus! Você não cansa não?

– Ah não, eu estou sem sono. – só eu percebi como eu e ele parecíamos mãe e filho? – Me diga, o que você fazia lá na sua cidade?

– Eu estava procurando faculdades pra mim. – desisti de mandá-lo dormir e vi que era melhor responder as perguntas, caso contrário ele nunca me deixaria dormir. – E você?

– Fugindo do meu tio. Sabe eu sinto que a gente vai se dar bem. – ainda de costas pra ele, dei um sorriso fraco, mas verdadeiro. Estranhamente eu sentia a mesma coisa.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?
Isso já aconteceu com vocês? De conhecer um pessoa e de cara sentir como se tivesse nascido com ela?
Até a próximo.