Capítulo IV: Noite de Luar!

"O céu noturno me faz sentir uma imensa nostalgia... O que eu estou esquecendo?"

– Chizuru, está me ouvindo? - A voz de Kazama-san pelo telefone estava tensa.

Quando chegamos, Amagiri correu e ligou imediatamente para Kazama-san, contou sobre o rasetsu que vimos.

Talvez, segundo Kazama, as antigas pesquisas de meu pai tenham sido encontradas em algum lugar... Ainda não fazemos a menor idéia do que esta acontecendo. Amagiri se retirou e me deixou conversando com Kazama-san, embora ele esteja falando algo, minha mente esta Neles.

– Chizuru? – A voz dele me despertou de meus pensamentos.

– Ah! Sim, o que foi?

– Aconteceu algo? - Sua voz saiu fria e eu já até visualizava sua expressão de quando quer ver sangue.

– N-Não, nada. - Falei nervosa.

– Chizuru... Evite se alimentar enquanto eu não estiver ai! - Sua voz saiu calma.

Nós Onis, assim como os rasetsus, temos necessidade de sangue, mas, diferente deles, podemos passar meses sem nos alimentarmos disso, apenas vivendo de comida humana.

A necessidade por sangue só me atingiu quando me transformei pela primeira vez, ou seja, quando aceitei de vez minha natureza Oni e deixei de ser humana.

Kazama-san só permite que eu me alimente de seu sangue... Eu sou dependente do sangue dele, exatamente como ele quer, assim, não posso fugir de seus braços... Ele sabe que eu jamais tomarei sangue de um humano e aproveitou disso, eu sinceramente não me importo...

– Você sabe que eu só tomo do seu sangue... - Falei sorrindo, embora ele não pudesse ver.

Ele ficou uns instantes em silêncio e logo após um longo suspiro falou.

– Chizuru... Já fazem nove meses que não nos vemos, logo a fome irá chegar, você não sabe controlar... Apenas... Aguente mais um pouco, farei o possível para chegar o quanto antes. - Dito isso, desligou.

Como sempre, cortava nossas conversas antes que eu respondesse.

Qual seria o medo de Kazama? Seria que eu matasse um humano, ou me afastasse dele?

Eu realmente não o entendo.

– Chizuru-sama, a água para seu banho está pronta. - Uma das empregadas falou entrando na sala.

Subi em direção ao meu quarto. Tranquei a porta e peguei minhas roupas, meu quarto era uma suíte imensa com um banheiro maravilhoso... A banheira 'enorme' estava cheia de água com espuma...

*~*~*

Quanto tempo fazia que eu estava assim na banheira? Uma hora? Não sei, apenas me acomodei na água e tentei relaxar, a água antes quente já começava a esfriar.

Eu não queria voltar para o quarto, não queria ficar naquela casa... Eu queria ir ver-los... Todos eles...

Sai da banheira e me troquei... Um quimono simples e rosado... Eu adorava usar quimonos, embora, hoje em dia, poucas pessoas se lembrem dele.

Não sequei meu cabelo, eu pretendia deixar que o vento o secasse sozinho...

Abri a janela que havia no banheiro e saltei. Estava descalça, o vento estava gélido, mas, eu não me importava, comecei a correr sem rumo...

Foram quanto tempo correndo? Minutos? Horas?

A única coisa que sei, foi que parei próxima a uma grande árvore... A visão me trazia na memória velhas e boas lembranças... A pessoa que estava sentado nas raízes daquela grande árvore, admirava o céu... Uma árvore gigante, afastada das demais, com raízes altas e Saitou-san a olhar o céu... Uma bela visão, perfeita para um quadro.

– Até quando pretende ficar ai? - Ele perguntou friamente.

– O que faz aqui? Está tarde. - Falei me aproximando devagar.

– Deveria ser eu quem perguntaria isso, não acha? - Ele perguntou sem me olhar.

– Acredite, talvez eu seja até bem mais perigosa do que se imagina. - Falei sorrindo e ele me encarou seriamente.

– Nem um pouco.

– Então, Saitou-san... - Falei sorrindo.

– Okumura!

– O que?

– Eu não me chamo Saitou. Meu nome é Okumura. - Ele falou sério.

– Sim...

Okumura! Então era isso? Eles voltaram para mim, em outros corpos, com outros nomes, embora suas aparências fossem as mesmas. Eles renasceram...

– O que veio fazer aqui? - Sua pergunta me tirou de meus devaneios.

– Esfriar a cabeça. - Falei alegre.

Continuamos a olhar para o céu.

– E você? - Perguntei.

– Lembrar! - Ele falou e eu vi em seus olhos um imenso vazio.

– O que houve?

– Sinto que estou esquecendo de algo importante, na verdade, desde pequeno sinto esse vázio. - Sua voz saiu cheia de saudades...

Quem sabe ele não estivesse com saudades dos velhos tempos de guerreiro? Saitou-san amava as espadas... Amava ser quem ele era...

– Okumura. - Hijikata-san apareceu.

– O que houve Toshio? - Saitou-san perguntou.

Então, Saitou-san se chamava Okumura... E Hijikata-san, Toshio! Qual será os nomes de agora de todos os outros?

– Vamos, está tarde e temos afazeres. - Hijikata-san falou.

Então, seu olhar alcançou o meu, o que era um palpitar apressado e ansioso de meu coração, tornou-se lento e triste... Ele não me reconhecia, pior, desconfiava terrivelmente de mim...

– O que faz aqui? - Sua pergunta era como lanças de gelo.

– Esfriando a cabeça um pouco e... - Minha voz se perdeu ao sentir outra presença de rasetsu.

Esquecendo dos dois, olhei para a minha direita, mais adentro da floresta... Havia rasetsu lá, não um, nem dois, e sim quatro.

– Ah não! - Falei preocupada e sai correndo em direção aos rasetsu.

– Ei! Espere aí! É perigoso entrar ai a noite. - Saitou-san pronunciou, porém, eu já estava longe.

Eu iria mudar para minha forma Oni, assim poderia acabar com eles usando minhas garras, porém, com muita insatisfação, Hijikata-san e Saitou-san me alcançaram, fui pega pelo braço e obrigada a parar.

– Você é surda por acaso? Qual parte do ' é perigoso' você não entendeu? - Hijikata-san praticamente berrou enquanto segurava meu braço com força.

Sua respiração, assim como a de Saitou-san que estava ao nosso lado, estava descompassada. Estavam os dois cansados.

Eu tentei argumentar, precisava correr e impedir os rasetsu, mas, eles estavam me atrapalhando...

Então, as presenças sumiram, como se nunca tivessem existido. Eu sabia o que significava... Shiranui estava se aproximando.

– Não quero nem pensar em qual desculpa irá usar... Pode ter certeza de que a mocinha está muito, muito encrencada. - Ele falou aparecendo.

– Quem é você? - Saitou-san perguntou em alerta.

– Ei, você! Poderia fazer o favor de se afastar dela! Sabe como é, se voltar com ela faltando um pedacinho só, estarei morte em três dias. - Ele se dirigiu á Hijikata-san, ignorando Saitou-san.

– Eu diria que levaria menos de um dia... - Amagiri apareceu.

– Amagiri-san, Shiranui-san, o que pensam que estão fazendo aqui? - Perguntei irritada.

– Seguindo ordens, e a senhorita não deveria estar na cama? - Amagiri perguntou.

– Se Kazama-san souber que a nossa querida Chizuru anda escapando de nós, quem você acha que morre primeiro? Nós ou ela? - Shiranui perguntou para Amagiri.

– Não se atrevam a dizer nada para ele! - Pronunciei alto e rápido demais.

– Então, vamos voltar, está tarde, você está descalça e com os cabelos molhados.

- Ei! Solta logo ela! Ou você a quer de volta? - Shiranui disse para Hijikata-san...

- Como se ela algum dia tivesse me pertencido. - Hijikata-san Falou sarcástico.

- Hum! Quem sabe! - Shiranui provocou.

- Shiranui! Já chega! - Amagiri interrompeu ao perceber que o clima estava ficando tenso.

– Até mais Okumura-kun, Toshio-san... Perdão por essa cena. Amanhã irei ver o Kenji, tudo bem? - Perguntei fazendo minha costumeira reverencia.

Saitou-san apenas acenou enquanto Hijikata-san se retirou em silêncio...

Talvez, eu tenha estragado tudo com Hijikata-san...