Olhei bem no fundo dos olhos castanhos da Savannah e sorri. Sorri porque eu sei que isso não vai acontecer, pois eu tenho amigos verdadeiros e um namorado perfeito que vão me ajudar a não passar por isso. E, mesmo que estivesse um pouquinho com medo, não demonstraria. Ela demonstrou não entender o motivo do meu sorriso por um segundo, mas no instante seguinte já estava com uma cara rígida de novo.

- Bom, o recado está dado. Boa sorte. – ela deu um sorrisinho e saiu.

Me virei para Kyle.

- Viu? Isso sempre acontece, você fica bravo comigo só pelo o que você acha, você não consegue ouvir minha versão da história primeiro, você já tira suas próprias conclusões sozinho. – eu disse com uma feição dura. Ele me olha arrependido.

- Desculpa, mas eu não consigo evitar, nasceu comigo sabe? – ele chegou mais perto de mim. – você sabe que eu sou capaz de fazer qualquer coisa por você. E eu vou mudar, eu prometo.

- Que clichê, Kyle. – eu disse rindo timidamente. Ele deu um sorriso de canto e me olhou nos olhos.

- Mas é verdade. Eu vou mudar, sério. Eu faço qualquer coisa para não te perder. – ele chegou bem perto de mim e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. – Eu te amo.

- Também te amo. – sorri e então ele juntou nossos lábios em um beijo.

No começo era um beijo calmo, então abri um pouco mais a boca e ele entrelaçou sua língua na minha, aprofundando o beijo. Quando o ar nos faltou, ele foi até a porta e trancou-a, voltando até mim em seguida. Então Kyle voltou com um beijo mais urgente e rápido, ele apertava minha cintura e passava a mão pelo meu corpo inteiro, até que eu fiz menção de tirar sua camisa, então quebramos o beijo e ele levantou um pouco os braços, enquanto eu deslizava sua camisa para fora de seu corpo.

Ele me guiou até sua cama, me deitando cuidadosamente e se deitando por cima. Ele levantou um pouco minha camiseta, em seguida deslizou sua mão até minha coxa e apertou a região, me fazendo arfar. Entrelacei minhas pernas em volta de sua cintura e juntamos nossos corpos ainda mais, trazendo uma sensação boa.

Quando nos falta ar, ele começa maltratar meu pescoço, dando leves mordidas e chupões que com certeza no dia seguinte iriam ficar marcados. Dou leves arranhões em sua nuca em sinal de aprovação. Seu corpo se arrepiou inteiro. Sua mão vai até minha cintura e depois até o cós da minha calça jeans, então ele dá uma leve puxada nela, me deixando arrepiada. Ele voltou até minha boca e voltamos a nos beijar. Era um beijo cheio de paixão, desejo, e talvez até um pouco necessário, pois não poderia e nem queria me separar dele.

Então ouvimos a maçaneta do quarto girar, indicando que tem alguém querendo abrir. A pessoa nota que a porta está trancada e bate na mesma. Eu sento na beirada da cama enquanto Kyle levanta, coloca sua camisa e vai atender a porta.

- Atrapalhei alguma coisa? – diz Tyler com um sorriso malicioso nos lábios, notando minha presença e nossos lábios vermelhos e inchados.

- Para ser sincero, sim. – disse Kyle. Eu ri baixinho. – o que você quer Tyler?

- Hmm... – ele fingiu pensar – bom, considerando que esse é meu quarto também, eu queria passar um tempo aqui. Mas se vocês quiserem, eu saio.

- Não, eu já estava de saída. Preciso falar com a Annie. – disse apressadamente.

- Já estava de saída? É, to vendo. – disse Tyler em tom de deboche, apontando para meu cabelo bagunçado e para meus lábios avermelhados e inchados.

Senti meu rosto corar e então olhei para baixo. Arrumei minha camiseta e meu cabelo - certifiquei de que meu celular estava comigo – dei um beijo em Kyle e saí.

Fiquei pensando no que aconteceria se Tyler não tivesse interrompido. Será que aquilo teria acontecido? Deixo esses tipos de pensamentos tomarem conta da minha mente enquanto ainda estava embriagada com o perfume que Kyle deixou impregnado em minha blusa. Quando me dei conta, já estava em meu quarto.

Abri a porta e notei Annie em sua cama, lendo um livro. Ela olhou para mim e deu um sorriso malicioso, notando meus lábios que continuavam bastante avermelhados. Dei um sorriso inocente e sentei em minha cama

- O que aconteceu, tigresa? – Annie disse sentando ao meu lado. Não pude deixar de rir com o apelido que ela me dera.

- Nada, porque seu namorado lindo e super conveniente interrompeu.

- Ele... – ela corou e olhou para baixo. – Tyler não é meu namorado. – ela disse baixinho, quase como um sussurro.

- Você ficaria com outra pessoa além dele?

- Não.

- Você sentiria ciúmes se ele ficasse com outra, ou até ficasse muito amigo de uma menina que você não conhece?

- Sim... – sua voz ainda estava em um tom baixo.

- Você se imagina sem ele? – perguntei, percebendo que cheguei onde queria chegar.

- De jeito nenhum. – ela respondeu.

- Então tá apaixonada! – eu quase gritei de animação. – ele te olha de um jeito que não dá pra negar o que ele sente. É namoro, mas não oficial. Ainda. – sorri para ela, que me olhou e sorriu de volta.

- Tá, pode ser. – disse ela reprimindo um sorriso. – mas e você e o Kyle, o que aconteceu? – ela perguntou.

- Ah, não sei direito. A gente tava se beijando normal e quando eu percebi, eu tava deitada na cama dele e ele tava por cima de mim, foi tudo rápido. – ri baixinho com a expressão de curiosidade de Annie. – aí Tyler bateu na porta e a gente parou, Kyle foi abrir a porta e eu saí. É isso.

- Nossa! – ela exclamou um pouco animada. – mas e se... – Annie hesita um pouco. – se meu namorado não tivesse interrompido, vocês continuariam... certo? – ela indagou.

- VOCÊ FALOU “MEU NAMORADO”! ASSUMIU QUE TÁ NAMORANDO O TYLER! – gritei em animação.

- VOCÊ NÃO RESPONDEU A PERGUNTA! – ela falou/gritou no mesmo tom, rindo. – SIM OU NÃO TIGRESA? – acabamos explodindo em risadas.

- Não sei! – falei, limpando as lágrimas devido ao riso. – talvez sim. Sei lá, ele é meu namorado há 3 anos, eu tenho intimidade o suficiente com ele, certo? –perguntei receosa. Esse assunto realmente ficou me atormentando.

- Claro que sim. vocês namoram já faz tempo, vocês se amam e confiam um no outro.

Nesse momento, a porta abre e Savannah entra com cara de poucos amigos.

- Vadia. – ela olha para mim e diz baixinho.

- Pelo menos eu tenho o Kyle e você não. – sorri triunfante.

Ela ficou com uma cara mais brava ainda, pegou sua mochila, seu iPod e saiu do quarto, batendo a porta bem forte.

Mantive meu sorriso no rosto. Esse ano Savannah não vai conseguir me atingir. Não dessa vez.