Passei o dia inteiro sem falar com ninguém. Por volta de onze horas da noite ainda estava acordada por causa de duas garotas que falavam muito alto no dormitório que eu fiquei, elas eram claramente o topo da pirâmide de popularidade. Provavelmente vocês devem estar se perguntando como eu poderia saber disso, bom, a resposta é bem simples: O jeito que elas olhavam aos outros, como se fossem inferiores, eram incrivelmente bonitas, usavam roupas 2 números menores, eram incrivelmente gostosas (não me ache gay por isso), entre outros motivos.

-Dá para vocês pararem de falar? Tem gente tentando dormir aqui sabia? - uma garota que eu nem havia reparado a presença falou.

-Alice, deixa de ser grossa. Isso é inveja - a mais morena delas exclamou- Se você não fosse tão grossa e sapata talvez estaria com a gente. Espera... Não estaria não.

-Olha é melhor tomarem cuidado! Quem sabe se forem boazinhas eu tento não pegar vocês - Alice disse em um tom sarcástico e se enfiou no meio das cobertas - Agora... Calem a boca e vão dormir vacas.

O silêncio permaneceu na sala. Isso me surpreendeu. Ela enfrentou as duas e chamou elas de "vacas". Dois contra um e ela ainda ganhará. Sendo que ela parecia estar no mesmo nível de popularidade que o meu. Talvez isso não seja nada de mais para muitas pessoas, porém era para mim, isso demonstrava que ela tinha atitude.

***

Assim que amanheceu ela estava arrumando sua cama. Queria chegar e conversar com ela, mas tinha a sensação que ela iria me dar um soco. Eu era uma covarde de marca maior. Não conseguia nem chegar um uma garota e mandar um Oi. Então eu simplesmente arrumei a minha cama e saí correndo para tomar café da manhã.

Como novidade eu não sabia onde sentar na mesa, não fazia parte de grupo nenhum. Não me sentia como se fizesse parte. Então fiz a coisa mais lógica de todos os tempos: Peguei a comida e fui até o banheiro. Sim, o banheiro, onde ninguém poderia me ver, onde eu estaria sozinha e em paz. Qualquer um faria isso não é? pensei tentando melhorar meu humor, mas eu sabia que era simplesmente um pensamento falso. Quem iria para o banheiro comer? Qualquer pessoa normal entraria naquela sala, se sentaria do lado de quem parece mais haver com você e come, mas eu não era todo mundo, sinceramente, acho que eu nem fazia parte do todo mundo, eu não era ninguém.

O sinal tocou, mandando todos entrarem. Me animei, um ambiente escolar. Eu era ótima com os livros. Talvez aconteça que nem nos filmes... eu encontre o garoto mais popular e gato da escola e ele acabaria comigo, a nerd excluída. Feliz para sempre não é?

Saí correndo pelo corredor, mas acabei perdida. Até que encontrei em um corredor Alice, a garota que estava no meu dormitório, o seu uniforme era todo customizado, estava rasgado e cheio de tachinhas, sua maquiagem era carregada no preto, com um outro garoto com o cabelo todo bagunçado e o uniforme todo sujo de terra. Decidi seguir eles, afinal as minhas aulas eram as mesmas dela.

Atravessaram Hogwarts inteira e foram até uma floresta que dava arrepios. Estava começando achar que a aula não era ali quando ela tirou do bolso um baseado, deu para o garoto e olhou na minha direção.

-Vai querer um stalker?- ELA ESTAVA FALANDO COMIGO! Sem pânico.

-Mas que porra é essa? Quem é essa patricinha ruiva? O garoto falou acendendo o baseado.

Tentei andar na direção deles parecendo uma garota normal, afinal era a única coisa que eu poderia fazer, sair correndo não era uma boa idéia. Acredite... eu havia pensado nisso.

PLAFT

-Merda. Caí no chão. O que eu faço agora? murmurei em voz alto, por engano claro.

-Se levanta- Alice disse estendendo a mão a mim Qual o seu nome?

-Li-Lílian gaguejei me levantando

-Fala aí Li-Lílian! Nome gozado Alice disse caçoando a minha cara. Mas o garoto deu uma risadinha.- É, realmente Frank, leve tudo que eu falo pelo lado poluído.

Conversamos, sim, eu consegui falar. Estão surpresos? Eu também. Mas como algum sábio qualquer disse Nada é impossível, tenho pena dele, todo mundo rouba a sua frase. Voltando ao assunto, eu matei as minhas primeiras aulas e estava realizada, pois tinha feito amigos.

Passamos horas do lado de fora, apenas voltamos no almoço, por que Frank queria comer (meu deus, seus mentes poluídas, ele queria só almoçar). Como eu imaginava, todos os grupinhos reunidos em seus cantinhos da mesa. Alice fez a gentileza de explicar a divisão social da mesa da grifinória, eis aqui os que mais me chamaram atenção:

Os nerds: Se você vive falando de Star Wars, coleciona bonequinhos idiotas de super-herois, e tem vergonha de falar com garotas eu apresento a sua mesa.

Drogados: O grupo em que Frank estava antes de conhecer Alice. A classificação é simples... precisa cheirar, fumar, ou seja lá o que mais se consegue fazer com as drogas.

Marotos: Os três garotos modelos da Ambercombie que eu vi no primeiro dia (ontem né), Pedro Pednãoseioque (o que eu não seguia o parametro, o pigmeu feio).

Plásticas: As duas garotas que Alice tinha discutido no dormitório, a descrição que a minha nova amiga deu eu não sei se pode escrever aqui, foi muito... feio. O que posso dizer é que uma se chama Dorcas Meadowes (burra de acordo com a Alice) e a outra Marlene Mackinnon (demônio em pessoa ou vadia rainha)

Fodas: Alice e Frank. Eles se nomearam assim. Acho que eu fazia parte deles, até que...

-Ei, garota nova. - Marlene disse puxando o meu braço - Senta aqui.