Acordei, e me vi completamente sozinha. Estava com uma dor de cabeça enorme, e não me lembrava do que havia acontecido após entrar no apartamento com o Adam. Não queria sair de jeito nenhum, estava com medo de encarar o que tivesse de ser quando me levantasse. “Bom, pelo menos estou vestida”, pensei. Sentei, minha cabeça ainda doendo, olhei para os lados para procurar algum vestígio de Adam, e enxerguei o que parecia ser um bilhete em cima da cabeceira. Sem sair da cama, peguei o pedaço de papel e forcei minha vista para conseguir ler as letras miúdas, que diziam assim:

 “ Desculpe-me por te deixar sozinha, mas tinha um compromisso inadiável. Acho que não aconteceu nada, pelo menos acordei vestido. Estava tão bêbado que nem pensei em sexo, cara. Deixei meu número salvo no seu iphone, depois me liga.

Adam”

 “Bom, melhor assim”, pensei. Não queria nem me imaginar acordando e tendo de encarar um cara com ressaca na minha cama. Na verdade eu nem sabia onde ele tinha dormido, enfim.

 Mais ou menos uma hora depois, me levantei para comer alguma coisa. A geladeira estava vazia, me esquecera de ir ao mercado. Resolvi então bater na casa da Emily. Estava meio tonta, então vesti a primeira roupa que vi pela frente e saí sem fechar a porta.

 Esperei uns cinco minutos após ter tocado a campainha, já estava sem paciência. Quando finalmente abriu a porta, disse surpresa:

 – Você dormiu em casa? Mas e o...

 – Deixa eu entrar, depois te explico. – Eu estava trocando as pernas, não ia ficar de pé por muito tempo.

 Entrei e nos sentamos no sofá, pedi pra ela algo para comer, e ela voltou da cozinha com dois sanduíches. Devorei tudo em alguns segundos.

 – Cara, nunca te vi tão bêbada como ontem. O Alex queria te tirar de lá de qualquer jeito, estava morto de raiva. Mas o Sam disse que você precisava se divertir um pouco. Mas e aí, o que rolou? É mais tenso por ele ser famoso e gostoso? – Ela riu.

 – Não rolou. Quer dizer, nós dois achamos que não. Ele deixou um bilhete, falou pra eu telefonar depois.

 – Quer um remédio pra dor de cabeça? – Adivinhou ela.

 – Aham, depois vou pra casa.

 Tomei o remédio, fui pra casa, dormi até de noite. Acordei com o telefone tocando.

 – Bem, como você não me ligou, eu liguei. – Disse Adam com uma voz de quem parecia doente, porém muito sexy.

 – Ah, oi. – Eu disse, envergonhada. Ele riu.

 – Quer sair amanhã?

 - Claro, que horas?

 - 9 horas eu passo aí pra te pegar, ok?

 – Ok. Então, tchau.

 – Até.

 Desliguei o telefone nervosa. Eu ia sair com ele, e nem tinha me dado ao trabalho de perguntar pra onde. Mas não me importava, eu iria pra qualquer lugar.

***

 No dia seguinte, na faculdade, não conseguia me concentrar de jeito nenhum. Não era a primeira vez que eu saía com um cara, mas ele era diferente, não sabia como. No meio da aula ele me mandou uma mensagem:

 “9 horas, não esqueça hein.”

 Como se isso fosse possível.